sábado, abril 30

Porto 1 Sporting 3

Grande, muito grande. Só uma grande equipa, magistralmente treinada, poderia chegar a um jogo destes, com toda a pressão em cima dos ombros, e vencer categoricamente. Vai ser mesmo até ao fim...

sexta-feira, abril 29

Antri-Amor?

Saber-se-á, no sábado, se o amor, ou anti-amor, dos portistas afectará a equipa no mais importante jogo que os dragões têm à disposição para salvar a pele desta época. Sim, a mesma está perdida e nem mesmo a Final da Taça poderá dar tão boas sensações como uma boa exibição frente a um verdadeiro candidato ao título - coisa que, sabe-se há muito, o FC Porto não conseguiu ser. Assim, se os portistas ganharem saber-se-á que a chama está viva. Se perderem, tudo se porá, novamente, em causa. Estas serão as leituras assentes na dualidade vitória/derrota que tanto tolda as 'análises', mas o FC Porto-Sporting será muito mais que isso.

Pode o FC Porto perder e criar boas sensações? Pode. Até porque os resultados nem sempre condizem com o futuro próximo, José Peseiro teria, numa realidade paralela, hipóteses de perder com o Sporting e augurar a nova época no banco do Dragão. Mas nesta, na realidade dos resultados, José Peseiro sabe que ganhando ao Sporting consegue nova almofada de esperança portista na sua pessoa. Uma almofada que vai andando bem vazia, visto que chegam, e até sobram, os dedos de uma mão para contar as boas exibições do seu FC Porto. Talvez por isso, alheios como sempre ao vencedor de um campeonato que não será seu, os jogadores e equipa técnica apostem tudo neste duelo para recriar a imagem de um FC Porto vencedor. E esse não é aquele que, 11 pontos atrás, reclama erros dos árbitros para se chegar à frente. Os mais avisados saberão da manha, mas quem vai na cantiga das arbitragens não só coloca o passado de títulos em causa, como não faz a menor ideia do que é ser adepto dos dragões. 

Da mesma maneira ficará o sabor agridoce de 'dar' o campeonato ao Benfica. Como se fosse o FC Porto a dar um campeonato que em dezembro estava 'perdido' para as águias. Tivessem os portistas o mesmo estofo, a mesma crença, a mesma força mental, e o mesmo modelo, e talvez a vantagem fosse sua - como foi, durante alguns meses. Assim, reclamar erros externos (para a notória podridão interna) e 'escolher' vencedores melhores ou piores para o seu coração, só pode ser idiota. Um bom FC Porto lutaria para ganhar, um medíocre faria os possíveis, e um mau, pelo menos, não se meteria em confusões que não são suas, como tal nunca, por nunca, um qualquer Porto faria fretes para ver o Sporting campeão em detrimento do Benfica, ou vice-versa.

Não quer isto dizer que o Sporting não possa ganhar, se assim o quiser. Tem melhor colectivo, tem jogadores catapultados pelo modelo e tem no currículo exibições de sobra para os leões augurarem poder vencer no Dragão. Mais a mais porque não se sabe qual FC Porto irá aparecer: o bom, o medíocre ou o mau. Mas sendo que todos eles têm algo em comum (o erro), não surpreenderá ver o Sporting, pela cartilha de Jesus, alternar a espera desse(s) erro(s) com uma posse-de-bola a espaços, assente na superioridade do seu meio-campo. Para isto tem o FC Porto de encontrar soluções. Esse é o trabalho de Peseiro, e é esse que estará na mesa quando se decidir quem será o futuro técnico. Não mostrar nada em casa, contra um Sporting com qualidade mas sobejamente conhecido, enviará o coruchense para destinos mais exóticos. (De)mo(n)strando qualidade, Peseiro entrará na linha normal que rege os treinadores dos grandes: ganhar todos os jogos. Ou seja, a derrota manda-o para as Arábias - ou coisa que o valha - e a vitória garante-lhe o próximo jogo com o mesmo desafio: jogar bem e ganhar. Não é à toa que poucos têm sucesso neste ofício.  

quinta-feira, abril 28

Um pouco de prosa

“Jorge Jesus não está preocupado com a nomeação de Bruno Paixão para o jogo com o Moreirense. O treinador do Sporting até confessou que se trata de um árbitro de quem gosta muito.
"O árbitro Bruno Paixão é um bom árbitro. Temos confiança total em todos os árbitros, mas está sujeito a críticas, tal como eu estou.
Se o presidente dos árbitros, Vítor Pereira, acha que ele tem capacidade para estar à altura e responsabilidade de um jogo que define a possibilidade de ganhar ou não um título, é um dos árbitros que eu gosto, que confio muito e aceito esta nomeação pela qualidade que tem. Confio plenamente em todos e muito mais no Bruno Paixão" comentou o técnico, em conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Moreirense.” in Sapo Desporto de 15/042016

“Sobre os árbitros nomeados para a antepenúltima jornada da I Liga, Bruno de Carvalho criticou a nomeação do árbitro Bruno Paixão para o jogo de sexta-feira entre Benfica e Vitória de Guimarães, por não ser internacional.

"Num campeonato que se está a disputar ponto a ponto, todos os jogos que envolvem os dois candidatos são jogos de grande responsabilidade e risco. Nunca percebi o critério de nomeações dos árbitros, mas achava que havia um. No momento em que estamos, pensava que os árbitros internacionais fossem utilizados", sublinhou.” in Sapo Desporto de 28/04/2016

Pelo meio, houve um Moreirense-Sporting cuja arbitragem nem me atrevo a comentar…

Enfim, eu como benfiquista (segundo uma certa corrente do blogue, equivale a ser diminuído mentalmente), não encontro explicação para isto. Mas de certeza que há, e não há nenhuma contradição nem é anormal o presidente do Sporting dizer o que disse, depois de na jornada anterior nada ter dito sobre a nomeação dos mesmos árbitros. Estou curioso para perceber e aprender com que sabe tanto. Ou então rir a bom rir.

