terça-feira, agosto 21

A continuidade antagónica

Já deveria ser um tema mais que encerrado mas, mais de um ano volvido, continua a ecoar pela minha cabeça. Tudo pela sensação de 'deja vu' que o jogo de Barcelos me provocou. Desde as más decisões às declarações pós-jogo, Vítor Pereira acaba sempre por enveredar pelo desastre. Desta feita, o técnico espinhense falou, e bem, numa fraca produção da equipa para depois puxar para título penálties não assinalados, relva alta e anti-jogo destilando incapacidade para abrir a capoeira que Paulo Alves montou.

A insistência tira graça a qualquer tema, admito-o. Se olharmos para trás, há coisa de um ano para cá, todas as minhas tentativas de crónica sobre o FC Porto têm o mesmo tema, e vendo com atenção já dei todas as desculpas para isso. No meio da feroz crítica abri espaço à evolução e à transcendência de um treinador a quem, desde cedo, se notou incapacidade para treinar uma equipa com os objectivos do FC Porto. Ora, nada melhor que segundas oportunidades para se aferir qualquer tentativa de evolução.

Todos recordamos o célebre jogo da época passada em Barcelos e do desviar para o lado de Vítor Pereira. Na altura o árbitro, Bruno Paixão, fez, para não variar, uma exibição desastrada e acabou por ser 'puxado para título' pelas declarações, ao final, de Vítor Pereira. Toda essa animosidade contra o juiz da partida escondeu as falhas defensivas e ofensivas da equipa, já para não falarmos na 'doença do sono' que a afecta na maioria dos jogos em que participa. Meses volvidos, já noutra época, campo igual, adversário com alguns jogadores diferentes mas as mesmas desculpas. Ainda assim com algo de positivo. Para Vítor Pereira a equipa esteve incapaz, até ele já tem coragem de o admitir prescindindo da cassete da época transacta: "Circulámos, controlámos, criámos, em suma fomos Porto!'.

Para o técnico a equipa esteve apática e desastrada mas tudo por culpa do árbitro que não assinalou dois penálties, da relva alta que impediu o Porto de circular e do anti-jogo de um Galo que não quis jogar. Faltou a Vítor Pereira uma análise que não me parece que ele seja capaz de fazer a tempo de uma de duas coisas: ser despedido ou perder os objectivos da época.

E é neste ponto que eu recupero a minha ideia inicial, que faz com que, inevitavelmente, eu acabe sempre por escrever sobre o técnico do FC Porto. Porque, se recordarmos bem, Vítor Pereira foi a solução de continuidade de uma equipa que ganhou tudo. Uma equipa que resolvia jogos de anti-jogo e de relva alta recorrendo à capacidade e competência interna. E era sobretudo nesses jogos que se via que havia trabalho de casa e plano competente. Ainda não foi assim há tanto tempo para não nos podermos recordar o que faria André Villas-Boas num jogo destes. O 4-3-3 não resultava, fazendo o técnico prescindir de um extremo - neste caso nem tinha que o fazer pois há James- para adicionar um médio. Com mais um centro-campista o Porto de AVB chegava mais vezes à área vindo de trás, o que confunde qualquer 'capoeira' bem fechada. Lucho, na primeira-parte e apanhado em fora-de-jogo, ainda mostrou o caminho ao seu técnico, mas que preferiu ele? Adicionar mais um avançado e confundir a própria equipa ao invés do adversário, e se o Porto já era inofensivo ainda mais ficou.

Tudo isto faz com que a solução de continuidade apontada por Pinto da Costa seja uma solução antagónica ao que todos esperávamos que fosse. O problema é que já lá vai mais de um ano e a incapacidade continua a mesma. Até algo mudar, como já se viu, este será o meu assunto primordial. As minhas desculpas por isso.

12 comentários:

  1. eu daqui também vejo a coisa como tu daí...

    por muito que desejasse uma mudança e até encontrasse/inventasse argumentos que a justificavam, a verdade é q vamos ter a continuidade da época passada.

    vou-me continuar a chatear durante os jogos como nunca fiz com nenhum treinador...

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  2. talvez haja paralelo no octávio machado...

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  3. Eu vou deixar de me chatear durante os jogos pois vou deixar de os ver...

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  4. pois... eu não faço ameaças que sei que não vou cumprir :)

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  5. No meu caso é mais fácil. Como tenho de madrugar para ver os jogos, basta não ligar o despertador :)

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  6. Vamos lá então recordar o que dizia AVB depois de um jogo destes:

    "Na sequência de uma série de imagens proporcionadas hoje pela TVI sobre o lance na grande área do Guimarães, e que originou a minha expulsão, confirma-se que não há realmente caso para grande penalidade. Nessa jogada as críticas são infundadas e injustas. No entanto, esta reapreciação não apaga uma sequência de erros, cuja referência mantenho e que devem ser analisados à 10ª jornada. Estaremos, pois, atentos ao rigor e à ponderação dados pelo presidente da Comissão de Arbitragem às faltas de Ricardo e João Alves sobre Falcao e João Moutinho, respectivamente, e à entrada violenta por trás do João Paulo sobre Falcao. Para além disto, houve dois foras-de-jogo mal assinalados, sendo que um dos quais deixava o Falcao isolado frente ao guarda-redes".

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  7. LMGM,

    Sim, e agora arranja lá outro. Foi um. Já do Vítor Pereira, quantos queres? Queres mesmo comparar, ou foi na brincadeira?

