quarta-feira, agosto 20

Pavilhão da Realidade

Que se saiba, tirando os 'esforços' de Herman José com as rabúlas da 'Expo 97' (Herman Enciclopédia), nunca houve nada parecido à Expo '98 na Invicta. Por consequência, pavilhões como o da Utopia, ou o da Realidade Virtual, nunca dariam para fazer analogias ao primeiro jogo europeu dos dragões sob o comando de Julen Lopetegui. Mas, depois da polémica que antecedeu o Lille-Porto, a cobertura do Pierre-Mauroy fechou mesmo e transformou a casa do adversário dos dragões num inédito Pavilhão da Realidade. Lá, puderam ser revisitados conceitos já conhecidos mas com algumas inclusões (ou exclusões...) surpreendentes. Que dizer do afastamento de Quaresma do 'onze', do golo do improvável Herrera, de nova vitória fora-de-portas (desta vez em França e a doer) e do comportamento defensivo quase irrepreensível de uma equipa que à meia-hora conseguiu... 70% de posse-de-bola? E esta parece ser a Realidade de um colectivo que quer estar preparada para tudo.

Claro que tudo isto teve um preço que transportou para a realidade dos espectadores e tele-espectadores que este FC Porto é, claramente, um produto inacabado. Talvez a relva seca e a tentativa de sufocar o 'paradigma' azul e branco tivessem ajudado, mas a verdade é que os cinco médios que Lopetegui juntou (Casemiro; Rúben Neves, Herrera, Óliver e Brahimi - estes últimos ocupavam as faixas) tiveram demasiados problemas em se ligar a Jackson e, por consequência, em criar lances que aproveitassem a desmesurada percentagem de 'posse' que o FC Porto conseguiu na meia-hora inicial. Mas se a máxima reza que as equipas se constroem a partir de trás, os portistas podem estar descansados. É que foi, quase sempre, exemplar a forma como o 'Lopi Team' fechou os caminhos a uma equipa que só procurou o resultado a partir da meia-hora já referida.

Aí, momento determinante para se avaliar a coesão do novo dragão. E se já com Vítor Pereira (com Paulo Fonseca escusa-se o mesmo exercício) se conheciam dificuldades em assumir os jogos fora-de-portas em jogos europeus com grau de dificuldade elevada (City, PSG, Málaga), a pressão gaulesa foi determinante para que se veja, e reveja (porque não?) que o Porto tem ainda muito trabalho na sua organização ofensiva. Por outro lado, o comportamento zonal da linha defensiva só por uma vez assustou (Corchia 45'). Mas quem estiver interessado na relação casa/fora de um Porto (que se quer) Europeu, pode também reter que na segunda metade a tentativa de 'ser protagonista' se manteve - apesar da 'posse' ir baixando à medida que a velocidade defensiva do Lille aumentava -, mas que para se criar um Porto totalmente imponente vai ser preciso mais tempo. Claro que, no meio disso, o mais importante: Rúben Neves ainda é aposta e serviu mesmo, tanto para ser o mais esclarecido dos dragões em campo, como para oferecer de bandeja uma inédita corrida até à linha que haveria de dar o triunfo aos dragões. Tello entrou (Brahimi 60') e mostrou outro caminho, Jackson não conseguiu bater Enyeama, mas Herrera (que precisa, à vontade, de 100 remates para fazer um golo) conseguiu aproveitar o facto da baliza ter ficado escancarada e colocar o FC Porto a sonhar (mais ainda) com a Europa. Isso, e fazer recuar uma equipa que até aí se tinha mostrado sempre mais 'mandona'. Mas, depois disso e até ao fim, a filosofia de Lopetegui teve de dar lugar à (excelente) organização defensiva e à (escusada) repetição de chutões para Tello. Algo a rever para Paços-de-Ferreira e para a segunda-mão deste 'playoff' que se joga na próxima terça-feira no Estádio do Dragão.

Lille-FC Porto, 0-1 (Herrera 61')

Foto: Getty Images

14 comentários:

Tasqueiro Ultra-Copos disse...

