quinta-feira, dezembro 31

O verdadeiro negócio dos "grandes".

E fechamos 2015 com muitos milhões para todos, apesar de todas as discussões sobre quem ficou com mais.

Felizmente, ainda há coisas que não geram confusões e insultos, por serem factuais e não passíveis de discussão. Assim, fechamos o ano com as seguintes contas:

Títulos nacionais

Benfica 73
FCP 67
Sporting 46

Bom ano de 2016 para todos e já sabem, aconteça o que acontecer até Maio, o Benfica seguirá na liderança.

quarta-feira, dezembro 30

O Sporting, na Taça da Liga (CTT)

Para além de 3 excelentes golos e uma vitória, o que me deixa mais satisfeito deste Sporting-Paços é ver que Matheus Pereira não enche as capas do jornais. Que continue assim, discretamente a deslumbrar. Faz tudo bem.

terça-feira, dezembro 29

Natal dos milhões.

Aos monstruosos negócios efectuados por Benfica e FCP, deve seguir-se o do Sporting. Independentemente das diferenças de valores, penso que os mesmos são "absurdos" para a nossa realidade.

Na verdade, e no final, o futebol português vai ficar mais limitado, e menos competitivo, a menos que os clubes médios consigam também eles alcançar bons valores pelos direitos de transmissão dos seus jogos - o que me parece muito pouco provável.

Tem sido engraçado assistir a tudo isto. Numa primeira fase (aquando do negócio Benfica/NOS, portistas e sportinguistas lançavam desconfianças, desdenhavam e desprezavam o negócio. Os benfiquistas, no entanto, mostravam-se cheios, irresistíveis e donos do mercado.

Entretanto veio o negócio FCP/MEO e os portistas facilmente se gabaram de terem alcançado o melhor negócio de sempre, mesmo que para isso tenham hipotecado tudo o que lhes pode render dinheiro. Nesta fase, muitos benfiquistas começaram a achar que o negócio com a NOS, afinal, não era nada de especial. Os sportinguistas, esses, estavam de fora e continuavam a maldizer, apresentando como grande argumento o facto de se estar a matar o futebol português, com a bipolarização.

Hoje, parece. o Sporting está a um pequeno passo de se juntar à NOS para mais um contrato milionário. Benfiquistas e portistas começam agora a insinuar que o clube de Alvalade está à venda.

Não sei bem onde se vai buscar tanto dinheiro. Nem sei bem que consequências tudo isto poderá ter para o futebol português. Contudo, serão três negócios fantásticos (com nuances, obviamente) para os três clubes.

Mas como vamos nós, adeptos, fazer? Pagar vários operadores? Gravar um jogo para podermos assistir a outro mais tarde? Como vão os clubes utlizar os montantes? Para comprar fornadas de jogadores ou para abater o passivo?

segunda-feira, dezembro 21

Curtas.

1. Depois do empate contra o União da Madeira, só a vitória interessava ao Benfica, na recepção ao Rio Ave. Na Madeira a equipa foi incapaz de jogar em ataque organizado e muitos jogadores estiveram bem abaixo do que lhes é exigido. Contudo, penso que o planeamento foi péssimo, com um acumular de jogos desnecessário. Ainda por cima com Vitória a insistir sempre nos mesmos.

2. Sobre Rui Vitória há muito a dizer: a equipa não apresenta melhorias, vive das individualidades (uma realidade muito frequente em Jesus, especialmente nos primeiros 4 anos), não se entendem algumas opções, com destaque para o espremer de Guedes (tem apenas 18 anos, não tem descanso e começa a ser pesado para ele tamanha pressão, pois não está a ser defendido), a rábula com Djuricic, que passa de alternativa primária em Setúbal para o vazio na jornada seguinte, e para o desaparecimento completo de Talisca.

Mas há outras coisas a dizer sobre Rui Vitória: precisa de reforços, urgentemente, porque não podemos exigir vitórias constantes e uma boa caminhada na LC com uma equipa que perdeu em relação ao ano passado jogadores como Sálvio, Lima e Maxi E temos de juntar Luisão, Semedo e Gaitan, jogadores que têm passado demasiado tempo no estaleiro. As alternativas são poucas e sem ovos não se fazem omoletes (a menos que se esteja no mesmo clube há 5 anos e se dispute apenas uma competição em Dezembro).

3. O jogo com o Rio Ave foi uma espécie de Benfica de Mário Wilson. Jogadores nas suas posições mas sem dinâmicas, sem bloco e sem grande organização. Muito espaço entre linhas, compensado com o esforço de todos os jogadores. A classe de Jonas acabou com o sofrimento.

É verdade que a arbitragem foi uma vergonha (viu-se claramente que o árbitro ficou chateado com o golo madrugador de Jonas), mas isso não apaga o mau futebol praticado. A equipa nunca desistiu, é certo, e conseguiu até manter alguma calma na abordagem ao jogo nos últimos 20 minutos, mas tem de haver maior harmonia (um bocadinho, vá) entre os sectores. Aquilo às tantas parece que toda a gente pode desempenhar qualquer papel (o que não seria nada mau, desde que bem feito) e resulta numa grande confusão.

O Rio Ave fez um bom jogo. Especialmente na primeira parte, onde deu muito trabalho. Depois, sem pulmão, deixou-se arrastar e nem mesmo com lesões falsas se safaram. Faltou mais ambição.

