O Zenit tem sido um avaliador nato das competências portuguesas na Champions. Um barómetro que tanto afastava o FC Porto da fase-de-grupos em 2011 e em 2013, assim como o Benfica em 2014, como também ficou pelo caminho com os encarnados em 2012. Talvez por esse historial lusitano a equipa de São Petersburgo tenha recrutado um técnico português, mas não só. Também Witsel, Hulk, Javi García, Garay e, antes, Neto e Danny, têm passado luso, o qual trocaram por uns valentes milhões de rublos. Milhões que nunca deram, recorde-se, uma passagem aos quartos da competição rainha da Europa do futebol. Estavam então, em André Villas-Boas, e num lote de jogadores experientes e com (muita qualidade), depositadas as esperanças de que este (2016) seria o ano. Isto até aparecer alguém que não chorou na hora do sorteio, que não chorou quando teve de esperar 90 minutos para marcar em casa, e que não chorou quando teve de remodelar, de novo, a defesa. Não chorou, sequer, quando sofreu o golo que empatava a eliminatória. Não é, Zyryanov?
Falamos de um Benfica devastado por lesões mas que teima em não vergar. Uma pega de caras feita por Rui Vitória a um touro de adversidades, que teve mais um (feliz) episódio numa Hulkingrado, que haveria de passar a São Gaitánsburgo. Isto porque, apesar de controlar todo o futebol russo na 1.ª parte - e ainda arranjar tempo, sabedoria e espaço, para ir colocando gelo (brr!) no jogo -, o Benfica haveria de ceder a um encosto russo. Já na segunda metade, André Villas-Boas mudou toda a ala direita (fazendo sair os inertes Kokorin e Anyukov) forçando o ajuntamento defensivo das águias a ressentir-se. Da ala, para o meio, (agora) com chegadas à área - aproveitando dúvidas benfiquistas na hora de subir ou descer, para encurtar ou controlar o espaço atrás, mas que não mancham a boa exibição geral do quarteto (com Lindelöf à cabeça) - o Zenit tornou-se naquilo que nunca tinha sido anteriormente nestes oitavos-de-final. Agressivos, subidos, controladores, Hulk, Danny & cia, sempre apoiados por Dzyuba, criaram um bom par de chances para aquecer as mãos a Ederson. De tal maneira que o Zenit, naquela altura, precisasse de tudo menos de dúvidas na hora de Zhirkov (falta sobre Nélson Semedo?) encontrar Hulk no caminho para o golo.
Vantagem ou miragem?
O Petrovskiy celebrava a tal Hulkingrado e esfregava as mãos. Não para afastar o frio mas para sublinhar a sobranceria de um possível controle do jogo. A tal frieza com séculos de história ficava em ponto de vantagem depois do empate na eliminatória, certo? Errado! Errado, porque o Benfica agiu. E não dizemos 'reagiu', porque a valência benfiquista foi vista desde os primeiros 45 minutos. E estava na cara que, subidas, as águias teriam tudo para marcar. De tal modo que depois de ver Renato Sanches soltar-se, de ver Jiménez (que rendeu Mitroglou aos 67') a ir a todas, de ver Jonas a segurar, e de ver Nico Gaitán despir o fato-macaco e arranjar forças para se lançar até ao último terço, o Zenit haveria de arrepender-se do golo que marcou. Era agora o Benfica que mostrava que a saída-de-bola dos russos é facilmente anulável, era o Benfica que demonstrava que ninguém do Zenit baixava para tornar os centrais, e o trinco, confortáveis naquele momento, como foi o Benfica que demonstrou, durante o jogo todo, que André Villas-Boas continua a insistir num erro que lhe tem afectado em demasia a carreira. Não soltar ninguém do meio-campo, não permite atacar bem, nem defender bem. E logo André que tinha dito que o iria fazer de todas as maneiras. Nada mais enganador. E ainda bem para os campeões nacionais que lá estava o Grande Benfica, Jiménez e Gaitán, para o confirmarem - num repartido e saboroso golo que gelou toda a esperança do adversário (85'). Assim como Talisca que, aos 90'+6, confirmou uma vitória que sublinha a passagem da melhor equipa no conjunto das duas mãos. E o bicampeão pode ter muitos defeitos e muita coisa a corrigir, mas olhando para este Zenit movido a gás, sem olhar ao preço da botija, fica a ideia de que AVB tem de se preocupar muito, mas mesmo muito, com a ideologia que tem seguido desde que se levantou da cadeira de sonho. Já o Benfica tem de preocupar-se com o sorteio para os quartos. E quem não gostaria dessa dor de cabeça?
Zenit-Benfica, 1-2 (1-3) (Hulk 69'; Gaitán 85' e Talisca 90'+6)
29 comentários:
Grande Benfica.
Os primeiros 45 minutos foram excelentes. Já sei que se anda por aí a dizer que o SLB não jogou nada de especial o que demonstra muita azia e/ou não perceber nada de futebol, nada.
Os quartos têm tudo para serem catastróficos mas estamos lá, que se lixe. O dinheiro já entrou e, quem sabe, pode acontecer um milagre. Sonhar ainda é de borla.
