1 - Já muito se tinha criticado Lopetegui e a equipa nunca tinha
batido bem no fundo exibicionalmente. Agora imaginem o que será depois
de dois jogos em que qualquer ilusión que possa haver se desvanece
totalmente. Sempre disse que foram certos apontamentos, da passada
época, a assegurar a continuidade do basco. Jogos em que o FC Porto foi
de facto arrasador, os quais criados e impulsionados por uma força
impressionante no duelo individual defensivo. O FC Porto agigantou-se em
Basel e destruiu a equipa de Paulo Sousa no Dragão. Apanhou o verdinho
Sporting de Marco Silva e depois de meia-parte às turras pelo controle
do jogo vingou-se da Taça esfaqueando-o com profundidade. Até o Bayern
caiu no seu covil, depois de uma 1.ª parte onde saltam à vista os dois
primeiros golos. Mas foi na 2.ª que os dragões se sobrepuseram e
obrigaram Pep a reconhecer que o seu meio-campo não chegava. Até Boateng
teve de subir para trinco...
Viveu de ilusión, podemos dizer,
até porque nada disso valeria título algum. Para os ganhar, Lopetegui
teria de criar uma nova equipa, com valores bem mais completos que
aquela que, lembre-se, não foi capaz de ganhar ao maior rival da
pretérita temporada, nem ao Marítimo e Nacional na ilha, nem ao
Belenenses no Restelo, nem ao Boavista em casa... Demasiados desaires
para quem pensa que sabe tudo e que a Nação não sabe nada. Esquece-se
Lopetegui, tal qual se esqueceu Fonseca, que os portistas - como escreve
hoje MST n'A Bola - sabem reconhecer os sinais de sucesso. E de
Lopetegui desconfiam desde aquele primeiro jogo de apresentação contra o
Saint-Étienne: "Se calhar o treinador precisa de uma torre maior".
Precisará certamente de uma torre bem imponente para perceber que o seu
'miolo' perdeu a criatividade de Óliver e a segurança de Casemiro.
Talvez por isso o 'duplo-pivot' que pretende incluir (à força) continue
com os mesmos defeitos: não ataca com qualidade e não defende, sequer, o
espaço à frente dos centrais. Danilo não sabe sequer o que é isso e
Rúben continua pouco imperial a varrer aquela zona. Não porque seja
fraco fisicamente, não porque seja um jogador com muito mais vocação
ofensiva, mas porque o técnico nada pretende daquela zona. Bem
posicionado, Neves chegava e sobrava para chegar primeiro às bolas. Mas
de perfil com alguém e sem ninguém oferecer coberturas, o FC Porto é
presa fácil para jogos onde controla com a bola de um lado ao outro, mas
não cria, nem marca o suficiente para gerir e compensar uma organização
defensiva que se exibe a anos-luz do ideal. E será difícil o FC Porto
mudar, porque Lopetegui demonstra a cada flash pensar saber tudo sobre
o jogo. Para ele o Porto domina e cria sempre imensas oportunidades.
Empata ou perde por azar ou por erros dos árbitros. Vá-se lá saber
porque a Invicta não o grama. Talvez os portistas não gostem de comer
gelados com a testa. Talvez.
2- Não vai ser preciso esperar
muito para as contas ficarem ao contrário. Com o Sporting em 1.º lugar e
com penáltis a favor no último minuto, a maioria encontra(rá) outro
bode expiatório. Agora é o Sporting que controla a Liga, os árbitros e
os adversários (o que se vai falar de Tonel equivalerá ao caso
Deyverson?). As parvoíces do costume impedem a maioria de perceber que os leões encaram os jogos como tem de encarar. Todos da mesma maneira,
ou seja todos com períodos de muita pressão à beira da grande-área e
baliza adversária. Sem recorrer a cruzamentos a cada ataque, os Sporting
vai construindo várias formas de chegar à baliza. E mais, mudam por
necessidade e não porque sim. Parece simples, mas são coisas destas que
fazem os campeões. E Jesus sabe-o. O resto da estrutura confia nele e
sabe quem manda no campo. Basta ler a última entrevista de BdC para se
perceber isso e para se perceber quem é o maior candidato ao título.
3- Seguindo o Sporting-Belenenses lembrei-me, inevitavelmente, do
Benfica-Belenenses. Era impossível não lembrar aquele jogo em que na Luz
elas entraram todas. E se Júlio César se lembrasse de alvejar a baliza
dos de Belém, aposto que ao final se leria 7-0 no marcador. Uma grande
vitória, bem atípica, mas que não augurou nada de bom para as águias.
Poucos minutos depois, já no Braga-Benfica, os encarnados marcam dois
golos em três lances de ataque, obrigando o tão elogiado Braga a
encontrar soluções que não envolvessem a sua já conhecida boa
organização defensiva. E aí, Paulo, aí é que são elas! De duplo-pivot em
riste (Paulo nunca o larga) o Braga partiu para cima. Contudo, daquela
forma, as jogadas foram obrigatoriamente desviadas para a ala (e a boa
exibição de Renato Sanches não explica tudo), ao mesmo tempo que as
recuperações altas seriam uma miragem. O Benfica fechou e chamou ao jogo
os seus dois melhores momentos. Fechar e soltar deu uma boa
primeira-parte no Dragão e uma vitória no Calderón. No AXA, já nem era
preciso arriscar tanto e por isso o bloco baixou até ficar confortável.
