Já não surpreende ninguém que este FC Porto
comece os jogos de forma dominadora e que depois ofereça os pontos
necessários a uma qualificação que ainda não está perdida mas
que, provavelmente, escapará por entre as más decisões de um treinador
que conseguiu contaminar uma equipa outrora bem segura de si. O empate
(1-1) em São Petersburgo foi (só) mais um capítulo na longa lista de
erros colectivos e individuais de um FC Porto demasiado imberbe para uma
competição que tem como requerimento obrigatório equipas de barba rija.
Não que o Porto comece mal os jogos, porque não começa, mas porque esse
gás não dura muito - muito por culpa da falta de carburador.
Chamemos-lhe, aqui, colectivo ou, mais ironicamente, equipa que forma um
sistema táctico que o treinador pretende a todo custo forçar a uma
realidade que não se compadece com contenções. Contra o Zenit, Paulo
Fonseca insistiu em atacar, e defender, com menos um jogador - tal como
em todos os outros jogos da época. E se as características, e ambição,
dos jogadores ainda vão disfarçando, de quando em vez, a falta de
coragem do técnico, as exibições da equipa pedem que o duplo-pivot
desapareça e dê lugar a um triângulo invertido que permite que o Porto
jogue e recupere a bola mais subido no terreno - ficando, por
consequência, mais perto da baliza do adversário.
De facto, só
Paulo Fonseca continua a acreditar que, por exemplo, o Zenit não tenha
dado 45 minutos de avanço aos portistas. Demasiado recuados no terreno,
os russos deixaram o FC Porto instalar-se no seu meio-campo e lá
sucumbiram à jogada que mais sucesso tem dado nas cambalhotas europeias
desta 'Série Fonseca': Danilo sobe pela ala direita e encontra a chegada
à área de Lucho.
E tudo parecia tão bem como quando se enterra
a cabeça na areia e não se quer ver que, a partir daí, será sempre a
descer. Desta vez o já habitual 'brinde' da defesa portista demorou mais
que em Belém, mas não por muito. Cinco minutos bastaram para que a
equipa não aguentasse a pressão e para que Helton desse a habitual
'casa' na Champions. E aqui com um cúmplice. Também Alex Sandro se viu
ultrapassado por Hulk na jogada que deu o golo do empate ao Incrível.
Demasiados erros para uma equipa que mesmo tendo no sangue o ADN de
outras conquistas, se esmorece na falta de coragem de um sistema táctico
que as câmaras de TV confirmam quando apanham Defour constantemente
a... 40 metros da baliza adversária. Já para não falar que é Fernando o
elemento mais atacante do aberrante 'duplo-pivot'. Será preciso dizer
mais? Será.
É que Spalletti decidiu que o Zenit não mais
jogaria passivamente a ver o Porto circular a bola e, depois da intensa
pressão dos russos operada durante toda a segunda metade, os dragões
sentiram imensas dificuldades para sair a jogar. Que o diga Otamendi que
achou que todas as ofertas que ele, e a equipa, têm dado durante a
ainda curta época eram ainda poucas, e na mesma jogada, aos 51',
conseguiu entregar a bola a um adversário e depois cometer um penálti
claro (braço levantado na área).
Mas quando nem a defesa de
Helton à grande penalidade de Hulk levanta o moral é porque a questão
não vem mesmo do reino mental mas sim de uma ideia sem 'rei nem roque'.
Paulo Fonseca assistia impávido a um FC Porto dominado e passivo (em
todos os momentos do jogo) e só aos 75' (!) resolveu libertar Josué do
sacrifício que é, para um médio de raíz, jogar preso a uma ala. Mas mais
impressionante do que isso é que Fonseca acabou por nem gastar as três
substituições (a saída de Lucho por Ghilas foi a última, aos... 86'), o
que faz pensar que na cabeça do técnico tudo estava como previsto e mais
não dava para fazer com o plantel que tem à disposição.
Daí
que com essa ambição - revelada desde a atitude dos jogadores, ao seu
nervosismo, passando pelas amarras tácticas e pelos erros infantis -
talvez não seja demasiado castigo esta equipa ficar-se pela Liga Europa
ou até por meio ano sabático. Isto para o treinador, porque para os
adeptos o epíteto 'erro de casting' há muito que circula pelas suas
bocas. E o tempo, esse, requer uma de duas coisas: ou evolução ou o
desmoronar do castelo de cartas. E o mesmo começa a escassear para a
primeira hipótese...
Zenit-FC Porto, 1-1 (Hulk 28'; Lucho 23')
Foto: UEFA
www.facebook.com/agambeta
4 comentários:
Nada a fazer e vamos parar à Liga Europa. Por outro lado se melhorarmos um bocado podemos chegar até à final, pois são poucas as grandes equipas nesta Liga Europa.
Lazio,Fiorentina,Tottenham,terceiro classificado do grupo do Arsenal,Benfica.
O Porto tem mais hipóteses de passar que o Benfica mas a situação também não é nada famosa. Se o Zenit vence as reservas do Atlético, acabou-se...
Marco, tens razão em tudo o que escreves. A falta de concentração daquela defesa é assustadora e a falta de coragem para o treinador mexer na equipa (antes e durante o jogo) é no mínimo preocupante. Ainda está tudo em aberto e lideramos o campeonato, mas estamos longe da alegria e da felicidade.
Desculpem lá mudar a agulha, mas estou incrédulo com o comunicado do fcp sobre a estátua do cosme damião.
Não pelo teor do mesmo, com o qual até concordo, mas pelo facto de ter sido o "insuspeito" fcp a fazê-lo.
é que se fazer uma estátua daquelas neste momento é, de facto, insultuoso para a generalidade das pessoas que passam por dificuldades, o que dizer das benesses que o mesmo fcp recebeu de mais do que um município, com Gaia à cabeça, para, por exemplo, fazer um centro de estágios? hein?
Não havia gente em dificuldades na altura? Ou acham que o que o fcp paga mensalmente o suficiente para amortizar aquele investimento??? Têm ideia quando isso vai acontecer???? Ou, de facto, é assumido por todos que o fcp está acima da lei, das restrições financeiras e do bom senso?
A sério, não há nenhum portista que se envergonhe destas merdas e venha a público dizer o óbvio? - "Ò pá, pelo menos ficavam calados... porra!"
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