Agora é ganhar ao Tondela, isso sim é que me está a deixar nervoso e ansioso.
Chegar aos quartos de final é um feito que tem tanto de surpreendente como de meritório. E quando se ganha os dois jogos da eliminatória, ainda que nos últimos minutos, não há muito a dizer.
O Zenit não é o Sporting e o Benfica tirou proveito disso... Muito mal Villas Boas. Tantos jogadores, tão pouca equipa...
O pior do Zenit foi o aparente desinteresse da equipa. Inacreditável. Aquele Witsel é um cagão que anda de um lado para o outro.
O Fejsa foi o melhor. Com ele a 100 há esperança. Para o campeonato.
Com aqueles jogadores do Zenit, não se formar uma equipa de jeito mostra bem a qualidade do treinador. E grande parte deles seria titular em qualquer dos 3 grandes.
Ontem vi-me, pela 1ª vez em muito tempo, dividido entre querer que o SLB fosse eliminado (como sempre quero) e querer que passe porque será a unica possibilidade do SCP ser campeão. Portanto só fiquei triste porque esperava que se cansassem mais indo a prolongamento. lol
Fejsa dá uma qualidade defensiva à equipa como poucos. Não é um Matic na capacidade de sair a jogar mas para a realidade do SLB acho quase impossível conseguir melhor e por cá ficar algum tempo. É top. Pena a condição física ser tão frágil. Se ele estiver a 100% para esta recta final da época será o melhor reforço que podíamos pedir.
Fejsa esteve de facto muitíssimo bem. No que toca a varrer aquela zona - e a dar liberdade ao Renato - é de facto outra loiça.
Já o Witsel, percebo o hype. Quando chega a zonas de decisão nota-se todo o talento. Mas epá, é raríssimo soltar-se. Nem com Jesus o vi dentro do bloco ou em zonas de finalização. E as vezes que por lá andou - que se contam com os dedos de uma mão - deu para reparar o jogador que ele é/podia ser.
AVB segue as pisadas de Mourinho. Os Coldplay também seguiram as pisadas dos U2. Ver o primeiro jogo da Académica dele - no Dragão e com uma semana de trabalho - e ver este Zenit demonstra bem que ele também faz, agora, videoclipes com macacos =)
Os U2 até 91 (Achtung Baby) fizeram só coisas boas e durante mais de uma década. Depois fizeram algumas coisas menos boas mas nunca ao nível pobre dos Coldplay.
Não sei ao certo quantos álbuns mas certamente mais de dois (os únicos bons de Coldplay que foram gravados no espaço de 2 anos).
Comparar uma banda com outra é como comparar o JJ com o Vitória...
Não é isso, Luís. Falo de caminhos. AVB seguiu o caminho de Mourinho, e os Coldplay - quando fizeram os dois primeiros álbuns e, por isso, ainda eram bons - decidiram ir pelo 'caminho U2' - mais pop, mais comercial.
A comparar seria Radiohead e U2, mas não é essa a minha intenção (até porque isso, geralmente, leva a lado nenhum). Como já falámos disto aqui, não expliquei no comentário acima =)
Os Coldplay não são uma banda. Não tocam intrumentos sequer. Música...zero!
É o mesmo que comparar JJ com um não-treinador.
Epá, oh Luís, não me digas que vais na conversa daquele Hugo Gil a inventar que foram sportinguistas a colocar aquela faixa no Marquês. O homem já foi tão gozado por isso... É um retardado. Ainda por cima a teoria dele não bate minimamente com o conteúdo do vídeo.
E depois declarações de Dias da Cunha... Já viste o estado em que o homem está actualmente?
Marco entendido, apenas quis dizer que os U2 estiveram muitos anos no "bom caminho", coisa que os Coldplay só fizeram durante dois anos. O AVB aparentemente apenas esteve no "bom caminho" durante um ano.
Sinceramente acho que a carreira dele está cheia de equívocos. A viagem para Inglaterra foi prematura, no meu entender. E a ida poara a Rússia, nem me merece grandes comntários.
Peyroteo, eu não vou cair no erro de começar a comentar os meus posts nos posts dos outros e por isso peço desculpa ao Marco por este breve comentário (que não voltarei a repetir).
"Epá, oh Luís, não me digas que vais na conversa daquele Hugo Gil a inventar que foram sportinguistas a colocar aquela faixa no Marquês".
Epá, oh Peyroteo, não me digas que vais na conversa daquele Artista do Dia (por exemplo)... ups. Vais.
"E depois declarações de Dias da Cunha... Já viste o estado em que o homem está actualmente?"
Segundo o Dias da Cunha, está mentalmente gravemente doente.
"Os U2 até 91 (Achtung Baby) fizeram só coisas boas e durante mais de uma década. Depois fizeram algumas coisas menos boas mas nunca ao nível pobre dos Coldplay."