Quando não há por onde se pegue inventa-se logo filmes do amuo do Quaresma por não jogar. Para burrisses já bastava o "árbitro nº1 do mundo" mostrar porque motivo tirou esse título ao querido Proença. O penalty não marcado por agarrão a Jackson foi o postal ilustrado de um jogo onde o colombiano passou o tempo todo a ser puxado e empurrado em qualquer lance que disputasse, tudo com a complacência do "nº1 do mundo". Mas nem esse personagem nem a vontade do lille jogar num pavilhão com relva pior que sintética chegaram para parar este Porto em construção mas em claro crescimento. Cada vez mais se prova que paulo fonseca não passou e passa de um flop e de um erro de casting de PDC, que também tem direito a errar.
Se o ano passado não existia meio-campo, agora há e até demais. Dizem os iluminados que foi muita parra/posse e pouca uva, iluminados esses a quem não interessa reconhecer o excelente resultado fora de portas perante uns avéques sem qualquer ambição de assumir o jogo e a pensarem que este Porto é o mesmo do passado com a defesa a perecer um coador nos contra-ataques adversários. A confiança cega deles caiu desde o 1º minuto.
Fabiano é o titular mas anda a brincar com o fogo. Indi não deslumbra mas é certinho comó carassas, os laterais finalmente parece que começaram a jogar à bola (obrigado e adeus Scolari), daí prá frente tudo muito bem. A coisa promete vamos ver.

Marco Morais disse...

A equipa dá bons indicadores e pareceu defender muito bem. Terá de melhorar, essencialmente, a saída de bola e o número de passes errados. Parece também uma equipa extremamente competente fora-de-casa.

Mas há que esperar e não entrar em euforias. Aliás essa parece ser a imagem de marca do treinador. Sempre pragmático e realista.

J. disse...

Que granda seca de jogo....bela sesta que fiz! :-)

Este treinador só por ter lançado Ruben Neves como lançou e ter encostado Quaresma como encostou, já tem algum do meu respeito.

Mike Portugal disse...

Concordo com o J.,

Só por ter sentado Quaresma já sobe na minha consideração. Ainda não está lá totalmente em cima porque insiste em Herrera, que não tem nível este FCP (contem a quantidade de vezes que falha passes).

Casemiro, Oliver, R.Neves, Brahimi, Tello e Jackson parecem-ser os melhores do FCP.

Gonçalo disse...

Grande seca de jogo diz o J. Foi posse a mais, não foi?

Eu gosto deste novo Porto. Gosto de os ver com a bola, de esticarem o jogo, de jogarem no campo todo. Tinha saudades de ver um Porto que sabe o que vai fazer e onde os jogadores compreendem o que têm que fazer em cada momento do jogo.

No golo do porto vejam quantos jogadores aparecem na area para finalizar. No ano passado era só o Jackson e com sorte tinhamos alguém na entrada da área. Ontem estavam 4 na área.

Ainda é cedo, ainda falta muita coisa, mas que promete, lá isso promete.

J. disse...

E continua a brincadeira...

http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/Porto/interior.aspx?content_id=900822

Gonçalo disse...

Mais o Anderson. Está na altura de fazeres um post - Há petróleo no Dragão 2. Deste vez tenta acertar mais nos números :)

J. disse...

E o Classie não conta?
:-)
Aonde é que não acertei nos numeros?

Tasqueiro Ultra-Copos disse...

Ah que saudades que o Lord Licá deixou nalguns :)

J. disse...

Sim aliás, os negócios com o Estoril têm sido fabulosos.

Sérgio disse...

Oh Tasqueiro olha lá esta noticia páh!

Convocatória para Paços:
"FC Porto: Danilo, Quaresma e Reyes de fora, Marcano estreia-se"

Só que desta vez a invenção não é da CS mas sim de Lopetegui :).

Tasqueiro Ultra-Copos disse...

Querem novelas? Só na btv, sportingtv, sic, tvi...

"Amigos, o Porto é o meu clube, esta é a minha casa, podem parar com a especulação. Juntos somos uma grande equipa, sei que vão dar tudo por tudo para ganhar ao Paços de Ferreira. #somosporto"

Facebook oficial do RQ.

Continuem a tentar destabilizar pode ser que resulte :D

Sérgio disse...

LOL

Esqueceste da CMTV :).

Gonçalo disse...

J. - os do mangala.