Um resultado decepcionante e uma exibição reveladora fizeram a manchete do último teste antes da fase-final do Euro'2012, para a selecção que se quer de todos nós. A surpresa é evidente e nem os habituais 'agoiros' esperariam este resultado. Brilhante, é o país não perder não perder a sua 'essência' e 'carisma', pois quando a selecção faz as suas piores exibições a presunção exibe-se ao melhor nível. Mantém-se o equilíbrio, portanto. Equilíbrio esse, que, na realidade, faz falta à equipa. Não a nível de jogadores mas a nível emocional e, principalmente, táctico.
Paulo Bento anunciou há já algumas semanas uma convocatória sem grandes surpresas e discussões. O único jogador que realmente poderia criar algum argumento a desfavor da mesma, acabou mesmo por ser chamado pela infelicidade de Carlos Martins. A selecção apresenta assim o melhor lote disponível, que não é (e isto será ideia geral) o melhor dos últimos anos (nem nada parecido). Ainda assim as vozes da exigência não saberão bem de que lado se colocar. Se as últimas fases-finais foram um sucesso e obrigam Portugal a elevar os padrões, o que dizer das fases-finais a que os jogadores da equipa das quinas assistiam pela televisão?
Mas Portugal é um país peculiar e o tom 'ranzinza' da sua população, em todos os assuntos, é o que melhor a caracteriza. O facto de nunca estarmos satisfeitos é só, e só mesmo, porque não estamos satisfeitos. E como nunca estamos satisfeitos quando aparece um pormenor a correr bem (como o futebol, por exemplo) a euforia aparece totalmente desmedida. Ora, o mesmo exercício serve para o contrário. Quando algo corre mal, há que depositar todas as culpas nesse pormenor. No meio disso tudo perde-se a razão, a racionalidade, o saber estar. Um pouco como quando Jesualdo disse a André Villas-Boas que não era bom para ele viver os jogos tão intensamente no banco de suplentes. Curiosamente André substituiu o professor para depois ganhar pelo FC Porto o que nunca Jesualdo conseguiu.
Isto para dizer o quê? Que ensaios à parte, ninguém faz a mínima ideia daquilo que se vai passar no Euro. Alguns dizem à boca cheia que sim, que sabem. Que o grupo é de 'morte', que a Alemanha nos vai dar cinco e que vimos para casa recambiados num instante. Esquecem-se do que estão a falar, esquecem-se da competição que é o Europeu de futebol. E no entanto quase toda a gente que lança umas 'postas' sobre futebol, já viu uma selecção ser repescada e ganhar o Euro (Dinamarca, 1992), já viu uma desconhecida República Checa (1996) chegar à final e já viu, no nosso próprio país nas nossas próprias barbas, uma Grécia (?!) ganhar a Taça mais apetecida para as selecções europeias.
Por isso quem somos nós para fazer antevisões? Nós, somos aqueles que ao primeiro golo 'engatamos' na corrente. E é isso que é preciso num Euro: engate. Não, não estou a falar de polacas e ucranianas, mas sim de um golo, de outro golo, e de mais outro golo. De um Nani, de um Ronaldo, de um Postiga. Sim, de um Postiga, porque não? Quem era o Povlsen? Quem era o Charisteas? O Euro, meus amigos, é uma competição de engate. Como diriam os nossos amigos espanhóis (que já ganharam dois) é preciso entrar 'en racha'. O resto é conversa. Aquela conversa, que não temos frieza, controlo emocional, para finalizar, ou aquela conversa que quando perdemos a bola o nosso meio-campo não dá a resposta adequada em termos físicos, ou aquela conversa de o Ronaldo e de o Fábio Coentrão não poderem jogar os dois do mesmo lado. Essa é uma conversa para Paulo Bento e até lá tem tempo para corrigir. Se não o fizer, aí, depois falamos.
37 comentários:
Não podia estar mais de acordo.
Estes dois resultados não me preocupam abslolutamente nada e até os acho perfeitos para realizarmos uma boa campanha.
O nosso grupo é fortíssimo e a nossa equipa está longe do brilhantismo individual de outros tempos.
Contudo, temos tudo para ir longe, desde que joguemos de igual para igual, como temos feito nos últimos anos.
Em Portugal é assim.