Ainda assim, se é permitido a um benfiquista ousar pensar, penso poderem-se extrair algumas conclusões (alternativas ou cumulativas):
a)      Bruno de Carvalho e Jorge Jesus não têm o discurso sincronizado;
b)      Bruno de Carvalho tem medo que o Bruno Paixão tenha uma arbitragem para o Benfica como teve para o Sporting na semana passada;
c)       Bruno de Carvalho não se apercebeu que o Bruno Paixão apitou o Sporting na semana passada;
d)      Bruno de Carvalho não é para ser levado a sério;
e)      Bruno de Carvalho disse o que disse para ouvir um sonoro: mééééééé;
f)       Não e passa nada, é tudo perfeitamente normal. Isto são coisas de benfiquista para tentar desacreditar o Presidente do Sporting, aquele que acusa os outros de lutarem mais fora das 4 linhas do que dentro de campo, e que é diferente deles.
g)      Foi tudo uma invenção da imprensa, como é sabido toda (mas toda mesmo) ao serviço do Benfica, pois Bruno de Carvalho não disse nada daquilo. Ai está no facebook? Então devem-lhe ter corrompido a página.
h)      JJ e/ou Bruno de Carvalho estava a ser irónico;

Escolham a que mais vos convier, ou acrescentem outras…

Uma capa que é um poema...


terça-feira, abril 26

Curtas

- Ninguém falha. Primeiro o Sporting, que despachou com facilidade o União. A equipa está confiante e tem o trio de meio campo numa forma excepcional. É possível vencer no Dragão e continuar a sonhar...

- O Benfica também não desarma. Antes jogava mal e ganhava confortavelmente. Agora continua a jogar mal mas vence com muito sofrimento. A verdade é que não perde pontos e tem tudo para ser campeão.

- Já em relação ao Porto, a sua vitória só serviu mesmo para "enterrar" mais a Académica. No entanto, o jogo de sábado próximo já poderá ter outra importância. Não que altere a classificação mas porque ao Porto não interessa nada este Sporting campeão. E isso nota-se até nos adeptos. Anteriormente não hesitariam em preferir o Sporting ao Benfica. Este ano assiste-se ao contrário. Mais um sinal do trabalho bem feito por esta direcção do Sporting.

- Lá por baixo, e de forma surpreendente, o Tondela aparece com possibilidades de evitar a descida de divisão. Outrora com mais de 10 pontos de atraso em relação à permanência, vê agora esse objectivo a apenas 3 pontos e na próxima jornada vê os dois concorrentes directos defrontarem-se...

- Em terras de Sua Majestade, parece que o Leicester vai mesmo ser campeão. Só mesmo em Inglaterra. Sim, mas isso não é propriamente um elogio. É mais um embaraço que outra coisa.

segunda-feira, abril 18

O ovo ou Peseiro? O Silvestre ou a galinha?

Entre o que sai cá para fora e o que fica lá dentro está a nossa dúvida. Muitas vezes, homens com a corda na garganta, como José Peseiro, têm de dar uma de Goebbels e (tentar) distrair a malta. Aliás, se havia coisa que o FC Porto não precisava, no entender do coruchense, era que mais um dos dele lhes virasse as costas. Daí que o habitual fizemos tudo para ganhar o jogo que perdemos não o ferisse. É anormal. Não dura. Vai passar. Natural, pensamos. Até as casas de apostas sabiam, pagando 1.25€ pela vitória dos portistas. Coisas da probabilidade, e tal. Mas, no meio de tudo isto, verdade, mentira, real, irreal, quem nasceu primeiro? o golo de Varela ou a liberdade, secundada por várias linhas de passe, que permitiu a Silvestre rematar de onde rematou (fazendo um golo extraordinário)? Não perguntem a Julen Lopetegui. Ele não saberá.

Talvez o basco seguisse a maré. Afinal de contas também Manuel Machado foi na cantiga: O primeiro golo é de uma excelente execução e o segundo deu-lhes estabilidade. Está então encontrada a fórmula para ganhar sempre: marcar um grande golo a abrir e outro logo de seguida (com o Benfica tem resultado). Mas, mais a sério, depois do golo de Varela os dragões partiram para uma grande exibição. Restavam 90 minutos e meio, e por isso é lógico que se pense que o que se passou a seguir nada tem que ver com o mísero minuto e meio que antecedeu o magistral golo. É até descabido pensar o que contrário.

Porém, uma mente desassossegada quer mais. E os três jogos com 24, 25 e outra vez 24 remates, não a satisfazem. É que nos dois que terminaram com derrotas rotuladas de vergonhosas, não houve mobilidade, não houve linhas de passe, não houve deambulações, nem aproximações, nem basculações; mas também não houve grandes golos. Porém, se calhar, o FC Porto fez mais naquele minuto e meio que nos 180 anteriores. Quem sabe? José Peseiro, decerto, deve sabê-lo melhor que todos. Até porque um grande golo, e uma vantagem, não é nada que o seu FC Porto não tenha já desperdiçado enquanto não consegue fazer três passes seguidos ou posicionar-se para evitar uma transição. Porque razão então o resto do FC Porto-Nacional foi um compêndio de boas jogadas, que redundaram num futebol extremamente agradável e numa goleada sem golos encaixados?

