sábado, agosto 27

Mini-Barcelona, o C@#$%&$!!!!

Fica mais uma vez provado que nunca uma equipa com contradições poderá vencer uma que tem certezas absolutas. No Mónaco, sexta-feira à noite, a história de sempre. Mais uma vez uma equipa muda em função do Barça e mais uma vez é dominada, no cômputo geral, de forma avassaladora pelos catalães. Mas isso não é nada que surpreenda a malta, porque é futebol. Afinal, 20 minutos a segurar, em esforço, o Barça já dá direito a prémio, agora imaginem se a isso se juntasse a capacidade de segurar a bola no meio-campo adversário, de o remeter muitas vezes à sua grande-área, criando situações de perigo que invariavelmente iriam resultar num golo ou em dois. Pois é, é que ver este Barça jogar é como assistir a um debate entre alguém convicto, lógico e carismático com alguém sem ideologia.

Tudo muito em esforço, tudo muito pouco natural. Na conferência de imprensa uma equipa fiel ao seu 'estilo', no campo um mar de contradições. Guarín encostado a Souza, Moutinho à deriva, Rodriguez - que nunca havia jogado esta época de dragão ao peito - no onze, Sapunaru e Fucile presos no seu meio-campo defensivo. Qual é então o estilo do Porto de Vítor Pereira? Um Porto pressionante (atitude sem bola muitas das vezes de louvar) mas que trata a redondinha de maneira desgarrada porque quando não a teve se separou em demasia? Epá, um estilo, tá bem! Mas não quero desses, muito obrigado.

Dá-se então o 'prémio' aos dragões por terem feito metade do que o Manchester United fez na Final da Champions League contra o mesmo Barcelona. Na altura não me lembro de alguém que tenha dado os parabéns a Alex Ferguson pela forma como abordou o jogo, mas ficamos agora a saber que forçar Victor Valdés a jogar mal com os pés já é uma vitória.

Sim, tom irritado o meu, eu sei. Mas quem vai acompanhando as 'postas' que por aqui deixo sabe da importância que tinha este jogo para mim e sabe também que a mesma se foi desvanecendo conforme as saídas de André Villas-Boas e Falcao e o súbito desaparecimento do onze de Álvaro e Belluschi. Sempre o disse, se há algo que pode vencer o Barça é manter uma ideologia e, acreditem, a que venceu a Liga Europa não era má. Podia até acabar derrotada por mais, não se sabe, mas pareceu-me, até então, que era uma das mais fortes da Europa. Daí o meu desejo na altura e daí a minha irritação de agora.

Porque esse Porto tinha valores bem definidos e sabia a importância de todos os momentos do jogo e, para além disso, tinha carácter. O carácter próprio de quem tem as coisas bem definidas e, no Mónaco, foi a falta desse carácter que fez a diferença ser de duas galáxias em vez de ser só uma. Duas galáxias e um Planeta Namec, vá. É que a diferença é tão estrondosa que não me recordo de uma jogada do Porto sem ser num enorme esforço, numa enorme dúvida. Pareceram putos quando estão a mentir, e isso não se pode gabar.

Falava eu, mais acima, do exemplo do Manchester. Ora isto que o Porto fez nesta última sexta-feira, também os red devils fizeram em 2009 e 2011 e a isso, pasmem-se, ainda lhes juntaram uma capacidade de reter a bola e criar oportunidades nesses míseros 20 minutos. O resultado foi o mesmo, a derrota. Por isso se ninguém os louvou na altura não me louvem agora este Porto sem carácter que tudo fez a esforço e que com a bola no pé esboçou uma desgarrada mal-amanhada. E foi tão gritante esse devaneio portista que até aconteceu, como sempre acontece aos medricas, o tal erro crasso que tudo comprova e que faz a diferença entre os corajosos e os 'borrados'.

Mas lá está, isto dos livros é tão insípido sem ideologia por trás que no meio das zonas pressionantes e dos lados-cegos não se consegue sequer escolher um onze que dê garantias. Ao invés, quer-se manter a posse mas incluem-se no onze jogadores que não a prezam, quer-se manter o adversário remetido ao seu meio-campo mas não há laterais que subam. É como vos digo, preferia perder por 5 e ter jogado com certeza, com carácter. Assim, valem-nos de muito 20' de pressão e um remate do Guarín para o que aí vem de época.



8 comentários:

jamsilva disse...

mai nada.

Eu nao esperava a vitoria mas esperava muito mais desta equipa.

jamsilva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno disse...

Porque não explorar antes uma outra comparação.

Tivemos um FCP de VP na final da Supertaça Europeia, em que passa de número 2 a número 1, contra aquela que é indiscutivelmente a melhor equipa do Mundo e a que melhor define o que deveria ser o futebol ao nível colectivo e a sua forma de explorar o individual.

Ora, que tal lembrarmos a outra final da Supertaça Europeia, saída de vitória na Taça UEFA, em que o técnico permaneceu à frente da equipa, bem como a maioria dos jogadores que conseguiram a vitória. recordo que o único jogador relevante que saiu foi o Capucho... em final de carreira; e o Postiga que claramente não era fundamental na organização de jogo da equipa. O técnico à data, para mais, não tinha jogadores a começar mais tarde a pré-temporada por causa da Copa América, nem tinha jogadores importantes que não pudesse ter utilizado, por motivos de mercado!

Lembremos o jogo que o FCP fez frente ao Milan, que não era em termos comparativos tão forte quanto este Barcelona.

Façam antes essa comparação.

