domingo, novembro 30

Gaitán: na desmarcação, no pé, no joelho, e no pé, outra vez.

Académica - Benfica 2

O Benfica entrou muito forte e logo aos 8' na sequência de um lance bem executado por Enzo e Gaitán, chegou ao golo com naturalidade. Durante a primeira parte podia ter feito mais um ou dois golos que só não surgiram por azar ou falta de discernimento na hora de rematar.

Há um fora de jogo do Luisão no lance do 2º golo. Se tivesse sido em bola corrida, admitia. De bola parada não é admissível um erro destes.

Na segunda parte a toada foi mais morna, mas sempre com o Benfica a controlar. O Benfica marcou o ritmo do jogo e conseguiu controlar o adversário em todos os momentos. A Académica não teve qualquer oportunidade de golo.

Pese embora tudo isto, há que ter em conta que jogamos contra uma das mais fracas equipas do campeonato, e como tal não é motivo para embandeirar em arco, bem pelo contrário. O Benfica continua a demonstrar que é substancialmente mais fraco que na época passada e que perdeu muita, mas mesmo muita qualidade.

Samaris ainda está deslocado, falha passes, intercepções, ainda não atinou com o ritmo de jogo, enfim, ainda não tem condições para se afirmar.

Luisão continua absolutamente inqualificável no passe. Hoje dei-me ao trabalho de reparar mais nele, e se no passe longo é incrivelmente mau, no passo curto é exímio a colocar os colegas em situações de perigo, para não falar da força com que faz os passes.

Gaitán tem carregado a equipa. Jonas é muito bom. Talisca hoje não esteve em Coimbra. Vão valendo os resultados...

sexta-feira, novembro 28

Portugueses na Europa do futebol.

A prestação das equipas portuguesas, não está a ser muito positiva mas, confesso, poderá não ser tão má como temia.

Entre o mau e o péssimo, fica o Rio Ave. Zero vitórias, apenas um pontinho e o afastamento à quarta jornada. A inexperiência não explicará tudo e os vila-condenses até estão a fazer um campeonato interessante (sétimo lugar).

No medíocre está o Benfica. O grupo era equilibrado e tinha um Leverkusen que será a terceira melhor equipa germânica da actualidade (e um bom colectivo e individualidades). O Zenit é um clube que, basicamente, tem alguns dos melhores jogadores que passaram pelo Benfica nos últimos anos. Colectivamente não são fortes como os alemães mas, quem tem Garay, Javi, Witsel, Arshavin, Malafeyev, Fayzulin e Hulk é sempre um adversário poderoso. O Mónaco, mesmo sem James e Falcao, continua a ter um plantel cheio de qualidade.

Contudo, em campo, o Benfica foi sempre uma equipa sem qualidade de Champions. O jogo na Rússia foi apenas razoável e terá sido o melhor. Falta qualidade individual alternativa a Lima, Sálvio, Enzo e Luisão. No ano passado, lembro-me de alguns bancos simplesmente fantásticos. Este ano, a coisa é muito diferente.

Se a culpa é de Jesus? O treinador do Benfica continuará a ser o mesmo teimoso de sempre, a cometer os mesmo erros de sempre. Mas continuará também a ser o mais indicado para trabalhar com a falta de critério da direcção do clube. Um outro treinador, provavelmente, seria incapaz de, sequer, liderar o campeonato.

Jesus adapta-se bem às inconveniências e o seu trabalho tem de ser avaliado também por isso. Até ao fim da época não faz sentido contestar grande coisa.

De razoável, até bom: Estoril. Com o jogo de ontem bem encaminhado, os canarinhos somarão a segunda vitória, mantendo possível o apuramento. Muito difícil, mesmo assim, mas se chegar à última jornada com essa possibilidade, significa que alguma coisa foi bem feita.

Dentro do bom, está o Sporting: não tivesse o Maribor marcado aquele golo no último minuto do primeiro jogo e o clube de Alvalade poderia estar já nos oitavos. O acesso à Liga Europa não é uma surpresa, por si só. Mas o comportamento geral da equipa foi algo surpreendente, com uma razoável exibição frente ao poderoso Chelsea, e duas muito boas contra os alemães do Shalke 04. Na última jornada, bastará um empate ao Sporting, mas o Shalke terá sempre de vencer o seu jogo, o que não é líquido.

E há o muito bom: o FCP. Lopetegui tem enfrentado alguma resistência dentro do clube e os adeptos estão no limbo. Contudo, na maior prova de clubes do mundo, o FCP deu cartas, marcando 15 golos em cinco jogos e cedendo apenas um empate, fora, contra a segunda melhor equipa do grupo.

quarta-feira, novembro 26

Benfica out.