De bestiais por termos conseguido o apuramento, passamos a bestas por 2 jogos particulares, não terem tido os resultados desejados.
Da mesma forma como não embandeirei em arco na goleada à Espanha, também não me deixo afectar por estes resultados. A confiança é a mesma.
E pode ser que os nossos adversários se relaxem um pouco à luz destas prestações.
Eu acredito!
Sim, os resultados foram maus mas podem até ter um efeito positivo. Não só os nossos jogadores aparecerão mais humildes no Euro como poderemos também tirar partido do efeito contrário em alemães e holandeses. Provavelmente pensam que nos vão ganhar com facilidade. O importante é começar bem. Para mim este grupo é imprevisível e acharei normal qualquer posição entre o 1º e o 3º lugar.
Excelente Marco!
Podemos não ter as mesmas odds de outros, mas Portugal está num nível muito alto e tudo pode acontecer.
Só vi o jogo contra a Turquia e não fiquei nada preocupado. A equipa só precisa afinal o processo defensivo, porque o mais complicado, que é criar oportunidade de golo, está assegurado. Tenho duvidas em relação ao ponta de lança e acho que temos um problema de banco... o 11 titular é muito superior às alternativas de banco.
Postiga resolve, Gonçalo.
Estou com o Luis, estes resultados não me incomodam absolutamente nada.
☺☺☺
Os nossos jogadores humildes? A chegarem de "aviões" ao estágio? Claro q sim...
Deves achar que os jogadores de outras selecções chegam de triciclo ao estágio.
Estou a falar em humildade dentro de campo.
Sim, são comentários já típicos de que só vê futebol a vermelho e branco.
No mundial da Africa do Sul, até torciam pelo Brasil...
Ridiculo!!!
Na África do Sul o Brasil jogou contra o Brasil, J., é natural que estivessemos a torcer pelo Brasil.
buff, ja me esquecia desta conversa...muito interessante tb!!!
Ainda agora o povo croata mostrou todo o seu desalento porque foi o Eduardo da Silva que marcou pela Croácia no amigável contra a Dinamarca
hehehe
nem vale a pena recomecar esta discussão.
há n exemplos em n selecções, mas com Portugal o problema são os "brasileiros".
:-)
Em relação ao que o Marco escreveu, 100% de acordo.
Mais, pergunto quando foi a última vez que fizemos jogos de qualidade em amigáveis?
Por último,
não há grandes diferenças entre esta selecção e a de Queiroz (de quem não gosto, fica já o aviso) mas há na comunicação social uma abordagem totalmente diferente.
Não J., pelo menos para mim, o problema não são, obviamente, os brasileiros.
É mais o aproveitamento que se faz e a forma como se faz. O caso do Liedson foi paradigmático. Foi metido à pressa, "para safar". À tuga, portanto.
Por princípio sou contra a utilização de estrangeiros mas aceito que existam excepções à regra, desde que bem fundamentadas.
Se existe uma lacuna identificada numa determinada posição e temos cá um gajo que por acaso nasceu na India mas que fez toda a sua vida cá, não me incomoda.
Tudo o resto, é aproveitamento e contribui apenas para que entre num caminho que desvirtuará o conceito de Selecção.
Também te digo que ninguém morre por isso, teríamos é de chamar à selecção outra coisa qualquer.
Mais uma vez se prova que não basta um conjunto de bons jogadores para fazer uma boa equipa.
Para mim Portugal quer jogar de uma forma para a qual não tem armas decisivas, há handicaps que são intransponíveis.
O que falta?
Falta um finalizador. Os nossos pontas de lança não são finalizadores, não são um Manuel Fernandes, um Gomes ou um Nené (para referir uma geração onde existiam em qualidade e quantidade). Há um Liedson ou um João Tomás, mas estão a fazer companhia aos telespectadores.
Eu naquela disposição da equipa apostava em Nelson Oliveira uma vez que os outros... já foram mais que testados.
Falta um 10 criativo, um Deco, um Rui Costa, alguém que faça fluir o jogo. Os 3 do meio campo (Veloso, Meireles e Moutinho) são excelentes jogadores mas são gémeos de características, muito rigor pouca arte.
Os problemas defensivos foram fruto de desequilíbrios de equipa não de falhas individuais.