Peseiro não o vai admitir, é certo. Mas uma mente desassossegada quer saber mais. Ainda mais uma mente desassossegada que acha que o técnico tem faltado à sua obrigação na produção do futebol sexy que todos lhe reconhecem. Ganhar, ganhar, ganhar, já ouviu tanta, e tanta, vez na sua carreira. E talvez por isso, depois de se fartar de perder, já devesse ter entendido que o importante é que a equipa seja fiel ao que, neste domingo, demonstrou. Nem que só remate 10 vezes. Aliás - para além da parvoíce que é alguém gabar-se de rematar duas dezenas de vezes e não acertar com a baliza - a ciência da vitória está no desapego que um bom modelo dá às mentes daqueles seres que são magistrais quando ganham e borra-botas quando perdem. Ontem já não pareceram tão maus, hein?

domingo, abril 17

Suado

Vitória difícil do Sporting, o que é perfeitamente normal tendo em conta o aproximar do fim do campeonato e o consequente aumento de pressão.
Já muito se falou (e continuará a falar) da legalidade do golo de Slimani. Na minha opinião, não é claro que o argelino esteja adiantado em relação à bola e, na dúvida, é suposto beneficiar quem ataca, algo que muita gente parece esquecer nestas alturas.
O assistente voltaria a estar em evidência mais tarde, anulando mal um golo a Teo (grande passe na jogada do golo). 
Acaba por ser compreensível que, após o primeiro lance duvidoso, o assistente não quisesse arriscar em lances seguintes.
No entanto, este foi um lance mais claro e o erro existiu. 

quarta-feira, abril 13

Curtas - Europa

1 - O Benfica recebe o Bayern ainda com esperanças de seguir em frente. Convenhamos, a tarefa é gigantesca. E o facto de ter sobrevivido em Munique jé já assinalável e surpreendente para muitos, nos quais me incluo.
As hipóteses do Benfica diminuem ainda mais pela ausência dos seus dois melhores jogadores (Gaitán e Jonas). A equipa que vai jogar, em condições normais, não dará muita confiança aos benfiquistas, em termos puramente técnicos. Dará sim garantias em termos de raça e motivação. Os nomes do outro lado assustam qualquer um mas não seria o primeiro gigante a cair por terra. Veja-se o caso do Sporting com o Manchester City. Estivemos muito perto de perder essa eliminatória... Ao estar perto de eliminar o Sporting, o City ganhou confiança e cresceu bastante como clube. Desde aí foi campeão duas vezes e vice outra duas. Está agora nas semi-finais da Champions. Competir com os grandes é muito positivo...

2 - O Braga... É, diria, impossível. Não vejo a mínima hipótese de reverter o 1-2 da Pedreira. Nem o golo de Wilson Eduardo permite grandes sonhos. O Braga teria de fazer um jogo ao nível do que fez em Sevilha (ganhou 4-3) na pré-eliminatória da Champions. Mas aí o Braga tinha outros argumentos e o Sevilha tinha perdido a 1ª mão e precisava atacar. O Shakthar não precisa de nada disso. Campanha muito meritória do Braga (e do Benfica também), independentemente do que aconteça nesta segunda mão...


terça-feira, abril 12

Voando sobre um ninho de abutres

Está mais que visto que tudo o FC Porto precisa é aquilo que tem tido. Quanto mais não seja para se perceber que o caminho tem de ser outro. Sim, às vezes precisamos de subir uma montanha só para percebermos que não precisávamos, para nada, de a subir. Depois daquilo, pensamos, vai correr tudo às direitas - afinal de contas esfalfei-me para a subir e Deus não tem outro remédio se não dar-me aquilo que eu quero. José Peseiro, por sinal, pensa, mais ou menos, assim. Tudo nos acontece, desabafa a cada derrota. E lá ficam os portistas à espera que esse tudo deixe de acontecer.

Claro que pelo meio a culpa é do árbitro. E tanto que o FC Porto precisava de ficar igual aos rivais, no discurso após as constantes derrotas que o seu karma lhes oferecia para mudarem de rumo. Se o árbitro, pois bem, marcasse um penálti aqui, ou ali, talvez o FC Porto tivesse discernimento e capacidade para controlar um jogo que seja... sem sofrer qualquer golo. Talvez. Mas enquanto isso, e enquanto os árbitros não querem as couves, talvez, também, fosse bom ao FC Porto arranjar maneira de tornar as balizas dos adversários maiores, enquanto encolhe a sua. É que isto de entrar a saber que, de qualquer maneira e feitio, se vai sofrer, não augura nada de bom para esta pré-época.

Uma pré-época que, recorde-se, foi iniciada (e oferecida de bandeja) pelo candidato Pinto da Costa. Pinto da Costa, sabemos, candidata-se contra Pinto da Costa - o mesmo que achou por bem prescindir de um bicampeão para reclamar louros para a sua estrutura. AVB e VP nada tiveram que ver com um sucesso inteiramente merecido por parte de quem foi buscar os Hulks, os James e os Falcoes. Estava na cara que, como se lhe viu, e ouviu, dizer: Com Hulk e James qualquer um é treinador. Por isso é que precisamos, agora, de Lopetegui. 

E o pobre do Julen - que só teve o mal de não ser assim tão bom para ganhar a Liga ao serviço de um FC Porto com matéria-prima para tal - tem que levar até com a culpa da sua escolha. Afinal de contas, o basco, numa altura qualquer da sua entrevista de emprego, deve ter garantido a Jorge Nuno que ele seria o homem certo para o lugar. Não há que pensar mais, interiorizou PC. Seguindo-se um ano e meio em que os adeptos portistas até já não levavam a mal que as (constantes) notícias que dão conta que JJ, mais mês menos mês, estará na Invicta a demonstrar a sua sagaz superioridade assim como a condição inevitável - que é tê-lo - para se ser campeão em Portugal. Um dia riem-se de ele ter ajoelhado, outro dia - à falta de melhor - já não se importavam de o ter no banco. O que uns quantos títulos não fazem.

