Se três em três já era praticamente impossível, quatro em quatro seria um registo impensável para confrontos entre os grandes do futebol nacional. Mais a mais quando o Benfica - que já havia perdido três dérbis e dois clássicos - arranjou (uma excelente) forma de contornar a já célebre perda do domínio de jogo. Em todas as partidas, repito, em todas as partidas o bicampeão cede uma enorme fatia de protagonismo ao adversário, mas em todas as partidas da notável recuperação operada, também, as águias conseguem sempre marcar. E a melhor ferramenta para dominar jogos é essa. Por mais que a posse-de-bola do Sporting tenha sido superior, por mais que os seus movimentos colectivos fossem de qualidade superior, o futebol é decidido pelos golos. E no que toca a esse capítulo - por mais desfasadas que sejam as suas linhas, por mais afastados que estejam os seus jogadores - o Benfica é a melhor equipa do campeonato.
E em Alvalade provou-o de novo. Que importa discutir oportunidades de golo quando o medo de ganhar é tão forte que impede o melhor jogador da equipa (e talvez da Liga) de marcar dois golos feitos? Sim, o erro dos leões foi (também) esse. Mas o de menosprezar as boas entradas do campeão, não arranjando maneira de travar aquilo que parece inevitável nos primeiros 20/25 minutos de qualquer jogo do Benfica, também terá de ser enaltecido. E enquanto as pilhas do Benfica duraram - as mesmas que criam e marcam rapidamente em todos os jogos da tal recuperação - Jonas foi importantíssimo. E a pressão, e o número de jogadores nas imediações da área de Rui Patrício também. Aí, na fase hoje reconhecidamente como a mais importante do jogo, o Sporting não conseguiu remeter o Benfica ao seu meio-campo. E não o fazendo, sofreu o golo da praxe. Essa eficácia pode muito bem fazer da equipa de Rui Vitória um justo campeão. Isto porque os outros - por mais basculações, diagonais e controles da profundidade - não têm uma nesga de oportunismo comparados com o Benfica.
O Benfica é, assim, um justo vencedor, de um jogo em que o Sporting acusou a pressão por si criada. Do sofrimento nas palavras de Jesus, ao querer ganhar já dê por onde der, os leões aprenderam a lição de que para se ganhar o melhor mesmo é olhar para dentro. Não chega acercarmo-nos e dar sensação de superioridade, porque essa, se fosse transportada de uma ideia de potencial para a realidade, não deixaria William ser tão passivo no lance que deu o golo de Mitroglou. Tal como não deixaria que Ruiz perdesse tempo de remate, na primeira situação, e que abordasse o segundo lance com o pior pé - ainda que o seu mais forte - fazendo a bola desenhar uma trajectória a la Aboubakar.
O Sporting teve assim tudo para empatar e para, depois de consumado esse empate, virar o jogo. E nem precisaríamos de notar as ausências de Matheus ou de Mané (Ai Iuri, Iuri!) nas ideias do técnico para ganhar o dérbi. Foram a jogo Teo, Schelotto e Gelson, ficando bem a nu que o Sporting precisa de mais qualidade para se superiorizar definitivamente ao eterno rival. Deixar sair Montero, numa fase crucial, foi um erro já há muito notado. Habituado, o Jonas dos leões poderia dar - numa importante zona do terreno - aquilo que falta há muitas jornadas ao Sporting: criatividade e decisões fora-da-caixa. Mas el avioncito nunca foi opção para Jesus, que sem Carrillo ficou ainda mais preso à mediocridade. E isso, num confronto directo, haveria algum dia de se notar. Demasiada pressão, demasiado auto-sofrimento, demasiada intranquilidade na hora de acertar com a baliza. Já o Benfica, contra tudo e contra todos, não teve nada disso. É uma cena mitra, sabemos. Mas é a (glou, glou) realidade.
12 comentários:
Lol.
Roubaram a palavra passe do blog e vomitram aqui um post.
Mas está engrassade :)
Lol.
Roubaram a palavra passe do blog e vomitram aqui um post.
Mas está engrassade :)
Isto hoje está difícil de digerir, é melhor deixar passar a azia para comentar o jogo com mais objectividade.
Parabéns aos Benfiquistas do blog.
De facto, não é fácil falar sobre este jogo.
O Benfica entrou melhor no jogo. Até marcar esteve mais forte nos duelos, não em termos técnicos mas em termos de intensidade.
Apartir do golo e até ao final da primeira parte o Sporting começou a pegar na bola mas sem grande acerto ou objectividade.
A segunda parte foi completamente diferente. O Sporting já demonstrou a sua qualidade na posse da bola e de movimentação. Aí foi um jogo de sentido único. Infelizmente, falhanços como o do Ruiz, que acontecem muito raramente, tinha de surgir num jogo desta importância.
Se é justo ou não, isso pouco importa agora.
Chamem-lhe azia ou o que for, achei a atitude da equipa do Benfica, na segunda parte, lamentável. Seja simulações de lesões, seja mudança de jogadores para lançamentos e faltas, seja fingir que não vê o seu número na placa de substituição correndo em sentido contrário, seja elementos do banco atirar a bola para dentro do campo quando o Sporting estava a marcar lançamentos. Penso que ninguém gosta de ver estas situações.
E bola...zero.
Vitória justa da melhor equipa em campo.
Mais acerto no último passe e o sofrimento pela magra vantagem não existia.
Jogo a jogo. Final a final. Humildes, dignos, sem polémicas, nem insultos. Apenas e só SL Benfica.
Orgulho.
Sem polémicas porque venceram tivesse o jogo sido ao contrário lá estavam a falar de cebolada, dos penaltys das agressões e por aí adiante.
E bola...zero.
A humildade do costume :)
Pedro, hás-de dizer que lances tiveste sequer hipótese de fazer o último passe... A melhor equipa em campo...
Assim de repente, sem pensar muito, um 3x2 em que o Renato erra no passe (e só ele tem pelo menos mais duas situações) e outra do Sálvio.
Mas não vou discutir. Sei que para vocês o sporting até ao super barça do Guardiola ganhava tranquilamente.
Ace, não vi lances para penalty. Quando falo em dignidade, polémicas e insultos estou a falar do pré jogo e na flash e facebooks. Acho que é notória a abissal diferença de comportamento entre os responsáveis de cada clube.
Mas gostei de terem pintado uma das paredes dos corredores a dizer que saúdam o campeão. Menos mal.
O Benfica teve algumas saídas para o ataque na segunda parte mas basicamente jogadores em lances individuais que depois eram facilmente desarmados. Penso que aconteceu uma com o Jimenez em que o William resolveu, uma do Sanches que novamente o William resolveu, e outra do Salvio, aí foi o Coates. Mas foram todos lances em que não havia qualquer acompanhamento de colegas...
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