quinta-feira, outubro 6

Limites

A rivalidade entre clubes é saudável mas esta "guerra" entre Benfica e Sporting está já a entrar por caminhos pouco recomendáveis. É certo que isto tudo começou com a mudança de Jesus para Alvalade, situação mal aceite pela "comunicação" do Benfica, aliado ao incómodo que Bruno de Carvalho provoca, ao contrário dos seus antecessores. O Sporting optou por responder à letra, e fê-lo através dos seus orgãos oficiais.
Aí, convenhamos, foi um erro do Sporting pois transmite a ideia que se trata de representantes oficiais de um clube a entrar num "bate-boca" com paineleiros de outro clube. No fundo, toda a gente sabe que esses comentadores não transmitem a sua opinião pessoal mas sim o que a direcção do clube lhes manda dizer. No entanto, podem sempre utilizar esse pretexto e alguns acreditam e muitos mais fingem acreditar.
Ainda hoje, passados 16 meses da saída de Jesus, as indirectas ao treinador são constantes e por vezes insólitas e revelando um profundo mau gosto pelo local e contexto. Anteontem, no velório de Mário Wilson, ao invocar a memória desse grande senhor do futebol português, José Eduardo Moniz não se coibiu de a realçar a honradez, integridade e fair-play ao contrário de "alguns treinadores que só procuram protagonismo".
Dito isto, não quero desresponsabilizar o Sporting em toda este conflito. Principalmente após a entrada deste novo director de comunicação, as intervenções escritas e publicadas nas redes sociais são muitas vezes infantis e desprovidas de senso. Se o Sporting se sente atingido deve responder com elevação e sempre na defesa dos seus interesses. Não deve, por exemplo, emitir opiniões sobre as eleições do Benfica. Além de desgastar a imagem da comunicação do clube, é um assunto que em nada interessa aos sportinguistas.
Acredito que, com a profusão de programas dedicados a discutir bola, a comunicação dos clubes seja um departamento em alerta constante, mas seria melhor que, em vez de responder a "papagaios", se dê destaque ao que realmente importa. E há tanto para destacar no universo Sporting. Esta direcção tem feito um trabalho notável em várias vertentes (nº de sócios, expansão da marca pelo mundo através de academias, etc.). É essencial estabelecer limites na rivalidade, até como forma de respeitar a história destes dois grandes clubes.