4. Felizmente o Sporting perdeu e voltámos a aproximar-nos do topo. Quer-me parecer que continuamos a falhar no básico (qualidade de jogo) mas a esperança é a última a morrer. Especialmente quando vemos um adversário arrogante fora do campo - arrogância essa personificada no presidente Bruno de Carvalho, que insiste num permanente ataque ao Benfica -, e que em Dezembro disputa o mesmo número de competições.

5. O caso Doyen bateu para o lado do fundo e agora é fazer as contas. Continuo a pensar que os fundamentos do Sporting são bons e que a luta por um futebol mais limpo deve ser de todos. Se a forma foi a mais correcta? Não. Os compromissos são para ser assumidos, algo que parece não cativar muito Bruno de Carvalho. Mas isso é um problema dos sportinguistas.

6. Entretanto, o basco, já é líder.

Bicho-da-madeira na árvore... dos outros

O Natal conta o que conta. E, por isso, mil e uma explicações se hão-de arranjar para o FC Porto voltar a festejar, cinco anos depois, uma liderança isolada no período festivo. Desde André Villas-Boas que os 'Bons Natais' não eram entoados desde o Dragão, num período que nem Vítor Pereira, nem Paulo Fonseca, conseguiram desfazer. Três lideranças, sim, mas... partilhadas com um adversário de registo para os portistas: Jorge Jesus. O adepto mais distraído chamar-lhe-ia Benfica. O mais confiante chamar-lhe-ia Sporting. Mas o verdadeiro 'culpado' dos poucos Natais descansados dos azuis-e-brancos dá mesmo pelo nome de... Jesus. Esse mesmo, o que num período de extrema confiança foi ultrapassado pelo aprendiz de feiticeiro e ficou, por essas alturas, a uns bons sete, oito, pontos da liderança em 2010/11. Confiança desmesurada? Talvez a mesma com que o Sporting encarou a viagem à Madeira que o fez saltar da liderança. "Nunca nos passou pela cabeça", garantiu Jorge. Mas talvez a cabeça de Danilo Dias tivesse sempre uma palavra a dizer. O Sporting conseguiu, num golpe de asa dado em junho, aproximar-se do lugar de discussão pelo título - algo que não perdeu e algo a que certamente terá acesso no período decisivo - mas teima em não mostrar regularmente a faceta que faz do seu conjunto aquele que tem mais potencial intrínseco para festejar em maio. Com a equipa tão subida a impedir e, até mesmo, a sufocar as saídas do adversário - com um imperial William a controlar as costas dessa pressão - os leões agigantam-se. Mas com pena dos adeptos leoninos, essa versão surge poucas vezes para o objectivo a que o Sporting se propõe.

Equilíbrios e leitura de jogo é aquilo que ainda falta ao Sporting de JJ. Ontem, na Madeira, os leões esqueceram-se de algo do qual só se lembraram no fim: o domínio territorial e mesmo o domínio em termos de oportunidades claras de golo, não é garante, em futebol, de coisa alguma. E o esforço leonino, impedido pelo guardião do União, poderia ser facilitado com algumas armadilhas que os leões ainda não aprenderam a montar. Desde logo a pouca mobilidade do ataque - os posicionamentos estão lá, mas as tabelas 'a la Saviola e Aimar' aparecerão quando? Para quando o baixar de bloco que atrai os adversários para os matar em transição? E para quando a tranquilidade que tudo isso traz a uma equipa que, na Liga, tem que ganhar, ganhar, ganhar...?

Foi impressionante a subida de qualidade, em alguns processos, por parte do Sporting. O que torna impressionante, também, o modo de operacionalizar de Jorge Jesus - Vítor Pereira, no Fenerbahçe, demorou muito mais tempo a acertar. Ainda assim, os quintais da Liga continuam a ser armadilhas para Jesus e qualquer outro. Tanto, que os dois pontos de vantagem que o FC Porto guarda para o Sporting, e os quatro que guarda para o Benfica, não são garante de nada. Um portista sonhador pode sempre dizer que uma vez quebrada a malapata (Lopetegui nunca tinha sido líder isolado, não obstante ter tido várias chances para o ser) o FC Porto de outros anos voltará, incólume. Mas esses eram outros tempos. Tempos em que a liderança estava sempre na mente, não havendo lugar a rotações desmesuradas, e desnecessárias, e não havendo lugar a períodos de recreação que tornaram a estratégia dos adversários num "queremos enervar o Dragão". O FC Porto entrou forte, marcou, geriu e acelerou de novo para um resultado esclarecedor e condizente com o que se exige ao seu conjunto. Danilo soltou-se e quebrou a monotonia de um 'duplo-pivot' que a lesão de André criou, sendo um dos jogadores mais influentes na vitória de um regresso natalício ao topo. O ex-Marítimo marcou de cabeça - é a par de Maicon a única arma para as bolas paradas que acabam na área do adversário - e ganhou o livre que deu o 2-0, numa incursão que prova a inversão de um triângulo que tem sido maldito para o FC Porto.

Contudo, convém relembrar, estes são dois pontos de vantagem que nada garantem. A incerteza de Lopetegui é bastante para continuar a separar e a qualificar jogos. Os 'grandes' - que merecem a atenção e a lupa do técnico para mais uma invenção - e os 'pequenos', onde a equipa é contagiada pela letargia criada pelo pensamento de que 'o golo aparece'. Ontem, com a liderança em jogo, o FC Porto forçou a vitória. Esse é o FC Porto que os adeptos pedem, e só Lopetegui vê semelhanças entre o de ontem e o ritual pastoso que são a maioria dos jogos da sua equipa.

