Queiroz paga a factura de tentar colocar a jogar uma selecção com ideias próprias. Agora que o tempo para isso se esgotou e já de calculadora na mão, o professor espera outro milagre. Sim, porque para quem ande desatento, os golos contra a Albânia e Dinamarca foram autênticos milagres.
É exasperante assistir a um jogo da Selecção Nacional. Não pelo jogo jogado, que até se pode considerar interessante, mas pela ineficácia horrenda que assola cada remate luso. Bem se tenta rematar - como nós tentamos assistir sem partir nada em casa - mas é de facto desolador ver a inconsequência com que saem os "peiditos" nacionais. Até Ronaldo, senhor de grandes traques pelas terras de Sua Majestade, não consegue mais do que jogar ao tiro ao boneco com os guarda-redes adversários e, inevitavelmente, com vantagem para os mesmos.
Este, senhores, é o principal problema da selecção. Por mais que discutamos, se este ou aquele devem jogar, o problema será sempre a bola que não entra. Poderá parecer uma situação sobrenatural mas na realidade haverá qualquer problema (real) que impede os jogadores de fazer os tão desejados golos. Um deles é, desde logo, a falta de apetência, o chamado killer instinct. Não o temos, não se formam em Portugal pontas de lança pois está mais que visto que os gurus da formação só vêm extremos onde pode haver avançados e médios centro ofensivos. Coisas que ajudam, portanto.
Claro que o problema, para quem defende Queiroz e para o próprio está no acaso, no azar. Eu sempre ouvi dizer que a sorte procura-se e não é com Simão (excelente jogador) a cair na área que ela se acha. Inacreditável é que mesmo com Simão nas zonas de finalização tempo demais poderiamos ganhar o jogo confortávelmente, bastava Ronaldo enfiar as duas ginjas, que teve oportunidade de enfiar, lá para dentro. Mas claro que não, isso estava reservado aos pés de coelho que Fergusson tinha no seu cacifo, por cá só mesmo azar, aquele que faz de um jogador de topo o tal que agora não tem graciosidade para fintar uma árvore.
No meio disto tudo aparece agora também a assolar a selecção o famigerado losango. Aquele que serve para maior eficácia na circulação de bola aparece num jogo que é preciso ganhar, com peso na área. Para resultado da bruxaria, a circulação foi boa, óptima em certos momentos, mas claro, golos nem vê-los. Com tanto "azar" lá se recorreu ao amuleto, um trevo de quatro folhas levezinho que acha a baliza mais vezes que os outros. Bem, se tudo o que de mau aconteceu foi azar, não vão agora dizer que a naturalização de Liedson e o seu golo na Dinamarca foi sorte, pois não?
Será agora um milagre que para o jogo de hoje os jogadores apareçam com o golo em mente, despreocupados (à la Guardiola em discurso directo na Supertaça Europeia) e a saber, exactamente, o que têm de fazer? seria, não seria? também me parece. Que o 4x3x3 volte, que venha o querer ganhar, que sozinho não é nada, com a garra, a determinação e até, porque não, a sobranceria de quem sabe que a vai meter lá para dentro? e não a vaidade oca de quem falha e fica com medo de ficar mal para a câmeras. Não entra agora, entra a seguir! Até ao fim!
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