terça-feira, maio 24

Gerações de Ouro

Não é tema de que se fale demasiado nem se dê ainda grande valor.
Durante algum tempo tivemos uma sucessão de várias gerações não tão talentosas que fez com que a selecção nacional tenha sido composta maioritariamente por jogadores mais veteranos, em curvas já descendentes da carreira, salvo algumas raras excepções.

No entanto, eis que neste ultimos anos Portugal encontra uma sucessão de varias gerações com enorme potencial e capazes de levar de novo as cores do nosso país ao mais alto nivel mundial.
Falar da actual selecção sub-17, que se sagrou campeã de europa recentemente, seria ainda demasiado precoce. Na verdade, por ser composta na sua maioria por jogadores do Porto e Benfica, não lhe vejo também grande futuro também. :-)

Mas sem fazer uma grande pesquisa, podemos enumerar Anthony Lopes ou André Moreira para a baliza, Cancelo na direita, Guerreiro na esqueda, Ruben Semedo no centro á espera da afirmação definitiva de Paulo Oliveira.

No meio campo então, é só escolher. Danilo Pereira, William Carvalho, Ruben Neves, João Mário, Renato Sanches, André Gomes, Bernando Silva, entre muitos outros.

Nos extremos falta talvez um valor mais seguro, mas é impossivel não reconhecer potencial a Gelson Martins, Gonçalo Guedes, Rafa, Diogo Jota ou Iuri Medeiros.

Até na frente, essa dor de cabeça crónica em cada selecção nacional, parece que estamos bem servidos com André Silva ou com aquele puto do Benfica dos sub-17.

Por fim, e algo que também custa reconhecer aos sportinguistas mas acho que para bem do futebol português, vemos hoje também Porto e Benfica reconhecendo os beneficios (e lucros) dessa aposta na formação.

Haja então esperança!!!

segunda-feira, maio 23

Que época maravilhosa!!!


Uns dirão que é uma época para esquecer, para mim será uma para recordar. Afinal de contas, desde que acompanho o meu clube mais de perto, é muito mais difícil encontrar uma época de frustração como esta do que épocas recheadas de títulos e glórias. 

Ontem doeu, como dói sempre quando o nosso clube perde. Mas não é o fim do mundo, é o jogo que é mesmo assim. Ainda no outro dia jogávamos uma final contra aquela mesma equipa e vencíamos um troféu europeu e ainda ontem gritava um golo nos descontos como gritei outro que nos deu um campeonato.

A imagem é coloco é uma provocação e uma fuga com ironia de uma época que ficou sempre curta. Foi assim o ano inteiro e eu estive sempre lá. Uns dias acreditei mais, outros acreditei menos, mas acreditei sempre e acredito que com alguns ajustes vamos voltar a ser campeões já no próximo ano. O trabalho que está a ser feito ao nível da formação vai-nos suportar durante a próxima década e sei que vou voltar a ter imensas alegrias com o meu clube. A última vez que me lembro de termos ficado três anos seguidos sem ganhar nada fomos campeões europeus e arrancámos para uma década de domínio do futebol português onde ganhámos tudo o que podíamos ganhar (menos a taça da liga e a supertaça europeia, se queremos ser rigorosos, mas lixa-me a prosa). Portanto, que razões tenho eu para não estar optimista?

Um abraço forte a todos e parabéns aos vencedores.

quinta-feira, maio 19

Curtas

1 - A imprensa bem o quer colocar fora de Alvalade mas parece que Jesus vai continuar no Sporting. Excelente notícia. Além de grande treinador, tem uma grande empatia com os adeptos. Quem vai ao estádio percebe perfeitamente a consideração que Jesus tem por quem apoia a equipa do princípio ao fim. É um de nós.

2 - Fernando Santos divulgou a lista para o Europeu. Nenhuma surpresa. Obviamente que a única preocupação era saber se Renato Sanches seria convocado ou não. Para alívio geral, foi. Veja-se esta deliciosa notícia da Rádio Renascença (http://rr.sapo.pt/noticia/54447/renato_sanches_e_mais_22_convocados_para_o_euro_2016).
Seria estranho um jogador comprado pelo Bayern por 35 milhões não fazer parte dos 23. Por isso, é perfeitamente normal que seja convocado. Não me choca nada, desde que não jogue...
De resto, fico de pé atrás com o quarteto de centrais. Demasiada veterania. E dou algum destaque ao seguinte: 10 jogadores formados no Sporting, 3 no Porto e Benfica...