O mesmo se aplica a um Benfica incapaz de criar perigo de bola corrida em boa parte dos seus jogos. Claro que na Luz, ambiente que acaba por empurrar para trás os adversários, o talento faz toda a diferença. E quando, desta feita, o Rio Ave explodiu fisicamente e o bloco-baixo o deixou à mercê do bicampeão, a vitória tornou-se incontestável. Tão incontestável como, pelo menos, dois penálties que ficaram por assinalar a favor dos encarnados e que, certamente, dariam outro descanso à equipa de Rui Vitória. Não houve penálties mas houve Jonas, o tal que já se mete(u) em questão para que o 'sistema' preferido de Vitória apareça. Parece-vos credível, trocar o Indiana por um qualquer sistema de... Rui Vitória? Perguntem a Alberto Bueno como é que o 'Jonas' portista se vê relegado para uma ala a troco de uns míseros minutos e a troco de manter o 'miolo combativo' que mete menos medo a um medroso por natureza. Coisas da bola, as mesmas que levam o patinho-feio Herrera (que belo golo!) a provar a anterior falta de chegada à área do sistema lopeteguiano. Agora imaginem que ao lado do mexicano aparecia(m) Bueno, ou Evandro, ou Sérgio Oliveira... de André ainda se lembram, não?

domingo, dezembro 20

Natal!

Há quantos anos é que o Sporting não pass o natal em 1 lugar? Ainda não foi desta...
Na Luz, mais um jogo com lances polémicos.

Votos de um feliz natal a todos

sexta-feira, dezembro 18

A lição

Há semanas vi o Benfica espetar 6-0 ao Belenenses. Depois vi o FC Porto vencer o Chelsea no Dragão, assim como os dois jogos contra o 'doce' do seu grupo da Liga dos Campeões. E ainda tive tempo para ver o bicampeão ir ao Bonfim marcar quatro, para depois ler o seu técnico reclamar atenção para o seu ataque. Vi tudo isto mas não me enganei. Apontamentos há que permitem que equipas não tão fortes assim passem por equipas. E nem é preciso escrever mais do que equipas - coisa que FC Porto e Benfica, versões 15/16, não são. E muito dificilmente chegarão a sê-lo, adianto, por mais quatro ou cinco que dêem, por mais colossos que derrubem - como foi também o caso dos encarnados no Vicente Calderón. Dois 'conjuntos' que não me enganaram, dizia, porque lhes falta aquilo que faz as boas equipas. Paupérrimos a atacar e sem noções defensivas evoluídas, águias e dragões têm os seus treinadores a prazo. E se (só) o sucesso os salvará do despedimento, resta lembrar também que nem o sucesso os salvará da mediocridade. E a prová-lo está... José Mourinho.

É a liga do espectáculo, dos grandes golos, dos resultados incertos e dos craques mundiais. Das libras, dos contratos televisivos e dos bem apetrechados estádios. Mas tudo isso não faz da Premier a melhor liga do planeta. Não faz porque um Chelsea medíocre, como era o do ano passado, foi campeão. E se não fosse um Chelsea medíocre seria algo pior como o instável City ou o sempre verdinho Arsenal. Há um par de anos, pasmem, podia até ser um Liverpool sem qualidade individual milionária e que deixava o seu criativo no banco. Na Premier tudo pode ser incerto e por isso excitante, mas a única certeza é que o futebol jogado não tem nível suficiente para ser, sequer, considerado como melhor de alguma coisa. E só quem não percebe isto é que não percebe o que se passou com Mourinho na segunda metade do ano. O futebol já era mau - os apoios ofensivos e defensivos não existiam e as entrelinhas eram, e continuaram, buracos abertos ao caruncho a defender e zonas de laser verdejantes a atacar -, só era preciso que a realidade o confirmasse com um par de resultados negativos. Depois, como dar a volta sem soluções tácticas e técnicas para o fazer? É que os blues podem ter craques, mas se Mou não lhe dava os melhores posicionamentos, como não transformar cada craque dos pensioners numa espécie de herói contra o Mundo? O sucesso com o titulo em maio passado não quis dizer absolutamente nada, porque esse Chelsea nunca seria campeão em nenhum país que tivesse uma, ou duas, verdadeiras equipas.

Assim, por mais Evas Carneiros que se lembrem, o desaire de Mourinho é ideológico. É táctico, se quisermos. Por não perceber a evolução que o futebol sofreu, Mourinho iniciou a frequência na World School of Hard-Knocks. E só de lá sairá quando voltar a olhar para o jogo de agora e não para o jogo de há 10 anos. Já Rui Vitória e Lopetegui não correrão o risco de deixar quer Porto, quer Benfica, a 1 ponto da linha da água, mas já colheram a vergonha de ver meio Portugal perceber o quão atrasados estão os dois no que ao jogo diz respeito. E muito podem aprender um com o outro na falta de presença dos seus jogadores em zonas que hoje decidem o jogo, assim como na lateralização enfadonha e constante dos seus ataques. Meios-campos sem um pingo de criatividade e fé nos cruzamentos ou jogadas individuais (alô Brahimi! alô Gaitán!). Sim, Hazard também não ia gostar deles.

quinta-feira, dezembro 17

Miccoli é finito.

"O Benfica foi a mais bela experiência da minha carreira".

Miccoli.

O pequeno bombardeiro italiano decidiu pendurar as botas e ficam, também, penduradas para sempre as memórias dos benfiquistas. Provavelmente, no topo, o golo em Liverpool, logo seguido do golo contra o Lille na Liga dos Campeões, marcado de cabeça no último segundo, após um centro de Mantorras.

