Parece que ainda ontem começou um ciclo que, nesta quinta-feira, oficialmente se fecha. Vítor Pereira já não é treinador do FC Porto e, embora nunca obtendo o consenso dos adeptos, dele se despede com dois Campeonatos Nacionais na bagagem. Se isso, para um treinador do FC Porto, pode parecer pouco lembre-se que os portistas tiveram de lutar nas últimas duas épocas com um enorme Benfica. O mérito de Vítor suplanta o de outros que apenas tiveram de controlar uma vantagem mais que evidente sobre os adversários. O desafio era enorme e o 'homem de Fé' foi o principal responsável por o dragão manter a sua hegemonia a nível interno.
O próprio o admitiu. Começou mal e esteve bastante longe do que era como pessoa e treinador. Quem não se lembra do 'estapafúrdio' ataque pessoal a Jorge Jesus, no início da sua primeira época como timoneiro dos dragões? O 'fantasma' de Villas-Boas, e a maneira imperial como tudo conquistou ainda pairavam e Pereira não resistiu a tentar reproduzir o método, mas nele se sentiu como peixe fora-de-água. Que poderia, Vítor Pereira, acrescentar àquela época de sonho? que poderia acrescentar a um FC Porto europeu e de pujança? Um FC Porto que tinha meia Europa atrás dos seus mais preciosos activos tendo ainda que se preocupar com um adversário fortíssimo como as pontuações o confirmam.
Aguentou-se um barco que foi sempre abanado pelos seus exigentes adeptos. As conquistas europeias dos dragões toldam a visão e os mesmos que as festejam são os mesmos que acham possível obtê-las sempre. No seu primeiro ano Pereira falhou na Europa e andou atrás do tal excelente Benfica em termos de pontuação mas que falha como ninguém nos momentos decisivos. E falha porque a sombra do FC Porto lhe diz muito. Não será difícil percebermos porquê, basta atentarmos na forma como os portistas se batem na Luz - que é exactamente o sítio onde se devem mostrar os vários 'porquês' da hegemonia azul e branca.
Vítor não teve nele o 'vampiro' que AVB foi para o Benfica, mas nunca deixou o clube da Luz confortável e confiante. E sem confiança baqueia-se, independentemente do ano. Assim, já nesta época, o filme acabou por ser o mesmo, confirmado num final épico que colocou frente a frente - em confronto mais que directo - as duas melhores equipas de Portugal. O FC Porto saiu vencedor pela doutrina que o seu treinador incutiu e pela sede de mostrar que em qualquer situação ela teria de ser lançada a jogo. No campeonato o seu Dragão sentiu-se sempre confortável, já a Liga dos Campeões é coisa de outra intensidade. Perceba-se isso, tentou-se mas, a dificuldade é tal que não permite que equipas que passeiam nos seus campeonatos visitem terrenos de Champions com jogo para eliminar.
Ainda assim o FC Porto europeu chegou a prometer. Jogando no seu Estádio - que qualquer adversário visita com cautelas - a sua força foi impressionante, mas nas deslocações - onde o adversário perde as cautelas - faltou sempre a força e a imposição maior do seu futebol. Por aqui ficou escrito, várias vezes, que Vítor Pereira não era o homem para essa missão. Quem o escreveu tem por hábito querer tudo ao mesmo tempo, de uma vez, mas Vítor Pereira ensinou-lhe a confiar.
A sua saída foi desejada por mim várias vezes ao longo das duas épocas e é com surpresa que quando ela se confirma não vejo em mim esboço de alegria. É verdade, aprendi a gostar do homem que se foi tornando um com a causa, com a estrutura, até evoluir para patamares que me faziam estar confiante numa terceira época com maior evolução ainda. Seria nesta o sonho europeu? Um sonho que não implica ganhar, mas estar presente - como o FC Porto deve estar - nas decisões. Já não vamos saber pois Paulo Fonseca, soube-se hoje, é o senhor que se segue. E dele haverá mais que tempo para falarmos, por agora a hora é de esperar que o BiTrinho escolha bem o seu caminho porque soube criar em mim um curioso seguidor.
7 comentários:
Aconselho a leitura da entrevista dele à revista do Jornal de Notícias no passado domingo.
Não consegui ler. Consegues arranjar?
tenho a revista posso tentar digitalizar....
com VP voltei a sofrer, o que é um pau de dois bicos.
~Se no fim se ganha ....é mt bom
se se perde é mau.
Ele ganhou!
Este fim de epoca vai ser daqueles que nunca mais me vou esquecer. É daqueles que nos faz acreditar ate ao ultimo segundo.
A verdade é q o homem fez dois campeonatos de mt alto nivel. Praticamente sem derrotas. A culpa de nao lhe serem dados mais méritos é das grandes epocas do jesus.
só lhe tive raiva naquele segundo jogo do malaga. Em casa vi oporto fazer um dos melhores jogos que ja vi e depois la foi o que foi. Nada mais tenho a apontar.
Jamsilva, isso era bem porreiro. Se puderes, agradeço =)
nos proximos dias envio.
ja enviei
ve la se a qualidade das fotos é suf
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