P.S. A realidade é que andava mais de meio Portugal e esperar que o FCP fosse esmagado... alguém viu isso? Como até foi capaz de criar dificuldades ao Barcelona, já toda a gente acha que se devia exigir mais a quem inicialmente vaticinavam o papel de meros espectadores do jogo.

Alexandre Ferreira disse...

Portanto, romanticamente, contra os canhões marchar, marchar...
Ver a equipa dizimada, esmagada.
Seria essa a solução do Marco, parece.
Ou, antes, com realismo, reconhecer a infeliz superioridade do FCB e tentar contrariá-la, ainda que com alguma ambição, como se tentou fazer?
Não tenho quaisquer dúvidas quanto à melhor opção. Mas, naturalmente, respeito quaisquer outras.
E, não posso deixar do o dizer - a arbitragem não teve qualquer importância, pois não?

Marco Morais disse...

Nuno,

Que tem o jogo com o Milan a ver com este?

Nesse o Porto fez tudo ao seu alcance para ganhar. Praticou um futebol completo, não tremeu nem se assustou com o 'gigante' e jogou bem melhor que o adversário.

Como não há comparação entre este Milan e este Barça, também não há comparação entre os dois jogos. Não é argumento, portanto.

Alexandre,

Romanticamente contra os canhões marchar, marchar?

Isso parece mais a definição do que o Porto fez, ou quis fazer do que eu escrevi.

Pedi um Porto completo nos 5 momentos do jogo, mas vocês ficam contentes com um Porto que foi completo em um (quando muito dois) momento(s) apenas. Quem é mais romântico afinal?

O Barcelona pode e deve ser superior, mas com o Porto que eu pedi não seria tanto. Imagina o seguinte cenário: à elogiada (e boa) capacidade de pressão e recuperação do Porto, junta-lhe uma boa capacidade de posse (e sim, para isso não se pode tremer), junta-lhe depois frieza para decidir quando fazer o passe mais arriscado ou gerir os tempos do jogo. Achas que o Porto seria dizimado?

Eu falei, apenas por descargo de consciência que esse tal Porto poderia até levar 5. Mas, convenhamos, não seria bem mais improvável?

A arbitragem, como sempre, só teve importância porque o Porto não foi competente. Teve tanta como o remate do Guarín que passa a um centímetro da baliza. Tiros no escuro portanto. Oportunidades de golo criadas, tempo com bola no meio-campo ofensivo, quase iguais a zero.

Que gozo me daria, marcar o penálti, e levar o segundo ainda antes de acabar ou no prolongamento. Que moral tenho eu para falar no penálti quando a minha equipa exibiu um futebol que não ganhava um em dez jogos contra este adversário.

Claro que isto, que eu escrevi no parágrafo acima, é rebatível. Apoia-se numa opinião pessoal e em supostas probabilidades. Sempre defendi equipas regulares e completas e não é por o meu clube perder uma Supertaça contra o todo-poderoso que vou mudar.

Irrita-me é as pessoas acharem que o Porto fez uma boa exibição, que merecia o empate e blá, blá, blá. Esse é o tipo de conversa que não nos faz sair do mesmo sítio.

Se o teu filho tiver um D+ a Física Nuclear, bates-lhe palmas porque acertou uma pergunta?

Alexandre Ferreira disse...

Ok. Aceito.
Mas continuo a pensar duas coisas.
Primeiro - que a probabilidade de exito do FCP num esquema mais ambicioso seria mais reduzida e, sobretudo, difícil de concretizar. Não quero dizer que não fosse desejável, mas temos que ser realistas.
Segundo - Quanto à arbitragem parece-me que é, de facto, um problema. Não tens que exigir à tua equipa que seja mais competente que a incompetência dos outros. Isso pode ser válido para um Saragoça-RM, como se viu, em que o facto de um penalty óbvio não ser marcado a favor do RM não o impediu de, de imediato, marcar um segundo golo de bola corrida. Mas já não é indiferente entre equipas minimamente equilibradas.

Anónimo disse...

Marco, lance do pénalti é falta.

Logo, a decisão do árbitro teve influência no resultado. Percebo que não sirva de desculpa, mas é uma falha grave que mexe, quer queiras quer não queiras, com o resultado. Ora, isso é discutível, no mínimo, não achas?

Andamos aqui a ver jogos que têm, constantemente, mão dos árbitros e não tem importância? Discordo completamente, como sabes.

O FCP não tem de ser melhor do que aquilo que foi. A verdade é que o árbitro não marcou a penalidade e isso não nos permite avaliar a exibição/resultado, por que desconhecemos, precisamente, o resultado.

Por isso, se o meu filho tiver um D+ porque acertou uma pergunta apenas, e se esse resultado foi alcançado porque o professor cortou uma outra resposta certa que daria ao meu filho um C, das duas uma, ou se pede revisão de prova e o pedido é atendido, ou o senhor professor leva uma lambada no lombo para não se armar em parvo.

Porque eu até sei que o meu filho se esforçou e fez o melhor que sabe. E não tem de ser preudicado por isso.

Gonçalo disse...

Marco, eu não acho que o FCP jogou de forma tão descaracterizada como indicas e parece-me exagerada a tua critica e "desmedida" a tua ambição. Acredita que eu partilho os teus princípios em relação à filosofia e mind-set da equipa e a situação ocorrer daqui a algum tempo concordarei a 100% contigo, mas estamos em inicio de época e a suposta continuidade que se apregoa não é assim tão linear quando o líder muda e quando o plantel ainda está por definir. Acho que temos que dar alguma folga e margem de manobra a esta equipa. Se formos ver bem, este Porto de 2011/2012 ainda se está a encontrar, basta ver as exibições cinzentas dos três primeiros jogos, porque é que contra o Barça iria ser diferente?