O talento puro de Miccoli não deu, contudo, para fazer uma carreira de grande sucesso. Mesmo assim, pelo que deu ao Benfica, obrigado, Miccoli!

quarta-feira, dezembro 16

A magia da Taça

Fazer o 3-4 e perder 4-3.

Contas acertadas

O meu post devia ser igual ao anterior. 
É que de facto, depois do nevoeiro é mesmo um escândalo empatar com o União.
Quem joga assim não merece mais do que aquilo que tem. 
O que faltou ontem? Qualidade... e um Jorge Sousa para desbloquear (ainda bem que não apareceu). 
Quem não consegue ganhar a uma das equipas mais fracas da Liga, que há 3 dias tinha sido goleado pelo Paços, não merece ser campeão. Se tivesse sido apenas este jogo, era desculpável, mas a verdade é que o Benfica joga muito pouquinho. Os rivais não apresentam futebol de encher o olho, mas ganham, e isso é que conta.

segunda-feira, dezembro 14

Depois do nevoeiro...

... o escândalo!

quinta-feira, dezembro 10

Sporting 3 Besiktas 1

Não há dúvidas que esta equipa tem mentalidade ganhadora. Fantástica reacção ao golo turco, com muita classe de Bryan Ruiz e bailinho de Teo.
E, apesar de todas as críticas ao seu compromisso europeu, Jesus lá conseguiu o seu objectivo...

The Scientist

Os Coldplay são hoje das bandas mais gozadas. Cada clip, cada refrão, cada interminável tentativa de épica, são só cinzas de quem, no início, teve dois caminhos para escolher. Bem se enganou quem se deixou encantar pelo Parachutes ou por A Rush of Blood to the Head. A determinado momento os britânicos seguiram pela via que mais desejavam, não se colocando hoje em dúvida se eles quereriam fabricar boa música ou conquistar a maioria fácil de público. Hoje está à vista de todos. Tanto como aqueles pormenores linguísticos que vão separando o castelhano do português. Escrever "tenho a ilusão" numa qualquer frequência, de um qualquer curso, de uma qualquer universidade portuguesa, levanta a dúvida se o aluno não andará a consumir demasiado castelhano: O que quis dizer por ilusão, rapaz? 

Lopetegui é aquilo que é. Não o que a cabeça dos portistas quis que ele fosse e não o que a cabeça dos adversários quer que ele seja. Uns e outros, na sua maioria, ligam aos resultados. Assim, Julen, foi aclamado na vitória caseira contra o Bayern e arrasado no massacre do Allianz. Nada de novo aqui, no fio-de-prumo do lugar-comum. Mas Lopetegui é mais do que isso, o que não quer dizer que, na realidade, seja algum treinador em que valha a pena o FC Porto apostar. Bem vistas as coisas nunca valeu. No entanto criou-se a ilusão - até ilusión serve, aqui - que sim, que na sua 2.ª época Julen Lopetegui perceberia como é o futebol (português). Mas Lopi não percebe, sequer, o que é o futebol. Não percebe porque quer triunfar como se as equipas de hoje não percebessem o que é o espaço central a atacar e a defender. Não percebe porque quer triunfar com um jogador a furar por entre uma muralha. Não percebe porque quer triunfar com uma posse-de-bola estéril, facílima por fora do bloco. E não percebe porque pensa triunfar ao impedir transições reforçando... o eixo central da defesa. Lopetegui é um Quique Flores, um Camacho, disfarçado de Guardiola. Não pelos resultados, mas pelo maneira com que os fabrica - pensando que o futebol se decide como nos anos 90.

Esta é a real faceta de Lopetegui. Um técnico que enganou a SAD portista com uma ideia moderna, mas que na sua 2.ª época pensa ganhar um jogo decisivo em Stamford Bridge abdicando da sua essência. Depois, é um técnico que na sua 2.ª época sentindo algo que comparou a uma religião (o portismo), consegue ter a 'ousadia' de querer virar um jogo decisivo com a táctica que usa para segurar jogos sofridos na Liga Portuguesa - fazendo entrar Rúben Neves para o lado do trinco. Lopetegui é um cagón dos anos 80/90 que a pensar assim nunca triunfará nos 10's do novo milénio. Simplesmente, no meio de toda a sua teoria, não escolheu bem. E não escolheu bem porque não sabe mais, não vê e nem sequer sente. Olhando para três centrais que, nem assim, ocupam bem o espaço central (onde por exemplo Willian entrou para selar a partida) e olhando para um Brahimi encarregue de aparecer na zona do ponta-de-lança, na zona do 10, na ala, e ainda vir buscar jogo atrás, percebe-se que Lopetegui não percebe nada de nada do que é o portismo. Esse sentimento ajudado a criar por um Mourinho que era ontem uma presa acessível mas que, mais do que isso, é o técnico que ajudou a criar aquele Porto que não muda em função de Adamastores. E que seria desse Porto se Mou tivesse entrado em Old Trafford com Pedro Emanuel em vez de McCarthy?

