


O treinador, dizia acima, tornou-se no ponto mais importante dos referidos, porque foi através dele(s) que a SAD manteve viva a chama das conquistas. Sabe-se hoje que a estrutura viveu às costas das vitórias dos técnicos que, por sua vez, formaram equipas 'à Porto'. Hoje, repito, muitas delas não chegariam para vencer a Liga, mas no actual estado de coisas, três delas conseguiram o objectivo principal - que é o de ser campeão nacional. Desfeito que está o Porto de um 'traidor' e de um 'banal com futebol monótono', ficou o dragão às mãos de Jorge Jesus. E é essa dependência que torna cada escolha de treinador como a questão principal da época. E como se viu, novamente, ontem, não é qualquer um que pega no FC Porto e entende aquilo que ele precisa. Assim, foram aproximadamente 90 os minutos que os dragões tiveram para dar a volta a um erro individual que causou desvantagem. E foram também aproximadamente esses mesmos minutos que confirmam, mais uma vez. todo o 1.º parágrafo: Portismo procura-se.
A desvantagem em futebol é uma coisa normal para um campeão. Talvez por isso Julen Lopetegui nunca o tenha sido, ele que virou um jogo uma única vez - ele que ocupou o 1.º lugar também por uma única vez e de forma bem fugaz. Rui Barros, nas duas primeiras metades no Bessa, mostrou melhorias que o FC Porto, quando pressionado, não soube manter. E ontem, frente a um adversário intenso, picado, e orgulhoso, todas elas ficaram à vista. Pior que isso, não foi preciso muito para travar - na maior parte do tempo - o dragão. Bastou um 2 para 2 na zona da saída-de-bola e um meio-campo pressionante, assim como uma organização defensiva solidária, e o FC Porto ficou, como sempre (desde o início da época), à toa. Saída a três? Laterais projectados? médios entre-linhas? Dá muito trabalho 'ser Porto'. Mais fácil é escrevê-lo a acabar os tweets.
Porém, a falta de visão não acaba aqui. Por toda a segunda metade, Corona - um dos mais talentosos da Liga - foi daqueles, também, que mais bola teve. Nada de mal aqui, não fosse o facto de, tal qual como com Lopetegui, o mexicano estar a fazer o trabalho... de um lateral. Ora, quando Silvestre Varela foi chamado, um portista à séria (ainda existem?) pensaria que o lateral-direito iria tomar banho mais cedo, entregando a linha ao extremo recém-entrado, passando Corona (um dos mais talentosos da Liga, lembro) a deambular com liberdade para chegar à área, salvando Aboubakar da ilha deserta que se tornou. Resultado real: Corona foi retirado de campo e Maxi foi subindo a conta-gotas ao invés de se fixar como extremo qual Layún do outro lado (e ainda assim o uruguaio criou perigo). Mas, mais, na iminência de ter que utilizar um plano B, Rui Barros continuou na senda das decisões tácticas que tantos dissabores têm causado ao FC Porto: o 4x4x2 clássico. Não pelos dois avançados - que também reclamei acima - mas pelo auto-aniquilar de um 'miolo' que já com três unidades é (sempre) comido por oposições mais intensas.
Assim, por mais simpatia que se tenha, não se pode dizer que o FC Porto fez tudo. Mais ainda, nunca se poderá dizer isso, quando todas as decisões (e falta delas) apontadas só travaram o FC Porto de si próprio, de ser aquilo que nos últimos anos só foi à custa de treinadores que nunca tomariam estas decisões e que teriam plano para tornear uma equipa que, repito, (só) foi solidária, agressiva e intensa, sendo o seu único rasgo táctico aquele que já todos perceberam: bloquear os dois centrais portistas na saída-de-bola - o que é suficiente para deixar o FC Porto desconfortável, intranquilo e... sem soluções. Depois, quando essa linha de pressão é ultrapassada, um 'amontoado' de jogadores solidários e com algumas noções defensivas faz o resto.
Hoje, Casillas carrega o peso disto tudo. Nas manchetes, nas conversas de café e... nos próximos cruzamentos para a área. Mas uma equipa 'à Porto' teria soluções para lhe oferecer a vitória e reafirmar a confiança que tem no seu guarda-redes - para o mal e para o bem, até porque já se sabe desde o início que o lugar é dele por decreto. E milhares serão os portistas que vão na conversa e que crucificarão aquele que, para o bem e para o mal, é um dos seus. Ao fim do texto, mais do que procurar o portismo, apetece-me perguntar se ele realmente existiu ou se foi emprestado pela mão de três ou quatro verdadeiros portistas sendo recolhido na hora das vitórias pelos restantes.
"Ao fim do texto, mais do que procurar o portismo, apetece-me perguntar se ele realmente existiu ou se foi emprestado pela mão de três ou quatro verdadeiros portistas sendo recolhido na hora das vitórias pelos restantes."
ResponderEliminarSe calhar é mesmo isto.
Excelente texto!
Mais 1 excelente texto.
ResponderEliminarComo é.possível o porto despedir o treinador e estar 3 semanas sem apresentar novo técnico?!
Parece claro que PDC só esta a fazer figura de corpo presente e que Antero não está a ter capacidade para liderar o clube.
Acho que o Rui Barros poder ficar até ao fim era uma hipótese mais forte do que se pensava.
ResponderEliminarAntero parece-me um gajo forte na hora da vitória, como aliás todos os dirigentes em Portugal :P
Acredito que o problema pode ser mais grave e que financeiramente a coisa pode estar a bater no fundo.
ResponderEliminarEra um milagre que não estivesse. Novas oportunidades...:)
ResponderEliminarPeseiro. Bom futebol mas muito inconstante. 6-1 ou 0-1 :)
ResponderEliminarAcho peseiro o treinador mais injustiçado da última década em Portugal.
ResponderEliminarNão sei se é uma boa escolha porque estamos a falar de um treinador que tem imagem completamente queimada publicamente.
Eu bem estranhei a hipóteses Leonardo Jardim e Marco Silva a obrigação de ter que indemnizar o SCP deve ter feito abortar o negócio a partida.