domingo, março 6

Ao quarto és tu que R(u)iz (e agora está por um TRIz)

Se três em três já era praticamente impossível, quatro em quatro seria um registo impensável para confrontos entre os grandes do futebol nacional. Mais a mais quando o Benfica - que já havia perdido três dérbis e dois clássicos - arranjou (uma excelente) forma de contornar a já célebre perda do domínio de jogo. Em todas as partidas, repito, em todas as partidas o bicampeão cede uma enorme fatia de protagonismo ao adversário, mas em todas as partidas da notável recuperação operada, também, as águias conseguem sempre marcar. E a melhor ferramenta para dominar jogos é essa. Por mais que a posse-de-bola do Sporting tenha sido superior, por mais que os seus movimentos colectivos fossem de qualidade superior, o futebol é decidido pelos golos. E no que toca a esse capítulo - por mais desfasadas que sejam as suas linhas, por mais afastados que estejam os seus jogadores - o Benfica é a melhor equipa do campeonato.

E em Alvalade provou-o de novo. Que importa discutir oportunidades de golo quando o medo de ganhar é tão forte que impede o melhor jogador da equipa (e talvez da Liga) de marcar dois golos feitos? Sim, o erro dos leões foi (também) esse. Mas o de menosprezar as boas entradas do campeão, não arranjando maneira de travar aquilo que parece inevitável nos primeiros 20/25 minutos de qualquer jogo do Benfica, também terá de ser enaltecido. E enquanto as pilhas do Benfica duraram - as mesmas que criam e marcam rapidamente em todos os jogos da tal recuperação - Jonas foi importantíssimo. E a pressão, e o número de jogadores nas imediações da área de Rui Patrício também. Aí, na fase hoje reconhecidamente como a mais importante do jogo, o Sporting não conseguiu remeter o Benfica ao seu meio-campo. E não o fazendo, sofreu o golo da praxe. Essa eficácia pode muito bem fazer da equipa de Rui Vitória um justo campeão. Isto porque os outros - por mais basculações, diagonais e controles da profundidade - não têm uma nesga de oportunismo comparados com o Benfica.

O Benfica é, assim, um justo vencedor, de um jogo em que o Sporting acusou a pressão por si criada. Do sofrimento nas palavras de Jesus, ao querer ganhar dê por onde der, os leões aprenderam a lição de que para se ganhar o melhor mesmo é olhar para dentro. Não chega acercarmo-nos e dar sensação de superioridade, porque essa, se fosse transportada de uma ideia de potencial para a realidade, não deixaria William ser tão passivo no lance que deu o golo de Mitroglou. Tal como não deixaria que Ruiz perdesse tempo de remate, na primeira situação, e que abordasse o segundo lance com o pior pé - ainda que o seu mais forte - fazendo a bola desenhar uma trajectória a la Aboubakar. 

O Sporting teve assim tudo para empatar e para, depois de consumado esse empate, virar o jogo. E nem precisaríamos de notar as ausências de Matheus ou de Mané (Ai Iuri, Iuri!) nas ideias do técnico para ganhar o dérbi. Foram a jogo Teo, Schelotto e Gelson, ficando bem a nu que o Sporting precisa de mais qualidade para se superiorizar definitivamente ao eterno rival. Deixar sair Montero, numa fase crucial, foi um erro já há muito notado. Habituado, o Jonas dos leões poderia dar - numa importante zona do terreno - aquilo que falta há muitas jornadas ao Sporting: criatividade e decisões fora-da-caixa. Mas el avioncito nunca foi opção para Jesus, que sem Carrillo ficou ainda mais preso à mediocridade. E isso, num confronto directo, haveria algum dia de se notar. Demasiada pressão, demasiado auto-sofrimento, demasiada intranquilidade na hora de acertar com a baliza. Já o Benfica, contra tudo e contra todos, não teve nada disso. É uma cena mitra, sabemos. Mas é a (glou, glou) realidade.

12 comentários:

Luciano Silva disse...

Lol.

Roubaram a palavra passe do blog e vomitram aqui um post.

Mas está engrassade :)

Luciano Silva disse...

Lol.

Roubaram a palavra passe do blog e vomitram aqui um post.

Mas está engrassade :)

Ace-XXI disse...

Isto hoje está difícil de digerir, é melhor deixar passar a azia para comentar o jogo com mais objectividade.

Parabéns aos Benfiquistas do blog.

Peyroteo disse...

De facto, não é fácil falar sobre este jogo.
O Benfica entrou melhor no jogo. Até marcar esteve mais forte nos duelos, não em termos técnicos mas em termos de intensidade.
Apartir do golo e até ao final da primeira parte o Sporting começou a pegar na bola mas sem grande acerto ou objectividade.
A segunda parte foi completamente diferente. O Sporting já demonstrou a sua qualidade na posse da bola e de movimentação. Aí foi um jogo de sentido único. Infelizmente, falhanços como o do Ruiz, que acontecem muito raramente, tinha de surgir num jogo desta importância.
Se é justo ou não, isso pouco importa agora.
Chamem-lhe azia ou o que for, achei a atitude da equipa do Benfica, na segunda parte, lamentável. Seja simulações de lesões, seja mudança de jogadores para lançamentos e faltas, seja fingir que não vê o seu número na placa de substituição correndo em sentido contrário, seja elementos do banco atirar a bola para dentro do campo quando o Sporting estava a marcar lançamentos. Penso que ninguém gosta de ver estas situações.

LDP disse...

E bola...zero.

Pedro disse...

Vitória justa da melhor equipa em campo.
Mais acerto no último passe e o sofrimento pela magra vantagem não existia.
Jogo a jogo. Final a final. Humildes, dignos, sem polémicas, nem insultos. Apenas e só SL Benfica.
Orgulho.

Ace-XXI disse...

Sem polémicas porque venceram tivesse o jogo sido ao contrário lá estavam a falar de cebolada, dos penaltys das agressões e por aí adiante.

LDP disse...

E bola...zero.

Peyroteo disse...

A humildade do costume :)

Peyroteo disse...

Pedro, hás-de dizer que lances tiveste sequer hipótese de fazer o último passe... A melhor equipa em campo...

Pedro disse...

Assim de repente, sem pensar muito, um 3x2 em que o Renato erra no passe (e só ele tem pelo menos mais duas situações) e outra do Sálvio.
Mas não vou discutir. Sei que para vocês o sporting até ao super barça do Guardiola ganhava tranquilamente.

Ace, não vi lances para penalty. Quando falo em dignidade, polémicas e insultos estou a falar do pré jogo e na flash e facebooks. Acho que é notória a abissal diferença de comportamento entre os responsáveis de cada clube.

Mas gostei de terem pintado uma das paredes dos corredores a dizer que saúdam o campeão. Menos mal.

Peyroteo disse...

O Benfica teve algumas saídas para o ataque na segunda parte mas basicamente jogadores em lances individuais que depois eram facilmente desarmados. Penso que aconteceu uma com o Jimenez em que o William resolveu, uma do Sanches que novamente o William resolveu, e outra do Salvio, aí foi o Coates. Mas foram todos lances em que não havia qualquer acompanhamento de colegas...