É só um lapso, pensou-se. Ao intervalo o 1-0, feito com a malapata do costume nos grandes jogos europeus dos azuis-e-brancos que não convencem (ou é um frango, ou um chouriço, ou um ressalto...) abria uma janela de oportunidade. A mesma, ou parecida, à que se abriu com uma nova aposta no basco para uma segunda época. E o que Julen fez - mantendo o erro - é parecido ao que tem feito. Ao menos é constante no erro, o basco. Talvez para tentar provar que num ambiente hostil - pensa ele - conseguirá provar a sua matriz, a sua ideologia, a sua filosofia, a sua, em suma, parvoíce. Tem um só repto, o técnico do FC Porto: provar a todos os ignorantes jornalistas e adeptos (do próprio clube ou adversários) que é ele que está certo. Isso, provavelmente, redundará numa terceira época a seco para o FC Porto. Pois uma equipa que nem com três centrais assume uma linha defensiva que não anda doida da sua cabeça a abanar a perseguir adversários em vez de fechar o espaço, não tem muito a conquistar enquanto Jorge Jesus estiver em Portugal. Se esta Liga, esta fraca Liga, não depender dos clássicos que faltam talvez Julen leve a sua avante. Mas isso é e será pura ilusão. Tal qual Liga Europa, onde haverá certamente algumas equipas com noção do que é preciso para travar este FC Porto: fechar bem o meio e esperar pela(s) oferta(s). Que o digam o poderoso Dynamo Kyiv e o espectacular 14.º classificado da Premier League.

terça-feira, dezembro 8

Benfica 1 Atlético de Madrid 2.

Derrota natural porque o Atlético de Madrid é muito mais equipa. Jogam de olhos fechados e tem muita qualidade individual. Acho que jogámos relativamente bem, contra uma das melhores equipas da Europa. O assomo final merecia que Jimenez metesse a bolinha lá dentro mas o mexicano não parece ter nascido para isto. Agora é rezar. Rezar muito. Fisicamente foi muito desgastante e espero que a equipa consiga responder bem contra o Setúbal. Terceira presença digna na fase de grupos da LC nos últimos 10 anos.

segunda-feira, dezembro 7

Um fim muito blue?

O Zé, sempre ele. Já alguém disse - não sei quem foi o primeiro a dizê-lo, garanto - que José Mourinho podia perder todos os jogos até ao final da sua carreira, que mesmo assim seria um técnico vencedor. E obviamente, não concordo. Nem acho que alguém possa concordar, mas como o 25 de abril serviu para cada um poder dizer o que pensa - e que bela vitória é essa! - não me incomoda que alguém defenda Mourinho até à exaustão. Afinal de contas, o Zé da Europa é o maior treinador português de sempre. Mas não venho aqui discutir que um vencedor é aquele que vence - e não aquele que venceu -, mas sim explanar também aquela doença muito futebolística - e não só - que faz com que defendamos uma ideia mental, esperando que a realidade corresponda às nossas expectativas.

Há coisa de um ano, o Borussia (o de Dortmund) penava na Bundesliga mas seguia firme na Champions. E na minha cabeça de romântico, era o Borussia de Klopp que devia ganhar a a prova rainha do futebol de clubes. Imaginei-o, pareceu-me possível, postei-o. Não se confirmou porque o futebol não se compadece, tanto assim, com histórias de encantar. E a realidade - a de que o Barcelona foi sem dúvida a melhor equipa da Europa, na temporada que passou - vence sem nos deixar espaço a lamúrias... realistas. A mim muito menos, adepto que sou dos blaugrana.

Hoje, muitos (não interessa se portugueses), esperam que um Chelsea moribundo ganhe a Champions League. É o conto-de-fadas fácil com que qualquer adepto sonha. O escândalo, a penúria e... o fim cheio de glória a provar a tudo e a todos que estavam enganados. E José Mourinho pode lográ-lo fabricando uma bela história, com não-sei-quantos festejos épicos contra o Mundo. Pode. Mas, agora, no caminho está a equipa que o levou ao sucesso. Que o levou a poder sentar-se no banco do Chelsea. E quando leio que esse jogo pode definir a sua continuidade em Stamford Bridge, lembro-me do irónico que seria o FC Porto 'roubar-lhe' a cadeira de sonho, a mesma que lhe ofereceu numa bandeja de ouro há onze anos.

Sim, Marco. Mas porque é que apoiaste o Dortmund e não apoias o Chelsea?

Ah o belo Borussia de Klopp. Poderia cair para a Bundesliga II ou até para a Regionalliga, que aquele futebol (me) encantaria sempre. Já o Chelsea, de Mourinho ou de outros que se lhe seguiram até Mou regressar, nunca me disse nada porque nunca o vi jogar... nada. Futebol foi aquilo que o Porto e o Inter (este a espaços) de Mourinho jogaram. Curiosamente foram as equipas com que o Special One ganhou a Champions. Será isso por acaso? Não saberemos.

Mas isto... isto é só o que acho que deveria acontecer (já percebeu o leitor que torço para que seja o FC Porto a provar que o futebol do seu melhor treinador de sempre é agora algo horrível). A realidade, essa, estará cá para, se assim entender, atirar todas estas palavras à lama. E eu não me importo, até porque sempre aprendo mais um pouco. Na realidade o FC Porto nunca ganhou em Inglaterra (em jogos oficiais) e não mostra organização defensiva para aguentar a pressão de Londres. O previsível reforço do meio-campo empurrará para trás uma equipa que deverá jogar com Tello para aproveitar os momentos de transição ofensiva, mas que ficará sujeita a um cerco à sua grande-área. Pois é, a realidade é tramada. Mas na maioria das vezes é-a porque nós queremos. E o que quer, e como o quer, Lopetegui, contará muito para o desfecho final destas histórias todas.

Muita bola.

Depois da vitória tranquila deste fim-de-semana, o Benfica defronta já amanhã o Atlético de Madrid. Em caso de vitória, o Benfica garante o primeiro lugar e estabalece a melhor pontuação de sempre na fase de grupos da LC.

Certamente que não será fácil. Os espanhóis têm grandes jogadores e têm, certamente, o objectivo de liderar o grupo.

