No Jardim de Eden (Hazard) os penáltis foram a Praga para Mourinho

Não será força de expressão dizer que Bayern e Chelsea lutaram até ao último segundo pela conquista da Supertaça Europeia. No Eden Stadium, em Praga, a decisão pela conquista do troféu precisou de penáltis para encontrar o vencedor do duelo entre os dois colossos. E, falando em gigantes, convém recordar que este foi o 16.º confronto entre Pep Guardiola e José Mourinho, daí que o jogo não tenha dado nada menos de que outra batalha épica para a história de uma rivalidade de nível planetário.

O jogo interessava por tudo isso e por muito mais. É que em campo estavam nomes como Ribéry (consagrado na passada quinta-feira como o Melhor Jogador da Europa), Robben, Mandzukic, Hazard, Oscar, Fernando Torres...

E como complemento às estrelas, foi interessante ver de novo o confronto entre os modelos das duas equipas técnicas. Não surpreenderá ninguém que o Bayern tivesse mais tempo a bola e que o Chelsea primasse pela verticalidade, mas das palavras ao golo de Fernando Torres, aos 8’, vai uma distância infinita. Bem pode o espanhol agradecer a um génio com o mesmo nome do estádio onde se jogou esta final: Eden Hazard, segurou a bola ainda antes do meio-campo adversário e partiu para cima dos bávaros, encontrou Schurrle na direita e, de primeira, o alemão descobriu Torres desmarcado na área. Sem preparação, o ‘9’ blue terminou o belo quadro que foi o primeiro golo da partida.

Nada surpreendente é dizer também que, depois de estar em desvantagem, o Bayern acercou-se à área do Chelsea. O problema, para esta conto catalão em Munique, é que a desenvoltura para derrubar muros não existiu na primeira-metade. Ribéry foi sempre o mais inconformado – a querer provar em campo o título ganho no dia anterior – e na meia-esquerda vinha buscara bola para depois tentar a sua sorte. O movimento foi repetido imensas vezes e acabou por resultar já as equipas tinham regressado dos balneários para jogar os segundos 45 minutos da partida. Foi aos 47’ que o gaulês recebeu, em zonas mais interiores do que o costume, e de fora da área, estabeleceu a igualdade.

E quando se pensava que a máquina bávara iria encostar de vez a equipa de José Mourinho às cordas, o contrário sucedeu. Até aos 90’, o Chelsea conseguiu ter várias oportunidades para marcar. Hazard e David Luiz tiveram, na cabeça e nos pés respectivamente, hipóteses soberanas para devolver ao Chelsea a vantagem. Mas Neuer esteve, no tempo regulamentar, sempre impecável. O mesmo já não se pode dizer do prolongamento visto que aos 93’ (com os ingleses já reduzidos a dez unidades por expulsão de Ramires) o guardião alemão não correspondeu da melhor maneira ao remate de Hazard que colocou no marcador uma vantagem merecida.

E se Neuer tinha sido figura de proa até aí, o tempo restante encarregou-se de trazer os holofotes até à outra baliza. Começou, por essa hora, o 'espectáculo Petr Cech' que até ao fatídico minuto 120 negou o empate por quatro (!) vezes. Mandzukic, Javi Martinez, Götze e Ribéry ficaram de nervos em franja com o checo que mais parecia ter quatro mãos. Aproximava-se o final e José Mourinho pedia aos calmos adeptos blues que seguissem o exemplo dos 'supporters' bávaros – que nunca pararam de cantar pelo Bayern. E foi quando Mourinho esbracejava efusivamente que a defesa do Chelsea se esqueceu de Mandzukic. Cech batido, empate feito, decisão para os penáltis.

E aí já se sabe o chavão. A lotaria saiu à sexta mas não para dois. Levou o Bayern a taça para a Alemanha – depois de Lukaku ter sido o único a falhar – e José ficou com o feeling de que os seus miúdos ainda vão dar que falar.