A necessidade de uma resposta 'cabal' é, por estes dias, a necessidade de
Paulo Fonseca no FC Porto. A horas de receber o Atlético Madrid os
indicadores que vêm sendo dados pela equipa não são, de forma alguma,
esclarecedores sobre as hipóteses azuis e brancas, numa fase-de-grupos em que
os bons resultados em casa são uma enorme prioridade. Se o poderio colchonero
e russo não bastasse já para colocar a Dragão de guarda, às más exibições fora
de casa somou-se, nesta passada sexta-feira, uma segunda-parte horrível frente
ao Vitória de Guimarães. Os alertas vão sendo dados e os opositores ao sistema
de jogo instaurado por Paulo Fonseca vêm na pouca solidez do FC Porto
'fantasmas' que podem atirar os dragões para níveis bem mais humildes em
relação à última época.
Já de há muitos anos para cá que o futebol portista se mede pelas
competições europeias em que está inserido. Um mau campeonato é por norma
significado de fraqueza na Europa e a um bom campeonato é exigido que a equipa
se apresente com bom nível pelo Velho Continente a fora. Se nos reportarmos às
duas épocas mais próximas, veremos que, com Vítor Pereira na equipa, uma
primeira época de várias indefinições não deixou sequer a equipa passar da
fase-de-grupos da Liga dos Campeões. A Liga Europa acabou, depois, por também
não ser solução confirmando, com a goleada às 'duas-mãos' do Manchester City, a
real instabilidade da equipa.Na segunda época do espinhense, as cabeças no
lugar e uma equipa "à imagem" do herdeiro de AVB, fizeram com que o
'sonho' voltasse a estar presente. Para mais, faltou à equipa a solidez
mostrada no Dragão, pois nos jogos fora (PSG e Málaga) o 'controle' apregoado
por Vítor, pura e simplesmente, não apareceu.
E esses são indicadores fundamentais. Primeiro, o de que a equipa será,
imediatamente, posta à prova na Champions. E segundo, o de que os jogos fora
serão a principal base desse duro-teste.
E a julgar pelas exibições fora-de-portas, ao FC Porto falta-lhe o controle,
falta-lhe 'asfixiar' o adversário para que os adeptos azuis se possam sentir
'em casa' nas deslocações da sua equipa. E o responsável? esse é claramente
aquele a quem todos irão elogiar se a tendência se inverter, ou aquele a quem
todos pedem agora satisfações pela quebra no rendimento geral de uma equipa que
ambiciona, sempre, altos voos.
Assim duas legitimidades impõem-se mas também... chocam. A de que o técnico
pode, e deve, testar o sistema que o fez subir a pulso no futebol português, e
a de que os adeptos têm o direito de querer a equipa a 'atacar com mais um' e
de 'defender com mais um' também. Confusos? Passo a explicar:
O triângulo invertido de Vítor Pereira levava a que Moutinho fosse
mais um a chegar à área e levava também a que o internacional português fosse
mais um, na hora da perda da bola, a pressionar e a não deixar sair o
adversário. Isso levava a que a criação de oportunidades do adversário fosse
reduzida a números 'nulos'. Lembram-se da recepção ao Málaga? Lembram-se da
recepção ao Benfica e ao PSG? O Porto não criava por aí além, mas com o
controle, em muito ajudado pelo triângulo invertido, criava sempre mais... que
o adversário.
Com Fernando e Defour, com Lucho, sozinho e facilmente anulável, a
organização ofensiva reflecte-se na falta de um elemento na chegada à área e na
falta de um elemento no momento da perda da bola, tornando assim o
'duplo-pivot' no 'lugar do morto' no fraco GTI que tem sido este FC
Porto. Jogue quem lá jogar (esta sexta-feira foi Lucho) ele imediatamente
desaparece nas imediações de um Fernando que sempre foi inútil na construção de
jogo azul e branca.
O cenário é assim difícil para Paulo Fonseca que, como dissemos acima, tem a
tal legitimidade para querer fazer valer o seu sistema. A atenuante é que essa
'experiência' tem tempo limitado. Nenhum sistema se perpetua pelo infinito e,
mais, nenhum sobreviverá à falta de resultados. E se bem que esses têm sido até
óptimos, ninguém em boa vontade esperará que tanta má exibição não seja
castigada com perdas de pontos. E é aqui, como explicámos, que a Champions
League entra. Este Atlético não é aquele que Jesualdo trucidou em 2009 e é até
mais forte onde este FC Porto é mais fraco.
Tem a palavra Paulo Fonseca. E se o técnico esconde alguma na 'manga', o
jogo da terça-feira será o ideal para a mostrar. Sob pena de ser julgado como
um.. bluff.
Também na Futebol Portugal Magazine
12 comentários:
Duvido muito deste Porto. Ainda não apanhou um adversário realmente complicado e mesmo nos jogos que fez até agora, raramente foi convincente.
Vai ser um jogo interessante para saber o que pode fazer este Porto.
Vai ser uma espécie de tira-teimas para ver o que vale este Porto.
Não me recordo de ver um Atlético tão forte, nem mesmo aquele que conquistou uma dobradinha com o Pantic,Kiko e companhia
Gostei da tua analogia automóvel porque desde que o Paulo Fonseca tomou conta da tua equipa que uma imagem parecida não me sai da cabeça. A de um gajo com boa pinta a quem confiaram um Ferrari e que resolve ir com esse carro sacar piões como fazia com o seu Clio GTI.
Também não me sai da cabeça um tal de Paulo Sérgio que um dia me caiu no regaço, não é que eles sejam maus, mas correm nos campeonatos de turismo...
Paulo Fonseca parece-me uma má fotocópia do Vitor Pereira. Digo isto porque este, pelo menos, parecia verdadeiro.
O discurso de PF parece-me sempre demasiado ensaiado e, mesmo assim, já são gaffes atrás de gaffes.
A equipa não joga um charuto, isso é evidente. Mas CL é CL. O FCP tem uma história que não deixa antever... facilidades para os espanhóis.
Mas este receio que anda no ar, entre postistas, é também sitomático: falta confiança, porque tem faltado futebol minimamente convincente.
Cá em Portugal, quando falta o futebol ao Porto, safam-se de outro maneira. Lá fora é mais complicado! :)
Peyroteo, já ontem há uma frase muito reveladora do PF na conferencia de imprensa, «Não tem sido difícil dar resposta às exigências do calendário» . Eu, se fosse FCPê, não estaria nada descansado com este jogo.
Pela minha parte enfio a viola no saco depois desta 1ª parte alucinante. Ganda jogatana de bola. FCPorto merece estar na frente.
E pela segunda?
Para não lembrar que na primeira o Porto durou... 15 minutos.
Nem sei o que dizer. Só lamento ter ficado acordado para ver isto
O Porto devia ser "italiano" na 2ª parte. E o Helton lá deu o peru da ordem na LC. Pronto.
Italiano não digo. Dava era jeito segurar a bola e não deixar o jogo partir. Atlético Madrid foi mais forte, isto é uma lição de humildade e, claro, é futebol. Amanhã cá estamos =)
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