3 - Feito verdadeiramente incrível do Sevilha. Vencer 3 vezes seguidas a Liga Europa é obra. Vencer 5 das últimas 11 edições (entre Taça UEFA e Liga Europa) é espantoso. Está de parabéns um jogador que esteve presente nas últimas três finais e parece um pouco esquecido: Daniel Carriço.

segunda-feira, maio 16

Uma lição à Benfica.



Quando em Outubro passado o Benfica perdeu o dérbi lisboeta por três golos, na Luz, mandei a toalha ao chão. Ao início fraco do Benfica, os mais directos adversários respondiam com vitórias e sem piedade. E eu, ainda mais fraco, desisti, logo ali.

Rui Vitória não me inspirava confiança e o clube parecia à deriva. A equipa dirigente mostrava o nível habitual e apenas os jogadores, com grande destaque para Gaitán e Jonas, davam alguma cor a tão grande desânimo.

O Benfica, e os benfiquistas, pareciam definhar neste primeiro terço da época. O futebol era de repelão, de emoção, de desnorte guiado apenas pela qualidade de alguns jogadores.

Na Europa, contudo, o Benfica mostrava uma alma e uma qualidade maior. Parecia que era naquele palco que a equipa melhor se libertava das amarras do passado recente. Uma extraordinária vitória em Madrid colocou a equipa nas primeiras páginas dos jornais. O Benfica começava a renascer, sob a bitola da maior prova de clubes do mundo. Era um sinal.

O segundo terço da época foi, sem dúvida, o melhor. Às constantes lesões de jogadores-chave e outras ausências Rui Vitória respondia com coragem e mestria. Primeiro Guedes, depois Semedo, Lindelof, Renato e, finalmente, Ederson. Meia-equipa.

A equipa jogava bom futebol, arrasava adversários internos e despachava o campeão russo com duas vitórias saborosíssimas, alcançando os quartos-de-final da Liga dos Campeões, com muitos milhões no bolso.

Na equipa, Jonas mantinha um elevadíssimo rendimento, Pizzi estava no seu melhor, e Carcela aparecia a tapar as ausências de Gaitán. Renato já era dono do meio-campo encarnado e no ataque, frente ao Estoril, Vitória juntou o ponta-de-lança brasileiro ao grego Mitroglou, para uma dupla letal, sempre coadjuvada pelo mexicano Jiménez, cujo passe ficou pago com os golos e exibições frente à Académica, Rio Ave, ou Zenit, por exemplo.

A perseguição ao líder era feroz, e a equipa respirava saúde e não vacilava. Saía Samaris, entrava Talisca. Entrava Fejsa, saía Almeida. E assim continuou até ao dérbi mais importante da época. Saiu Júlio César e entrou um puto que, apesar das boas indicações na Taça da Liga, acabou por ser a última peça de um tabuleiro defensivo profundamente alterado em relação à época passada.

Esta era já uma hora de confiança. A paixão leva sempre a melhor e, com a liderança a uma vitória num campo onde habitualmente se vence, a onda encarnada renasceu com uma força imparável.

Na Europa, mais dois jogos altamente desgastantes. Os benfiquistas dividiam-se: havia quem achasse que o acumular de competições nas pernas era um factor de motivação e havia quem achasse que o desgaste de tanta intensidade ser-nos-ia fatal na prova maior nacional. Obviamente, eu estava no segundo grupo. A minha crença era muita mas precisei de levar mais umas chapadas do Benfica para acordar para o que estava a acontecer todas as semanas.

A prestação europeia terminou com dignidade, perante uma das melhores equipas do mundo, liderada por um dos três melhores treinadores do mundo. Um estádio cheio despediu-se da Europa dos grandes e a equipa vestia o fato de macaco para o que restava do Campeonato Nacional.