Fazem isso e mais. Para nada importam contas e comissões, salários e abutres. Até suspeições, bem fundadas, de corrupção passaram ao lado. O que importava era ganhar e a banda seguia a tocar. Estava visto que o amor incondicional era o mesmo que levou a que depois da entrevista de Pinto da Costa - vista como essencial na inversão de rumo - bastasse uma derrota de pré-época para que caísse, de novo, o Bolhão, a Trindade, Cedofeita, a Lapa e os Clérigos. Afinal, mas ninguém percebeu que a época já acabou?

Deixem, assim, José Peseiro trabalhar em paz. Talvez, em paz, o coruchense tenha tempo para aproximar os jogadores e, ao menos, se vejam três passes seguidos ao pé da área dos adversários enquanto alguém se lembra de a meter lá para dentro. Já sabemos que as coisas dos títulos o têm assustado e que o único que ganhou até foi levando de vencido o FC Porto. Esperam agora os adeptos que ele se lembre que está do outro lado e que não seja acusado de infiltrado como foram Artur Jorge ou Marco Silva. Até nisso ainda vamos ver os portistas imitarem os seus rivais - enquanto os adeptos de Sporting e Benfica se vão deslocando em bom número para apoiarem a sua equipa na recta final. Um caos que ao novo Joker de Suicide Squad lhe agradaria imenso. Afinal de contas, estabilidade é coisa de meninos. E numa Liga, cada vez mais decidida a três, a (des)união do FC Porto dará os seus frutos. Contudo só se poderá fazer reset lá para maio. Depois se verá a tão louvada habilidade presidencial para escolher treinadores. É que se JJ não ganhou com um Porto forte, e o Sporting não ganhou com um Benfica, ou com um FC Porto, forte(s), também o FC Porto não ganha com um Sporting e um Benfica fortes. E estando Guardiola fora do baralho, vai ser muito difícil que alguém possa empatar, sequer, como Mourinho no seu primeiro jogo oficial de 2002/2003. Aí a vassoura do Baía já daria jeito (porque agora é cedo, não é?).

Esperemos...


...Que esta assustadora capa não passe de (mais) um vil ataque da imprensa ao bom nome do Sporting e do seu treinador. Há limites...

segunda-feira, abril 11

Curtas

1 - Sporting-Marítimo. Um "chouriço" desbloqueou um jogo que se complicava. Não foi das melhores exibições do Sporting mas é importante ganhar, mesmo quando a qualidade de jogo não é por aí além. Isto também vem ao encontro da teoria que o Sporting é uma equipa mais categórica fora de Alvalade. Até pode ser do relvado...

2 - Tudo na mesma. O Benfica continua a resistir, com maior ou menor dificuldade. Numa das roulottes que circundam Alvalade nos dias de jogo, vi 25 minutos do jogo do Benfica (entre os 45 e os 70m). Até a mim me estava a incomodar o anti-jogo dos estudantes, ainda que não tenha sido muito diferente do que o Benfica fez no jogo com o Sporting. Eu não gosto nada de ver. Quanto tempo efectivo se jogou naquele período? Nem metade... Vitória importantíssima do Benfica, com dois bons golos.

3 - O Porto continua o seu caminho penoso. Duas derrotas consecutivas, o desistir definitivo do segundo lugar (boas notícias para o Sporting). Não vão ser fáceis estes 5 jogos que faltam para terminar o campeonato. Dificilmente servirão para motivar a equipa para a final da Taça. Final essa em que o Porto terá muito mais a perder do que a ganhar. Uma coisa me parece óbvio. Peseiro não continuará...

sexta-feira, abril 8

Sulimane absolvido...

Excelente a estratégia montada pelo Sporting neste caso. Não deu qualquer hipótese para um eventual castigo, uma vez que, penalizando o argelino, não haveria justificação para deixar impunes os jogadores do Benfica também processados. E isso era impraticável.
Só foi pena que o jogador tenha estado condicionado durante tantos meses. Slimani pode agora voltar às correrias desenfreadas, vociferando algo semelhante a falar com batatas a ferver na boca, apavorando os adversários...

Padrinho oferece pré-época

É cada vez mais desinteressante seguir quaisquer declarações no universo futebolístico nacional. As excepções, curiosamente, vêm de fora. De tal modo que ouvir Guardiola dizer que "o Benfica é isto, ou aquilo" gera imediatamente a desconfiança de todos. Deixou-se de medir a verdade e, há muitos anos também, que se espera que a nossa verdade se torne a verdade dominante, a verdade hegemónica. Tudo o que não corresponda à expectativa... é mentira, ponto. Foi assim que Pinto da Costa saiu mais uma vez a terreiro. Com a complacência de um subordinado que não pode recalcitrar contra o padrinho (- não me diga que também lê os blogs, foi lá que tirou as perguntas? - não, nã, não...) PC fez aquilo que a maioria dos portistas esperava: uma reedição do fim de outros tempos de crise, em que as frases fortes de recuperação se vieram a confirmar pela mão de Mourinho e André Villas-Boas, em épocas que se perderam por confiar o leme a quem não teve/tem unhas para segurar o barco.

André saiu sem derrotas para a Liga. Vítor Pereira perdeu um jogo em dois anos. Fonseca seguiu a linha do Braga (deixou a equipa na Europa e na Taça, mas sem campeonato) e Lopetegui teve permissão para brincar com um dos melhores plantéis de sempre do FC Porto, rodando-o até cair. Ficaram as desmedidas expectativas e as (outras) imagens mentais dos adeptos. É que sem o amén constante que as vitórias criaram, muita coisa que estava guardada - fossem as comissões, fosse o distanciamento na comunicação, fossem os contentores de jogadores - saiu cá para fora como forma de colocar o presidente em xeque. E isso pode estar tudo muito certo, mas sem massa crítica na hora da vitória (e foram tantas, que davam tantas oportunidades) Pinto da Costa foi, e quer ser, Paul Newman em A Cor do Dinheiro. Ultrapassado, tenta apanhar o barco num salão de jogos cheio de caras novas e com um acerto que não lhe permitiria ganhar o que já ganhou.

