quarta-feira, setembro 30

A ansiedade e os deja-vus

Fase complicada e de muitas interrogações para os portistas. O que faltará para o Porto os tornar a convencer? Já antes da vitória contra o Sporting havia dito que o FC Porto se encontrava num limbo futebolístico e nem esse resultado agridoce fez os portistas subir ao céu. A ansiedade sentiu-se no ar e nas pernas dos portistas tal foi a quantidade de passes falhados. Hoje o sentimento será o mesmo, ainda para mais com as baixas existentes, mas espera-se que se encontre antídoto, afinal de contas somos o FC Porto que tem como uma das imagens de marca superar com notoriedade as fases difíceis.

O jogo de hoje, contra o Atlético de Madrid, pode marcar uma época, ou pelo menos uma fase dela. Numa fase deste género em que as dúvidas condicionam o cérebro e os actos dos jogadores será importante fazer sentir a equipa que tem categoria para chegar aos objectivos pretendidos.

Este Porto é diferente da época passada. O assunto Lucho/Lisandro está mais que debatido, o que falta debater é o assunto Belluschi/Falcao. Em Stamford Bridge, Jesualdo deu uma marretada pesada no segundo assunto mantendo o primeiro bem vivo. Com a má decisão, o professor deixou bem claro que ainda não confia na dupla para suceder ao tetra-Porto colocando dúvidas existenciais na equipa.

A isto, hoje, junta-se a baixa de Fernando, jogador nuclear para encher defensivamente o meio-campo recuado portista, espaço onde vão cair Forlan, Aguero, Simão ou Reyes e Maxi. E para complicar, o jogador contratado para a eventualidade de substituir Fernando, nem sequer foi inscrito na Champions.

Por estas condicionantes, espera-se jogo complicado num Dragão exigente e que começa a suspirar pela velocidade cruzeiro de outras épocas, ignorando que é nesta fase que se decide se ela é atingida.

Mas nem tudo será mau e esta ansiedade não terá como companhia uma depressão. O Porto terá de entrar forte, com ritmo avassalador, reduzindo-o quando mais lhe convier mas mantendo-o mais tempo que contra o Sporting. Há qualidade, há golo, tem de haver querer, sobranceria positiva e tranquilidade suficiente (espera-se que dada durante a semana) para a percentagem de acerto ser elevada. O Porto é mais forte que o Atlético e terá de pensar como tal, não há razão para pensar o contrário. Simão até já deu o mote, provocando 100 deja-vus: "O Benfica é mais forte que o Porto". Há jogadores que não sabem mesmo quando hão-de estar calados...

terça-feira, setembro 29

Ao Benfica de Jesus não lhe basta parecer forte...

Depois de Chelsea, Braga e Sporting segue-se o Atlético a determinar o grau de exigência dos dragões. Encontros de elite, jogos de enorme grau de dificuldade em que as equipas não se limitam a estacionar o autocarro e a esperar pelo melhor. Aqui as defesas foram testadas e as lacunas postas à mostra. Há muitas como seria normal nesta fase da época mas só para uns, pois outros há que ainda acreditam em equipas perfeitas.

Já dizia o outro que perfeita, perfeita só a Super Bock... não fosse ela patrocinar o FCPorto e Sporting. Perfeita mesmo deve andar a Sagres que patrocina o clube das goleadas que o colocam "à frente das sondagens para o título".

É inegável que o Benfica está mais forte e quem o quiser desmentir só pode andar a consumir o produto mais tradicional da Colômbia. É uma verdadeira equipa a ter em conta para o título, uma verdadeira máquina de ataque que condiciona, extremamente, quem joga contra ela. Não há um técnico que ainda não tenha alterado a estratégia jogando contra as águias e este sim, é um belo indicador.

Qual será a fatia da responsabilidade das equipas adversárias no bom jogo do Benfica? Claro está que eu como adepto portista tudo me interessará menos as virtudes benfiquistas, que este ano até estão bem à vista
. Interessa-me claro analisar os defeitos.

Assim à vista desarmada temos uma equipa que já goleou três vezes e que, manifestamente bem, sabe aproveitar tudo aquilo que condiciona o adversário. Ainda está para vir a equipa que consiga roubar a bola ao Benfica e metê-lo em sentido defensivo. Haverá equipas que o consigam fazer? para as contas nacionais serão poucas, obviamente. Resta a "esperança", aos portistas e sportinguistas, que as haja e que não se escondam, senão há passeata rumo ao marquês, certamente.

Se critico Jesualdo por mudar o esquema em jogos de alto risco, critico agora quem abdica dos seus princípios para enfrentar o Benfica. Tenho para mim que o Benfica é forte, mas mais forte se torna quando os treinadores adversários lhe dão a benesse do encolhimento. Chama-lhe Jesus um doce! Não só cria a ideia de que é quase impossível ganhar ao Benfica (o maior mérito dele na minha opinião) como ganha um estatuto psicológico fundamental para estas exibições. O Benfica joga à campeão e para se derrubar terá que haver quem jogue mais à campeão que ele.

Dentro desta linha de pensamento, sem nenhum qualquer tipo de agoiro, estou curioso para ver o jogo contra o AEK na Grécia. Não espero um Benfica fraco porque sei que tem capacidade para dominar o jogo na Grécia, mas espero mais pressão na defensiva encarnada pois se houver um mito que seja desmistificado, nem que seja por estrangeiros (ao que parece os tugas não foram capazes até agora). Se não houver mito, parabéns benfiquistas têm uma bela equipa com um comandante de fazer inveja!

Todos sabemos que mais cedo ou mais tarde se vai saber se Jesus passou no teste ou não e se será líder à campeão que nos momentos maus endireita o barco. Para já, tirando quaisquer desculpas, tem o mérito de jogar à campeão e de me pôr a escrever estas linhas.

P.S. Eu cá aposto no mito, não fosse eu um bom portista.

O Benfica e os 15 penaltys de Jardel

O Benfica iniciou de forma convincente a presente temporada. A equipa joga bem, domina e vence com alguma facilidade. Isso deve-se não só ao bom nível da maioria dos jogadores mas também ao seu treinador que, ao longo da sua carreira, procurou incutir um espírito ofensivo às suas equipas. Havia dúvidas se Jesus conseguiria transportar o bom trabalho para um clube difícil como o Benfica mas, até agora, tem-no conseguido. Infelizmente, digo eu que sou invejoso.
Vem isto a propósito, obviamente, do número de penaltys e expulsões que o Benfica tem beneficiado. Espero que os amigos benfiquistas percebam agora a razão pelo qual o último Sporting campeão teve tantos penaltys a seu favor. É que este Benfica é muito parecido com esse Sporting de Jardel e companhia na forma como "esmaga" os adversários e na facilidade com que marca golos. Na altura, em 2001/2002 dizia-se que o Sporting era levado ao colo e que não era normal o número de penaltys. O que não percebiam é que equipas com um caudal ofensivo tão grande têm uma probabilidade muito superior de beneficiar de grandes penalidades e também aumenta o número de vezes que os adversários têm de recorrer a faltas merecedoras de acção disciplinar. Daí que já seja altura de acabar com a conversa dos 15 penaltys de Jardel. Porque até ficaram alguns por marcar...

domingo, setembro 27

O coiso.

