Antes de se começar qualquer comentário sobre o
Benfica-Sporting desta terça-feira convém elucidar os leitores de que é
bastante difícil, na corrente época, que num
assunto como o 'derby eterno' não se misture, com Benfica e Sporting,
um terceiro interessado. Aliás isso, apesar de contornos absolutamente
diferentes, também noutras épocas o foi. O FC Porto sempre foi incluído
como um seguidor atento dos clássicos da capital, mas neste assume,
convenhamos, uma posição bastante desconfortável. E as explicações para
esse desconforto serão dadas mais à frente neste texto. Isto porque terá
que se dar 'o seu a seu(s) dono(s),' sendo que esta terça-feira o
protagonismo é, e terá que ser, dos dois maiores clubes de Lisboa.
Esse seria um protagonismo que em condições normais, dois dias depois
da primeira data marcada para o 'derby', já se estaria a esfumar. Hoje,
dia 11 de fevereiro, ainda se discutiriam lances de arbitragem, se fosse
caso disso, e alguns apontamentos tácticos que pudessem ter estado à
vista durante os 90 minutos. Contudo quis a 'contingência' (ou a
cobertura) que assim não fosse, passando a ser ela a protagonista dos
dois dias a seguir a um clássico que (ainda) não existiu. Mas mesmo não
tendo existido, a aproximação do adiamento à hora marcada para o jogo de
domingo permitiu revelar dois 'onzes' iniciais em sistemas idênticos.
Ou seja, mesmo que se tenha, por minutos, evitado uma tragédia humana
nas bancadas da Luz, só hoje, por volta das 22 horas, se saberá se foi
também evitada uma 'tragédia' futebolística.
Claro que a mente
de quem escreve estas linhas terá que ter o cuidado para não se deixar
toldar pelos dois extremos que criaram a análise ao possível jogo entre
Benfica e Sporting. Duas polaridades criadas pelo exagero. Primeiro pela
negatividade de uma cobertura que cedeu ao temporal e, segundo, pelo
exacerbado optimismo em relação às nuances tácticas que Jardim incluiu
num 'onze' que teria sempre de ser de recurso. Obviamente que a primeira
fica para outras linhas e outras publicações, pois por aqui só com
dados muito relevantes se poderia fazer uma análise que não se
enviesasse. Congratule-se somente o facto de ninguém ter saído ferido da
Luz, porque o futebol nessas situações é o que menos interessa.
Já, em relação ao segundo ponto, há muito a ser dito. Dois sistemas
'iguais' desenhariam o 'derby'. Dois '4-4-2 clássicos' que teriam como
ponto forte a presença nas áreas e o impedimento à saída de bola do
adversário. Ora, neste cenário, será difícil imaginar-se um bom futebol
na Luz. Se os sportinguistas estarão contentes com o arrojo do seu
técnico é porque esquecem que o Benfica - que tem maior qualidade
individual - joga no mesmo sistema. E se Montero e Slimani, mais Heldon e
André Martins, conseguirem tapar as saídas de bola de Luisão Garay e
Fejsa, também do outro lado Rodrigo e Lima, com Markovic, Gaitán e Enzo,
farão o mesmo a Maurício, Rojo e Dier. Assim, como todos sabemos, num
clássico onde a vitória pode dar o primeiro lugar, o medo pode forçar
ao... 'chutão'.
A questão é: terão as duas equipas controle
emocional e coragem nas decisões para fazer chegar a bola ao sítio
(grande-área adversária) onde o seu 4-4-2 é mais perigoso? Sem querermos
ser demasiado negativistas, há sempre a hipótese de no Benfica-Sporting
de logo à noite 'choverem' transições rápidas, com a bola a passar
pouco tempo no pé de cada jogador, numa procura intensa e vertical pelas
áreas. Nelas vão estar Rodrigo e Lima e Montero e Slimani, daí que os
'miolos' (Fejsa e Enzo; Dier e Adrien, com os 'alas' sempre à espreita)
se possam deixar encantar por isso quando tiverem a bola. Sem ela, já se
sabe... o combate vai ser intenso!
E é aqui, no meio de toda
esta verticalidade, que entra o FC Porto de Paulo Fonseca. Noutras
épocas os dragões olhariam para o 'derby' de forma diferente. Uma
diferença, digamos, horizontal. Foi mesmo esse 'horizonte' que marcou a
diferença dos últimos três anos em relação ao adversário mais próximo: o
Benfica. Os encarnados mantiveram-se sempre fieis a um estilo vertical,
de pouco controle emocional, numa procura pouco racional pela baliza. E
os dragões, nesse contexto, controlariam sempre os seus adversários por
uma troca de bola que já não existe nos jogos da equipa de Paulo
Fonseca. O FC Porto trocou assim a segurança da horizontalidade por uma
verticalidade que é pior que a dos seus adversários. E isso acontece,
como é óbvio, por querer fazer o mesmo que eles sem jogadores para tal.
De facto, só num campeonato que, pela fraca qualidade dos seus
adversários, oferece vitórias, um FC Porto que não consegue fazer 5
passes seguidos no meio-campo do seu adversário consegue números a
rondar os 65% de posse-de-bola (assim como um segundo-lugar à condição).
E essa [posse] é também oferecida pelo posicionamento dos Paços de
Ferreira e dos Olhanenses que visitam o Dragão. Uma equipa que joga tão
mal não devia ganhar tanto, mas os seus adversários (os mesmos de
Benfica e Sporting) assim lhe permitem ao não lhe explorarem
convenientemente debilidades que estão à vista de todos. Mas, perceba-se
de vez, que o FC Porto joga mal porque... treina mal. E treina mal
porque treina uma ideia que não serve para marcar a diferença em relação
aos dois rivais pelo título. Daí que não sirva de nada ao FC Porto
demarcar o seu Estádio do Dragão, e a sua cobertura, como um 'Porto
Seguro' quando o seu futebol é o mais instável dos últimos (pelo menos)
10 anos.
O dérbi... Justíssimo!
ResponderEliminarQuando é assim não há nada a dizer.
Banho tático do JJ ao LJ.
O Enzo Pérez jogou o que quis. Vinha buscar a bola atrás sem pressão, recebia a bola vinda dos defesas no meio campo do Sporting sem pressão, enfim. . . Foi uma sorte não termos levado mais uns poucos.
Esta tática é para jogar em casa com a Académica, não fora com o slb. . .
Parabéns aos lampiões!
SL
ResponderEliminarhttp://www.supersporting.net/wp-content/uploads/2014/01/brunodecarvalho2218145543.jpg
o sporting é isto, só paleio e depois na hora da verdade contra equipas mais fortes falha sempre. continua a tentar bruno...
Obrigado tasqueiro por nos lembrares que já não temos um presidente que lambe o cú à vossa eminência.
ResponderEliminarrealmente, a única coisa porreira depois de uma vitória do slb sobre o Sporting, é perceber que alguns azuis até ficaram contentes por causa do bruninho...
quem diria...