Enquanto a Liga não luta pela centralização dos direitos de transmissão,
os adeptos do FC Porto vão lutando, e esperneando, pela centralização
no modelo-de-jogo de Lopetegui. E que importante é ela, quando
percebemos que a 1.ª vitória do Lopi-Team na Madeira foi desbloqueada
pela chegada à área de um médio. Sim, Herrera pode tornar inenarráveis a
maior parte das suas decisões mas tem algo que lhe conferiu algum
destaque a época passada, e algo que muitos dos
seus concorrentes no 'miolo' portista não têm: chegada à área. Lá o
mexicano pode precisar de imensos remates para fazer um golo, mas quando
a solução mais óbvia passa pelo cruzamento é bem importante que algum
dos centro-campistas se digne a tornar mais difícil a missão dos
defensores. Para além do mais, Herrera, um patinho-feio lembre-se,
desfaz aquele horrível duplo-pivot que Lopetegui guardou para o seu FC
Porto 2.0. Quem diria que Hector, esse mesmo, faria valer, no meio
da sua timidez irracional, um Dragão de Ouro?
E enquanto deglutimos 400 milhões faseados por 10 anos - sempre ajuda à
digestão - percebemos que equipas como o União da Madeira - mais
preocupado em não sofrer que em marcar - não podem tornar atractivo o
futebol português para o consumidor estrangeiro. Valerá a pena falar de
centralização quando o futebol praticado pela maior parte das equipas,
nos jogos contra os grandes, é tão pobre? Quem agradece é o FC Porto - e
os outros dois colossos - que não têm granjeio algum em 'privatizar'
essas STCP's e Carris do nosso futebol. Aconteceu na Madeira, depois do
tal golo de Herrera, do excelente remate de Brahimi, do chouriço de
Corona, e da cabeçada de Danilo. Um 0-4 tão ansiado noutras vezes, as
mesmas que por duas épocas e seis episódios atazanaram os portistas na
Ilha.
Isto porque a finalização devolveu, finalmente, karma positivo aos
azuis-e-brancos, com três golos na primeira metade - suficientes para
congelar qualquer tipo de reacção adversária, ao contrário do que
tem sucedido com Marítimo e Nacional. Mascaradas na goleada e no final de
série ficarão para a recepção ao Paços e para a visita a Stamford Bridge
a mesma questões de sempre: até onde poderá chegar um futebol com um
mínimo de corredor central e um controle do jogo feito na sua grande
maioria por fora das zonas de perigo? A resposta será certamente tão
animadora como aquela que se prevê para um futebol português que não
aposta na sua essência (bom toque de bola, protagonismo no jogo) para
dar lugar às invenções das suas velhas raposas matreiras. Tão
matreiras... quanto amedrontadas pelo próprio jogo que lhes dá de comer.
O que fariam com os milhões da Premier? O mesmo que Benítez no Real?
6 comentários:
Não sei se será pelas equipas fracas, ou pela qualidade do futebol que não existe uma maior interesse pela industria do futebol em Portugal.
O Porto até ganhou facilmente este jogo, mas há 3 dias atrás quase que ia empatando contra o ultimo, num estádio neutro.
Até acho, que dada a nossa dimensão, temos uma liga em Portugal acima do que seria expectável.
Agora não digo que não se podia melhorar muita coisa.
Mas, á semelhança de outras realidades no nosso país (alguém viu o debate ontem no Parlamento?), o nosso futebol acaba por ser um conjunto de clubes que defendem os seus proprios interesses, acabando-se muitas vezes por entrar neste ambiente de guerrilha que temos instalado aqui em Portugal.
As receitas de televisão vai ser só uma guerra mais...
Não concordo, J. Não concordo porque não vou pela imprevisibilidade mas sim pela qualidade. Que me interessa se o 2.º ia empatando em casa do último, ou se o 1.º foi até ao último minuto o 13.º? Viste essas duas equipas jogar? A atacar não fazem três passes seguidos! isso vende? Eu não comprava.
"foi até ao último minuto sem marcar ao 13.º"*
Os 3 grandes não sofreram golos nos últimos 3 jogos, se retirarmos o braga e o estoril que jogam futebol positivo a maior parte das equipas nem 1 remate a baliza dos grandes fazem.
Isto vende nalgum lado?! O nosso campeonato é uma autêntica banalidade.
É curioso que o principal argumento para o sucesso da Premier League é mesmo o da imprevisibilidade. Até porque os Sunderlands e os Aston Villas não primam pela qualidade
Hugo, é um futebol tosco, mas voluntarioso. O que faz com que muitas vezes nem haja espaço para mostrar grandes ideias. Ali qualquer canto é celebrado como fosse um golo quase. É um espécie de conquista territorial sobre o adversário.
Talvez seja cultural, não sei.
Em Portugal, discute-se cada posse de bola, como se fosse um lance para lesão, cartão amarelo e assim se possa discutir com o árbitro, para no final dizer que isto é tudo uma merd***
lol
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