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  8. Marco, não foi na brincadeira. Tens uma para cada mau resultado do AVB, do Pereira, do Mourinho, de quem tu quiseres.

    Claro que quando ganho o árbitro é irrelevante, ora lê lá este outro do mesmo AVB com particular destaque para os dois últimos parágrafos.

    Eu estou em pleno acordo com AVB, de que me serve, treinar muito bem, ter a equipa muito bem montada se depois alguém não faz o seu trabalho?

    "André Villas-Boas has made an official complaint to Mike Riley, the head of the Premier League match officials, regarding Manchester United's first two goals in their 3-1 win over Chelsea at Old Trafford on Sunday. Continuing the public criticism of Phil Dowd's assistant referee that he had offered directly after the game, Villas-Boas claimed that "if someone had done their job" Chris Smalling's opener would have been ruled out for offside.

    The second by Nani, after 37 minutes, also appeared to have been allowed after the winger started in an offside position, and Villas-Boas said: "It was a fantastic display [at Old Trafford], a poor result for us of course – our expectancy was to win. We managed to create so many opportunities, they should have translated into a more positive result. [I'm] very, very unhappy with the poor performance from the referees which had a decisive role in the result, I don't take it very lightly because it's on those two first goals, and you expect [the] linesman to do his job.

    "I have already gone further ahead with the situation by speaking to the correct people. I wouldn't like to extend it publicly because I don't think I should do it. But we are all very down when the referee has such an impact."

    Asked precisely how he made the complaint Villas-Boas said he had spoken to Riley and added: "I made my unhappiness known through the official channels."

    It appeared Smalling was allowed to score by the lax marking of the Chelsea defence, who would not have been aware that he was offside from Ashley Young's free-kick. But a visibly irritated Villas‑Boas denied this. "I don't agree," he said. "Because I cannot lose my time organising my defensive set play for the referee to make a mistake like that. You organise your team to defend the set play, to be coherent, to hold the line, then there is a person who doesn't do his job. And I think a free-kick is easier to analyse than running play.

    "We didn't have any problems in set play so far [this season]. So it's not a question of organisation, its not a question of defensive fragilities. It's a question of a mistake that you pay the penalty for."

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  9. LMGM,

    Ainda que moldado, é argumento. Não discordo. Mas digo moldado porquê?

    Porque não falei do Chelsea de AVB, nem do Tottenham de AVB. Falei sim e está bem claro no texto, Porto de AVB.

    E o Porto de AVB, tem uma taxa imensamente superior em jogos destes. Recordei, também no texto, como ele fazia para os desbloquear. Contudo acho que fazes bem em lembrar que na hora do 'mau resultado' todos são iguais. Mas uns perdem, ou no caso que expliquei, perderam menos que os outros.

    Recordaste o jogo de Guimarães e eu também me recordo bem o que escrevi na altura:

    http://sectorb32.blogspot.pt/2010/10/em-guimaraes-quem-berra-mais-alto-tera.html

    http://sectorb32.blogspot.pt/2010/10/mea-culpa-de-um-e-culpa-inteira-para.html

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  10. Marco, quem me dera que fosses dirigente do teu clube!

    No ano passado, por exemplo, o Porto foi somando os 3 pontos com exibições assim-assim porque lá vinha um penalti resultado de um qualquer puxão na área como há às dezenas em cada canto.

    Este ano o apitador não se lembrou de assobiar, resultado, o discurso oficial (que é o teu e bem) muda de imediato e os árbitros que no ano passado eram uns heróis nas palavras do teu presidente são agora uns vilões.

    No ano passado por esta altura (1 jogo) já eu tinha um penalti por assinalar e um golo mal invalidado, este ano também o Rojo foi puxado alarvemente na área do Guimarães, não foi assinalado e não viste ninguém a falar sobre isso, já faz parte da normalidade.

    No Porto, seja ele do Vitor, do AVB, ou de quem tu quiseres não é, cai do céu um puxão, um fora de jogo "no limite", um corte que se transforma em atraso, pormenores sem interesse.

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  11. LMGM,

    Nesse ponto nós não temos discussão. Mas esse não é o ponto que foquei no post nem nos comentários. O meu argumento é que Vítor Pereira perde mais pontos que AVB por culpa própria, pela sua metodologia de treino e plano. Isso é inegável.

    Se AVB quando perde fala nos árbitros, ou se todos os fazem, é algo que não me apraz. Até porque sempre defendi que à parte de erros de arbitragem as equipas devem ser ultra-competentes pois são pagas para isso.

    Aí só me revejo em Guardiola. Quando AVB falou sem razão, critiquei-o como farei sempre. A não ser que me esqueça ;)

    Onde podemos discutir é na ideia de que só no Porto se fala de árbitros. Admito, não temos bom historial com equipas de arbitragem, mas duvido que sejamos os únicos a utilizar a técnica da pressão sobre os árbitros para esconder falhas próprias.

    Garanto-te até que essa é uma das principais falhas que aponto aos nossos principais adversários. Mas não vamos começar uma discussão sobre quem berra mais ou mais alto. Se esse penálti do Rojo passou incólume e Sá Pinto não o referenciou esteve muito bem. Pena em Portugal não se poder ser assim, porque haveria certamente quem aproveitasse essa boa ética para falcatruar...

    Falar ou não falar? Jogar ou não jogar?

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