Louve-se então o futebol português pela qualidade que Jorge Jesus encabeçou, levantando o Benfica, deixando-lhe bases, fazendo depois o mesmo no Sporting, e tome-se consciência que um Porto normal, ou até um melhor do que isso (como o do primeiro ano de Lopetegui) não terá hipóteses de devolver aos portistas as alegrias a que estão habituados. Daí o reforço do carácter, da qualidade, e da alma do plantel, e o assumir de que o maior dos males desta época - a desmesurada pressão de ganhar sem ter competência para isso - acabou. Segue-se uma pré-época de seis jogos que levará a uma final onde os dragões encontrarão, de novo, a pressão de ter que vencer. Isto porque essa, juntamente com todas as questões mentais, emocionais e físicas que colocou, terá impedido o FC Porto de dar não uma boa, nem uma média, nem, sequer, uma medíocre resposta ao que se esperava dele. Falamos do novo treinador, que em três semanas arranjou plano para ganhar na casa do bicampeão, mas que nas restantes viu a equipa penar por entre o futebol sexy que prometeu - e que era a única coisa de realmente interessante que advinha da sua contratação.

José Peseiro está assim, também, em risco. Trabalha com Pinto da Costa porque é ele, obviamente, que está lá. Não poderia ser de outra maneira. Daí que os seis jogos que se seguem, sem pressão e dados como prenda, para o teste final de um só jogo, sirvam como teste ideal a quem faz desconfiar pelo historial nesse capítulo. Peseiro já havia cedido e, quer queiramos, quer não, cedeu de novo (ou de forma muito parecida) ao não conseguir aguentar algumas boas indicações deixadas na Amoreira e na Luz. Não pôde com o Dragão, não soube jogar com o estatuto de outsider (algo brilhantemente conseguido por Rui Vitória) e não se focou onde, reza a lenda, é mais forte: no modelo, no plano, na ideia. E assim sendo, o coruchense deixa imensa dúvidas para um desiderato que envolverá um playoff fulcral em Agosto.

PS: Guardiola sabe o que diz e como o diz. E o que o de Santpedor quis dizer sobre o Benfica teve um objectivo claro. Ora não quer isto dizer que os elogios, bem reais, que fez às virtudes do Benfica (que contrastam, sobretudo, defensivamente com a maioria das equipas que observa) e que a dificuldade em jogar entre-linhas que o seu Bayern teve contra o bicampeão nacional atesta, fossem feitos de forma cordial ou falsa. Os problemas, para os bávaros, estiveram lá. Mais a mais quando a equipa, desde que a Juventus a colocou em causa, passa um mau momento. Guardiola sabia das dificuldades e quis proteger a aura de favorito na Champions com um mau resultado frente ao Benfica. E o 1-0, aos olhos de toda uma Alemanha habituada às goleadas, nunca lhe garantiria isso sem o aviso prévio de que o Benfica tem, realmente, qualidades acima da média. Pep colocou-as no holofote enquanto escondeu o mau momento da sua equipa. Com isso galvanizou o Benfica, que conseguiu, por mérito próprio, um jogo de bom nível em Munique. E tão raros que são esses jogos, onde os grandes portugueses não se tornam pequeninos nos Allianz desta vida. E este coloca a 2.ª mão, e respectivas abordagens, como um dos jogos mais interessantes de seguir nesta Liga dos Campeões.

quinta-feira, abril 7

quarta-feira, abril 6

Bayern 1 - Benfica 0

Faço desde já meia retractação: Afinal ontem o Benfica não foi goleado como eu antevira. Previa eu e desejam muitos.

É verdade que o Benfica perdeu e isso não deve ser motivo de festa. E só é motivo de festa para os incautos, fanáticos, ou então para visões adversárias mal intencionadas. Uma coisa é perder-se e isso é triste. Outra coisa é perder-se mas fazer-se uma exibição digna, séria, agradável, de colocar em sentido o adversário, e porque não dizer, de todo inesperada
É bom não esquecer que o Benfica foi gozado por toda a Europa, inclusivamente através de videos e gif's. Pensava-se que eram favas contadas. Todo o sentimento revelado após o jogo de ontem encerra um pouco de reacção a tudo isto. Só quem é parvo é que não percebe isto.
Não estou contente pelo resultado, óbvio. Estou satisfeito porque o Benfica deixou na arena de Munique uma boa imagem, foi uma equipa solidária, que remou de cabeça erguida contra a adversidade, e tentou a sua sorte quando teve oportunidade, que conquistou o respeito de muitos.

Apanhando-se a perder aos 2', pensava-se (sim, eu pensei) que a hecatombe iria ser muito maior do que se supunha antes do apito inicial. Mas não foi. E grande parte da responsabilidade de não o ser coube ao Benfica. Por muito que doa a muita gente, a exibição do Benfica foi personalizada, de sofrimento, é verdade, mas nunca de agachamento ou encolhimento frente a um dos mais poderosos clubes do mundo, e, a par do Barcelona, dos mais sérios candidatos a vencer a Champions. 
O Benfica não foi mais além porque não conseguiu, O Bayern não foi mais além porque o Benfica não deixou. É esta a história do jogo. E tudo isto com Ederson (mostruso ontem) que o ano passado defendia no Rio Ave, Lindelof e Renato Sanches (acabados de sair da formação), André Almeida, Eliseu (das piores duplas de laterais que o Benfica teve nos últimos anos), e sem treinador no banco. Imagine-se agora com gajos nascidos 10 vezes e com um treinador decente a orientá-los.
A vitória do bávaros não se questiona porque foram (e são) melhores que o Benfica.
As palavras de Pep Guardiola antes e depois do jogo demonstram que para se ser rivais não é preciso ser-se insultuoso e mal-educado. Já se sabe que causaram azia a muita gente, mas pronto, aguentem!