Mais uma vez, na Luz, um vendaval de golos. Foram cinco, podiam e deviam ter sido dez. Contra um Leixões demasiado fraco para tanto futebol "encarnado", o SLB voltou a demonstrar uma forte apetência para o futebol de ataque.
E este jogo tinha tudo para ser uma repetição do jogo contra o Setúbal. Só faltou o árbitro optar por cumprir as Leis desde o início. Se o tivesse feito, os Leixonenses teriam abrandado o ritmo de faltas e não teriam durado 10 minutos.
Perante a insistência do árbitro em não penalizar as faltas dos jogadores do Leixões, o SLB tardava em encontrar o caminho do golo. E quando numa só jogada, se falham três golos, as coisas complicam-se. Cardozo, por volta dos 20' falha um golo fácil e um dos comentadores relata com menos precisão ainda: "Foi a primeira oportunidade de golo". Isto depois de Cardozo ter falhado um remate a meio metro da baliza, uma bola ter ido ao poste e Saviola ter sido lento a fazer uma recarga a um metro da baliza adversária. Lindo.
Benfiquistas: preparem-se para mais do mesmo. Ontem, ganhámos, contra nove. E só por isso. E porque coiso. Enquanto esteve 11 para 11, nem a cheirámos. E não jogámos nada. Não foi o Leixões que entrou com 11 gajos atrás da bola, e não foi o Leixões que fez uma falta por minuto. Nós é que... coiso.
Mais: o Ramires devia ter ido para a rua porque chocou com um adversário. E as duas penalidades que ficaram por marcar a favor do SLB é porque coiso. E o SLB só venceu porque coiso.
Ontem, na Luz, foi limpinho, como tem sido. Por muito que as evidências doam aos nossos adversários, só podemos desejar que a nossa equipa continue a demonstrar vontade e bom futebol, com golos. E assim nem temos de nos queixar dos pénaltis escandalosos (como o de ontem na primeira parte) que ficam por marcar.
Tornar estes jogos complicados em jogos fáceis é o grande mérito desta equipa. Obrigar os adversários a cometer erros (onde se contemplam as faltas que cometem) é a grande arma deste SLB de Jesus, Di Maria, Cardozo, Luisão, Javi, Ramires, Pereira, Saviola e companhia. E do público fantástico, claro.

Gasolina Sem Chumbo 15 octanas

Às portas de um Porto x Sporting, todo o portista treme de Jesualdite. O que iria ser desta vez? dimensão física? maior cobertura dos espaços? preenchimento do meio campo? Quando o 11 foi conhecido, a cidade do Porto ouviu um suspiro de alivio em uníssono. O 4x3x3 que fez o tri de Jesualdo estava lá e refrearam-se os medos... até ao minuto 15, quando acabou a gasolina.

As mudanças que os treinadores operam, muitas vezes, em certos e determinados jogos dão o mote às discussões posteriores aos jogos e na maioria dessas discussões certo jogador que entrou é imediatamente acusado de ser o culpado do rendimento da equipa. Nada mais errado, porque à mudança de jogadores é lhe sempre junta uma irracional mudança de sistema e mentalidade. Jesualdo é o treinador que mais vezes opera esta patética mudança como que a querer dizer que o seu sistema não serve para certos jogos. O mais estúpido disto é que a opera sempre depois da equipa se ter portado bem e muitas vezes até aquando do seu melhor futebol. Para mim deve-se mudar certo jogador ou sistema quando as coisas não correm bem e é aqui que chego ao jogo de ontem e mais propriamente a Paulo Bento.

Toda a gente tem visto as aberrantes exibições de Polga e são já mais que muitos os que pedem a sua substituição com o sonho (bem legitimo) de uma defesa melhor. Paulo Bento não vai em cantigas nem em pedidos e é de convicções. A dar-lhe motivação está o argumento de que se tira o jogador nesta má fase da sua carreira o poderá perder para sempre. Pois bem, o jogo de ontem fica intimamente ligado a Anderson Polga e à sua, já habitual, tremideira.

O Porto entrou a todo o gás. A essa, inesperada (pelo menos para mim), entrada foi-lhe adicionado outro factor inesperado: um Sporting estranhamente subido no terreno. Uma entrada forte também deveria ser estratégia leonina, mas não deu para ver tal foi o vendaval em pleno Dragão naqueles primeiros 15 minutos. Hulk, que muitos classificam de mau jogador e outros de patético herói da BD, aproveitou a deixa de um Sporting com defesa avançada e aproveitou as suas capacidades (que muitos teimam em não ver) para semear o pânico na defesa do Sporting. A ala esquerda do Sporting não funcionava (um belo doce que Bento ofereceu a Jesualdo, para não ser sempre o mesmo) e a dobrá-la lá teve que vir o cristo... Anderson Polga.

A falta que dá origem ao golo não me parece existir. Hulk tira a bola do caminho de Polga com um belo gesto técnico e aproveita o carrinho do brasileiro e o toque com o braço na sua perna para se deixar cair. Isto em câmera lenta e visto muitas vezes é muito bonito, mas lá estar e só ver uma vez é diferente como todos sabem. Contudo, a chave do lance e da suposta falta está numa pergunta: poderia Hulk depois da entrada de Polga prosseguir com o lance?

Do livre nasce o primeiro e único golo da partida e Polga fica outra vez mal na fotografia. Falcao usa o seu faro de golo e confirma que os portistas podem dele esperar muitas alegrias. O Porto continuou a carregar mas não mais marcou pela ineficácia de B. Alves e Falcao. A partir daqui o jogo ficou estranho para os portistas que já se haviam deliciado com os primeiros 15 minutos, o professor ordenou que não havia mais gelado para ninguém e instaurou um recuo dos portistas no terreno. A ordem agora era deixar o Sporting jogar, a ver se eles sabiam como o fazer. Nunca compreendi bem isso de estar dependente do que os outros possam fazer, talvez fosse sobranceria ou confiança no mau futebol que o Sporting tem apresentado, não sei. O que é certo é que o Sporting cresceu no jogo, indo à procura do prejuízo e só por azar não empatou a partida. O Porto ficou de frente para o jogo, como gosta, mas não conseguia soltar a sua transição devido aos horrores exibicionais de Mariano e Meireles. Quem se soltou foi Matias e Postiga que provocaram dois calafrios no Dragão. Se o primeiro lance foi bem tapado por Hélton (e por B. ALves a Liedson) o segundo foi uma falha de marcação do tamanho do estádio. O Sporting acaba a primeira parte a justificar o empate e o Porto a justificar umas réguadas no lombo.