Último terço da época. Sofrimento. Alegria imensa. Um amor arrebatador e uma paixão lancinante. Que lição me deu o meu Benfica. O Benfica, que acordou do pesadelo do início de época bem antes de mim, mostrou-me o que é o Benfica. Mostrou-me a imensidão que há na sua história feita de glória. Mostrou-me de que são feitos os homens que conhecem o Benfica por inteiro.

Na sua grandeza, o Benfica deixou-me entrar para os últimos dez minutos, sem espaço para rancores, sem espaço para lições de moral. Deixou-me entrar para me sentar nas bancadas, para poder gritar “Benfica!” e abraçar todos os golos do Jonas.

Pronto. Já tinha o Benfica dentro de mim, outra vez. Já podia ser feliz, outra vez. Já podia tudo, outra vez.

Jogo da época, no Bessa. Muitas alterações e ainda mais lesões. A equipa jogava mal, talvez o pior jogo dos últimos 30. Os boavisteiros não davam tréguas. O Benfica parecia incapaz de crescer naquele relvado. Mas já havia Benfica dentro de mim. Havia aquela esperança absurda num golo ainda mais absurdo. Havia um passe tenso de Eliseu, um toque de cabeça do improvável Carcela e um pé de gelo de Jonas. Havia golo e um sonho que se começava a viver.

Despachado o Braga, voltámos a jogar fora. Em Coimbra, contra uma equipa que jogou no limite. Fechada a sete chaves. E ainda por cima adiantada no marcador no único remate que fez em 90 minutos. Mas deu Mitro e deu Jiménez. Deu a volta e deu Benfica, numa exibição muito competente, depois da visita à Alemanha.

De volta à Luz. A nossa vida já era isto. Passar a semana sem querer saber bem como. Esperar pelo jogo, à sexta, ao sábado, ao domingo ou à segunda-feira.

Em meia-hora frente aos sadinos, e depois do último jogo europeu, fizemos mais do que em jogos inteiros do primeiro terço da prova. Futebol louco, oportunidades, malabarismos e golos. Uma segunda parte de nervos, acabou bem, porque o Benfica já merecia o melhor. Eu, pelo menos, dava o meu melhor, sentado no meu lugar. No lugar que o Benfica me devolveu.

Vila do Conde. Jogo difícil contra mais uma equipa muito capaz a fechar todos os caminhos da sua baliza. Valeu-nos o Benfica, caraças. Valeu-nos um conjunto de jogadores e treinadores cheios de brio, dedicação e paixão. Faltou-nos Jonas e Gaitán, com o pé direito e com o pé esquerdo, de frente para a baliza, mas selámos os três pontos com a cabeça do mexicano que grita sempre “bamos, bamos!”.

Vem aí o Guimarães, vai de goleada! Estamos em grande, nesta altura. Os estádios rebentam de benfiquismo, a equipa rebenta de benfiquismo. E o Benfica observa, ao longe. Pés na terra, camaradas.

Um-zero chegou. Golos falhados pelo nervosismo que aumentava a cada passe. Passes errados pela pressão sobre os ombros de putos de vinte e poucos anos, de dezoito anos, titulares feitos à pressa, mas cheios de Benfica, sim.

Já só se queria, eu já só queria, o campeonato. Mas o Benfica olhou de lado para mim e perguntou-me: mas vais desistir, outra vez? Um lugar na final na Taça da Liga é para ganhar. Carrega Jonas. Carrega, Benfica!

Vamos à Madeira. Vejo preços e pondero viajar. Infelizmente, não posso mesmo ir. Mas o Benfica anotou o meu pensamento e escreveu no meu cachecol: “Vê-me onde quiseres. Mas vê-me”.

Finalmente o Benfica dizia-me que precisava de mim, outra vez. Que precisava dos benfiquistas, todos, os que foram iguais a mim há seis meses atrás e mandaram também a toalha ao chão.

Com dez, por expulsão do fascinante Renato Sanches, a equipa continuou com 11. Nós jogámos aquele jogo. Eu fui à Madeira e ajudei o Mitro e o Talisca, e o resto da malta toda.