Não alinho pelo diapasão das queixas sobre a arbitragem. O árbitro não foi mau para o Benfica. O lance em que se reclama penalty para mim é um lance normal. Não sei onde pretendiam que o Lahm colocasse a mão. Numa situação de carrinho é ali que mão naturalmente está. Em Portugal marcava-se. Sei que muita gente em Portugal e na Europa acha que devia ter sido marcado, em coerência comigo e com o que penso sobre bola na mão/mão na bola, mantenho o meu critério e acho que o árbitro ajuizou bem. No critério disciplinar esteve bem.

É também claro que há quem ridiculamente pretenda tirar mérito ao jogo (não ao resultado) do Benfica. Ou é porque o Bayern esteve uns furos abaixo, ou porque não quiseram carregar mais, ou porque vêm de uma paragem, ou até porque (imagine-se!) estiveram quase a ser eliminados pela Juventus (essa equipazeca de trazer por casa). Já estamos habituados: o Zenit vinha de uma paragem, o grupo da Champions era o mais fácil, o Belenenses abriu-se todo, o Tondela só não corre contra o Benfica. O Braga não quis jogar para se poupar e ainda assim foi prejudicado porque com 3-0 não viram um penalty (foi mesmo dentro da área?)... Enfim, para esses só há uma coisa a dizer: Inácios!

Ainda assim há uma 2ª mão, e desengane-se que o Bayern se vai acobardar ou gerir a vantagem por jogar na Luz. Está tudo em aberto, até a hipótese de o Benfica ser goleado em casa.

PS - desculpa Luis, só vi agora o teu post, mas já tinha escrito muito :)

PS1 - Luis: depois de ler o teu post, digo publicamente aquilo que já te disse em privado através de e-mail (que não seis e chegou aos outros). Concordo com tudo o que escreveste neste post, Letra por letra. Como sabes, há algum tempo questionei a minha continuidade no blogue, devido precisamente ao mau clima que por aqui grassa. Desde aí tenho evitado comentar para não piorar o ambiente. As intervenções serão cada vez mais raras, Pelo menos enquanto se discutirem "merdinhas". Há conversas e comentários do nível do "tasqueiro" (esse misterioso blogger).
Espero que o Sector volte a ser o que foi, e as pessoas percebam ao estado que as coisas chegaram. Não é um adeus, por enquanto é um "até um dia destes". 

O futebol tem de ser festa.

O post anterior do Peyroteo é a perfeita imagem do que tem acontecido esta época, em que parece haver uma realidade e outra coisa qualquer.

Continuo a pensar que um determinado contexto influi na capacidade que alguém tem, ou terá, de interpretar aquilo que são os factos.

As ironias, as descontextualizações, as constantes desconsiderações, a falta de bom-senso, o desplante e a arrogância mais não são do que máscaras que pretendem, precisamente, desmarascarar uma terrível incapacidade de viver os momentos com a sobriedade que se impõe.

Obviamente que, como o Peyroteo, ontem, muitos adeptos do Sporting e FCP vibraram com o golo madrugador do Bayern. Muitas mãos se esfregaram. Muitos desejos de goleada fizeram sentido. Nada de mal, nisso.

Ao mesmo tempo, havia muitos benfiquistas a pôr a mão na cabeça (eu, por exemplo), completamente borrados com uma eventual derrota por números pornográficos. Normal.

Neste blogue, não há muito tempo, as humilhações de Sporting e FCP, no mesmo estádio de ontem, não serviram para menosprezar ninguém. E tinha sido tão fácil.

Este despeito todo, disfarçado de brincadeira e humor, mais não é do que um desconhecimento profundo da realidade actual do futebol. Cada vez mais fechados no clube em si, cada vez mais isolados dos outros. Como que a querer escrever uma história impossível.

O Benfica, ontem, não foi à Alemanha perder por poucos. O Benfica, ontem, foi à Alemanha jogar olhos nos olhos com uma das melhores equipas do mundo. Esta realidade, para nós, é muito valiosa.

Perder, como ontem, não tem nada a ver com vitórias morais. Perder, como ontem, tem a ver com orgulho, dignidade, identificação, clube, paixão, futebol. E, isto, aparentemente, é demasiada coisa para ser compreendida por um sportinguista dos sete costados como o Peyroteo, que há poucos anos enfiou 12 golos dos bávaros em dois jogos.

O futebol é muito mais do que insinuações baratas, acusações falsas, desprezo e desvalorização pelos adversários. A alegria de ontem devia permanecer.

Confesso que estou farto deste clima de guerrilha. Confesso que este SectorB32 se tornou num espaço demasiado triste para quem gosta de futebol (e assumo, também, toda a minha responsabilidade nesta questão, obviamente) - o Marco é uma excepção da qual muito me orgulho.

Por isso, até ver melhorias (se as houver), afasto-me novamente. Eu próprio contribuí (e muito) para que de um ambiente de amigos se passasse para um ambiente do qual não quero fazer parte. E posso dizer que estou bastante arrependido.
 
Se o Sporting for campeão nacional, aqui ficam desde já os meus sinceros parabéns. A esta distância, considero que qualquer um dos dois clubes de Lisboa merece o título.

Agora, se me dão licença, vou tentar aproveitar o futebol.

