quarta-feira, novembro 25

Ponto morto

Um ponto só, era aquilo que o FC Porto precisava para seguir, já esta terça-feira, para os oitavos-de-final da Champions League. Algo tão pequeno e insignificante, pensou-se, escondeu uma verdadeira armadilha: em caso de derrota, e de um resultado positivo do Chelsea em Israel, seria preciso que os dragões fossem ganhar, na última jornada, onde nunca o conseguiram fazer. Não falo só de Stamford Bridge mas de um país inteiro, pois o FC Porto, em jogos oficiais, nunca ganhou em Inglaterra. Um cenário de extrema dificuldade que ficou traçado depois do Lopi-Team ter levado um banho... de realidade. E talvez tenham sido mesmo aqueles 15 minutos iniciais - os melhores do FC Porto, ontem - a dar a estocada final. Afinal de contas era só preciso um ponto, e o 1.º classificado do grupo conseguia empurrar os ucranianos para o seu meio-campo. Yarmolenko estava, afinal, enganado: o Dynamo não ia controlar posse-de-bola alguma e ia ficar sujeito ao fogo do Dragão - reduto onde o FC Porto não perdia desde a recepção ao Benfica da pretérita temporada, em dezembro do ano passado. 

Puro engano. Logo, logo, que os ucranianos se soltaram de uma teia que não era mais do que isso (não tinha arte nem engenho para criar reais oportunidades), se percebeu que Yarmolenko afinal não estaria tão enganado assim. O Dynamo subiu no terreno, roubou o protagonismo e começou a colocar a nu as evidentes fragilidades do FC Porto. Evidentes, perceba-se, para quem sabe que não basta ganhar muita vez, ou até não perder, para que as equipas sejam perfeitas. E mesmo nas vitórias, o FC Porto de Lopetegui revela sempre, mas sempre, indicadores que poderão vir a tombá-lo num futuro próximo. A começar pelas decisões, quase sempre incompreensíveis, do técnico basco - que desta vez deixou André André de fora do 'onze' inicial, para acabar numa defesa que deixa muito espaço e que não é bem protegida à frente do centrais. Ora, sobra a dúvida: para quê um duplo-pivot (Danilo e Rúben Neves) se nenhum deles protege o espaço à frente de Indi e Marcano?

Depois, o golpe de misericórdia! Não falo de um penálti, que parece evidente, e que deu a vantagem ao Dynamo Kyiv, mas na constante opção pelo jogador que o cometeu. Imbula não é, de todo, um mau jogador, nota-se. Contudo não é por não o ser que não se nota que o francês (ou belga, como quisermos) é vitima da sua constante escolha para um sistema que não o privilegia. Por deixá-lo nas funções de organizador - para as quais não tem capacidade - ou por deixá-lo bem próximo do trinco - onde fica sem chegada à área. E com Danilo e Rúben Neves sem essa mesma chegada à área, fica difícil que o FC Porto actual seja mais do que um conjunto que circula a bola de um lado ao outro à procura de um milagre. E Aboubakar, Tello (que noite horrível) e Brahimi queixam-se disso. Foi enorme a distância entre o trio-de-ataque portista e aquela espécie de 'trivote' que nem com boa vontade chega para atacar ou defender.

Obviamente, com a desvantagem, e o mau futebol praticado, o Dragão entrou em erupção. Assobios e mais assobios que sublinharam durante, toda a segunda metade, a incapacidade da equipa em ultrapassar um Dynamo que fechou bem por dentro - onde o FC Porto não gosta de jogar - e que mostrou, a quem quis ver, a enorme distância a que ficam, uns dos outros, os jogadores portistas na altura de 'atacar'. Sempre que a bola chegava à ala, o FC Porto ficava preso. Lopetegui decidiu que Brahimi seria a causa, mas Corona - e o inenarrável Tello de ontem - provaram que o defeito estava no modelo. Assim quando o FC Porto já não conseguia dar dois passes seguidos - vitima de um 4x4x2 (com Osvaldo e Aboubakar na frente) que acabou de vez com o meio-campo e com o ataque - já Casillas tinha confirmado - com uma abordagem infantil - o segundo golo dos ucranianos - aquele que ajudou a confirmar com números uma das piores exibições de sempre de um Lopi-Team que tem disfarçado muita coisa com uma posse-de-bola estéril e com individualidades que resolvem na frente. E esta 2.ª versão, nem conta com aquela força na reacção à perda e no duelo individual que ajudou que a 1.ª não despedisse o basco. E se depois lembrarmos que com uma só substituição (ao intervalo André rendeu Maxi) Lopetegui conseguiu mudar toda a linha defensiva de posição, não é preciso muito para percebermos que esta experiência do basco em Portugal não é mesmo mais do que isso: mais uma experiência (atrás de experiência).

12 comentários:

Peyroteo disse...

Pois, o Porto tem um problema sério com Lopetegui, que tem tanto de arrogante como de mau treinador. E outro problema é não haver símbolos do clube, aqueles "ordinários" que o Porto sempre teve. Será por isso que contrataram o Maxi? É uma equipa muito meiguinha mas se tiverem motivados são sérios candidatos a ganhar a Liga Europa...

Marco Morais disse...

Foi pelo Jorge Costa que o Porto ganhou a Champions =)

O Lopetegui é um problema, sim. Está a anos-luz do Jesus, a nível de modelo-de-jogo. E o pior é que não quer aprender. E, mais, é cagón. Só isso explica que o jogador mais criativo do plantel só tenha jogado para a taça. Vê lá se adivinhas quem é :P

Sérgio disse...

A pergunta não é para mim mas cá vai a resposta:

Sérgio Oliveira :)

Marco Morais disse...

Sérgio, é - para mim - o Bueno. Mas o Sérgio Oliveira decerto que também merecerá oportunidades. É hoje bem melhor que o Imbula, por exemplo.

Rui disse...

Como o que é bom é para se ler, amanhã podem contar com uma referência ao vosso blogue e a este texto na última página do jornal Metro. A um cantinho, mas lá estará.

Marco Morais disse...

Obrigado, Rui =)

Sérgio disse...

Marco,

Ainda não tive a oportunidade de ver jogar Bueno mas sempre pensei que fosse um 2º avançado.

SL,

Marco Morais disse...

Sérgio,

Era assim que ele jogava no Rayo, mas as características fazem dele, a meu ver, pau para toda a obra: joga bem a 10, a 2.º avançado, e gostaria também de vê-lo no 4x3x3 a ponta-de-lança (claro que aqui será mais difícil pois há um grande Aboubakar). Procura soluções muito diferentes do que habitualmente se vê no plantel do Porto - que lhe permitem jogar mais recuado - e tem um poder de finalização notável.

Hugo disse...

O Bueno tem um problema para o Lopetegui.Tem golo e remata à baliza. Isso não pode ser.
Outra coisa que não percebo é o desaparecimento do Evandro que vinha jogando bem.
Acreditei que pudesse haver alguma evolução neste segundo ano mas já perdi as esperanças

Peyroteo disse...

Pois, é estranho que o Bueno não jogue mais...

Fernando B. disse...

Como sabem depressa se viu que o sr era um Floptegui...
Com o apoio do Presidente, tornou-se um Lorpa Tegui
Quanto à posse / troca de bola... Que interessa entre centrais e trinco??!!?

Fernando B. disse...

Como sabem depressa se viu que o sr era um Floptegui...
Com o apoio do Presidente, tornou-se um Lorpa Tegui
Quanto à posse / troca de bola... Que interessa entre centrais e trinco??!!?