Fiquei à tua espera, nessa noite, Benfica. Peguei no meu telemóvel, deixei a minha namorada aniversariante sozinha mas compreensiva, e sozinho fui ver-te aterrar no Aeroporto, às duas da manhã. Tenho o vídeo! E tive frio!

O resto foi ontem. Foi hoje. Foi amanhã e será para todo o sempre. De ti, do Benfica, nunca se desiste. Pode não haver uma segunda oportunidade.

Para terminar: muito obrigado, Benfica, e muito obrigado ao Miguel e ao Peyroteo por me terem convidado para este SectorB32 há muitos anos atrás. Foi um prazer imenso e só levo coisas boas deste espaço porque é assim que tem de ser. Um abraço também aos outros: Gonçalo, Jorge e Marco, que aventura, esta.

A felicidade que sinto neste momento é indescritível. Viva o Benfica!

O primeiro dia do resto das nossas vidas....

Estava aqui á espera que alguém afecto ao clube vencedor, pudesse postar e celebrar assim publicamente a vitória de ontem. Face a ausência desse post, constato apenas que seja com uma certa normalidade então que eles registam estes momentos, algo próprio de quem se habitou a ganhar, certamente!

Primeiro de tudo, há que dar os Parabéns ao Benfica. Não vi ninguém do meu clube a fazer isso e é algo que nos fica mal institucionalmente. O Sporting tem que ser um exemplo de desportivismo. Agora e sempre!
Obviamente que há razões óbvias para não o fazer (que são de conhecimento geral), mas que numa última instância, não pode nem deve servir para diminuir aquilos que nós somos como clube só porque os outros  são como são. Este é o para mim o ponto em que mais discordo com esta direcção (concordando em quase todos os outros).  A imagem pública que se está a dar do clube actualmente.

Mas voltando ao assunto do post, acho que o Sporting falhou basicamente em 2 pontos:
- Não teve "estaleca" de campeão quando se encontrou confortavelmente na frente. Apenas se soltando como equipa, quando já estavamos em segundo lugar;
- Entrou no jogo do adversário,perdendo claramente quando estes levaram a luta para terrenos mais "pantanosos". E enquanto o Sporting tinha que responder com o seu presidente, director para o futebol ou director de relações internacionais de uma forma quase sempre errática, o Benfica apenas jogava com  as figuras secundárias e sem importância (ainda que altamente pornográficas) na actual estrutura do clube;

Resultado final: Apesar dos méritos óbvios da equipa do futebol, o Sporting não se concentrou em si mesmo quando tinha tudo para o fazer. Ao invês de mostrar uma tranquilidade própria de quem sabia que estava a fazer bem as coisas, foi passando apenas uma certa imagem de nervosismo, de guerrilha e quezilias desnecessárias.
Só para terminar, e só para demonstrar que esta terá sido a nossa maior derrota deste ano. No ano dos vouchers; das portas 18; das tochas nas Champions, das acusações públicas á falta de profissionalismo de certos jogadores, equipas ou treinadors em detrimento de preferências clubisticas ou incentivos materiais que nunca se chegaram a provar; das noticias encomendadas em certos orgãos da comunicação social, etc, etc, etc; é o Sporting que passa por ser hoje em dia o clube dos "metralhas", das faltas de desportivismo e do eterno conflito.

Algo para pensar certamente....

Venha a próxima

Obviamente que estou desiludido por ver terminar o campeonato sem o ambicionado título. No entanto, nem um pouco desiludido com o desempenho dos jogadores e equipa técnica.
Vejamos, o Sporting fez o melhor campeonato que me lembro (provavelmente da sua história), fez mais 9 e 11 pontos em relação aos últimos dois títulos (99/00 e 01/12, respectivamente). Marcou mais golos, sofreu menos. Ou seja, em circunstâncias normais, chegaria perfeitamente para conquistar o campeonato.
Vencer na Luz e no Dragão também não é normal. Se lhe somarmos a vitória em Braga, são 3 vitórias nos campos mais difíceis com 10-1 em golos...
Superar estes números será uma tarefa muito complicada. Esse será o principal desafio de Jorge Jesus, creio. Resta saber com que armas o poderá fazer. Certamente algumas das maiores figuras vão sair. Slimani é certo, João Mário muito provável. Aqui também se pode medir o sucesso da aposta em Jesus. Vão entrar nos cofres do Sporting valores que só estamos habituados a ver nos rivais.
E lá vem o defeso, que consegue ser ao mesmo tempo irritante e fascinante...

