É consensual: Portugal teve uma digna participação e, no final, fazer parte das quatro melhores selecções europeias, é um grande orgulho.
Ontem, nos penáltis, o falhanço de Moutinho deu a volta à sorte daquela lotaria que tantas alegrias já nos deu. Durante o jogo fomos iguais a nós próprios e a Espanha apenas nos foi superior no prolongamento. Afinal, são os melhores da Europa e do Mundo, e tinham de o demonstrar.
Como equipa fomos sempre humildes e sérios. Agressivos e ambiciosos. Em comparação com o Mundial foi isso que fez a diferença: querermos mais do que o mínimo. Ontem, não fomos felizes nos penáltis, mas não ficou aquela sensação horrível de ter ficado alguma coisa por fazer. Parabéns ao Paulo Bento, por ter recuperado uma selecção destroçada, com abandonos em catadupa, muitos deles mal explicados.
Individualmente:
Patrício – Não fosse o jogo de ontem e teria passado quase despercebido. Não fez nenhuma defesa difícil, não teve culpas em nenhum dos golos sofridos. Não se valorizou. Nem desvalorizou. Eu, que nem sou apreciador do rapaz, reconheço, contudo, que esteve sempre muito tranquilo na baliza, tendo transmitido grande segurança
NOTA 7Pereira – O elo mais fraco do sector defensivo, surpreendeu-me pela positiva. Tem aquele estilo pouco seguro mas fez das tripas coração, nunca virou a cara à luta e falhou pouco.
NOTA 7Alves – Não fosse o jogo de ontem e teria sido um dos melhores. Assim, foi “apenas” bom. Sempre autoritário e decidido, abusou das faltas contra os espanhóis e esteve sempre demasiado nervoso. Falhou o penálti quando não o podia ter falhado.
NOTA 7Pepe – Provavelmente o melhor central do Europeu. Falhou, talvez, no golo com a Alemanha, mas esteve sempre disponível, nunca se escondeu, arriscou, cortou espectacularmente, foi um líder e mostrou uma capacidade física invejável, para quem joga num dos campeonatos mais exigentes do mundo. E marcou um golo.
NOTA 9Coentrão – Esteve sempre igual a si próprio. Muito voluntarioso, sagaz, dedicado. Nem sempre eficaz a defender mas sempre a colocar o seu corredor ofensivo em alta rotação.
NOTA 8Moutinho – Enormíssimo. Esteve em todo o lado e sempre com qualidade. Fez duas assistências o que revela bem a abrangência do seu papel em campo. Deu tudo e merecia mais. Falhou o penálti mas nem isso manchou a sua prestação.
NOTA 9Meireles – Está lá para partir, para esticar. Foi o que fez, por vezes sem grande critério. Mas esteve sempre a um bom nível.
NOTA 7Veloso – Sendo um jogador de quem eu desconfiava muito, só posso dizer que também me surpreendeu pela positiva. Entregou-se e colocou sempre a bola no chão, com classe e tranquilidade.
NOTA 7Nani – Para mim, a grande desilusão. Não esteve mal, longe disso, mas depositava grandes esperanças no extremo do MU. Começou bem, foi perdendo gás e acabou por não marcar um golo sequer. Deveria ter sido ontem. Contudo, teve momentos de classe.
NOTA 7Postiga – Sempre o considerei um excelente jogador e voltou a não me desiludir. Apesar de parecer “mole”, é bastante inteligente na forma como ganha os espaços (ou os “cede” aos companheiros). Marcou um belo golo mas a sua prestação real foi inquinada pela lesão.
NOTA 7Ronaldo – É um orgulho nacional este rapaz. Acabou uma época de sonho, que entrou para a história do futebol mundial (que tem mais de cem anos). É uma arma letal e personifica a força, a rapidez e a vontade de vencer. É classe mundial e se fizéssemos todos um terço do que ele faz, não havia Merkel que nos fodesse o juízo.
NOTA 9Almeida – O mais fraco dos pontas-de-lança. É muito forte fisicamente mas tem pouco jeito nos pés e na cabeça. O jogo da selecção também não o favorece.
NOTA 4Oliveira – Apesar das críticas, acho que fez um bom Europeu para quem começou agora. Protege bem a bola, segura-a e passa. Nem sempre tomou as melhores opções mas ficou na retina aquele lance contra a Alemanha, no falhanço do Varela.
NOTA 5Varela – Mais um que me surpreendeu. Revelou-se um bom substituto e teve o seu momento de glória (Dinamarca), depois do momento de tragédia (Alemanha).
NOTA 6Tenho pena que Paulo Bento tenha rodado pouco a equipa. Havia algumas opções, como Quaresma, que poderiam ter dado mais à equipa.