Não há volta a dar. O Benfica de Jorge Jesus marca passo na Europa dos grandes e todas as desculpas que se arranjem valem zero. É preciso, contudo, reconhecer que este Benfica acabou por ser o mais óbvio. Falta qualidade individual, quando comparado com os adversários.

A época vai no início, e convém não desmoralizar apenas porque não cumprimos este objectivo. A época passada deixou o mundo benfiquista em êxtase mas há que descer à terra.

Continuo a considerar que o campeonato é o mais importante objectivo da equipa e aquele que não pode mesmo fugir.

Já agora, deixem-se de Liga Europa, por favor. E metam o Jonas.

Entretanto, parabéns ao Sporting pela boa prestação europeia. O grupo não se compara com o do Benfica mas já fomos de vela com os Shalkes e Maribors desta vida.

segunda-feira, novembro 10

Curtas antes de nova paragem do campeonato.

1. Vi apenas os primeiros 45 minutos do jogo e penso que a exibição do Benfica foi q.b., apesar de tudo. Jogar na Choupana é sempre difícil mas a equipa, como na época passada, reagiu muito bem a um golo sofrido nos primeiros instantes do jogo. Na verdade, não fossem alguns falhanços claros, os encarnados podiam ter chegado ao intervalo com dois ou três golos de vantagem.

Na segunda parte, pelas alterações feitas, deduz-se que Jesus quis defender os três pontos. Não sei se o conseguiu com tranquilidade mas pelo que li o Nacional teve algumas oportunidades. A mais clara delas todas terá sido o lance erradamente invalidado por fora-de-jogo. Lance rápido mas inadmissível de se falhar. Benefício claro para o Benfica neste lance que terá sido o único em 90 minutos.

2. Sporting a perder pontos e duas teorias (ou três, até). "Fomos roubados", "não jogamos um chavo" ou "não jogamos um charuto e fomos roubados". Se as queixas de Marco Silva se referem ao lance anulado a Montero, não as entendo. Slimani faz-se claramente ao lance, com interferência no mesmo. Foi uma boa decisão, parece-me. Os sportinguistas devem estar preocupados com os maus resultados, mas continuo a achar que a Liga dos Campeões é o foco de muitos dos jogadores e esse é o principal motivo da falta de empenho que tantos adeptos não têm visto em campo.

3. Na Amoreira o FCP voltou a perder pontos e desta vez até teve muita sorte em levar um para cima - penálti claro por assinalar contra. Que o plantel está cheio de qualidade, ninguém duvida. Só aquele Brahimi, mais o Jackson, quase que chegam. Mas o futebol apresentado continua demasiado confuso, com laterais pouco activos e muito afunilamento das jogadas e alguma cerimónia na hora de rematar à baliza.

Queremos mais esclarecimentos sobre os "apertos" dados ao jogador do Estoril no túnel. Mesmo que tenham sido iguais às agressões do além do Cardozo em Braga há uns anos, ou seja, inexistentes, já deve dar para alguém ser castigado.

quinta-feira, novembro 6

20 anos é muito tempo.

Na capa do Record podemos ver hoje a exaltação por um excelente triunfo leonino conquistado frente a uma equipa alemã. Não sei se foi brilhante como o título garrafal afirma. Mas isso não interessa.

O que interessa é haver algum controlo emocional de quem escreve nas redacções. Todos temos clubes da nossa preferência e, até por esse motivo, no desempenho das suas funções, devem os jornalistas ter cuidados redobrados na informação que prestam - caso contrário vai parecer que a emoção lhes toldou a razão e que se estão a comportar como um simples adepto.

Diz assim na capa de hoje do jornal Record: "Há 20 anos que uma equipa portuguesa não marcava 4 golos a um adversário alemão". Numa realidade paralela, certamente.

Na nossa realidade, Benfica e FCP são equipas portuguesas e o Hamburger SV e o Hertha BSC, alemãs. Também na nossa realidade, o Benfica em 2010 derrotou os alemães por 4-0, e os portistas, em 2006, venceram por 4-1. Bem sei que até o Postiga marcou um golo, mas o jogo aconteceu mesmo.

Vibrem com as vitórias, mas escondam os cachecóis.