quinta-feira, maio 12

Curtas

1 - Acaba no domingo. Benfica ou Sporting? Tudo leva a crer que seja o Benfica, que só perdeu 3 dos últimos 60 pontos disputados. 3 pontos em 20 jogos... Dificilmente falhará agora. Além disso, o Sporting tem de vencer o seu jogo, que é tremendamente complicado. Mas estou convicto que ambos vencerão as suas partidas e assim o Benfica conseguirá o tricampeonato, impensável a certa altura da época.
O Sporting arrisca-se a fazer a sua melhor época de sempre e mesmo assim não conseguir o caneco. É quase dramático mas é futebol.

2 - O processo de Renato Sanches a Bruno de Carvalho. Merece uma gargalhada. Primeiro porque claramente esta situação não parte do jogador. Depois porque em momento algum o presidente do Sporting colocou em causa a idade do jogador. Esta notificação, a poucos dias da jornada decisiva, deve fazer parte da campanha de desestabilização e guerrilha que o Sporting tem feito ao longo da época. Como se sabe, todo este clima de suspeição e conflito é responsabilidade do clube de Alvalade...

3 - Paulo Bento vai voltar a treinar. O ex-seleccionar vai dirigir o Cruzeiro de Belo Horizonte. Uma opção interessante. Talvez mais para Bento do que para o clube brasileiro. O tempo o dirá...

4 - De vez em quando acontece. O Newcastle de Wijnaldum, Mitrovic, Krul, Coloccini, Sissoko, De Jong, Doumbia, Papiss Cissé, etc., desceu de divisão. Lembro-me de ter acontecido algo parecido ao Atlético Madrid... Muito dinheiro gasto, pouco ou nenhum futebol.

terça-feira, maio 3

O poder do silêncio

Para quem clamava pelo justiça e transparência no futebol em contraponto com o comportamento de alguns que insistem em levar o bom nome do futebol português para a lama, esta semana tem sido uma verdadeira paródia.

Logo a começar o sempre acertado director de comunicação João Gabriel com o seu jogo da mala. De seguida temos um vice-presidente do clube Rui Gomes da Silva  a falar de negociatas, para logo depois encontrarmos um administrador da SAD a questionar o profissionalismo e empenho de certas equipas da nossa Primeira Liga. Para o fim, e para já, temos esse grande senhor da verdade e director de conteúdos da Benfica TV, a afirmar em directo incentivos a equipas adversárias. E isto só nos ultimos 3 dias. 
Nem vou tentar adivinhar o que para ai vem.

É caso para dizer, que eles calados conseguem fazer......muito barulho!!!

domingo, maio 1

Ó mister, isto agora já não é igual

Dizia Jorge Jesus, numa resposta a uma pergunta que ia chatear muita gente, que se David Luiz fosse agora treinado por si lhe iria imediatamente garantir que nada do que JJ faz hoje é igual ao que o agora mister sportinguista fez há três, quatro, anos. Esta observação, feita na antevisão do FC Porto-Sporting que se aproximava, é só um pequeno apontamento na bíblia que pode ser recolhida por entre todas as antevisões, flashes e conferências que o Mestre da Táctica deu nos últimos anos. Desde que chegou à Luz, com a ajuda de uma primeira época que foi uma notória rampa de lançamento, Jesus tem ensinado muito aos que não percebem nada disto, e se o FC Porto, como ele garante, tem de pensar porque razão fica em terceiro duas vezes em três anos, então a nova derrota que uma equipa jesuíta lhe infligiu no Dragão só o pode ajudar. 