A segunda parte começa e com ela a curiosidade de saber como entrariam as equipas. Algumas mudanças no Sporting indiciaram a má exibição defensiva, mas ainda se pensava nisto já Hulk ia lançado para cima de Polga que não evita o contacto com o 12 portista. Penalty evidente e expulsão de Polga que reduzia o Sporting a 10 mas que removia o seu tumor no cérebro. Falcao falhou o penalty, o Porto ficou ansioso e com medo das vicissitudes do futebol. Se o futebol dos portistas já era desajustado ainda mais ficou e bola só para o Sporting. No meio disto tudo até Jesualdo (imagine-se) estava descontente (só para dar uma ideia do péssimo futebol do Porto) e vociferava: Vamos jogar c...! O Sporting tentava, o Porto controlava e não se conseguia soltar, ainda assim não mais consentiu perigo nas investidas leoninas. Fica a ideia de um Porto que entrou à "champions" mas que só trazia um quarto de depósito, a ansiedade era enorme e o querer ver os minutos a passar depressa quando o 1-0 sabia tão bem.

A arbitragem peca outra vez por dualidade de critérios mas ficam-me na retina (não literalmente) os dois dedos de P. Bento para Duarte Gomes. Bento não queria dizer que o PSD iria ganhar hoje, queria dizer que Miguel Veloso só fez duas faltas. Quantas fez Meireles pergunto eu? acrescentando de seguida que Meireles também devia ser expulso. Mas com árbitros portugueses já se sabe, hoje é isto amanhã é aquilo.

Finalmente... HULK!!!

Ao que parece o Givanildo é leitor do blog e respondeu ao meu repto... ainda bem!

No jogo que, apesar de ter sido emocionante (o ambiente no estádio estava animado), foi em termos futebolísticos fraquinho. Na minha opinião a vitória é justa e deveu-se essencialmente à capacidade de desequilíbrio do Hulk. Num jogo em que o meio campo esteve irreconhecível (a quantidade de passes falhados por Meireles e Mariano foi assustadora e exasperante) só as arrancadas de Hulk permitiam romper a defesa sportinguista e levar perigo à baliza de Patrício. Alias, não me recordo de um lance de perigo em que "O Incrível" não estivesse presente.

Além do desconcerto centro-campista outra coisa que me preocupou foi a incapacidade de controlar e gerir o jogo após o penalty falhado e consequente expulsão de Polga. Houve momentos em que parecia que era o Porto quem jogava com 10.

Não posso deixar de salientar também as exibições de Fucile e Helton, assim como, a inteligência e caudal ofensivo que Bellushi trás ao jogo azul e branco.

A moral está recuperada agora vamos tratar de ganhar ao Atlético de Madrid!

sábado, setembro 26

Simpáticos

Incidências do jogo à parte, ou talvez não, já que foram elas que levaram às declarações finais, Paulo Bento mais uma vez mostrou que continua a defender o Sporting. No flash interview disse (e bem!) que o Sporting continua a ser um clube "demasiado simpático". Esta expressão é um recado interno aos dirigentes da SAD pela forma macia como lidaram com a nomeação do árbitro para o jogo de hoje. Só posso concordar com ele.

Disse também que Meireles devia ter sido expulso e que, portanto, existiu dualidade de critérios. E aproveitou para levar tudo à frente quando falou sobre Vitor Pereira. Mais uma demonstração que não é subserviente e que pensa pela sua própria cabeça.

Prova não superada

Porque é que não ganhámos no Dragão?

- Hulk jogou que se fartou.
- Polga foi comido no golo.
- Matías falhou escandalosamente. Postiga atirou à barra.
- Meireles não foi expulso como devia.
- Polga foi expulso e a equipa "encolheu".

O Porto teve ainda três hipóteses flagrantes de golo (Falcao logo após o 1-0, Bruno Alves de cabeça e ainda o penalty) e depois da expulsão do Polga o jogo ficou quase sentenciado, pelo que o vencedor é justo. Fica no entanto o gostinho amargo, de quem reconhece que podíamos ter feito mais.

sexta-feira, setembro 25

E quanto é a cláusula de rescisão do Bruce Banner?

Esta época ainda só deu Bruce Banner. Talvez tenha havido um bocadinho de Hulk na primeira jornada, mas só a parte raivosa e má.

Amanhã vou ao Dragão confiante que os raios gama do Sporting irão soltar o animal! Foi assim no ano passado no confronto para a taça, porque é que não há de ser agora outra vez?

quinta-feira, setembro 24

Clássico

Passando os olhos pela blogosfera, percebo que os adeptos do Sporting estão muito pouco confiantes para sábado. Mesmo os adeptos de outros clubes não acreditam que o Sporting escape a uma derrota no Dragão e muito menos o consideram como um adversário a ter em conta na luta pelo título.
Ainda que seja fácil constatar que as exibições têm sido pouco convincentes e as vitórias surgem com grande sofrimento, penso que os receios para esta partida são exagerados. Nestes jogos grandes, o Sporting normalmente porta-se à altura e joga como uma verdadeira equipa. Nas últimas épocas, o Porto raramente se conseguiu impor ao Sporting no confronto directo e os resultados são muitos equilibrados (empate ou diferença mínima para uma das equipas). Penso que o jogo de sábado não vai fugir à regra e, bem vistas as coisas, a pressão até é maior para o Porto, que joga em casa e vem de duas derrotas consecutivas. Por isso, estou bastante confiante num resultado positivo. E esse passa necessariamente pela vitória.

quarta-feira, setembro 23

Last Flowers

Quarta-Feira gorda de futebol pela Europa fora, ele é Real Madrid, Inter e Chelsea, quando na Terça já o Barça esmagou o Santander por 1-4. Por cá continua-se a discutir arbitragem como se ela devesse ser o centro da questão. Passaram os penaltys, são agora as nomeações e o fantasma dos penaltys ou más decisões que hão-de vir. É linda a nossa Quarta-Feira, onde há artistas de renome: Duarte Gomes, Lucílio, Vitor Pereira... só grandes nomes. Os Messis, Ronaldos e Ibras ficam por um canudo: a Sporttv ou os streams de Internet.

São uma paixão de estimação portuguesa. As afrontas ao árbitros, as teorias, os lances de ontem, hoje e amanhã são dissecados ao pormenor com uma paixão e afinco notáveis. Dos lances polémicos do fim-de-semana, deveriam sair guias ilustrados inspirados nas caixas de comentários da blogosfera desportiva. Neles se vê a mesma paixão com que Mourinho e Guardiola estudam os adversários, neles se vê o mesmo afinco que os mestres do desporto-rei usam nas suas palestras. Impressionante, é a palavra indicada. Só há um problema para o nosso futebol, é que a parte que tem paixão só é... a mais degradante que pode haver para um desporto com tanta competência e contingência.

