No Sporting-Porto foi engraçado, quase acima de tudo, ver o confronto NOS-MEO estender-se às camisolas dos dois grandes, no embate que serviu de tira-teimas para quem ainda acreditava que, em futebol, os projectos desportivos não se sobrepõem a qualquer outro tipo de negócio. E, sim, o comando é NOS - e deixou de ser MEO - porque alguém teve a visão para resgatar/roubar/abrir portas a um treinador bicampeão. Assim o comando da MEO, que gerou um campeão de inverno com pés de barro, foi a Alvalade somente para provar que está dois, três, degraus abaixo de uma equipa que merece a liderança por inteiro. Por ser mais capaz, completa e eficaz. E até o talento, aqui, fica de fora, porque quem consegue criar um modelo que reduz as qualidades de Brahimi, Corona, Aboubakar, Rúben Neves, não pode ser bom. Não o era na liderança, não o é a dois pontos e nem o será em maio próximo - por mais ilusão (em bom português) que tenha.
O FC Porto é agora aquilo que foi em raros tempos nos últimos 30 anos e em muitas vezes nos últimos 60. Anda atrás dos líderes porque confiou que qualquer vassoura poderia substituir um bicampeão com grande mérito. E, apesar do Benfica ter caído no mesmo erro, alguém, que não os dragões, soube aproveitar. Ver Aboubakar falhar dois golos feitos não serve para invocar desculpas. Servirá sim para reconhecer que o estofo, e as estocadas, de campeão já não moram no Dragão. Pelo contrário, em Alvalade soube-se reconhecer a valia de um modelo superior - o mesmo que num 'detalhe' aproveitou de novo, e de maneira felina, um dos mais recorrentes erros da era Lopetegui: marcar ao homem nas bolas paradas.
Um detalhe Slim com responsabilidade Maxi, adjectivo que invoca também o lançamento que deu a vantagem ao Benfica na sua última vitória no Dragão - em dezembro de 2014. Ver a defesa portista à nora e a andar para onde o adversário quer, abrindo espaço aos matadores (antes Lima a bisar, agora Slimani), seria suficiente para qualquer estrutura que percebesse minimamente o que contrata. E ver a defesa leonina, sólida que nem uma rocha, nos bastantes pontapés-de-canto e livres que, ainda assim, o futebol portista conseguiu criar, deveria ser sintomático. Mas não é. Não é porque o ego - um ego de 30 anos - é gigante. Mas por mais que se repele, por mais que invoque ganas, e por mais que a atitude dos jogadores fosse, até, digna e competitiva, as ideias de Lopetegui são inferiores. E Jesus até na leitura do jogo conseguiu ser, de novo, superior.
O jogo decidiu-se no tal detalhe da bola parada - como lembrou JJ - e até aí poderia pender para qualquer lado. Isto não fossem as diferenças gritantes nas opções que os jogadores, de uma e outra equipa, tomam com bola. O Sporting, entre-linhas, como caruncho na já podre madeira portista, avançou para uma 2.ª parte de conforto assente na inoperância da organização ofensiva portista. De lá saíram duas bolas ao poste e um golo gerados por um jogo-interior que sabe que a baliza fica no corredor central. E enquanto os portistas davam mais um toque para o lado, e enquanto os seus laterais e extremos ficavam sujeitos a uma primeira marcação e a uma seguinte dobra, Aboubakar primeiro, e André Silva depois, eram duas ilhas orfãs de extremos mentirosos - daqueles que realmente castigam, como o enorme Ruiz (hoje, o melhor do campeonato por força do modelo). Sim, o Sporting pode não ter feito o melhor negócio das operadoras (nenhum é bom) mas fez o melhor negócio quando investiu milhões no treinador. No FC Porto e, já agora, no Benfica, é tempo dos senhores 20/15/10 milhões serem um mister. Convém é perceber um pouco de futebol quando se contratarem. Mas isso, como já estamos fartos de saber, são outras contas - daquelas que não fazem capas.
P.S. Isto tudo sem falar em duplos-pivots.
11 comentários:
Fantástico post.
veremos o que vai acontecer mas sem dúvida que a liderança é merecida mas continuo a achar que colectivamente somos os melhores mas individualmente Porto e Benfica são mais fortes e isso pode fazer a diferença.
Excelente, o post e o Sporting!
Ace, são mais fortes em teoria. A prática viu-se ontem. O modelo potencia os jogadores. Por isso não me parece que o potencial dos jogadores vá pesar mais do que o que os potencia. Se mantiverem o foco e a qualidade nos processos perderão menos pontos do que SLB e FCP - que têm gritantes falhas de ideia.
Obrigado e parabéns aos dois (Peyroteo e Ace)
Mas sem o Tonel e o penalty sacado pelo Teo ao Estoril em fora de jogo como seria agora a classificação?