Doutrina de 'Lopi' silencia Catedral

Ficaria bem em qualquer filme: A cerimónia decorre em silêncio, apática até, e, de repente, ouve-se um estrondo. A porta que protegia os crentes do temporal abre-se, a água entra pelo chão mas as pessoas parecem, ainda, não se importar. Chama-lhes a atenção uma sombra: - É ele?! perguntam os mais desatentos. - Claro que é ele! afirmam os experientes. - Queriam que fosse quem?! isto está marcado desde o fim de agosto, exclama Ernesto Valverdo enquanto, de soslaio, se escapa. Julen Lopetegui é o homem de quem todos falam. Ele, e o seu exército de dragões, entram pela Catedral de San Mamés adentro. Julen, só pára no púlpito, de onde Valverde já tinha fugido. A partir daí o segue-se um monólogo. Um estranho monólogo, sem reacção por parte de um povo que fica estranhamente apático. Nota-se-lhes uma certa faísca nos olhos, uma vontade, pelo menos, mas o corpo, a boca principalmente, não tem reacção. Lopetegui fala à esquerda, fala à direita, exclama para o ar e para o chão. Mais forte em tudo, a sua ideia retirou os opositores da Catedral e ficou livre para conquistá-la. Um discurso imponente mas  superiormente ajudado por vários disparos de fogo dos dragões que o acompanhavam. Dois deles (Jackson e Brahimi) acabaram por ser decisivos para a conquista de Bilbao. Seguem-se agora ucranianos e bielorrussos, antes do aguardado prato principal: os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Esta é, claro, a versão cinematográfica de um reencontro (Athletic- Porto) que trouxe novamente ao de cima uma das melhores facetas do 'Lopi Team'. Fora de casa, como no início da época frente ao Lille, os dragões já haviam mostrado uma maturidade competitiva que lhes permitia sonhar com o triunfo em qualquer lugar. E mesmo com as indecisões seguintes (Guimarães e Alvalade) as réplicas não foram de todo criticadas como haviam sido os desempenhos caseiros frente a Boavista e Sporting - este último para a Taça de Portugal. Uma virtude que terá de ser enaltecida, visto que essa vontade, coragem e sobretudo capacidade (muitos o querem, poucos o conseguem) em muitas épocas de Europa não acompanha os portistas. Recorde-se por exemplo a época gloriosa de Vítor Pereira, a segunda, onde em Paris e em Málaga o dragão nunca se conseguiu impor. Mas, adiante, com esta facilidade ninguém sonharia. Daí que o Athletic, o rival que mais assustava no Grupo H, tenha passado imediatamente de 'coco' a... brinde.

Isto porque o Porto tem essa capacidade, é verdade. Isso e jogadores que colam o pé à bola. Alguns deles, até, fazem mais do que isso. De tal modo que acabou por ser delicioso ver Jackson e Brahimi, segurarem, rodarem, caírem, levantarem-se e começaren tudo de novo até que o mais importante se deu. Se durante toda a primeira-parte a constante e habitual mudança de flanco dos portistas deu cabo dos rins de uns bascos que se posicionavam para pressionar (campo curto) mas sem vontade de o fazer (nunca se terá visto em casa um Athletic tão insosso), deixando todo o outro lado destapado para as investidas do dragão. Foi assim que o argelino atraía para a ala esquerda, foi assim que Óliver virava o jogo, que Danilo aparecia e cruzava e que Jackson falhava à beira do golo. E o jogo até nem corria de feição ao colombiano. A confirmá-lo esteve, pela enésima vez, uma grande penalidade ganha por uma simulação de Danilo. O engano do árbitro da partida deu oportunidade ao Cha Cha Cha de demonstrar de novo porque um penálti não é uma boa notícia para o FC Porto.

Tudo isto numa primeira metade onde os dragões foram bastante superiores e onde o mesmo Jackson, e Martins Indi na mesma bola, tiveram oportunidade para desfeitear Iraizoz, assim como Brahimi e Maicon assustaram a Catedral, e de que maneira, depois de dois livres frontais. Estava lançada a primeira cartada de um FC Porto que esperou, no segundo tempo, pela resposta. Valverde já se habituou à boa maneira 'basca' de fazer duas alteraçoes ao intervalo. Claro que resta-lhe agora aprender que o truque (de lançar Muniain e Iraola, dando a posição '10' a De Marcos) não resulta sempre. Ainda assim os bascos subiram, um pouco, as linhas e conseguiram maior presença no meio-campo portista. Isto até Brahimi se lembrar de Arouca e fazer do último terço dos bascos uma entrada para a auto-estrada antes de servir Jackson no primeiro golo. Definitivamente a noite era dos portistas. O sistema funcionava de novo e os fantasmas passavam para o outro lado. E qual FC Porto intranquilo e inseguro, o Athletic até acabou por oferecer o segundo golo a quem mais o mereceu: atraso de Laporte para Iraizoz (GR), pé furado, recepção falhada, e Brahimi livre para encostar. É verdade! é oficial: A maldição ficou no País Basco e Valverde é o novo Lopetegui.

terça-feira, novembro 4

Liga dos Campeões: Benfica 1 Mónaco 0.