Continua-se com a ideia errada que é com a arbitragem que se ganha jogos, quando a mesma é só mais um factor como tantos. A pressão é imensa, sufocante. Já alguém dos que discute arbitragem se viu num campo de futebol a ter que decidir se é falta ou não? poucos, claro e também, verdade seja dita, não têm essa obrigação. Ora, o problema que eu identifico na arbitragem são os critérios, as tais interpretações que falo no post abaixo. É impressionante como todos já vimos penaltys assinalados e não assinalados aos nossos clubes por vários critérios. Deixando de parte a contabilização de quem tem mais beneficio (porventura a que mais interessará) é ou não verdade que os árbitros apitam como lhes apetece? Se for mais conveniente, hoje, uma bola na mão será penalty mas amanhã já não será. Este é o real problema da arbitragem pois as suas leis de nada servem. Ainda assim, continuarei a acreditar que o futebol, e tudo o que realmente gira à volta dele, é o maior indicador. As interpretações posteriores aos jogos deveriam ser nesse sentido e talvez tivessemos uma cultura de futebol muito interessante. Assim temos uma cultura única (lá isso é) mas com os resultados que se conhecem.

Não digo que todos devessemos ser como Luis Freitas Lobo, que com os seus termos futebolisticos até chega a enjoar, mas uma maior atenção ao lado mais futebolístico do futebol não ficava nada mal porque há imensas situações que decidem os jogos não só o homem do apito que por lá se passeia ou pavoneia com o seu sapiente critério, esse sim, hipócrita.

Assim, cá temos os estádios às moscas. Da II Distrital à Liga Sagres o fenómeno vai-se esfumaçando e as pessoas ficam em casa. Não há cultura de espectáculo, não há organização e tudo é feito em prol de objectivos negativos. O que acende o motor a Portugal não são as movimentações, as transicções, os passes e as recepções. Os casos e as suspeições
, no fundo as galinhas do vizinho, é que são o que o povo quer.

Esquisito!?

Duarte Gomes nomeado para o Dragão. O Sporting tem toda a razão em estar indignado. Vitor Pereira não deve saber o que quer dizer bom senso.
Esta capa do Jogo, não deixando de ser cómica, espelha o que acontece quando a política de empréstimos está completamente desregulada. Estava à espera disto, mas não do Jogo, confesso.
Mas é verdade, o Olhanense é quase o Porto "B".-

terça-feira, setembro 22

Metodologia e Hermenêutica

Costuma-se dizer que cada português é um treinador de bancada, o que até nem estará errado se tivermos como conceito de treinador o mister português comum. No entanto, tirando o Zé de bigode que lança epítetos como "na bola não há amigos" ou "não entra à queima, deixa ficar...", os portugueses são é verdadeiros advogados de defesa do seu clube ou advogados de acusação dos clubes dos outros. Impressionante como se consegue descobrir, sempre, interpretações nos lances que inocentem os seus clubes.

Num país onde tudo muda de cor, onde a hipocrisia reina e a verdade é só a mais conveniente já nada me surpreende. É uma delicia de comédia assistir ao Braga x Porto no mesmo café que um benfiquista inveterado que tosse cada vez que há um lance dividido ou que o árbitro apita a favor dos azuis.

"Penalty claro em qualquer parte do mundo". Nada mais certo, daquela vez. Álvaro faz realmente falta dentro da área portista. Claro que estando sempre contra os azuis, algumas vezes se acerta. Como se acerta também quando se diz que Hulk simulou a falta no lance com Hugo Viana. Um teatreiro esse Hulk
que tem essa imprudência azul que é simular. Ora, este caso para mim ganhou especial relevância depois do lance do "penalty" em Leiria. Em Braga, Hugo Viana faz jogo perigoso e Hulk simula, o que evita o contacto entre os dois e quando se trata do Givanildo é de esmagar! Agora claro, Mamadou faz jogo perigoso e Aimar provoca o contacto simulando depois uma queda: "Penalty claro! em qualquer parte do mundo!" Então expliquem-me uma coisa, se Hulk deixasse o pé e tocasse no Hugo Viana já era falta a favor do Porto e o Hulk já era um mago do futebol?

Passado pouco tempo depois, Hulk é agarrado pela camisola dentro da área bracarense e como, realmente, o herói de banda-desenhada também é fiteiro deixa-se cair num lance que não merece discussão por não haver direito a qualquer grande penalidade (não estou a ser irónico, não há mesmo). Mas claro está também, que se Givanildo se chamasse Coentrão e jogasse de vermelho num estádio em Guimarães é falta clara. "Puxa, puxa, então não vês que puxa???" então se puxa, tá bem.


Duas bolas na mão (talvez as que faltaram a Jesualdo em Londres) houve também no AXA. Mas como são a favor dos azuis decide-se como a lei manda. "É bola na mão porra! tão queres que o gajo corte os braços, isto é que vai aqui uma conversa". Que se registe que não estou a dizer que é penalty, aliás já aqui escrevi que a vitória do Braga é justa porque o Porto pouco jogou.

Pegando nessa coisa estranha que é o futebol, falando do que uns jogam e do que os outros deixaram de jogar convém esclarecer que a máquina de futebol vermelha emperrou em Leiria, indo de tromba contra um muro. Mas Jesus está de parabéns (NOT!) porque "meteu três avançados com dois criativos em campo. Epá desde os tempos do Adriaanse que não se via uma coisa assim!" Pois é, que lance os avançados mais vezes e que deixe lá estar os criativos mais tempo. Foi uma sorte o Leiria não ter feito o 2-1, não fosse por centímetros e uns foras-de-jogo que até o nariz os faz offsides bem tirados (senão forem azuis, aí a conversa já é outra) e eu queria ver a suposta mestria do mestre das panelas de pressão altas
. Mas como diz o outro, há mais dias que chouriças.

O que não me espanta também é o Porto não ter jogado nada mas ter tido oportunidades para empatar o jogo e o Benfica não ter tido oportunidades mas ter "jogado outra vez bem à bola". Tudo coisas "porreiras pá" num país onde com um pouquinho de retórica, uma interpretaçãozinha aqui, outra acolá, tudo se ajeita.

Outra vez!?!

Amigos sportinguistas, não calem a vossa indignação. Como é possível de novo?!? Ainda só passaram uns meses e novo jogo decidido com um penalty por bola no peito. Digam o que lhes vai na alma. Repitam tudo o que disseram e escreveram há uns meses, mas agora a dobrar, pois é a segunda vez. Era só o que faltava! Depois de penalty porque um benfiquista foi pontapeado na área, agora isto. É demais! Encham, por favor, esta caixa de comentários...

segunda-feira, setembro 21

Sporting 3 - 2 Olhanense

Missão cumprida após reviravolta difícil no marcador. Os jogadores do Sporting correm muito e têm boa entrega ao jogo, mas continua a faltar qualquer coisa. Para ganhar ao Porto, no próximo fim de semana, terá de haver uma dose extra de qualidade que hoje, só a espaços, existiu.