Vamos ver quem tem coragem de responder especificamente e sem desviar o assunto...
Talvez marco mas a verdade é que o SCP apesar de ter muita organização tem demonstrado imensas dificuldades para vencer jogos que em teoria seriam fáceis isso na minha opinião deve—se a falta de criatividade dos jogadores do ataque. Penso que JJ agora com Bruno César e sem teo irá tentar jogar mais com Ruiz nas costas de Slimani, veremos como resulta.
Porto e Benfica tem frentes de ataque fantásticas mas além da falta de ideia de jogo (o Porto até se nota alguma matriz no benfica é que não se vê nada) acho que falta alguma qualidade no meio campo.
Quando André André e Renato Sanches são os melhores alguma coisa não está bem.
Ace, peço desculpa mas individualmente o Benfica está muito longe de ser melhor que o Sporting. Pelo contrário. Mesmo o Porto, olha bem para o onze que apresentou ontem, principalmente na defesa e meio campo. Os jogadores são assim tão bons? É certo que Jesus é o melhor treinador mas os jogadores também ajudam. O Sporting não precisa de ter orçamentos tão altos como os rivais para lutar pelo título porque produz jogadores que os outros só podem comprar, e por muito dinheiro. Mas obviamente que tinha que fazer um esforço para a diferença orçamental não ser tão grande. Foi feito esse esforço e em campo somos superiores aos rivais.
Inclino-me mais para o lado do Pyeroteo. Talvez porque cada vez que o Porto ataca imagino outras soluções. Não outros jogadores, mas outros posicionamentos. Já o meio-campo, quer do Benfica, quer do Porto, parecem-me inferiores ao do Sporting. Mas isso pode ser, também, pelos posicionamentos adoptados. Na teoria, o Sporting joga com dois. Mas vai-se ver a aparecem lá quatro, cinco, e às vezes mais.
André entrou claramente inferiorizado e sem ritmo. Facto que em duas vezes podia ter custado golos sofridos.
Na defesa nota-se que o saber, e insistir em, fechar o meio dá pontos em Portugal. Isto porque as equipas têm uma queda por ir à linha e cruzar. É a 'solução' preferida - e as aspas em solução têm mesmo razão de ser. Na Madeira o Sporting nunca pensou perder o jogo e destapou o sítio onde um cruzamento lhe custou a derrota.
O Porto procura de quando em vez o jogo-interior. Criou, assim, oportunidades para fazer dois golos. Patrício foi enorme - falha no texto não o ter referido - mas impunham-se melhores recepções e finalizações de Aboubakar (Corona também podia ter feito melhor, numa ocasião). Ora, aqui, tenho de apostar na intuição e na crença pois não sei o que causa isso. O que sei é que outros Portos não desperdiçariam essas chances. E essa eficácia permitiu a outros Portos não saírem derrotados da Luz e de Alvalade. Este não tem confiança em si próprio, é notório.
O Benfica é muito rígido. Defende melhor que o Porto quando aposta em fechar, ainda assim, mas é extremamente previsível a atacar. Lutam os dois pelo segundo lugar, o que não é por acaso.
Percebo o que dizem mas o SCP ataque com Ruiz, João mario nas alas e teo e Slimani na frente, todos percebem o que tem de fazer mas quando há pouco espaço falta capacidade para criar nos rivais vemos jonas, gaitan e mitro e no Porto então nem se fala...
Parece claro que neste sector ficamos a perder e na minha opinião são os ataques que vencem campeonatos que o SCP é a melhor equipa dos 3 já deu para ver isso no confronto direto mas quando perdes 5 pontos para União e Boavista fica difícil, aliás o que nos está a dar a liderança é mesmo os confrontos diretos porque no resto não temos feito melhor que os rivais.
Dá mais uns jogos a titular ao Matheus e mudas a conversa :)
Lol já pareces os "outros"... :)
Sou fã do puto e já a algum tempo que defendo mais oportunidades mas tem de crescer muito para estar ao nível do que os rivais tem nos extremos.
Mas sem o Tonel e o penalty sacado pelo Teo ao Estoril em fora de jogo como seria agora a classificação?
Vamos ver quem tem coragem de responder especificamente e sem desviar o assunto...
Depende do que queres dizer. Sem o penalti do Tonel e o penalti do Teo, partido do pressuposto que o arbitro tinha assinalado a mão do Mano, o SCP teria menos 2 pontos.
No entanto como seria a classificação com os penaltis do Estoril, Paços na Luz ou do Vitória em Guimarães?
Como seria a classificação com os penaltis da Choupana ou a falta assinalado contra o Paços?
Quem tem coragem de responder especificamente
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