segunda-feira, agosto 4

Jesus carrega a cruz, leões e dragões atiram pedras

Perto do fim (thank God!) vai a pré-época portuguesa. E pelo meio dos habituais chorrilhos de desculpas que a enevoam, fica, ao menos, claro que os lusos não a sabem viver. Bem pelo menos os adeptos, visto que, pela sua parte, os treinadores vão (sempre) indiciando que em termos de resultados as mesmas não valem de nada. Ganhe-se ou perca-se, o tempo - esse bastardo - nunca ajuda. É sempre preciso mais para afinar, e o relógio torna-se o actor principal enquanto as massas estão mais interessadas em cortar o pulso que o segura. Claro que daí até às conclusões apressadas condicionarem a moral das equipas é um 'tirinho'.


 Veja-se o caso do Benfica que de campeão indiscutível passou a não ter margem de erro. Parecia impossível gastá-la toda no defeso mas a desmembração da equipa, e algumas lesões inesperadas, levaram Jesus a montar - pela enésima vez - uma defesa. E se o spot publicitário que inunda a BTV garante que "o treinador não ganha títulos sem o suporte da direcção", Luís FIlipe Vieira não poderia ter feito 'melhor' atentado às ambições de JJ. Os anéis deixaram os dedos e os valiosos ornamentos do campeão ficam reduzidos a duas, três, jóias que, pasme-se, ainda podem sair. Gaitán e Enzo poderão então servir para equilibrar (mais ainda?) as contas ou, por outro lado, montar uma base (que ainda vai receber Luisão para comandar a defesa) para o ataque a um 'bi' há muito inédito. E no desfecho dessas novelas de verão estará a resposta a quem se interroga sobre o que a SAD encarnada realmente quer: ganhar títulos ou dinheiro?

Isto por mais estratega que JJ seja. Lembre-se, e sublinhe-se, que o seu maior desafio é bater um FC Porto competente. E nas três vezes que isso aconteceu (AVB, Vítor Pereira), Jorge Jesus acabou sempre derrotado. Claro que para isso contará muito outra interrogação desta pré-época: será Lopetegui mais AVB, ou VP? ou será mais Jesualdo ou Fonseca? E seguindo o Everton-FC Porto, fica a ideia que é melhor que os encarnados se cuidem. É que, se exceptuarmos o erro crasso de Fabiano - algo normal para quem sai sempre a jogar (o FC Porto bateu a bola uma só vez durante o jogo) - que permitiu o golo dos toffees, os dragões mostraram no Goodison Park autoridade e competência suficientes para controlar um adversário sempre difícil no seu reduto. E enquanto as equações da silly-season vão medindo os tempos de preparação, as cargas e as 'unidades de treino' da equipa de Roberto Martínez, o FC Porto de Lopetegui mostrou finalmente para que serve tanta largura. Extremos e laterais bem abertos, para virar o jogo até à exaustão... do adversário. Depois, bem... depois é encontrar os buracos por onde Herrera, Óliver, Brahimi ou Quintero vão furar - que é como quem diz, dançar o Cha Cha Cha. Muita bola mas também boas indicações defensivas de uma equipa que soube reagir ao momento da perda ou fechar no momento da organização. Indi - titular, jogou os 90' - joga fácil e 'pela certa', tornando-se assim um alívio para uma defesa farta das 'shenanigans' de Reyes e Danilo.

Mas se ainda lembramos uma luta entre dragões e águias, que dura há várias épocas, mais vale também não esquecer que considerar Marco Silva uma evolução a Leonardo Jardim é mais fiável que muitos boletins meteorológicos. Isto mesmo por entre as nuvens de uma pré-época que mesmo assim mostrou o raio-de-sol que pode ser o novo jogo interior leonino. Esqueçam os cruzamentos, cruzamentos e mais cruzamentos, e dê-se atenção ao que podem Adrien e André Martins (ou João Mário) fazer. E reparando mais no 'pequeno' André, impossível é deixar de lado a sua enorme chegada à área sub-aproveitada por Leonardo Jardim. Assim, se a aposta em Montero se mantiver, o Sporting surge como um adulto candidato, personalizado e, claro, endiabrado. Não se apressem é, depois destas linhas, a colocar o Benfica fora da questão, até porque desastres, esses, acontecem a quem privilegia o deslize adversário ao invés de querer uma Liga forte que enfrente uma Europa que não perdoa. Torna-se então escusado avisar... que atire a primeira pedra quem nunca levou 5 no Emirates (ou no Allianz).

6 comentários:

J. disse...

Sorry, acabei por postar por cima...

Em relação ao Benfica, acrescento ainda mais 2 factores.
Um número anormal de lesões de jogadores que poderiam estar agora a jogar - Luisão, Jardel, Lisandro, Fejsa e ainda a falta de Enzo.

Depois as escolhas dos adversários e os calendários desta pré-temporada.

Jogar com Sion, Bilbao, Arsenal e Valência em 5 dias como todas estas condicionantes, dificilmente acabariam bem.
É que uma coisa é jogar com Utrecht, Lazio ou Saint Etienne, outra é ir aos Emirates e jogar com o Arsenal depois de ter feito 2 dias antes um jogo contra o Bilbao e ir a seguir jogar com o Valência.

Marco Morais disse...

Sim, mas isso já toda a gente sabe :P

Peyroteo disse...

Com as reservas do Arsenal, se faz favor :) E é muito diferente jogar com a Lazio do que com o Bilbao, o actual Valencia ou o Ajax?
Não que estes jogos contem para alguma coisa e até acho estes resultados negativos. Assim obriga-os a ir ao mercado em força. Seria melhor ganharem jogos de pré-época com Luis Filipes, Taliscas e Candeias. Assim, chegavam a 2 de Setembro iludidos e nem se davam conta que o mercado tinha fechado...

J. disse...

heheh
Também pensei no mesmo.
Se calhar deviam ter jogado com Utrecht´s e Al-Ittihad´s e continuariam por ai todo contentes.
Mas é claramente um erro de principiante.
Ou mantêm o plantel principal e se mandam de peito cheio a jogar contra o Arsenal, Valencia e Bilbao, ou então teriam reconhecido que haveria que dar tempo á nova equipa e mantinham-se como Sions e Belenenses, até pelo menos o plantel estar mais definido.

PM disse...

Grande texto Marco!!

Marco Morais disse...

Obrigado, PM! =)