Portugal criou jogo suficiente para vencer e não fosse a habilidade de Hugo Almeida em limpar tudo o que caia na área o resultado seria outro.
Depois vem a ansiedade, o querer precipitar o jogo, as corridas desenfreadas atrás de um prejuízo que só o agudizam...
O relatador de serviço dizia aos 54 min. "Se não marcamos agora... já perdemos!", esse estado de espirito via-se na equipa, perderam ao sofrer um golo idiota no inicio da segunda parte. Pergunto eu, mas algum jogo está perdido aos 54 min.? Não tivemos já exemplos suficientes que a história só está completa quando o sr. do apito decide acabar o jogo?
A equipa não está confiante caso contrário, até pelas oportunidades que criou na primeira parte, teria mantido o seu jogo com mais cérebro e menos musculo/suor.
O ouro desta equipa são os melhores extremos do mundo, como potenciar isto em resultados? Tem a palavra Paulo Bento.
O estatudo de cidadania não corresponde a qq análise subjectiva de que nasceu cá ou nao, ou fez cá a sua vida.
Está na constituição do nosso país e andar a discutir isso faz-me lembrar conversas de outros tempos.
No fundo, é bastante simples...tem passaporte português? logo....
Pois é J., até poderia concordar contigo em absoluto (espero que percebas que já concordo em parte) mas sabes que não fui eu que defini que a dupla nacionalidade é impeditiva de ser presidente da república. Alguém fez essa distinção e eu concordo com ela. Tu, pelos vistos, não. Não te ralarias com um "Liedson" como presidente da república?
Bem sei que o nosso actual é uma aventesma mas olha, prefiro assim.
Não sei o que é que isto tem de xenofobia ou seja lá lá o que insinuas sempre nesta conversa.
O estatuto de cidadania não é igual ao estatuto de dupla nacionalidade sabes porquê? Porque são coisas distintas, que não têm fundamentos xenófobos ou racistas.
"O estatudo de cidadania não corresponde a qq análise subjectiva de que nasceu cá ou nao, ou fez cá a sua vida."
Mas é subjectivo dizer-se que o Liedson nasceu no Brasil?
Então, dizes tu, que um holandês pode vir cá para Portugal e ao fim de um dia pedir a cidadania portuguesa, é isso?
É que parece-me que existem regras objectivas por isso, interessa mesmo fazer uma "análise subjectiva de que nasceu cá ou nao, ou fez cá a sua vida.".
Achas correcto andar a comparar um jogador da selecção nacional com ser presidente da República?
mas lá está, mantendo o critério se está na constituição....
Para ter nacionalidade portuguesa não é preciso nascer em portugal ou ter crescido cá.
Logo não entendo esta discussão.
Alguém sabe se o Rolando nasceu cá? ou o Nani? até podem ter nascido nem sei, mas ng faz este tipo de perguntas.
Agora com os brasileiros já é diferente!!!
Torcer pelo Brasil????
Como??
Como é que a conversa foi parar aí?
Por causa dos "aviões"?
Ena!!! ☺
J. posso estar enganado, mas se não nasceste em Portugal não és português. És qualquer + qualquer coisa.
No limite, e para que percebas porque parece que ainda não percebeste (dizes "Agora com os brasileiros já é diferente!!!"):
imaginas o onze da selecção ser preenchido por, imagina, onze gajos nascidos na china e que estão cá há meia dúzia de anos e que entretanto adquiriram a dupla nacionalidade e são cino-portugueses?
Epá, eu não. Assim como há regras para teres a nacionalidade tuga, deve haver regras para poderes representar a selecção.
É que, e para rematar a conversa do meu lado: antigamente havia aquele "orgulho" no meu clube de ter apenas jogadores tugas.
Eu estou completamente contra isso e acho essa forma de ver as coisas um bocado chauvinista.
Não me ralo absolutamente nada de ver o SLB com onze estrangeiros. É um clube, universal.
Já a selecção representa um país, uma nacionalidade e convém não desvirtuar isso.
Mas, já o disse, se for esse o caso (Portugal passar a jogar com onze gajos nascidos na China) por mim tudo bem, mas acho que se devieria alterar o conceito de selecção nacional, só isso.
Eu também acho que não se pode ver todos os casos da mesma maneira. Estamos a falar de uma selecção nacional.
