quarta-feira, outubro 2

Ir buscar a prenda debaixo do colchão e ficar preso nas molas

A julgar pelo início deste Porto-Atlético a dívida que os dragões contraíram aos adeptos, na passada sexta-feira frente ao Guimarães, iria ser paga com pompa e circunstância. Com uma entrada fulgurante, o FC Porto passou 16 minutos dentro meio-campo colchonero a tentar achar a prenda que havia faltado ao aniversário do clube, no último jogo da Liga Portuguesa frente ao Vitória de Guimarães. Os dragões procuraram e acharam, num quarto-de-hora fantástico que culminou com o excelente golo do inevitável Jackson Martínez. O colombiano voltou a marcar para a Champions e o 1-0 devolvia ao Dragão o optimismo que contrastou com o pessimismo dos dias que anteviram a partida.

É que sendo a 'Champions' o indicador máximo da qualidade do jogo portista, este duelo com o líder da Liga BBVA (a par com o Barcelona), poderia deixar antever o que este FC Porto de Paulo Fonseca pode fazer na milionária competição. Noutros anos, sucederam-se eliminações nos 'oitavos' com equipas do calibre deste Atlético (Schalke, Málaga e até Arsenal) e o desejo de ver a equipa com 'a pata' de cima da equipa de Diego Simeone era por isso mais que evidente.

Mas o resto do jogo garantiu, sem absoluta dúvida, que este Porto ainda não pode dar aquilo que, por exemplo, a equipa da passada época mostrou contra Paris St. Germain e Málaga. Em casa os dragões asfixiavam os adversários com um estrangulamento que durava uma partida inteira, num claro contraste com o que este 'novo' FC Porto fez a seguir ao golo da vantagem nesta 2.ª jornada da fase-de-grupos da Liga dos Campeões.

Com surpresa absoluta, a seguir ao golo, o FC Porto baixou linhas e deixou o Atlético bem mais confortável. A equipa de Diego Simeone pôde respirar e armar o seu jogo, com a diferença de que, com os dragões mais recuados, pôde também aumentar a intensidade na bola dividida e - passe o pleonasmo - dividir um jogo que tinha sido até então de sentido único.

Não foi logo visível a subida de produção colchonera, mas o passar dos minutos da primeira-parte já mostrava melhor o Atlético aos adeptos que seguiram a equipa até ao Estádio do Dragão e que se encontravam bem perto da baliza de Helton. Os madrilenos puderam assim ver, em grande plano, o desvio de Raúl García, a um pontapé de canto, a fazer embater a bola na barra da baliza azul e branca. Um primeiro aviso, portanto...

O apito de Howard Webb para o intervalo trouxe assim uma velha questão. É que dizer, por estes dias (e jogos) que se espera(va) mais Porto na segunda metade, é quase redundante, mas esse era o sentimento geral depois do regresso das equipas ao relvado. Voltaria aquela intensidade de fazer corar madrilenos? essa era a pergunta que se impunha e ao qual o resto da partida se encarregou de responder... negativamente.

Não. O FC Porto dominador não voltou (à excepção de cinco minutos depois da entrada de Quintero, aos 68') e o que se seguiu foi um braço de ferro que o Atlético ganhou claramente.

E não que os dragões não tivessem a intenção de atacar, mas a subida de intensidade por parte do Atlético engoliu a saída de bola de um FC Porto que já por si só erra demasiados passes. E daí que as chegadas colchoneras à área portista premiassem claramente uma equipa que estava a fazer mais por isso, castigando a outra - que tinha o 'pássaro na mão' e não quis desacelerar e guardá-lo em segurança.

O jogo partiu, o Porto não conseguia segurar a bola (nem o Atlético), e as faltas à entrada da área pareciam solução. Mas não eram. É que se de livre se ganha, também de livre se empate e... se perde. Godín, aos 58', foi o primeiro a 'estrear' esta época as redes de Helton no Dragão e o guardião brasileiro fica (muito) mal na fotografia de um lance em que podia ter feito bem melhor.

E longe já ia o tempo em que o FC Porto dominava. Paulo Fonseca tentou recriar a 'experiência' e fez entrar Licá e Quintero (por Josué e Lucho) e conseguiu (algum) ascendente que não se reflectiu no controle da partida. O '10' colombiano do FC Porto até poderia ter marcado (de livre, aos 70') mas os passes teimavam em sair sempre lado, impedindo o Porto de conseguir segurar a bola e crescer definitivamente para virar o marcador.

E se a essas 'indecisões' lhe juntarmos a displicência com que foi abordada a bola parada defensiva que acabou por decidir a partida, aos 86' (livre estudado em que Turan aparece sozinho a 'fuzilar' Helton), teremos obrigatoriamente de deixar de pensar no FC Porto de Paulo Fonseca como 'produto acabado' e começar a pensar em dar uma longa margem de progressão à equipa do ex-pacense.

FC Porto-Atlético Madrid, 1-2 (Jackson 16'; Godín 58' e Turan 86')


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1 comentário:

Gonçalo disse...

É um retrato fiel do que aconteceu sim senhor. A atitude na entrada para a 2ª parte e as desconcentrações no final estragaram tudo o que de bom se tinha feito.

Tb acho que PF tem estado mal nas substituições... mexe fora de tempo e sem grande impacto no jogo.

Um produto em desenvolvimento... sem sombra para qualquer dúvida.