O Benfica deverá jogar com os melhores e claro, nesse lote, estará Sanches. O puto tem dado cartas e será, provavelmente, a peça que faltava no meio-campo. Provavelmente, Rui Vitória ainda está com algumas dúvidas na cabeça mas, até ver, Sanches não deverá sair da equipa.

No campeonato a luta continua. Contudo, parece cada vez mais difícil na medida em que nenhum dos adversários perde pontos. O Sporting continua com as vitórias magras e o FCP com algumas dificuldades mas, no fim, somam quase sempre os três pontos. O Braga parece ter cedido e já está quase fora do segundo lugar.

Na Quarta-Feira, vai ser muito interessante ver o Chelsea-FCP. Uma das equipas vai ficar pelo caminho, certamente. O que vai acontecer depois?

Este fim-de-semana quase não saí do sofá. No Sábado foi o City, o MU e o Chelsea, no Domingo, a Fiorentina e o Liverpool. O campeonato inglês é, de facto, especial.

domingo, dezembro 6

Ainda bem...

...que o Sporting ganhou. Assim não é preciso dizer que Ofori, Trigueira e Marco Baixinho erraram propositadamente. O keeper da Académica estava especialmente inspirado, com aquele penalty estranho e um frango monumental que só não é destacado pela imprensa porque foi o Renato Sanches a rematar... Enfim, Tonéis há muitos mas líder só há um. Eis a diferença.

sábado, dezembro 5

O lugar do morto

O futebol vê-se melhor, sabemos, para o lado que está o vento. Por isso não sei se a propalada adivinhação sobre Renato Sanches - antes da confirmação feita à bomba pela miúdo, ontem à noite - faz muito sentido. Em causa não está a sua qualidade, mas sim o que foi dito de outras pérolas encarnadas antes delas realmente existirem. Vieira segue o seu caminho, é verdade, mas convém lembrar que de Rui Costa a Bernardo Silva, muitos Akwas e Joões Pereiras fizeram capas. Contudo, agora parece mais fácil acertar porque a margem de erro tornou-se bastante reduzida fruto da muita qualidade que há no Caixa Futebol Campus. Renato é craque, e até para quem não o acompanhou nestes anos em que ele foi despontando na formação encarnada, fica difícil não ir na onda. É o miúdo certo no lugar certo. Lugar esse que em tempos de Paulo Fonseca no FC Porto chamei de 'lugar do morto'. Ao lado do trinco, sempre ao lado, poucos sobrevivem. Josué, Defour e até Lucho souberam isso quando não fizeram esquecer Moutinho. No Benfica, depois de Enzo, foi Pizzi quem agarrou o lugar. Contudo, depois da saída de Jesus, a horizontalidade do duplo-pivot voltou a fazer escola. E Samaris, o mesmo Pizzi e Talisca fizeram nos encarndos a reentrée do tal 'lugar do morto'. Não atacam (bem), não defendem (alto). E o miúdo parece estar-se nas tintas para isso. Tem arranque, tem poder, tem técnica. Mas isso não vai aparecer ao lado de Fejsa, ou Samaris. Talvez por isso, na primeira-parte, o Benfica foi (quase) inofensivo.

Jardel e Lisandro não abriam e não chamavam a si a responsabilidade de desfeitear a primeira linha de pressão da Briosa. À frente, mesmo à frente, literalmente, Fejsa e o puto tentavam fazer tudo isso (com dois pesos mortos atrás), mas com menos uma ou duas opções de passe, pois, que se saiba, os auto-passes ainda não são boas soluções para as saídas-de-bola. Quer isto dizer que Fejsa e Renato (principalmente este) deviam estar dentro do bloco adversário e não a desenhar um despropositado quadrado que encravava o bicampeão na hora de sair a jogar, para desposicionar o adversário, para lhe ocupar o meio-campo, para controlá-lo e empurrá-lo. E se lembrarmos que a grande-área adversária fica bem mais longe da baliza de Júlio César, do que a linha de meio-campo, talvez se perceba melhor o que pretendo com estas linhas. Fejsa, pelo menos, demonstrou sabê-lo quando travou Gonçalo, depois de lhe oferecer a bola.

E se lembrarmos também que tudo isso mudou na segunda metade (com mão de Rui Vitória), teremos também uma explicação lógica para a subida de rendimento de Renato Sanches e, até, para o seu belo golo. Depois, claro, da já referida força e técnica, vem também o posicionamento. E a par de Fejsa, seria muito difícil o miúdo soltar-se e fabricar a imagem do fim-de-semana. Fica então o aviso para quando, daqui a alguns jogos, se cair na tentação de se criticar o miúdo. Atente-se no posicionamento e tente-se discernir aquilo que lhe foi pedido, antes de se atirarem as habituais bojardas que ferem também... Imbula. O belga naturalizado francês (assim não há problemas e toda a gente entende) sofre do mesmo mal. Lado a lado com Danilo (na maior parte do tempo) não se gastaria 1 milhão na tal força, explosão e técnica. Mas o FC Porto, no papel, gastou 20, só para perceber que o sistema de jogo que Lopetegui quer implementar não é mais que uma versão 2.0 da época de ruína que foi a 'Série Fonseca'. Basta repararmos que com Herrera (esse mesmo) a chegada à área resultou no golo que desbloqueou a primeira vitória de Julen na Madeira. Deve dar para ficarmos com uma ideia, não?

