Da semana futebolística que, ontem, passou ficam dois 'clássicos' para a história. Sem histórias, fica, desde já, no presente que as duas equipas da moda foram desmontadas. Uma, sem desprezo pelo que o Sporting fez, sábado, em Alvalade auto-desmontou-se, a outra foi atropelada sem apelo nem agravo pelo super-subestimado Barcelona.
Tinha por aqui dito algures, que Alvalade é o campo mais difícil para o Porto mas não o expliquei. Se tomarmos o Porto-Benfica do ano passado como exemplo, torna-se mais claro o porquê do reduto do leão ser extremamente perigoso para os portistas. O ano passado o Benfica deslocou-se ao Dragão podendo sair da Invicta com o escudo de campeão ao peito e, obviamente, os jogadores do Porto não estiveram pelos ajustes. Que o Benfica fosse campeão já não interessava, era mais que certo, e o único prémio suplementar era ganhar a quem havia sido melhor que eles.
Não que o Sporting já não tivesse - ou tenha - hipótese na Liga, mas o Porto tem-se deslocado, na maioria das vezes, a Alvalade ocupando o 1.º lugar da tabela e é isso que cria a dificuldade adicional em Alvalade. Muita gente, inclusive sportinguistas, concordarão comigo se eu perguntar: porque é que o Sporting não joga sempre assim?
Porque é que cada vez que o Porto sai de Alvalade, se ouve que o Dragão foi amansado ou "mostrámos que afinal não há diferença" ou até o tradicional "fomos superiores"? A verdade é que em Alvalade é difícil, ponto. Mas é verdade também que do outro lado mora uma grande equipa que não se sabe auto-motivar, com meios mais regulares, e o jogo deste sábado é exemplo disso.
O Porto entrou bem e forte assumindo o risco de um estilo de jogo dominador. Até aos 10' a bola entrou - com dificuldade mas entrou - na primeira linha defensiva do Sporting e o Porto 'aguentava' a posse chamando a si a responsabilidade do jogo. A equipa de André Villas-Boas saía a jogar, tabelava e confundia as marcações leoninas, tendo criado uma situação clara de golo. Mas não há bela sem senão e este estilo de jogo tem riscos. Dois deles, para o Porto, chamam-se Fernando e Maicon e contra uma equipa que esperava um deslize - nada mais legítimo pois o Porto também o fez contra o Benfica - a posse tem de ser feita em segurança. E é aqui que o Porto se auto-desmonta e o Sporting sobe para cima no jogo. Primeiro quando Maicon foi forçado a sair a jogar e comete a imbecilidade de jogar nos médios que estão de costas para o jogo. O Dragão afinal erra, e, segundo, errou mais quando Fernando, único médio sem marcação, chamou a si a responsabilidade de 'organizar' o jogo.
A partir daí, a primeira parte coube a um bom Sporting que depois, na segunda, se revelou. Estava já feito, estava já provado que os leões poderiam estar por cima do líder e ficar em vantagem. Para quê fazer mais? O Porto cresceu, o jogo voltou a ficar-lhe favorável e foi uma questão de tempo até ao empate. Repare-se que as incidências do jogo foram beneficiando cada uma das equipas até o registo final dar, espantem-se, um empate. Fica a noção que o Porto é mais equipa que os leões, mas não a super-equipa que muitos querem que ela já seja. Ainda não tem os automatismos necessários para controlar um jogo com um ambiente, e condições, de jogo desfavoráveis. O Sporting é o eclipse das últimas temporadas. Sem tirar nem pôr, igualzinho. O que é, diga-se, um fenómeno, quase ao nível de um Barça que já segura o mesmo estilo de jogo há uns anitos.
Falando em Barça...
A segunda parte do desmembramento de que falo acima teve lugar no Camp Nou. Ficou, felizmente, desmontada a ideia que este Real Madrid é uma super-equipa (deve ser uma praga que por aí anda, a das super-equipas). Esta ideia é suportada pela crença na fé Mourinhiniana (?!) que assolou Portugal assim que José Mourinho saiu do Porto rumo a Stamford Bridge e, como tal, as ideias suportadas somente por fé costumam dar em desastre.
O último Real Madrid campeão da Europa contava com Zidane como organizador de jogo, Raúl na frente, e Figo numa das alas. Este 'projecto' blanco tem o verde Ozil como playmaker, o também inexperiente Di Maria numa das alas e na frente conta com um útil, em transição, Higuaín e um deprimido Benzema. A equipa, percebam-me, não é má e chega, de todo, para a maioria dos jogos. O problema é que o desafio que lhe é pedido esbarra numa equipa que é só o melhor colectivo dos últimos (pelo menos) 20 anos.
