O ponto prévio à vitória do FC Porto na Final da Supertaça terá sempre que incluir a actual incapacidade do Vitória em apresentar um futebol condizente com a grandeza do clube que, há poucos meses, conquistou a Taça de Portugal. Levando em conta esse factor, a excelente exibição do FC Porto nunca pode gerar ondas de euforia e de sobranceria, até porque os novos métodos da equipa técnica merecerão sempre melhor teste. Copo meio cheio ou copo meio vazio? pouco interessará até porque o 'novo' troféu já faz parte da mobília do novo Museu.
Foi com uma interessante exibição que o FC Porto levou de vencida a jovem equipa orientada por Rui Vitória. À parte da 'verdura' adversária, o ritmo, as movimentações, a inclinação pela área adversária misturadas com um controle de jogo sem sobressaltos dão nota positiva a Paulo Fonseca no primeiro teste oficial. Fonseca já mostrou também que não tem medo em pegar num jogador de segunda linha e dar-lhe liberdade para jogar como gente grande. Licá, por exemplo, nada de relevante mostrou na pré-época ao ponto de alguém acreditar que iria ser titular, marcar um golo aos cinco minutos e ainda fazer uma mão cheia de movimentações extremamente interessantes.
Essas, são as mesmas que fazem crer que o novo FC Porto tem um instinto natural pela área. Sabe e deve jogar fora dela mas a inclinação parece extremamente natural, até porque dentro da mesma mora Jackson Martínez - um predador como há poucos. O colombiano é cliente habitual destas linhas mas os seus companheiros que moraram nas alas merecem também muito do protagonismo na vitória de Sábado à noite. É que Licá e Varela não deixaram nenhum espaço por utilizar. A ida à linha contrastou com várias diagonais, trocas de posição e chegadas ao segundo poste. Se Varela tem pé quente e golo, Licá soube mostrar que, no meio da 'trapalhice', o seu faro pelo golo e combatividade natural terão um lugar que poderá ser tão importante como o do internacional português. Não me parecia, sou sincero (no Facebook questionei o porquê da escolha no ex-Estoril), até porque, em anos transactos, os donos da posição do lado oposto ao de Varela foram só... Hulk e James. Por alguma coisa o FC Porto queria Bernard.
Também foi aqui que leram que o 'duplo-pivot' suscita dúvidas. Essas, serão sempre uma questão de dinâmica e dos jogadores apresentados nesse 'lugar do morto', assim como todas as críticas terão sempre como pano-de-fundo os jogos com equipas de nível igual ou superior e não com um Vitória SC ainda 'bebé' e com enormes fragilidades. Em Guimarães só dará para subir e isso será sempre bom para os seus fervorosos e dedicados adeptos, já no FC Porto esperam-se outros testes para aferir a real capacidade de Defour em inverter um triângulo que pouco jeito dará na sua posição natural. Ainda assim será sempre de sublinhar que a aposta em Lucho mais perto das zonas de decisão (e não tanto de Jackson como se elogia por aí) é uma aposta ganha. A chegada à área e a assistência são os pontos mais fortes de El Comandante e isso resultará em mais golos que em épocas anteriores. A sua tomada de decisão permite também esperar pela subida do '8' que será Defour... até que se note a falta de João Moutinho, ou até que se note que o belga pode subir para esse patamar (vamos dar o benefício da ´duvida).
Já um bom problema é Juan Quintero. Um 10 à antiga que espalha magia a cada toque, com último passe de nível e com meia distância excelente (incluir aqui a bola parada). Que mais pedir? Parece incrível que quando James parte para o Mónaco o futebol português vê chegar outro cafetero de classe mundial. O repentismo e vertigem são até bem maiores do que acontecia com El Bandido e essa 'aceleração' não lhe permitirá 'aquecer' tanto tempo o banco de suplentes. Lucho e Quintero juntos? que mais algum dragão pode pedir? Talvez o desenho do tal triângulo que tanto chateia o Sector possa ser mesmo esse, quem sabe?
1 comentário:
Concordo plenamente. O jogo do FCP foi competente mas este Vitoria nunca chegou a criar verdadeiros problemas ao campeão.
Do ponto de vista táctico parece-me que o PF já tem as ideias bem definidas, o único elemento que pode obrigar a repensar o esquema é mesmo o Quintero.
Agora é capitalizar nesta vitoria e arrancar em beleza em Setúbal. De vitoria em vitoria até à vitoria final.
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