Apoiado. U2 não se podem comparar com Coldplay. Os Coldplay nunca tiveram um Achtung Baby, nem um Joshua Tree. Além disso, é injusto dizer que foram pelo caminho fácil: Achtung Baby, Zooropa e Pop foram riscos enormes (pegando nos Radiohead, penso que foram pelo mesmo caminho). Claro que os dois últimos são chaaaatos. Mas é injusto não lembrar o que se passou antes.
Foi o Hugo Gil que escreveu isso? Eu acho que foi o boloposte, não foi?
Eu nem vou discutir a decisão tomada pela sportingtv, ou clube, em investir dinheiro naquilo. Muito menos o facto de o terem deixado ir para o ar depois do visionamento.
Um chimpanzé, com um Spectrum 128K e defeitos na vista e nas mãos, escreveria melhor do que aquilo.
E comparando-o hoje, acho que os malucos do riso deviam ganhar o equivalente ao festival de Cannes para comédia televisiva, e fazer parte de uma qualquer recolha da NASA para mandar para o espaço exemplos da expressão máxima artística e cultural terrestre, para um dia uma qualquer civilização de outra galáxia visionar.
E depois ainda há quem tente defender o Milhafre classificando outras pessoas de retardados :)
Mr.Shankly, sim o Zooropa, pelo menos. Mesmo no Pop não os achei comerciais mas podemos definir que foi aí que se "perderam" um pouco. O que acaba por ser normal depois de duas décadas de qualidade máxima.
Os Coldplay têm 2 álbuns magníficos. O resto é do piorio, nem sequer se pode dizer que são mais fracos apenas. São mesmo uma valente merda.
Mr. Shankly, foi o Boloposte sim. O outro é que fez publicidade. Peço desculpa pelo erro.
LDP, de facto, o Milhafre na TV não tem 1% da piada que tem no facebook. Aliás, acho que o programa não faz sentido na Sporting TV.
Luís, eu também não queria comentar aqui mas não tenho outra hipótese e só estou a tentar evitar equívocos. Até porque soube-se hoje que foram benfiquistas de Casal de Cambra que colocaram a faixa no Marquês. Não que isso tenha muita importância. Mas fica a esperança que ainda faças um Sporting revisitado que faça sentido :)
"Aliás, acho que o programa não faz sentido na Sporting TV."
Como é óbvio. É o tipo de coisa que faz sentido na net, onde há de tudo. Na TV oficial de um clube é demasiado baixo. Mas infelizmente já não surpreende.
O Milhafre foi apanhado na curva. Típico. Enfim...
:)
Por favor não conspurquem os posts do Marco com as vossas discussões. Criem um post para isso e discutam aí (é uma sugestão). Marco mais uma brilhante análise. Creio que o AVB cada ano que passa tende a dar razão às teorias de que o mérito e sucesso da sua passagem pelo Porto está agora a treinar na Turquia.
Conspurcar é exagerado mas tens toda a razão no que interessa. Da minha parte não voltarei a fazê-lo.
Acho que o AVB com a fortuna que ja arrecadou pode ir gozar a vida na boa. Ele em tempos disse que so queria treinar dez anos...
Como já tinha dito noutro post absolutamente miserável o trabalho dele com os meios que tem há disposição mas também me parece que tem 1 plantel cheio de jogadores contráriados e pouco motivados.
A motivação de ir para a Rússia é ganhar dinheiro mas ao fim de uns tempos o frio do clima e do povo faz mossa. Enquanto se vai ganhando dá para disfarçar qualquer coisa, quando se começa a perder a vontade de por lá andar deve ser mínima.
Nunca irei perceber como é que jogadores como Garay e Witsel escolheram aquele destino.
Mas supostamente seria nestes jogos, na principal competição, que poderiam mostrar algo que convencesse alguém a tirá-los da Rússia...
Conspurcar é forte, Colinho. Tenho dito que nada no Sector me chateia. Há quase dez anos o Luís convidou-me, e se há coisa que me define é ficar eternamente grato em quem aposta em mim. O post que hoje escrevi, mau ou bom, foi treinado aqui desde 2007. Liberdade total é o que adoro neste blog. E fico grato também por teres lido e gostado. Dá força para continuar :) os comentários off-topic são normais. Aqui, nos sites, na net em geral. Da minha parte não há, sinceramente, qualquer problema.
Eu também gosto dos u2. Não foi minha intenção comparar em bruto. Os Coldplay quiseram seguir-lhes as pisadas, não querendo dizer isto que se igualaram. Acho a metáfora perfeita para o AVB e Mourinho. Entretanto os dois primeiros álbuns indiciavam mais Radiohead, ou seja, Guardiola. Agora, já sabemos como é isto das opiniões...
Abraços!
U2 são a minha banda favorita mas se há musica que se aplica a estas ultimas semanas do SCP é mesmo dos radiohead,Karma police... :)
Sim admito que a expressão tenha sido demasiado forte. As minhas desculpas por isso a todos. Continuação de bom trabalho.
Ace, para o Benfica no Sábado eu escolhia o Lucky. Para a subida ao primeiro lugar, escolho "Everything in its right place" :)
Embora continuemos com o "Wolf at the Door". Lion, neste caso.
Fabuloso! Obrigado.
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