O argumento blanco foi hoje desmontado durante 90' com 5 lógicas universais. O Barça, que nos últimos tempos saiu da lista das equipas da moda, é, sem qualquer dúvida, a mais forte equipa do Mundo. Se Guardiola é melhor que Mourinho, se Messi é melhor que Ronaldo, não interessará porque quem viu o jogo sabe do que falo.
13 comentários:
Que festival de bola!!!
Devo confessar que não deve ser nada fácil jogar contra o Barça, a apanhar 5 e ainda vê-los a trocar a bola daquela maneira....quase uma "provocação"!!!
Como sempre disse, o Florentino só podia ter os melhores se os comprasse em Camp Nou. Os que tem são muito, muito bons, mas os do Barça são estratosféricos. Ainda por cima têm um modelo lindo, jogam em equipa e sentem a camisola. Este Barça é o maior fenómeno desde o Milan de Sacchi e Capello.
Com um futebol nunca visto e com uma regularidade impressionante.
Ás vezes até chega a irritar ver tamanha superioridade.
O Barça tem os jogadores perfeitos para aquele estilo de jogo e isso faz toda a diferença. Guardiola tem o condão de não inventar e manter a estrutura da equipa. Acho que Mourinho é mais treinador pq consegue adaptar as suas equipas à várias adversidades com q se vai deparando, Guardiola ainda tem isso para provar. Ali, de facto, tem a melhor equipa do mundo com o futebol mais fantástico de todos.
E é engraçado q todos dão loas ao futebol do Barça mas qd na Luz (e falo apenas da Luz q é onde vejo bola) quando os jogadores do Glorioso trocam a bola no meio campo daquela forma os assobios e gritos de exigência para meter a bola na frente não demoram...
Ontem foi um massacre, a forma como o Barça troca a bola entre si, a forma como escapa à pressão do adversário e a forma como pressionam é esmagadora, parecem que têm mais jogadores em campo que o adversário. A bola rola sempre ao primeiro toque e depois, qd é preciso algo mais, a bola chega a Messi q faz o q for preciso para resolver a situação, e resolve.
Se fosse adepto do Barça estaria danado pq após o 4-0 os gajos disseram "já chega". Só com a entrada dos putos cheios de ganas é que aquilo voltou a ir em direcção da baliza. Pelos "veteranos" era rabia até ao fim.
nova mão cheia de golos
5 a zero !
Atenção que quando Guardiola chegou ao Barcelona não havia nada disto.
Sim, Rikaard teve uma champions com um Grande Ronaldinho, mas não havia esta superioridade tão evidente de jogo.
É algo que nunca tinha visto na vida.
Ontem foi um massacre, uma verdadeira sova. Esperava mais do Real, sendo que nunca jogou como equipa.
Não concordo. O Sporting já jogou esta época bem melhor do que na 1ª parte contra o Porto. Não é um problema de motivação, é um problema de consistência e equilíbrio que tarda em ser solucionado.
O Sporting tem jogadores mais que suficientes para ter mais 10 pontos do que tem agora. Antes do jogo escrevi aqui que o Porto é forte mas tem lacunas e pontos fracos individualmente. Por uma ou outra razão tem conseguido "esconder" essas lacunas mas ninguém consegue transformar um Fernando, um Sapunaru ou um Rolando num bom jogador. O que vale é ter 4 ou 5 jogadores de meio campo/ataque em superforma e um treinador bom mas que tem um comportamento execrável.
Na Académica era tão calminho...
Outra coisa, alguém consegue explicar aquele comunicado do Porto sobre o flash-interview do Beira-Mar-Benfica?!
"Outra coisa, alguém consegue explicar aquele comunicado do Porto sobre o flash-interview do Beira-Mar-Benfica?!"
Tu já explicaste: Benfica.
Explicar aquele comunicado, Peyroteo? Não posso. Da última vez que fizeram um comunicado tão baixo, a forma como reagi fez com que deixasse de colaborar neste 'blog'. Se comentasse este, ficaria impedido de sequer comentar por aqui...
Peyroteo, "Na Académica era tão calminho...", a bem da verdade, não era não, nisso não mudou nada.
Sobre os comunicados.
O menino do norte disse que o menino do sul tinha uma pila pequenina, o menino do sul respondeu quem diz é quem tem.
Duas faces da mesma moeda que já levavam uns tabefes ou iam parar ao reformatório.
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