Quanto ao jogo, Angulo continua a ser um corpo estranho na equipa, Polga continua em baixo, Veloso continua em alta, Postiga e Vukcevic têm de perceber melhor o que fazer dentro de campo. Já agora, em relação ao montenegrino, parece que está a desenvolver uma particularidade: ter o condão de marcar golos nas alturas em que está a ser dos piores em campo.

Gostei das palavras honestas e correctas de Paulo Bento no final do jogo (Jorge Costa só falou do que lhe convinha), quando se pronunciou sobre a arbitragem. Para terminar, deixo um pedido ao mister: mete o Matías a titular!

Fraca memória

Como é possível que alguém que, independentemente da qualidade que teve enquanto jogador, foi um dos maiores fiteiros que vi nos relvados portugueses, consiga, por detrás da sua franja, dizer que não é penalty um lance em que um jogador pontapeia outro, insinuando que foi o avançado que provocou o contacto, tal como outros colegas já haviam tentado fazer, facto para que havia alertado os seus jogadores?

domingo, setembro 20

In Limbo

E para quem pensava e defendia que o Porto tinha jogado bem em Stamford Bridge, o que equivaleria a dizer que a jogar assim "chega", o resultado de ontem é uma surpresa. Para quem pela segunda vez ouve o nome Guarín no onze não há supresas. Como uma equipa pode ganhar pondo de parte a sua maior arma? Com o colombiano não há construção, nem transição, só atrapalhação! O 11 que começa a época no Dragão continha elementos "indesejáveis" para Jesualdo. Não lhe dão confiança para grandes batalhas e o futebol do Porto entra agora num limbo, sem ideias.

O Porto perdeu bem em Braga. A única coisa em que concordei com Jesualdo durante toda a noite foram as suas declarações no final da partida. Irreconhecíveis, obviamente, foi a palavra mais usada. O que o professor se esqueceu de dizer é que foi ele obreiro da descaracterização que levou a equipa a entrar neste limbo futebolístico.

Vamos por partes. A equipa ganhou bem ao Leixões, com um futebol de ataque, dominador e pressionante. Foi a equipa que fez a pré-época, é a equipa que mais bem tem assimiladas as ideias que levaram o FCP ao tetra. Mas para Jesualdo - tal como a indefinição da posição 6 na época passada - não há ainda quem o convença de que pode ganhar jogos difíceis com aquela equipa. No seu pensamento Varela não é para ser titular e Belluschi não sabe defender e então entretem-se, em competição, a experimentar um colombiano que estanca todo o futebol de ataque dos dragões.

Se a questão Varela não me preocupa por aí além, porque é uma troca directa com Rodriguez, que até ocupa melhor o meio-campo do que o ex-Estrela, a questão do médio-centro
ofensivo deixa-me quase incrédulo. Quem oiça, ou leia, por estes dias os defensores da opção Guarin e não conheça Lucho González deverá ficar a pensar que el comandante é um portento fisico capaz de se bater com qualquer Essien. Belluschi tinha lugar no jogo em Stamford Bridge assim como tinha ontem à noite em Braga. Se o argentino dá maior "leveza" ao meio-campo que se encoste o extremo para ajudar e só um, não dois como em Londres. Quando abdicamos de atacar, se sofrermos perdemos... lógica da batata não?

Demasiadas indefinições, demasiadas experiências, uma mescla entre o que o professor quer e os adeptos também, foi a equipa em Braga.

Recordo as palavras de Jesualdo quando falou da posição 6 e de Fernando: "Não é por ser Fernando, e não é Fernando o mais importante, é a posição 6 a chave do meu jogo." Foi qualquer coisa assim que me lembra agora a posição 10, recordando ao professor que nao é por ser Belluschi, nem por ele ser mais importante, é a posição 10 uma das chaves do seu jogo e Guarín não serve para ela como não serviu para a 6 no ano passado. Talvez para a 8 de Raúl Meireles tenha sorte...

Duelo de Manchester

Emoção até ao fim no duelo entre United e City.
É por isto que a Liga Inglesa é a melhor do mundo. Há jogo e emoção até ao apito final!
Desta vez venceu o United.

sexta-feira, setembro 18

Noite europeia

Sofrer desnecessariamente. Mesmo sem realizar uma exibição consistente, o Sporting demonstrou ser bastante superior ao adversário, que, diga-se, defende horrivelmente. Era facílimo criar oportunidades de golo mas faltou eficácia no remate (Djaló, Postiga, Moutinho, Vuk...) e também no último passe. Aliás, o Sporting falhou bastante nas transições defesa-ataque e nesse aspecto Djaló esteve particularmente desinspirado. Nada de jeito saiu daqueles pés.
Em bom plano estiveram Carriço, Veloso e Liedson, pois claro. Mais três golos para o 31, o último dos quais com grande classe. Enfim, o mais importante foi alcançado mas as exibições ainda estão longe de convencer.

Fácil. Sem atingir o nível de exibições anteriores, o Benfica cumpriu a sua obrigação e venceu os bielorussos. Cardozo continua a facturar e até deu para Nuno Gomes marcar. Tudo leva a crer que os encarnados não vão repetir a desastrosa participação europeia da época passada.

Boa imagem. Acabou por ser um resultado inglório para o Nacional, que recuperou de uma desvantagem de dois golos mas as forças faltaram na parte final e Pizarro aproveitou a liberdade para matar o jogo. No entanto, e pensando que o Bremen é a equipa mais forte do grupo, o Nacional pode sonhar com o apuramento. Ruben Micael continua a demonstrar capacidade para mais altos vôos.

quarta-feira, setembro 16

Muito verdinhos para tanto blue

Todas as maldições têm razões de ser. Quem folheie os jornais de hoje pensará imediatamente que a razão da maldição que persegue o FCPorto em Inglaterra é o azar, mas quem viu o jogo com olhos de ver saberá reconhecer que é enorme o fosso que separa os primeiros classificados ingleses para o campeão nacional. Mas outras facturas houve para pagar em Londres, como a constante venda dos melhores jogadores do Porto que fez Jesualdo pensar demasiado na dimensão física do jogo. O resultado é justo para um Porto que quis ganhar - tal qual puto reguila no ringue de futsal - mas que se descaracterizou imenso não podendo usar a sua maior arma: o contra-ataque.

