quinta-feira, dezembro 3

Lost: Series Finale

Enquanto a Liga não luta pela centralização dos direitos de transmissão, os adeptos do FC Porto vão lutando, e esperneando, pela centralização no modelo-de-jogo de Lopetegui. E que importante é ela, quando percebemos que a 1.ª vitória do Lopi-Team na Madeira foi desbloqueada pela chegada à área de um médio. Sim, Herrera pode tornar inenarráveis a maior parte das suas decisões mas tem algo que lhe conferiu algum destaque a época passada, e algo que muitos dos seus concorrentes no 'miolo' portista não têm: chegada à área. Lá o mexicano pode precisar de imensos remates para fazer um golo, mas quando a solução mais óbvia passa pelo cruzamento é bem importante que algum dos centro-campistas se digne a tornar mais difícil a missão dos defensores. Para além do mais, Herrera, um patinho-feio lembre-se, desfaz aquele horrível duplo-pivot que Lopetegui guardou para o seu FC Porto 2.0. Quem diria que Hector, esse mesmo, faria valer, no meio da sua timidez irracional, um Dragão de Ouro?

E enquanto deglutimos 400 milhões faseados por 10 anos - sempre ajuda à digestão - percebemos que equipas como o União da Madeira - mais preocupado em não sofrer que em marcar - não podem tornar atractivo o futebol português para o consumidor estrangeiro. Valerá a pena falar de centralização quando o futebol praticado pela maior parte das equipas, nos jogos contra os grandes, é tão pobre? Quem agradece é o FC Porto - e os outros dois colossos - que não têm granjeio algum em 'privatizar' essas STCP's e Carris do nosso futebol. Aconteceu na Madeira, depois do tal golo de Herrera, do excelente remate de Brahimi, do chouriço de Corona, e da cabeçada de Danilo. Um 0-4 tão ansiado noutras vezes, as mesmas que por duas épocas e seis episódios atazanaram os portistas na Ilha.

Isto porque a finalização devolveu, finalmente, karma positivo aos azuis-e-brancos, com três golos na primeira metade - suficientes para congelar qualquer tipo de reacção adversária, ao contrário do que tem sucedido com Marítimo e Nacional. Mascaradas na goleada e no final de série ficarão para a recepção ao Paços e para a visita a Stamford Bridge a mesma questões de sempre: até onde poderá chegar um futebol com um mínimo de corredor central e um controle do jogo feito na sua grande maioria por fora das zonas de perigo? A resposta será certamente tão animadora como aquela que se prevê para um futebol português que não aposta na sua essência (bom toque de bola, protagonismo no jogo) para dar lugar às invenções das suas velhas raposas matreiras. Tão matreiras... quanto amedrontadas pelo próprio jogo que lhes dá de comer. O que fariam com os milhões da Premier? O mesmo que Benítez no Real?

6 comentários:

J. disse...

Não sei se será pelas equipas fracas, ou pela qualidade do futebol que não existe uma maior interesse pela industria do futebol em Portugal.
O Porto até ganhou facilmente este jogo, mas há 3 dias atrás quase que ia empatando contra o ultimo, num estádio neutro.
Até acho, que dada a nossa dimensão, temos uma liga em Portugal acima do que seria expectável.
Agora não digo que não se podia melhorar muita coisa.
Mas, á semelhança de outras realidades no nosso país (alguém viu o debate ontem no Parlamento?), o nosso futebol acaba por ser um conjunto de clubes que defendem os seus proprios interesses, acabando-se muitas vezes por entrar neste ambiente de guerrilha que temos instalado aqui em Portugal.

As receitas de televisão vai ser só uma guerra mais...

Marco Morais disse...

Não concordo, J. Não concordo porque não vou pela imprevisibilidade mas sim pela qualidade. Que me interessa se o 2.º ia empatando em casa do último, ou se o 1.º foi até ao último minuto o 13.º? Viste essas duas equipas jogar? A atacar não fazem três passes seguidos! isso vende? Eu não comprava.

Marco Morais disse...

"foi até ao último minuto sem marcar ao 13.º"*

Ace-XXI disse...

Os 3 grandes não sofreram golos nos últimos 3 jogos, se retirarmos o braga e o estoril que jogam futebol positivo a maior parte das equipas nem 1 remate a baliza dos grandes fazem.

Isto vende nalgum lado?! O nosso campeonato é uma autêntica banalidade.

Hugo disse...

É curioso que o principal argumento para o sucesso da Premier League é mesmo o da imprevisibilidade. Até porque os Sunderlands e os Aston Villas não primam pela qualidade

J. disse...

Hugo, é um futebol tosco, mas voluntarioso. O que faz com que muitas vezes nem haja espaço para mostrar grandes ideias. Ali qualquer canto é celebrado como fosse um golo quase. É um espécie de conquista territorial sobre o adversário.
Talvez seja cultural, não sei.
Em Portugal, discute-se cada posse de bola, como se fosse um lance para lesão, cartão amarelo e assim se possa discutir com o árbitro, para no final dizer que isto é tudo uma merd***
lol