Talisca é já um verdadeiro achado e continua a facturar a um ritmo impressionante. Há-de chegar a hora em que as pernas vão falhar, um momento menos bom, dificuldades. Mas o brasileiro continua a demonstrar muita qualidade, mesmo numa equipa pouco coesa e onde os processos defensivos e ofensivos não estão ainda bem definidos.

O jogo foi muito complicado, especialmente na segunda parte, onde o Mónaco foi superior. Contudo, na primeira parte o Benfica podia ter marcado dois ou três e acabou por cima do adversário. A vitória foi justa e merecida mas um empate era perfeitamente aceitável.

Os jogadores deram mais uma demonstração de entrega e, apesar de nunca ser suficiente, ajuda-os a estar mais perto do sucesso. Maxi esteve fantástico, Júlio César seguro e eficaz, Almeida com dificuldades (completamente deslocado da sua posição), Luisão sempre no sítio certo, Jardel com muita entrega apesar das limitações a nível de passe e de resolução eficaz de algumas jogadas, Enzo, pouco contundente, Samaris a fazer 35 minutos muito bons, assim como Gaitán. Sálvio demasiado ansioso mas quase sempre perigoso, Derlei lutador, gostei, mas precisa de jogar mais. Lima: não merece um único assobio, mas isso sou eu que vejo no brasileiro um verdadeiro profissional, super dedicado e empenhado.

Tudo em aberto na Liga dos Campeões mas tudo demasiado complicado, também. O jogo de hoje favoreceu as individualidades mas na Rússia o Benfica tem de se chegar à frente e conquistar os três pontos.

domingo, novembro 2

Curtas.

Benfica
Ainda nem sequer vi o golo de Talisca mas aposto que mais uma vez o brasileiro deixou bem patente a importância que já tem na equipa de Jesus. E mesmo depois de treinador e presidente adversários terem defendido que o tal lance do ataque do Rio Ave foi bem anulado, já me fartei de rir com a teoria da linha torta, por não estar paralela à linha da grande área encarnada. Chama-se perspectiva e bastava que se dominasse um pouco do conceito "ponto de fuga" para se perceber que não valem todos os argumentos para se ganhar uma discussão, principalmente se forem uma demonstração de ignorância e estupidez.

Pelo que li, não é unânime que o Benfica esteja a jogar bem. É algo preocupante a aparente fragilidade defensiva mas, depois de Garay, haveria sempre lugar a um enorme vazio, de qualidade, de seriedade, de classe e de sobriedade. O meio-campo continua também pouco consistente mas, já se percebeu, muito tem contribuído para isso a "ausência" de Enzo.

Até Dezembro é importante que a equipa se mantenha na frente. Com mais ou menos qualidade, o que importa é vencer os jogos e esperar que os principais adversários percam pontos.

Sporting
Também não vi nada deste jogo mas pelo que li faltou tudo à equipa de Marco Silva. O Sporting está naquele patamar muito perigoso: tão depressa joga bem e ganha, como logo a seguir perde e não mostra nada. Eu penso que é natural, dada a pouca qualidade de alguns dos jogadores. Nani não vai ser sempre decisivo (apesar de estar a ser o melhor a par de Talisca e talvez Jackson) e do banco nunca sairá nada de muito consistente. Com a LC a bombar, a cabeça de alguns, dispersa-se, as pernas de outros, faltam.

Facadas
A impunidade que existe em alguns recintos do país é o mais assustador. Já todos nos habituámos à violência praticada em Guimarães e isso é o pior. As melhoras para as vítimas de um ataque cobarde (onde andam os punhos?, os mano-a-mano?, isso das navalhas é para maricas) e que sabemos que voltará a repetir-se, num estádio perto de si. Triste.

Nolito
Sempre aqui defendi o espanhol. Defini-o vezes sem conta como sendo um dos jogadores mais inteligentes que já vi jogar. Jesus nunca foi à bola com o extremo e, mal pôde, despachou-o. Nem com os golos, nem com as assistências, nem sequer com a clara qualidade técnica e táctica que emprestava à equipa, o espanhol caíu no goto de JJ. O que fez em Barcelona (e o que tem feito), além de absolutamente delicioso, serviu apenas para os benfiquistas suspirarem de saudades.