Por estes anos, o primeiro medo que surge a qualquer portista numa deslocação a Inglaterra é o medo de que Jesualdo mude a identidade da equipa. Ontem mal meto os olhos no jogo reconheço um corpo estranho: Guarin. Obviamente franzi o sobrolho e pensei imediatamente noutros tantos jogos com outras tantas alterações e, obviamente, com outras tantas derrotas. Não queira o leitor pensar que o Porto perdeu em Londres por culpa da inclusão de Guarin, mas a sua entrada em Stamford Bridge revela o pensamento de Jesualdo em função da dimensão física do jogo e controlo do futebol blue. Demasiada preocupação direi eu, porque a mesma levou a que o Porto não conseguisse usar a transição defesa-ataque de uma maneira eficaz. Ao colocar Rodriguez e Mariano a defender ao lado de Guarin e Meireles o professor abdicou do ataque. Isto porque quando a bola era ganha pelos dragões tanto o argentino como o uruguaio estavam demasiado recuados no terreno para fazerem mossa e eram presa fácil para os laterais do Chelsea - assim como um Hulk demasiado desapoiado para Terry e Carvalho - o que fez com que o Porto defendesse perigosamente perto da sua área. Houve alturas em que o "meio-campo" portista defendia à frente da grande-área. Nada a ver com Old Trafford portanto.

Este foi o primeiro erro portista, um erro crasso que só não levou os dragões para o intervalo com dois, ou três, golos no saco, por falta de eficácia de Lampard (duas vezes) e Ballack, ou para quem leia os jornais, por sorte. Ainda assim, nem tudo foi mau no primeiro tempo. O tal espírito de Madrid e de Old Trafford dão uma alma transcendente a este Porto que se julga capaz de vencer em qualquer campo, mesmo sem o ser. É imperativo que essa alma continue e o mais importante em Londres, ontem à noite, foi mesmo o continuar confiante e o cair de pé.

A segunda metade abre com o golo de Anelka. Sempre assim em Terras de Sua Majestade, os golos surgem quando não têm que surgir. A excelente equipa do Chelsea é das mais competentes da Europa e só com muita eficácia defensiva o Porto não sofreria um golo em Londres.

Depois do 1-0, Ancelotti resolve fazer de Stamford Bridge um Dragão. Entenda-se por esta analogia que depois do golo o treinador italiano fez recuar a equipa dando a bola ao Porto como acontece na maioria dos jogos em casa dos dragões. No entanto, o ataque continuado não é o forte portista e a oportunidade soberana de actuar em contra-ataque já se havia esfumado com o golo de Anelka. Apesar da muita bola e de algumas ocasiões o Porto não teve competência para crucificar Ancelotti. Foi tudo demasiado verdinho, muito a medo. Notas positivas para Hélton, que segurou até onde pode o empate, para Álvaro Pereira, excelente jogador cheio de garra e atitude com perigosas descidas e cruzamentos venenosos e para... Varela, que me surpreendeu ao não acusar o ambiente sendo sempre muito participativo e perigoso. Nota +/- para Falcão, que não foi Lisandro, mas também não fugiu à responsabilidade. Gosto do colombiano e acredito que vai ter oportunidade de mostrar o seu faro na Champions.

Já havia aqui escrito que seria na Champions que os portistas iriam sentir a falta de Lucho e Lisandro e assim foi. A equipa ficou orfã de referências e teve que se adaptar a um 4x5x1 medroso de Jesualdo. A razão da derrota está aí, houvesse Lucho e Licha e o Porto daria mais luta em Stamford Bridge mas os euros falam mais alto, assim para nós como para eles. Resta saber que cor misturar com verde (Valeri, Belluschi??) para dar azul-vivo?

segunda-feira, setembro 14

Maturidade

O Benfica e o Porto vencem e convencem. O Sporting arrasta-se. Toda a gente vê isso e percebe que o vendaval ofensivo que os rivais imprimem nos seus jogos não tem qualquer correspondência com o que se vê na turma de Alvalade.

É fácil constatar descrença e preocupação nas bancadas de Alvalade. É fácil perceber os outros nem sequer encaram o Sporting como verdadeiro candidato ao título. A luta parece reservada às únicas duas equipas que têm demonstrado argumentos sólidos.

A conjuntura está muito complicada em Alvalade. Se querem fazer prova de maturidade, é a melhor altura. Antes que seja tarde demais.

Agora sim! Vamos em Frente...

Mourinho dizia que em Portugal quando há uma equipa boa, ela não vai ter dificuldades em ganhar o campeonato. Sábias palavras que funcionam quase sempre, e funcionaram principalmente nos últimos anos. Será que quem não compreendia isso vai passar agora a perceber que quando se joga bem, as vitórias (e goleadas) acontecem? será assim tão difícil?

O nosso campeonato é fraco, pobre e triste. Há jogadores que não sabem dar um pontapé numa bola, há aglomerados de jogadores a quem chamam equipas e a quem se enaltece a suposta organização defensiva, não sei se dá para rir se para chorar. Como se fosse difícil defender com oito a onze, jogadores e esperar que, por sorte ou falta de habilidade, o adversário não marque. Costumes bem portugueses esses, esperar que o outro faça o nosso próprio trabalho ou estar dependente dos outros.

É vergonhosa a forma como as equipas se apresentam contra os grandes. Esquecem tudo aquilo que treinam durante o ano (se é que treinam alguma coisa de relevante) e toca esperar que não se sofra o primeiro. Ora, quando se "joga bem à bola", normalmente marca-se e contra bidons (sim, só tapam o espaço) depois do 1-0 é vitória garantida. Daí as palavras de Mourinho, quando uma equipa é boa, realmente boa, acaba por ganhar o campeonato com relativa facilidade.

Mas claro, havia quem não percebesse isso... que não tinha futebol suficiente para ganhar a bidons, mas agora subitamente ouvem-se as frases que desvelam isso mesmo. E sem se aperceberem lá as vão dizendo: "Não me lembro de ver o Benfica jogar assim"; "Nem acredito que é o meu Benfica a jogar"; "Agora jogamos à bola"; "Desde Eusébio que o Benfica não ganhava por 4 no Restelo" e por aí em diante.

Claro que os culpados eram os árbitros e o seu critério de intenção mas nunca as interpretações dessa odiosa palavra, na arbitragem (somente). Eram os árbitros que davam as vitórias ao Porto, vitórias como as deste fim-de-semana em que se jura a pés juntos que a falta de Fernando daria as dificuldades de uma vida ao Porto, por ser na visão dos benfiquistas... penalty está claro. E mesmo que não fosse, reiteram eles, o penalty do segundo golo não existe porque o defesa não teve "intenção de derrubar o Álvaro". Ora está boa, não teve intenção, "siga a dança", deu para ver nos olhos do defesa leixonense a falta de intenção em derrubar o MVP do Porto naquele jogo (e saíu ao intervalo). Fiquei a saber que só sofro consequências se atropelar alguém, na passadeira ou dentro da área, com intenção. Essa intenção que oscila conforme o que mais convém e que chega a dar para rir pois é a desculpa dos não precavidos.