Curiosidades

Ainda sem saber a que horas o Benfica será recebido na Câmara Municipal de Lisboa, vejamos então a dimensão do feito ontem alcançado.
Olhando para o histórico, é raríssimo o Bayern perder pontos em casa com equipas portuguesas. Só aconteceu duas vezes e pelo mesmo resultado: 0-0. Adversários: Porto (90/91) e Sporting (2006/07).
Derrotas que causam euforia, por 1-0, com a de ontem, foram outras duas. Adversários: Boavista (2001/2002) e... Belenenses (2007/2008). Sim, o Belenenses. E mais irónico ainda: Quem treinava o Belenenses? Isso mesmo, Jorge Jesus... Tão bom!

terça-feira, abril 5

Orgulho. Muito. Que orgulho.

Seis anos depois a encolher-nos contra os grandes. Hoje fomos enormes contra uma das três melhores equipas do mundo. Esta merda não é o Belenenses. A esses demos 11. O futebol do Benfica diverte-nos e isso só pode ser bom.

Curtas do Belenenses-Sporting

1 - Grande jogo do Sporting. Como se previa, o Belenenses correu mais do que contra os rivais, mas correu sobretudo atrás da bola. Carrossel leonino.

2 - William fez um jogo estrondoso e só foi pena ter escorregado naquele lance em que podia entrar baliza adentro. Em grande forma, na melhor altura possível. De realçar a garra de Schelotto, Slimani e Adrien, a classe de João Mário, Ruiz e Coates (comprar já!), a evolução de Semedo. Já Patrício enerva qualquer um com aquela mania de ficar com a bola demasiado tempo na mão, bem além do permitido. Com um árbitro minimamente rigoroso, ontem teriam sido sancionados 4 ou 5 lances do género...

3 - Jesus devia ter dado mais tempo a Barcos. O argentino entra com vontade, joga bem, mas 5-10 minutos não chegam para mostrar serviço.

4 - Lamentável a situação que o Belenenses, um clube histórico, vive actualmente. Ridículo mesmo. O que beneficiou com o facto de se ter "vendido" ao Benfica? Nada...

5 - Mas nem tudo é mau. O relvado do Restelo é espectacular. O Estádio está muito bonito e tem aquela vista privilegiada. Excelente local para assistir a um jogo de futebol. E ainda melhor quando se está numa bancada cheia de leões entusiastas. Fabuloso espectáculo proporcionado por nós, em especial as claques.
Só foi pena alguns excessos verbais em direcção aos adeptos azuis. Não havia necessidade de insultar, muito menos a mãe...

6 - Também continuo sem perceber porque se assobia e insulta Carlos Martins. Carlos Martins é um doente do Sporting. A certa altura, quando foi bater um canto perto dos adeptos leoninos, perante os impropérios, Martins abanou a cabeça, visivelmente incomodado. Carlos Martins é um profissional. Festejou títulos e golos contra o Sporting, jogando pelo grande rival. E então? Queriam o quê?
Fica aqui a minha palavra de simpatia para com Carlos Martins. E ainda joga o suficiente para ser o melhor da sua equipa.

Octávio Machado. É impossível não gostar deste homem.

"Alguns [jogadores do Sporting] interrogam-se como é que há outros que chegam lá [à Seleção] tão depressa. Aqui no Sporting não se fazem apelos para que se valorize este ou aquele jogador para chegar à equipa nacional. Mas às vezes parece que alguns estão a pedir algo ao selecionador nacional, já chegámos a este ponto. À seleção tem de se chegar por mérito e não a queimar etapas".

"Tenho confiança no Fernando Santos, mas a realidade é que os jogadores do Sporting têm de trabalhar mais do que os outros para chegarem à seleção. Uns são chamados depressa demais, basta 3 ou 4 jogos. Mas, por vezes, tal como aparecem, desaparecem".

O discurso e o Fim

Meses depois, José Peseiro deixou, finalmente, de lado a hipótese de lutar pelo título. Talvez a derrota perante o último classificado no Dragão tenha sido algo importante para isso, não se sabe, mas o que é certo é que, quando confrontado com a pergunta da praxe, Peseiro desviou o jogo pela primeira vez. "É preciso é recuperar a equipa para Paços", fintou o técnico, acabando por esbarrar naquilo que devia ter feito desde que chegou. A questão do título tornou-se insuportável para o FC Porto. E não à questão de meses, mas sim de anos. Com outros métodos - que o Dragão deixou para trás quando achou por bem deixar sair Vítor Pereira - as outras equipas (Benfica e Sporting) estão na real luta pelo título. Essa sim a Liga da Verdade, tão propalada e desenganada, que deixa novamente de fora um FC Porto que no ano passado teve possibilidades matemáticas até à penúltima jornada mas que, na realidade, não lutou pelo título. É que lutar pelo título é aquilo que o Sporting fez, ontem à noite, no Restelo, e o que o Benfica fez, na passada sexta-feira, na Luz.

Já o FC Porto luta por outras coisas. Luta por entender que a sua realidade, por mais que lhe custe, é neste momento outra. E, por isso mesmo, meses depois, sabe-se que o discurso inicial de Peseiro não fez sentido. Nem o inicial, nem aquele que foi arrastado até este jogo. Talvez perdendo com o último classificado em casa que, sem nenhuma razão aparente, conseguiu marcar um golo no Dragão, sem sofrer nenhum antes e depois do belo arco do triunfo, o FC Porto perceba o seu real estado. Um estado, diga-se, muito parecido ao do Sporting e Benfica antes da entrada de Jesus. Há muitos anos, 20 talvez, leões e águias tinham o título na boca mas não na mente (nem nos treinos, nem nos jogos). Hoje, com um a ultrapassar com golos, e mais golos, a saída de um técnico influente, e com outro a seguir as mesmas bases, o FC Porto e o Dragão viram-se para os jogadores, para a SAD e para os treinadores. Viram-se para as comissões e para os fundos, como para as percentagens. Nada disso lhes interessou quando se ganhou no último minuto. Hoje interessa porque o FC Porto perdeu o comboio e não sabe às quantas anda.

