À parte de qualquer esforço, mais ou menos produtivo, que se possa fazer, o ano de 2011 afigura-se bem diferente do anterior. As coisas voltaram ao que tem sido o seu lugar natural nos últimos anos, ou seja como eu as conheci. O Porto é a equipa mais forte, mais regular e com mais energia positiva e, por consequência, a que cria maior ilusão nos adeptos que não se deixam desacreditar pelas mesmas cantigas de sempre.Convém começar um post que também se centra em 2010 pelo - convém não esquecer - actual campeão nacional. O Benfica retornou, nesse ano, a um futebol mais condizente com um estatuto que outrora ocupou e o resultado foi maravilhoso para o clube. Jesus, o principal responsável pela transformação, guiou o clube encarnado com mestria e tem todo o mérito nesse feito, mas cometeu o erro crasso de achar que a fórmula que criou em 2010 por si só chegava para devolver o clube à realidade que necessita.
É neste contexto que o Porto de André Villas-Boas aparece. Não começou do zero e aproveitou uma estrutura que, ao contrário da actual benfiquista, tem muitos anos de vitória, sabendo por isso o que fazer para trilhar o caminho do sucesso. Começou por desacreditar o Benfica "todo o poderoso" que se afigurava como máquina trituradora. Foi aí que se encontraram as brechas do Benfica de Jesus, naquele jogo fantástico (cheio de azul) em Aveiro. Aí, sem tirar nem pôr, o principal alimento do Benfica campeão - a confiança - esbateu-se como não houve exemplo na época transacta.
A partir daí a história é conhecida e não tem nada de diferente de outras épocas em que os dragões foram reis e senhores da Liga. Os empréstimos de jogadores, a palavra de Pinto da Costa, e de AVB, e as arbitragens passaram de novo a interessar para equilibrar aquilo que não tem equilíbrio de momento: a diferença não só entre as duas equipas mas também entre os dois clubes.
No início de 2011 nasce também uma nova 'esperança' para quem não acredita, ou não quer acreditar, no cenário mais provável. A paragem competitiva e várias lesões que afectaram jogadores importantes no FC Porto fazem acreditar um Benfica que parece renascer para a fasquia que agora se lhe delimitou: jogar como no ano passado. É uma obsessão encarnada mas deveria ser também de todo e qualquer adepto do futebol. Eu próprio quero um Benfica a jogar como na época passada - nada daria mais valor a um Porto campeão - mas se foi a confiança que, nessa época, o alimentou, não haverá ainda muito mais 'petróleo' para servir de matéria-prima aos encarnados. Recorde-se que se o FC Porto perder poderá ficar a 5 pontos de distância (6 com o confronto directo) e se o Benfica perder ficará a... 11. Como tal só haverá lugar para uma equipa movida pelo slogan mais forte das eleições Presidenciais.
A irónica regularidade do SportingNo Reino de Alvalade as coisas continuam estagnadas. E até poderia ser uma estagnação 'sossegada', mas a que afecta o seio verde é daquelas que mais doem, pois é de altos e baixos que todos somados não passam do mesmo. Não admira os adeptos leoninos terem tonturas. A pergunta que me parece pertinente é: como é que o clube que tem tudo para ser o mais regular e estável, o que pode fazer com que o método seja a sua trave-mestra, não passa da cepa-torta?
Mudam os jogadores, os presidentes e os dirigentes mas ninguém tem a competência de definir uma identidade vencedora. Entre a saudade e o esquecimento, entre o bom resultado e o mau, o Sporting tornou-se um clube de pernas para o ar, onde ninguém sabe o que anda a fazer. Ainda assim, e como já aqui referi, não deixa de ser um exemplo de regularidade. Pena ser uma regularidade tão estranha que até se torna irónica.