Mas agora é diferente, depois o Benfica jogou e goleou e as pessoas andam pasmadas e contentes da vida. "É que se o mais forte ganha, será mesmo possível o mais forte sermos nós?" Veremos...

quinta-feira, setembro 10

Vergonha

Depois de ler isto, só tenho uma pergunta: então um árbitro interfere com o aquecimento do g.r., envolve-se com o treinador de g.r. e não lhe acontece nada?

quarta-feira, setembro 9

O acaso, esse safado!

Queiroz paga a factura de tentar colocar a jogar uma selecção com ideias próprias. Agora que o tempo para isso se esgotou e já de calculadora na mão, o professor espera outro milagre. Sim, porque para quem ande desatento, os golos contra a Albânia e Dinamarca foram autênticos milagres.

É exasperante assistir a um jogo da Selecção Nacional. Não pelo jogo jogado, que até se pode considerar interessante, mas pela ineficácia horrenda que assola cada remate luso. Bem se tenta rematar - como nós tentamos assistir sem partir nada em casa - mas é de facto desolador ver a inconsequência com que saem os "peiditos" nacionais. Até Ronaldo, senhor de grandes traques pelas terras de Sua Majestade, não consegue mais do que jogar ao tiro ao boneco com os guarda-redes adversários e, inevitavelmente, com vantagem para os mesmos.

Este, senhores, é o principal problema da selecção. Por mais que discutamos, se este ou aquele devem jogar, o problema será sempre a bola que não entra. Poderá parecer uma situação sobrenatural mas na realidade haverá qualquer problema (real) que impede os jogadores de fazer os tão desejados golos. Um deles é, desde logo, a falta de apetência, o chamado killer instinct. Não o temos, não se formam em Portugal pontas de lança pois está mais que visto que os gurus da formação só vêm extremos onde pode haver avançados e médios centro ofensivos. Coisas que ajudam, portanto.

Claro que o problema, para quem defende Queiroz e para o próprio está no acaso, no azar. Eu sempre ouvi dizer que a sorte procura-se e não é com Simão (excelente jogador) a cair na área que ela se acha. Inacreditável é que mesmo com Simão nas zonas de finalização tempo demais poderiamos ganhar o jogo confortávelmente, bastava Ronaldo enfiar as duas ginjas, que teve oportunidade de enfiar, lá para dentro. Mas claro que não, isso estava reservado aos pés de coelho que Fergusson tinha no seu cacifo, por cá só mesmo azar, aquele que faz de um jogador de topo o tal que agora não tem graciosidade para fintar uma árvore.

No meio disto tudo aparece agora também a assolar a selecção o famigerado losango. Aquele que serve para maior eficácia na circulação de bola aparece num jogo que é preciso ganhar, com peso na área. Para resultado da bruxaria, a circulação foi boa, óptima em certos momentos, mas claro, golos nem vê-los. Com tanto "azar" lá se recorreu ao amuleto, um trevo de quatro folhas levezinho que acha a baliza mais vezes que os outros. Bem, se tudo o que de mau aconteceu foi azar, não vão agora dizer que a naturalização de Liedson e o seu golo na Dinamarca foi sorte, pois não?

Será agora um milagre que para o jogo de hoje os jogadores apareçam com o golo em mente, despreocupados (à la Guardiola em discurso directo na Supertaça Europeia) e a saber, exactamente, o que têm de fazer? seria, não seria? também me parece. Que o 4x3x3 volte, que venha o querer ganhar, que sozinho não é nada, com a garra, a determinação e até, porque não, a sobranceria de quem sabe que a vai meter lá para dentro? e não a vaidade oca de quem falha e fica com medo de ficar mal para a câmeras. Não entra agora, entra a seguir! Até ao fim!

Última oportunidade

A partida de hoje constitui a primeira de três finais para Portugal. E é, sem dúvida, a mais importante porque qualquer resultado que não seja a vitória coloca Portugal fora do Mundial. No entanto, estou convencido que ainda é possível. A Hungria é concorrente directo mas é claramente inferior a Portugal e, mesmo com a pressão actual, a nossa selecção pode (e deve) vencer o duplo confronto com os magiares. No último jogo, com Malta, também haverá pressão, não apenas para vencer mas sobretudo para marcar o maior número de golos possível, salvaguardando o goal-average. Isto se a Suécia não vencer na Dinamarca. Fala-se que os dinamarqueses podem facilitar nesse jogo mas não lhes convém porque dificilmente chegarão a esse jogo com o primeiro lugar assegurado. Por isso, com a mesma atitude de Copenhaga, com um pouco mais de pontaria e com Tiago no lugar de Meireles, Portugal ainda pode chegar ao Mundial.

Naming rights

Ontem estive num seminário de marketing desportivo que incluiu um painel com os responsáveis de marketing dos 3 grandes em portugal. A última pergunta, ou melhor, a ultima provocação que o moderador Miguel Prates deixou no ar, foi quando é que os estádios de Benfica, Sporting e Porto teriam um naming diferente.

Como é óbvio, nenhum dos 3 se quis descoser, mas a prudência foi a nota dominante:

- Henrique Pais do FC Porto não descartou a possibilidade, mas adiantou que a marca "Dragão" deve ser potenciada. Como tal, por agora, estádio é do "Dragão" e ponto final.

- Pedro Afra entende que os adeptos, actualmente, já não ficariam chocados com a alteração do naming do estádio mas reconhece que será difícil, para já, haver outro nome.

- Miguel Bento foi também prudente, tendo mesmo adiantado que há uns anos o estádio da "Luz" esteve para se chamar outra coisa, já que encaixava perfeitamente no perfil de uma grande empresa portuguesa! :) No entanto, o pavilhão e o centro de estágio já têm nomes definidos.

Tendo em conta o potencial acréscimo de receitas, não tenho grandes problemas em que se chame estádio TMN ou estádio Super Bock. Para mim será sempre o estádio José Alvalade.

segunda-feira, setembro 7

Até a mim me doeu!