De facto as coisas não são iguais. E quem visse o jogo de sábado com atenção imediatamente perceberia que não é obra do acaso o Sporting ter passado grande parte da 1.ª parte mais perto da área de Casillas, do que o FC Porto da área de Patrício. Os leões, ajudados por um modelo superior, garantiram o óbvio controle do meio-campo e, ainda por cima, chegavam primeiro a todas as bolas. E de pé-para-pé foram construindo algo completamente antagónico ao que os dragões vêm fazendo desde Fonseca e Lopetegui. José Peseiro, técnico do futebol sexy (Ruud Gullit dixit) não fugiu à regra do descalabro e deslocou Herrera para uma zona mais avançada, desguarnecendo um miolo que já de si teria sempre muitas dificuldades para segurar o acordeão que é o tal meio-campo do Sporting a dois. 

Dava uma bíblia, já o dissemos. O tal miolo a dois, tão criticado no Benfica dos últimos seis anos, é uma coisa, afinal, não a dois, nem a três, mas a quatro, e às vezes a cinco (e a seis). É a dinâmica, explicou Jesus. É, assim, curioso o facto do técnico que desguarnecia o meio-campo aparecer agora no campo que mais o engolia, a dominar, a controlar e a tocar. Já Peseiro procurava a vertigem, o passe longo e as chegadas à área de Herrera. Extremos por fora (alô Lopetegui), Aboubakar em modo ilha, Sérgio sem andamento e Danilo sem conseguir impôr o físico: este foi o retrato do FC Porto até à magistral jogada de João Mário que abriu caminho ao primeiro golo do jogo.

Chegados aqui, ninguém se poderá queixar que o Dragão não ajudou. Jogar lá, hoje por hoje dizem, é um paraíso para os adversários e, até, para os árbitros, mas o efeito Dragão sentiu-se quando o Sporting, numa das raras vezes esta época, teve de baixar linhas para ver os dragões confirmarem a sua inépcia atacante. Uma aproximação, tardia diga-se, com alguns pés e alguma cabeça, à área do Sporting e que redundou numa grande penalidade que fará as delícias de paineleiros e seus seguidores. Espere-se então pelo veredicto dos mesmos e pela realidade paralela que as suas vozes ditam. Indiferente a isso, Herrera rematou para um empate insípido que castigava um Sporting que, ao contrário do que se faz passar sempre depois deste tipo de vitórias, não foi perfeito.

Até porque ó mister, isto agora já não é igual, e o Sporting que é reconhecidamente a equipa mais evoluída do campeonato, não tinha que descer para ver o que o FC Porto iria fazer. Até porque isso, já se sabe há muitas jornadas. Os azuis e brancos não se encontram e sofrem primeiro do que marcam. Talvez por isso, nem o respeito do Sporting lhe tenha valido. É que com mais um tempito de bola os leões haveriam de marcar o segundo, pelo inevitável Slimani - um argelino que é uma lição para um Porto que quer, forçosamente, aprender a defender da pior maneira. Um Porto desinteressante, à imagem do seu técnico, que nem quando vem dominando os jogos - como aconteceu, novamente e esporadicamente, no início do segundo tempo - convence. Não convence pela atrapalhação, pela falta de ideias e por demorar um segundo mais a pensar do que os adversários. Tudo a esforço, lembre-se, mas que ainda deu para José Peseiro reclamar as bolas nos ferros, um penálti não assinalado, e a eficácia do adversário. Ora, quase tudo isto, mais coisa menos coisa, pôde o Benfica reclamar para si, contra o FC Porto, na Luz. Mas Peseiro, definitivamente, já esqueceu como lá ganhou. Desse futebol, que o faria prometedor, e da exibição de Casillas, nada sobra. Basta recordar o boneco que fica no terceiro golo do justo vencedor, para se perceberem os problemas do FC Porto: ideias que não servem, hiperbolizam os jogadores que não servem, fazem com os que servem pareçam que não servem, o que por arrasto mostra um treinador que não serve, pouco apoiado por adeptos que não servem e, last but not least, dirigentes que não servem. Contudo, ao contrário do que se possa pensar, a distância não é assim tão grande. Afinal de contas para Benfica e Sporting transcenderem um estado (vegetativo) igual, só precisaram de um treinador. O FC Porto perdeu o seu há três anos. É normal, por isso, que isto agora já não seja igual.