Às portas de um Porto x Sporting, todo o portista treme de Jesualdite. O que iria ser desta vez? dimensão física? maior cobertura dos espaços? preenchimento do meio campo? Quando o 11 foi conhecido, a cidade do Porto ouviu um suspiro de alivio em uníssono. O 4x3x3 que fez o tri de Jesualdo estava lá e refrearam-se os medos... até ao minuto 15, quando acabou a gasolina.
As mudanças que os treinadores operam, muitas vezes, em certos e determinados jogos dão o mote às discussões posteriores aos jogos e na maioria dessas discussões certo jogador que entrou é imediatamente acusado de ser o culpado do rendimento da equipa. Nada mais errado, porque à mudança de jogadores é lhe sempre junta uma irracional mudança de sistema e mentalidade. Jesualdo é o treinador que mais vezes opera esta patética mudança como que a querer dizer que o seu sistema não serve para certos jogos. O mais estúpido disto é que a opera sempre depois da equipa se ter portado bem e muitas vezes até aquando do seu melhor futebol. Para mim deve-se mudar certo jogador ou sistema quando as coisas não correm bem e é aqui que chego ao jogo de ontem e mais propriamente a Paulo Bento.
Toda a gente tem visto as aberrantes exibições de Polga e são já mais que muitos os que pedem a sua substituição com o sonho (bem legitimo) de uma defesa melhor. Paulo Bento não vai em cantigas nem em pedidos e é de convicções. A dar-lhe motivação está o argumento de que se tira o jogador nesta má fase da sua carreira o poderá perder para sempre. Pois bem, o jogo de ontem fica intimamente ligado a Anderson Polga e à sua, já habitual, tremideira.
O Porto entrou a todo o gás. A essa, inesperada (pelo menos para mim), entrada foi-lhe adicionado outro factor inesperado: um Sporting estranhamente subido no terreno. Uma entrada forte também deveria ser estratégia leonina, mas não deu para ver tal foi o vendaval em pleno Dragão naqueles primeiros 15 minutos. Hulk, que muitos classificam de mau jogador e outros de patético herói da BD, aproveitou a deixa de um Sporting com defesa avançada e aproveitou as suas capacidades (que muitos teimam em não ver) para semear o pânico na defesa do Sporting. A ala esquerda do Sporting não funcionava (um belo doce que Bento ofereceu a Jesualdo, para não ser sempre o mesmo) e a dobrá-la lá teve que vir o cristo... Anderson Polga.
A falta que dá origem ao golo não me parece existir. Hulk tira a bola do caminho de Polga com um belo gesto técnico e aproveita o carrinho do brasileiro e o toque com o braço na sua perna para se deixar cair. Isto em câmera lenta e visto muitas vezes é muito bonito, mas lá estar e só ver uma vez é diferente como todos sabem. Contudo, a chave do lance e da suposta falta está numa pergunta: poderia Hulk depois da entrada de Polga prosseguir com o lance?
Do livre nasce o primeiro e único golo da partida e Polga fica outra vez mal na fotografia. Falcao usa o seu faro de golo e confirma que os portistas podem dele esperar muitas alegrias. O Porto continuou a carregar mas não mais marcou pela ineficácia de B. Alves e Falcao. A partir daqui o jogo ficou estranho para os portistas que já se haviam deliciado com os primeiros 15 minutos, o professor ordenou que não havia mais gelado para ninguém e instaurou um recuo dos portistas no terreno. A ordem agora era deixar o Sporting jogar, a ver se eles sabiam como o fazer. Nunca compreendi bem isso de estar dependente do que os outros possam fazer, talvez fosse sobranceria ou confiança no mau futebol que o Sporting tem apresentado, não sei. O que é certo é que o Sporting cresceu no jogo, indo à procura do prejuízo e só por azar não empatou a partida. O Porto ficou de frente para o jogo, como gosta, mas não conseguia soltar a sua transição devido aos horrores exibicionais de Mariano e Meireles. Quem se soltou foi Matias e Postiga que provocaram dois calafrios no Dragão. Se o primeiro lance foi bem tapado por Hélton (e por B. ALves a Liedson) o segundo foi uma falha de marcação do tamanho do estádio. O Sporting acaba a primeira parte a justificar o empate e o Porto a justificar umas réguadas no lombo.
A segunda parte começa e com ela a curiosidade de saber como entrariam as equipas. Algumas mudanças no Sporting indiciaram a má exibição defensiva, mas ainda se pensava nisto já Hulk ia lançado para cima de Polga que não evita o contacto com o 12 portista. Penalty evidente e expulsão de Polga que reduzia o Sporting a 10 mas que removia o seu tumor no cérebro. Falcao falhou o penalty, o Porto ficou ansioso e com medo das vicissitudes do futebol. Se o futebol dos portistas já era desajustado ainda mais ficou e bola só para o Sporting. No meio disto tudo até Jesualdo (imagine-se) estava descontente (só para dar uma ideia do péssimo futebol do Porto) e vociferava: Vamos jogar c...! O Sporting tentava, o Porto controlava e não se conseguia soltar, ainda assim não mais consentiu perigo nas investidas leoninas. Fica a ideia de um Porto que entrou à "champions" mas que só trazia um quarto de depósito, a ansiedade era enorme e o querer ver os minutos a passar depressa quando o 1-0 sabia tão bem.
A arbitragem peca outra vez por dualidade de critérios mas ficam-me na retina (não literalmente) os dois dedos de P. Bento para Duarte Gomes. Bento não queria dizer que o PSD iria ganhar hoje, queria dizer que Miguel Veloso só fez duas faltas. Quantas fez Meireles pergunto eu? acrescentando de seguida que Meireles também devia ser expulso. Mas com árbitros portugueses já se sabe, hoje é isto amanhã é aquilo.
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