"Carlos Queiroz acha que, entre treinadores e jornalistas, não se deve discutir táctica. A máxima pode parecer surpreendente para alguns, mas, neste contexto, é uma evidência. Para os jornalistas que acompanham a Selecção, a táctica deve ser a última das preocupações. Não interessa saber a razão das alterações promovidas, quando elas não obedecem a uma estratégia planeada, a uma identidade ou a um rumo definido e são apenas expressões ocasionais de desespero. Nem sequer interessa perguntar porque ficaram de fora dois terços dos jogadores que, por acaso, estão familiarizados com o losango que irrompeu de repente no léxico da equipa nacional. A notícia, infelizmente, é outra: um parco ponto dos seis disputados ante o colosso Dinamarca e o Mundial cada vez mais por um canudo. Para o professor, a discussão também não é certamente importante. É que Queiroz está firmemente convencido de que o seu conhecimento é total, absoluto e inquestionável. Ele é um génio, enquanto o mundo está pejado de imbecis. Claro que, perante o génio do professor, é o mundo inteiro que está enganado. Até a classificação está errada..."
Jean-Paul Lares, in O Jogo

sábado, setembro 5

Portugal

Amanhã disputa-se um dos jogos decisivos de Portugal, para garantir o acesso ao Mundial da África do Sul.
A Selecção das quinas já conheceu outros momentos de euforia.
Carlos Queiróz é um senhor do futebol e merecia outro apoio de todos nós, até porque, melhor dizendo, apoiar Queiróz é apoiar Portugal. Nem devia ser-nos pedido para colocar as bandeiras nas janelas. Se em tempos recentes demonstramos orgulho no espírito patriota, porque não agora?
Amanhã espero a vitória.
Eu acredito, e tú?

sexta-feira, setembro 4

Meio campo leonino

Com a contratação de Angulo, o Sporting ganha um jogador muito experiente, que pode actuar em diversas posições. Paulo Bento estará a pensar nele principalmente para o meio campo. Enquanto Izmailov estiver indisponível, não haverá grandes dúvidas em relação aos quatro elementos do sector: Veloso, Moutinho, Fernandez e Angulo. Mas quando o excelente jogador russo voltar, quem sairá? É possível que Angulo se junte a Liedson no ataque mas não me admirava que Matias fosse o preterido, pois qualquer jogador da posição 10 se sente perdido na actual estrutura táctica da equipa. Matias, para receber a bola, tem que a ir buscar junto dos centrais, caso contrário lá sairá mais um charuto para os avançados. É uma pena porque qualidade não falta a Matias, tem tudo para ser um jogador de nível mundial. Para mim, Veloso, Moutinho, Izmailov e Matias Fernandez formam o melhor meio-campo do Sporting e podem colocar a equipa a praticar um futebol infinitamente superior ao actual. Será que Paulo Bento tem a mesma opinião? E vocês?

quarta-feira, setembro 2

You say potato I say po-tah-to...

Os benfiquistas deparam-se agora com um mundo novo, ou pelo menos estranho, tendo em conta que não se viam, há muito, na situação de equipa que, vencendo com regularidade, consegue "espetar" 2 ou 3, 4 ou 5 ou até mesmo 8. O caricato disto, sem desprimor às merecidas vitórias e ao bom estilo de jogo, é que se vêm confrontados a ter que utilizar os mesmos argumentos que muitos portistas já usaram. E ainda só vamos no início e ainda ninguém ganhou nada. As semelhanças tornar-se-ão mais evidentes se o Benfica consolidar o estatuto de "melhor equipa".

É um facto que 8-1 é um resultado incrível, não há nada a dizer sobre este aspecto. Este tipo de score pode é aparecer de várias maneiras, mas ninguém, de maneira alguma, conseguirá desprezar uma vitória por tão avultados números, nem é minha intenção fazê-lo, mas dei por mim nas conversas que sucederam à goleada a utilizar os argumentos: "O Setúbal foi uma cambada de bidons em campo", "vocês viram a forma como o Setúbal defendia nas bolas paradas?" ao que me foi, e justamente, respondido: "Epá, o Benfica ganha 4-0 ao Poltava, os ucranianos não valem nada, o Benfica ganha 8-1 ao Setúbal, são uns bonecos que para ali andam..."

Por quantos e quantos anos não ouvi eu as mesmas palavras? 3-0 ao Atlético, só começaram a treinar há duas semanas? 7-0 ao Varzim, não brinquem comigo? Liga dos Campeões? Lyons, Mónacos, Corunhas? Arsenal? equipa B!! e por aí a fora...

É um facto que a clubite não deixa ver e qualquer adepto do Porto fica atento aos defeitos do Benfica e Sporting, ou vice-versa, e se torna um mestre na arte da contra-argumentação. Eu por cá continuo sem medo ao Benfica e valorizo-lhes o estatuto de única equipa portuguesa com potencialidade - leia-se estilo de jogo e golo - para poder augurar um resultado destes, é a leitura que deve ser feita. Ainda assim, ninguém provou ser mais forte que ninguém, o que temos é estilos de jogo e uma bela batalha que poderá aparecer. Jesualdo é mais conservador e despreza a bola quando o Porto se encontra em vantagem, Jesus é mais do estilo: se pudermos dar 8 porque é que havemos de dar 7? Com todas as condicionantes favoráveis e desfavoráveis, um dos estilos já provou que pode ganhar 3 campeonatos, o outro ainda tem muito para provar. Uma coisa é certa, é o Benfica mais positivo - leia-se de novo, estilo de jogo e golo - dos últimos anos, terá é que lhe acrescentar mentalidade, estofo e físico para mais 27 jornadas.

P.S. Excluo o Sporting desta luta pela falta de uma ideia clara em relação ao método, princípio, intenção e modelo de jogo. Quando a mostrar será tido em conta, enquanto não mostrar trabalho estará sempre abaixo nas minhas expectativas.

Minicampeonato Superbola


Aqui fica a classificação após a 3ª jornada.

Não fosse o Benfica esta jornada e onde é que eu ia já...

terça-feira, setembro 1

Arrasador.

O Setúbal é (foi) uma equipa fraca e ontem, na Luz, foi vítima de um SLB demolidor e arrasador. Acho que até o nosso caro leitor FIL concordará com estas palavras.
Houve festa na Luz, com 40 mil na bancada a vibrarem com a fantástica atitude dos seus jogadores. Aimar fez um golo lindo e el Tacuara marcou três, por causa das tosses. Di Maria continua em bom plano, sendo até o principal desequilibrador atacante. Está muito mais objectivo.
Javi Garcia fez mais um bom jogo, bem como Ramires, que é um jogador que dá grande mobilidade ao meio campo. Coentrão e Nuno Gomes mostram que podem ser boas alternativas.
Mas nem tudo foi bom, na minha opinião. O desaceleramento após o 5º golo foi natural, mas houve alguma desconcentração de alguns elementos, impedindo que a equipa conseguisse controlar a bola com maior rigor.
Individualmente, não gostei, como quase sempre, de Ruben Amorim. É um jogador básico, pouco interventivo e que falha, constantemente, o último passe. Além disso, defensivamente, revelou pouca inteligência ao ser advertido com um cartão amarelo, numa falta completamente desnecessária.
Quim, ofereceu o golo aos sadinos. Não consigo aceitar tanta falha deste jogador. Não consigo aceitar que seja titular nesta equipa. Quem continua sem me convencer é Shaffer. Só o vejo a meter a cabeça no chão e desatar a correr, com pouca objectividade.
Por fim, Saviola. Por pouco não marcou, é verdade, mas pareceu-me sempre um pouco deslocado e lento.
Resumindo, foi um fantástico resultado, com bom futebol, bons golos, e onde o SLB mostrou um enorme respeito pelo adversário, nunca deixando de jogar ao ataque.