Depende sempre do bom senso. Veja-se o caso da selecção italiana de futsal. No Mundial de 2008 todos os jogadores convocados eram brasileiros naturalizados. 14 em 14!
"Já a selecção representa um país, uma nacionalidade e convém não desvirtuar isso."
Já que a discussão está aqui vou repetir argumentação: não sou contra naturalizados jogarem pela selecção. Sou contra alguns motivos pq alguns são naturalizados e jogam pela selecção. É isso q está em causa. Se um chinês vem para Portugal aos 10 anos e aos 20 tem todo o orgulho do mundo em envergar as quinas não tenho qqr problema com isso. Agora naturalizarem um chinês que até tinha dito que o sonho dele era jogar pela China para vendê-lo a um grande da europa e alguns meterem uns milhões ao bolso...aí sou totalmente contra.
Quem não perceber é ingénuo!!!
"não sou contra naturalizados jogarem pela selecção. Sou contra alguns motivos pq alguns são naturalizados e jogam pela selecção."
Obrigado, pá. É isso mesmo, e apesar de o ter referido de outra maneira anteriormente ("
É mais o aproveitamento que se faz e a forma como se faz. O caso do Liedson foi paradigmático. Foi metido à pressa, "para safar". À tuga, portanto."), acho que assim fica melhor explicado.
Claro, Peyroteo. Chama-se a isso bom senso e interpretação da Lei.
O J., chama-lhe xenofobia e racismo.
Estamos a falar de quem?
Do Deco?
Do Pepe?
Ou do Liedson?
Todos eram portugueses na altura em que foram seleccionados, logo continuo a não perceber esta conversa.
Era entrar no mesmo tipo de conversa pq é que o Moutinho não foi ao Mundial, etc...
Misturam-se as coisas e dps dizem- outras com a maior das naturalidades.
Conversar pressupõe responder aos argumentos dos outros. O que tu fazes é ser autista. Repetes as coisas ad eternum mesmo que todos te digam várias vezes que não é isso que estão a dizer.
Abandono então esta conversa não sem antes de deixar o futuro "onze" de "Poltugale", já para atacar o Mundial (só ali na Duque de Loulé tens dezenas de restaurantes chineses para recrutamento):
1 - Xi Peng
2 - Ruing Pong
3 - Abing Ton
4 - Amenichochoi
5 - Abing Ton II
6 - Chi Pro Quo
7 - Ai o Cabing
8 - Fi Fi Li Pino
9 - Abing Ton III
10 - Jchi Ping
11 - Amigo do Futre
O problema não são os resultados recentes. Ainda há não muito tempo demos 4 à Espanha. O problema é jogarmos lento, sem táctica e com falhas estruturais. No mínimo falta um Liedson e um Ricardo Carvalho a esta equipa.
Luis esse formato de selecção nacional está cada vez mais próximo.
http://expresso.sapo.pt/sporting-vai-expandir-academia-a-china-e-macau=f627306
O Deco dias antes de ser naturalizado disse que o o sonho dele era jogar pela canarinha. Uns dias depois estava de quinas ao peito...claro...era o "mágico". Pois, pois...
O Pepe não me incomoda...ou melhor o que me incomoda nada tem a ver com a naturalização.
Liedson é gozarem com isto tudo. Não temos pontas de lança? Então bora lá convocar este brasilei...português...o gajo é português. Repetir até acreditarem!!
Deixem ver se percebi...Depois de um post e nove comentários em que ninguém se afasta do assunto proposto - Portugal e o seu actual nível competitivo -, o J. avança com argumentos como "ver futebol a vermelho e branco" ou "torcer pelo Brasil".
E depois é ele mesmo que se insurge contra "misturar as coisas e depois dizer outras com a maior das naturalidades".
Percebi bem ou há aqui um qualquer paradoxo comportamental?
Não é fácil, LDP, não é fácil.
Não é fácil, Luis, porque para ti não argumentar é basicamente não concordar contigo.
LDP, tem paciÊncia sim!!!
""Depois do jogo com a Macedónia, todos vimos os jogadores a ir de folga em carros de 400 mil euros, num país que está em crise. Isto só aumenta a responsabilidade e, depois, a agressividade do povo. Isto depois vai ser pago.""
Olha, olha... ☺
Muita, J.
Muita mesmo...
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