quinta-feira, dezembro 3

Lost: Series Finale

Enquanto a Liga não luta pela centralização dos direitos de transmissão, os adeptos do FC Porto vão lutando, e esperneando, pela centralização no modelo-de-jogo de Lopetegui. E que importante é ela, quando percebemos que a 1.ª vitória do Lopi-Team na Madeira foi desbloqueada pela chegada à área de um médio. Sim, Herrera pode tornar inenarráveis a maior parte das suas decisões mas tem algo que lhe conferiu algum destaque a época passada, e algo que muitos dos seus concorrentes no 'miolo' portista não têm: chegada à área. Lá o mexicano pode precisar de imensos remates para fazer um golo, mas quando a solução mais óbvia passa pelo cruzamento é bem importante que algum dos centro-campistas se digne a tornar mais difícil a missão dos defensores. Para além do mais, Herrera, um patinho-feio lembre-se, desfaz aquele horrível duplo-pivot que Lopetegui guardou para o seu FC Porto 2.0. Quem diria que Hector, esse mesmo, faria valer, no meio da sua timidez irracional, um Dragão de Ouro?

E enquanto deglutimos 400 milhões faseados por 10 anos - sempre ajuda à digestão - percebemos que equipas como o União da Madeira - mais preocupado em não sofrer que em marcar - não podem tornar atractivo o futebol português para o consumidor estrangeiro. Valerá a pena falar de centralização quando o futebol praticado pela maior parte das equipas, nos jogos contra os grandes, é tão pobre? Quem agradece é o FC Porto - e os outros dois colossos - que não têm granjeio algum em 'privatizar' essas STCP's e Carris do nosso futebol. Aconteceu na Madeira, depois do tal golo de Herrera, do excelente remate de Brahimi, do chouriço de Corona, e da cabeçada de Danilo. Um 0-4 tão ansiado noutras vezes, as mesmas que por duas épocas e seis episódios atazanaram os portistas na Ilha.

Isto porque a finalização devolveu, finalmente, karma positivo aos azuis-e-brancos, com três golos na primeira metade - suficientes para congelar qualquer tipo de reacção adversária, ao contrário do que tem sucedido com Marítimo e Nacional. Mascaradas na goleada e no final de série ficarão para a recepção ao Paços e para a visita a Stamford Bridge a mesma questões de sempre: até onde poderá chegar um futebol com um mínimo de corredor central e um controle do jogo feito na sua grande maioria por fora das zonas de perigo? A resposta será certamente tão animadora como aquela que se prevê para um futebol português que não aposta na sua essência (bom toque de bola, protagonismo no jogo) para dar lugar às invenções das suas velhas raposas matreiras. Tão matreiras... quanto amedrontadas pelo próprio jogo que lhes dá de comer. O que fariam com os milhões da Premier? O mesmo que Benítez no Real?

terça-feira, dezembro 1

Atrás do leão

1 - Já muito se tinha criticado Lopetegui e a equipa nunca tinha batido bem no fundo exibicionalmente. Agora imaginem o que será depois de dois jogos em que qualquer ilusión que possa haver se desvanece totalmente. Sempre disse que foram certos apontamentos, da passada época, a assegurar a continuidade do basco. Jogos em que o FC Porto foi de facto arrasador, os quais criados e impulsionados por uma força impressionante no duelo individual defensivo. O FC Porto agigantou-se em Basel e destruiu a equipa de Paulo Sousa no Dragão. Apanhou o verdinho Sporting de Marco Silva e depois de meia-parte às turras pelo controle do jogo vingou-se da Taça esfaqueando-o com profundidade. Até o Bayern caiu no seu covil, depois de uma 1.ª parte onde saltam à vista os dois primeiros golos. Mas foi na 2.ª que os dragões se sobrepuseram e obrigaram Pep a reconhecer que o seu meio-campo não chegava. Até Boateng teve de subir para trinco...

Viveu de ilusión, podemos dizer, até porque nada disso valeria título algum. Para os ganhar, Lopetegui teria de criar uma nova equipa, com valores bem mais completos que aquela que, lembre-se, não foi capaz de ganhar ao maior rival da pretérita temporada, nem ao Marítimo e Nacional na ilha, nem ao Belenenses no Restelo, nem ao Boavista em casa... Demasiados desaires para quem pensa que sabe tudo e que a Nação não sabe nada. Esquece-se Lopetegui, tal qual se esqueceu Fonseca, que os portistas - como escreve hoje MST n'A Bola - sabem reconhecer os sinais de sucesso. E de Lopetegui desconfiam desde aquele primeiro jogo de apresentação contra o Saint-Étienne: "Se calhar o treinador precisa de uma torre maior".

Precisará certamente de uma torre bem imponente para perceber que o seu 'miolo' perdeu a criatividade de Óliver e a segurança de Casemiro. Talvez por isso o 'duplo-pivot' que pretende incluir (à força) continue com os mesmos defeitos: não ataca com qualidade e não defende, sequer, o espaço à frente dos centrais. Danilo não sabe sequer o que é isso e Rúben continua pouco imperial a varrer aquela zona. Não porque seja fraco fisicamente, não porque seja um jogador com muito mais vocação ofensiva, mas porque o técnico nada pretende daquela zona. Bem posicionado, Neves chegava e sobrava para chegar primeiro às bolas. Mas de perfil com alguém e sem ninguém oferecer coberturas, o FC Porto é presa fácil para jogos onde controla com a bola de um lado ao outro, mas não cria, nem marca o suficiente para gerir e compensar uma organização defensiva que se exibe a anos-luz do ideal. E será difícil o FC Porto mudar, porque Lopetegui demonstra a cada flash pensar saber tudo sobre o jogo. Para ele o Porto domina e cria sempre imensas oportunidades. Empata ou perde por azar ou por erros dos árbitros. Vá-se lá saber porque a Invicta não o grama. Talvez os portistas não gostem de comer gelados com a testa. Talvez.