Foi-se o fazer das tripas coração, porque não há jogadores da casa. Idiotices que não vale a pena rebater. Idiotices como ir buscar um técnico para ganhar uma Liga perdida na pré-época com a manutenção de outro que, sabia-se, não dava mais do que aquilo. Talvez chegasse, pensou-se nos corredores. Mas o Benfica recuperou-se e o Sporting subiu dois, três, quatro, degraus na qualidade de jogo, na atitude e até na crença. O FC Porto afundou-se por falta de método e por não saber cair na realidade de ter que primeiro pensar em recuperar a qualidade para depois pensar na Liga. E o exemplo de um Benfica que partiu muito atrás devia deixar os portistas envergonhados. Sim, Rui Vitória pode ser muita coisa mas escondeu a questão do título quando as coisas estavam complicadas e focou-se no essencial: devolver ao Benfica a qualidade que o fez bicampeão. E, pormenores à parte, conseguiu-o. Com brilhantismo e com golo - quando ninguém, tirando ele, acreditava. E se foi com ajuda do Benfica LAB, com processos de Jesus, com sessões de treino do ano passado, ou não, pouco mérito lhe tira. Saber onde se está é uma virtude. Saber como ganhar, marcando, marcando e marcando, também.

Aqui, até a questão da sorte pouco interessa. Ou vai-se criticar Vitória por ter sorte - atributo esse que todos querem ter para si? Da mesma forma que não se pode defender Peseiro por ter azar. É que um, percebe-se, soube onde estava e o outro não. Peseiro achou que estava no Porto da hegemonia sem se aperceber que para essas malucas se confeccionarem tem de se trabalhar imenso para elas. E não é com o soundbyte do título que o desiderato se torna mais fácil (ver a equipa do técnico do futebol sexy sem conseguir fazer três passes seguidos prova isso mesmo). Noutras eras talvez fosse, mais fácil, mas hoje o lugar do FC Porto - é bom que se perceba - é bem atrás dos dois da 2.ª Circular. Uma desvantagem que pode ser ultrapassada devolvendo o método e cerrando fileiras. Para trás ficarão as caras de uma trilogia de derrotas e que não podem ser recuperadas para o que aí vem. Quando se olha para Casillas, Indi, Marcano, Herrera, Brahimi, Aboubakar, Peseiro... lembramo-nos do quê? Passes errados, remates falhados, posicionamentos desacertados, cabeças baixas, desalento e discursos inapropriados. Resta-lhes lutar pela Taça de Portugal, aproveitando o que aí vem para, sem o peso do título, rectificarem a ideia anterior. Se o vão fazer ou não, mais taça menos taça, pouco interessará, porque o Dragão vai seguir, como sempre, em frente e estará aí, mais comissão, menos comissão, mais cedo ou mais tarde, de novo no lugar que é seu. E esse não é, como se pode pensar o lugar de um campeão inquestionável. Hoje a Liga é a três. E o futebol português, e o FC Porto agradecem. Lutar pelo título, nestas condições, dará melhores equipas ao Dragão do que muitas daquelas que foram campeãs com o brasão abençoado ao peito. Depois as contas far-se-ão no fim - que é como quem diz por volta do minuto 92. 

segunda-feira, abril 4

Benfica curtas.

1. Vitória muito boa para o Benfica frente ao Braga. Num jogo algo atípico, venceu o mais forte, o mais preparado e o letal. Muita gente preferiu abordar apenas os primeiros 15 minutos de jogo descobrindo apenas posteriomente que no futebol, quando uma equipa falha dois golos, isso não significa que essa mesma equipa consiga vencer o jogo (que tem 90 minutos). Até porque temos sempre o exemplo do jogo de Alvalade, onde este mesmo Braga foi incapaz de aguentar uma vantagem de 2 golos, sofrendo 3. Na sexta, sofreu 5 e podia ter sofrido 8.

2. Mais uma vez a equipa respondeu com um futebol de ataque avassalador. Pizzi, Jonas, Mitro, Gaitán e Sanches são imparáveis quando as coisas correm bem. Jardel e Almeida estiveram também em bom plano. Fejsa tem de se aguentar. É o único 6 da equipa e dá muita qualidade.

3. O Inácio ficou muito aborrecido porque segundo ele o árbitro não assinalou um penálti quando estava 3-0. E adiantou que o Braga fazia o 3-1 e entrava no jogo. Sim, houve um penálti sobre Almeida não assinalado e sim, o Benfica mesmo assim marcou 5 golos. E disse ainda o Inácio que o penálti do Braga só foi marcado porque estava 5-0. Não foi porque o lance foi real, não foi porque aquela jogada existiu de facto, foi porque já estava 5-0.

Entretanto, apanhei o cantor do FCP a dizer que 3 dos golos do Benfica foram ilegais e que ficou um penálti para o Braga por assinalar. Chegámos a isto. Lamentável. Mesmo a improbabilidade de alcançar o segundo lugar não é desculpa para tamanha parvoíce.

4. Terça há tourada, na Baviera. Vamos ver se não se sangra muito. Estou naturalmente convicto que não temos quaisquer hipóteses perante um colectivo muitos degraus acima, e perante um conjunto de individualidades de qualidade superior.

As palavras de Guardiola são de cortesia e naturalmente também, inteligentes. Passa manteiga pelo adversário e ao mesmo tempo avisa e motiva os seus próprios jogadores. Eu preferia que se tivessem mostrado arrogantes, e menos focados. Pode ser que estejam desinspirados.