A julgar pelo início deste Porto-Atlético a dívida que os dragões
contraíram aos adeptos, na passada sexta-feira frente ao Guimarães, iria
ser paga com pompa e circunstância. Com
uma entrada fulgurante, o FC Porto passou 16 minutos dentro meio-campo
colchonero a tentar achar a prenda que havia faltado ao aniversário do
clube, no último jogo da Liga Portuguesa frente ao Vitória de Guimarães.
Os dragões procuraram e acharam, num quarto-de-hora fantástico que
culminou com o excelente golo do inevitável Jackson Martínez. O
colombiano voltou a marcar para a Champions e o 1-0 devolvia ao Dragão o
optimismo que contrastou com o pessimismo dos dias que anteviram a
partida.
É que sendo a 'Champions' o indicador máximo da
qualidade do jogo portista, este duelo com o líder da Liga BBVA (a par
com o Barcelona), poderia deixar antever o que este FC Porto de Paulo
Fonseca pode fazer na milionária competição. Noutros anos, sucederam-se
eliminações nos 'oitavos' com equipas do calibre deste Atlético
(Schalke, Málaga e até Arsenal) e o desejo de ver a equipa com 'a pata'
de cima da equipa de Diego Simeone era por isso mais que evidente.
Mas o resto do jogo garantiu, sem absoluta dúvida, que este Porto ainda
não pode dar aquilo que, por exemplo, a equipa da passada época mostrou
contra Paris St. Germain e Málaga. Em casa os dragões asfixiavam os
adversários com um estrangulamento que durava uma partida inteira, num
claro contraste com o que este 'novo' FC Porto fez a seguir ao golo da
vantagem nesta 2.ª jornada da fase-de-grupos da Liga dos Campeões.
Com surpresa absoluta, a seguir ao golo, o FC Porto baixou linhas e
deixou o Atlético bem mais confortável. A equipa de Diego Simeone pôde
respirar e armar o seu jogo, com a diferença de que, com os dragões mais
recuados, pôde também aumentar a intensidade na bola dividida e - passe
o pleonasmo - dividir um jogo que tinha sido até então de sentido
único.
Não foi logo visível a subida de produção colchonera,
mas o passar dos minutos da primeira-parte já mostrava melhor o Atlético
aos adeptos que seguiram a equipa até ao Estádio do Dragão e que se
encontravam bem perto da baliza de Helton. Os madrilenos puderam assim
ver, em grande plano, o desvio de Raúl García, a um pontapé de canto, a
fazer embater a bola na barra da baliza azul e branca. Um primeiro
aviso, portanto...
O apito de Howard Webb para o intervalo
trouxe assim uma velha questão. É que dizer, por estes dias (e jogos)
que se espera(va) mais Porto na segunda metade, é quase redundante, mas
esse era o sentimento geral depois do regresso das equipas ao relvado.
Voltaria aquela intensidade de fazer corar madrilenos? essa era a
pergunta que se impunha e ao qual o resto da partida se encarregou de
responder... negativamente.
Não. O FC Porto dominador não
voltou (à excepção de cinco minutos depois da entrada de Quintero, aos
68') e o que se seguiu foi um braço de ferro que o Atlético ganhou
claramente.
E não que os dragões não tivessem a intenção de
atacar, mas a subida de intensidade por parte do Atlético engoliu a
saída de bola de um FC Porto que já por si só erra demasiados passes. E
daí que as chegadas colchoneras à área portista premiassem claramente
uma equipa que estava a fazer mais por isso, castigando a outra - que
tinha o 'pássaro na mão' e não quis desacelerar e guardá-lo em
segurança.
O jogo partiu, o Porto não conseguia segurar a bola
(nem o Atlético), e as faltas à entrada da área pareciam solução. Mas
não eram. É que se de livre se ganha, também de livre se empate e... se
perde. Godín, aos 58', foi o primeiro a 'estrear' esta época as redes de
Helton no Dragão e o guardião brasileiro fica (muito) mal na fotografia
de um lance em que podia ter feito bem melhor.
E longe já ia o
tempo em que o FC Porto dominava. Paulo Fonseca tentou recriar a
'experiência' e fez entrar Licá e Quintero (por Josué e Lucho) e
conseguiu (algum) ascendente que não se reflectiu no controle da
partida. O '10' colombiano do FC Porto até poderia ter marcado (de
livre, aos 70') mas os passes teimavam em sair sempre lado, impedindo o
Porto de conseguir segurar a bola e crescer definitivamente para virar o
marcador.
E se a essas 'indecisões' lhe juntarmos a
displicência com que foi abordada a bola parada defensiva que acabou por
decidir a partida, aos 86' (livre estudado em que Turan aparece sozinho
a 'fuzilar' Helton), teremos obrigatoriamente de deixar de pensar no FC
Porto de Paulo Fonseca como 'produto acabado' e começar a pensar em dar
uma longa margem de progressão à equipa do ex-pacense.
FC Porto-Atlético Madrid, 1-2 (Jackson 16'; Godín 58' e Turan 86')
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1 comentário:
É um retrato fiel do que aconteceu sim senhor. A atitude na entrada para a 2ª parte e as desconcentrações no final estragaram tudo o que de bom se tinha feito.
Tb acho que PF tem estado mal nas substituições... mexe fora de tempo e sem grande impacto no jogo.
Um produto em desenvolvimento... sem sombra para qualquer dúvida.
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