2- Não vai ser preciso esperar muito para as contas ficarem ao contrário. Com o Sporting em 1.º lugar e com penáltis a favor no último minuto, a maioria encontra(rá) outro bode expiatório. Agora é o Sporting que controla a Liga, os árbitros e os adversários (o que se vai falar de Tonel equivalerá ao caso Deyverson?). As parvoíces do costume impedem a maioria de perceber que os leões encaram os jogos como tem de encarar. Todos da mesma maneira, ou seja todos com períodos de muita pressão à beira da grande-área e baliza adversária. Sem recorrer a cruzamentos a cada ataque, os Sporting vai construindo várias formas de chegar à baliza. E mais, mudam por necessidade e não porque sim. Parece simples, mas são coisas destas que fazem os campeões. E Jesus sabe-o. O resto da estrutura confia nele e sabe quem manda no campo. Basta ler a última entrevista de BdC para se perceber isso e para se perceber quem é o maior candidato ao título.

3- Seguindo o Sporting-Belenenses lembrei-me, inevitavelmente, do Benfica-Belenenses. Era impossível não lembrar aquele jogo em que na Luz elas entraram todas. E se Júlio César se lembrasse de alvejar a baliza dos de Belém, aposto que ao final se leria 7-0 no marcador. Uma grande vitória, bem atípica, mas que não augurou nada de bom para as águias. Poucos minutos depois, já no Braga-Benfica, os encarnados marcam dois golos em três lances de ataque, obrigando o tão elogiado Braga a encontrar soluções que não envolvessem a sua já conhecida boa organização defensiva. E aí, Paulo, aí é que são elas! De duplo-pivot em riste (Paulo nunca o larga) o Braga partiu para cima. Contudo, daquela forma, as jogadas foram obrigatoriamente desviadas para a ala (e a boa exibição de Renato Sanches não explica tudo), ao mesmo tempo que as recuperações altas seriam uma miragem. O Benfica fechou e chamou ao jogo os seus dois melhores momentos. Fechar e soltar deu uma boa primeira-parte no Dragão e uma vitória no Calderón. No AXA, já nem era preciso arriscar tanto e por isso o bloco baixou até ficar confortável. Tanto que permitiu alguns apontamentos bastante perigosos e que poderiam relançar o jogo. Porém, o Benfica foi bem mais incisivo na finalização. Do lado bracarense a falta de convicção para fazer as bolas baterem no cordame foi gritante. Essa e também a falta de coragem de Fonseca que sabendo que tinha o jogo perdido nunca povoou o 'miolo'. Não se lembrou, portanto, das poucas alegrias que teve no Dragão, quando desenhava, já em sacrifício, um 3x3x4, que ainda lhe permitiu uns balões de oxigénio. Ontem preferiu salvaguardar-se numa estatística que indicou um Braga superior... mas derrotado. Num grande teria obrigatoriamente de usar o último recurso. Lutando pela Europa resta-lhe a consolação de ter dominado o bicampeão nacional, enviando três bolas ao ferro - ainda que tenha visto Gaitán meter também o seu travessão a abanar, e Pizzi arrancar um penálti que não seria assinalado.

P.S. Se notarem alguma aversão a 'duplos-pivots' é porque ela, de alguma forma, existe. Não existe naqueles que ocupam bem os espaços e que se desfazem quando têm de o fazer. Mas Porto e Braga sofrem a bom sofrer com uma opção que mete menos um a atacar e menos um a defender. Um duplo-pivot, de perfil, sem cobertura, não permitiria, por exemplo, aquilo que Moutinho fez no Dragão ou aquilo que Enzo fez na Luz. Talvez por isso, quando leio que Fonseca assenta as suas ideias num 4x4x2 igual ao de Jesus, fico com vontade de perguntar de quantos duplos-pivots campeões nacionais, nos últimos 15 anos, se lembram?

Benfica supera Braga.

Excelente vitória em Braga, um campo sempre muito complicado. Felizemente, ontem, voltou a haver Benfica e uma entrada de rompante tornou tudo mais fácil. Parabéns aos jogadores e a Rui Vitória. Continuamos na luta, o que acaba por ser um bom tónico.

Podia falar do árbitro, que não assinalou um penálti pornográfico sobre Pizzi ou que nem amarelou o defesa bracarense que derrubou Mitroglou que seguia isolado para a área, mas prefiro destacar o Renato Sanches. Que jogador.

Vitória tem agora um problema: Fejsa é melhor trinco do que Samaris e em condições deverá ser a primeira opção. Tirar Renato, não faz sentido, porque o puto tem tudo o que tem faltado à equipa, desde Dezembro passado. Lamentável apenas mais uma campanha difamatória dirigida a este jovem jogador, com origem bem definida, de gente que não consegue, porque não sabe, viver o futebol sem ser com ódio.

Entretanto, Jonas senta no banco e passou mais uma semana para a recuperação de Luisão, Nelson e Sálvio.

Gostei da equipa, gostei da atitude e, a espaços, gostei do futebol praticado. Defensivamente a equipa esteve razoável. Algumas falhas mas na verdade o quarteto defensivo ainda não conseguiu ser o mesmo dois jogos seguidos.

Agora é esperar que FCP e Sporting percam pontos para podermos voltar a acreditar na revalidação do título.