Tanto que permitiu alguns apontamentos bastante perigosos e que poderiam
relançar o jogo. Porém, o Benfica foi bem mais incisivo na finalização.
Do lado bracarense a falta de convicção para fazer as bolas baterem no
cordame foi gritante. Essa e também a falta de coragem de Fonseca que
sabendo que tinha o jogo perdido nunca povoou o 'miolo'. Não se lembrou,
portanto, das poucas alegrias que teve no Dragão, quando desenhava, já
em sacrifício, um 3x3x4, que ainda lhe permitiu uns balões de oxigénio.
Ontem preferiu salvaguardar-se numa estatística que indicou um Braga
superior... mas derrotado. Num grande teria obrigatoriamente de usar o
último recurso. Lutando pela Europa resta-lhe a consolação de ter
dominado o bicampeão nacional, enviando três bolas ao ferro - ainda que
tenha visto Gaitán meter também o seu travessão a abanar, e Pizzi
arrancar um penálti que não seria assinalado.
P.S. Se notarem
alguma aversão a 'duplos-pivots' é porque ela, de alguma forma, existe.
Não existe naqueles que ocupam bem os espaços e que se desfazem quando
têm de o fazer. Mas Porto e Braga sofrem a bom sofrer com uma opção que
mete menos um a atacar e menos um a defender. Um duplo-pivot, de perfil,
sem cobertura, não permitiria, por exemplo, aquilo que Moutinho fez no
Dragão ou aquilo que Enzo fez na Luz. Talvez por isso, quando leio que
Fonseca assenta as suas ideias num 4x4x2 igual ao de Jesus, fico com
vontade de perguntar de quantos duplos-pivots campeões nacionais, nos
últimos 15 anos, se lembram?
15 comentários:
Epa, vocês têm que coordenar melhor os posts para não estarem a lançar uns em cima dos outros.
Culpa minha! Talvez por achar que quantos mais posts melhor e por não me importar de que na próxima vez que abrir o blog estar outro post à frente deste. Daqui por 5 minutos, por exemplo, já não tinha mais tempo hoje de vir aqui lançar este. Acho que o pessoal não se importa. É só fazer scroll =) Abraço, Mike.
Também não vejo inconveniente na sobreposição de posts.
Bom post, Marco.
Abraço, Luís! =)
Acho que agora preciso de publicar um post para estar de acordo com a tabela classificativa :) Sporting, Porto, Benfica...
Marco o meu muito obrigado por mais um grande post (em qualidade).
Posso dizer que aprendo mais contigo com os teus posts do que com as imensas horas por vezes perdidas num qq programa desportivo onde se assiste a tudo menos o que realmente interessa e faz deste desporto o maior entre os demais!
SL,
hahah! Força, Peyroteo! =)
Sérgio, muito obrigado. Abraço!
Excelente post.
Sobre a sobreposição de post's, nada contra. Não vejo inconvenientes.
Sobre o post, como sempre, muito bom.
Sobre o peyroteo: registo a "fuga" para não falar da megafantabulástica vitória do Sporting... e do Tonel :)
Não fui muito especifico, de facto. A questão da sobreposição de posts é porque é mau a nível de internet e conteúdos, estar a colocar informação "nova" quando a anterior ainda não teve tempo de maturar. Ainda estamos a comentar o post anterior e já há um novo. E até há casos em que não há tempo de comentar o post pois aparece logo outro. É má politica, apenas isso. Vocês fazem o que quiserem, mas o conselho está dado.
Mike, o teu conselho é válido mas, neste contexto, não tem esse impacto que referes.
Quem visita um blogue diariamente conhece os posts publicados. Logo, se tivermos um, ou dois, novos, os visitantes vão dar por isso.
Quantas vezes o post anterior teve mais interacção do que o posterior? Tem a ver com o conteúdo e com o interesse dos visitantes. Não tem a ver com a frequência ou com a ordem dos posts.
abraço
O que tem o Tonel?
Foi um vitória fantástica do Sporting sim. Acreditou até ao fim e ganhou na KOMPENSA(N)ção.
Peyroteo,
O jogo não estava a correr bem ao SCP, mas no último minuto viu uma luz ao fundo do TONEL.
looool
Quando não há como colocar em causa a marcação do penalty, tem que se pegar noutra coisa qualquer. Desde que o Tonel saiu do Sporting, já jogou noutros 3 clubes antes do Belenenses. O Sporting já teve 3 lances idênticos esta época e este é o primeiro a ser assinalado. Os outros foram com o Nacional e com o Boavista.
Um penalty nos descontos é sempre complicado de digerir. Já com o Tondela foi o mesmo. A falta também foi indiscutível. E quem a cometeu? Murillo, um jogador emprestado pelo Benfica. Esse nunca lá vai jogar :)
É engraçado porque muitos sportinguistas este ano estão a sofrer exactamente o que os benfiquistas sofreram o ano passado.
É penáltis a favor, expulsões dos adversários. Até lances bem ajuizados que se tentam negar por outros motivos que não os óbvios (este lance do Tonel em comparação com o do Rio Ave em que não se discutia o acerto da decisão do fiscal, mas sim o seu mau posicionamento).
Acho que dá para perceber a figura triste que muita gente andou a fazer.
Não tenho visto grande coisa do Sporting. Tem uma vantagem clara contra o Benfica (Jesus conhece o adversário melhor do que a sua própria equipa, quase) e de resto tem tido alguma dificuldade contra equipas medíocres.
Mas são, por motivos já falados (ler o post do Marco, por exemplo), o principal candidato ao título.
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