segunda-feira, julho 2

Extra! Extra! Extraordinário!

O grito que o célebre miúdo ardina usa para tentar vender jornais, adequa-se perfeitamente à bi-campeã da Europa. Os espanhóis foram mais uma vez extraordinários em todos os capítulos e 'limpam' um caneco pela terceira vez consecutiva. Os reis dos últimos quatro anos, a nível de selecções, provocaram muita discórdia que de produtivo tem pouco. O estilo espanhol domina todos os momentos de jogo e, mais ainda, tem a humildade de mudar em função do adversário sem nunca descaracterizar o próprio modelo. Modelo esse que em 4 anos só esteve uma vez realmente em cheque. Portugal foi quem mais pôs em causa a hegemonia e esse 'consolo' deve servir de catapulta para o futebol luso. A seguir, é possível sermos nós.

Antes da Final de domingo, o duelo ibérico trouxe sensações e experiências novas a um futebol que se vê dominado por um estilo. Mais uma vez, os portugueses são a luz ao fundo do túnel para uma mudança de ciclo. José Mourinho, por exemplo, tem sido um gladiador nesse aspecto. Tanto que tem, 'sozinho', travado uma luta contra o hegemónico futebol de toque. Se nos clubes a luta Mourinho/Barcelona traz à ribalta Portugal, no Euro'2012 acabou por não ser diferente.

Onde há um ciclo, há uma certeza. O fim é essa certeza, mas a Espanha continua a manter fechado o champagne das outras selecções, transcendendo-se a cada jogo. O seu modelo controla cada milímetro do jogo e neste Euro, as sensações novas demoraram a chegar. Teria era que ser contra Portugal, pois claro! Paulo Bento tinha um plano. Poderão acusá-lo de muita coisa, mas a falta de plano do seleccionador português não poderá ser uma delas. E esse plano adequou-se na perfeição à hegemonia espanhola, provocando nos espanhóis uma sensação nova: o descontrole.

Já antes do jogo, o bluff com Negredo o revelava. Depois bastava estarmos atentos aos olhares apreensivos nas bancadas, que contrastavam totalmente com os habituais rostos eufóricos que a cada toque gritam 'olé, olé, olé'. Na quarta-feira não houve 'olés' para entoar e ninguém para tourear. Culpa do esquema de Paulo Bento que secou completamente os momentos de jogo espanhóis. E se dúvidas havia, faça-se a pergunta que a menina Alleke (celebrizada pelo Youtube) fez, em 2010: Where's Xavi? Where's Xavi? Vicente del Bosque, também se perguntou pela mesma coisa e acabou mesmo por tirar de campo um maestro a quem Moutinho roubou o tempo.

Depois, falta o que não se cria só por se querer. Falta o estofo, o cinismo, o acreditar, para dar a estocada que faltou. Não houve último terço de terreno para Portugal. Hugo Almeida foi inofensivo, Nani inconsequente e Ronaldo insuficiente para a estocada que, a ser dada, acabaria por criar algo de novo no futebol europeu. Pode-se dizer que os Deuses não deixaram, talvez  porque não haja ainda nada melhor que aquilo para criar. A esmagadora vitória contra a Itália o prova. Os campeões merecem loas e respeito, porque colocam o Mundo do futebol a pensar: Como lhes ganhar?

Que a resposta seja dada em português, pedimos nós.

4 comentários:

Anónimo disse...

Fizemos mesmo o mais difícil, naquela quarta-feira. A lotaria dos penáltis ter-nos-ia levado à glória.

A Espanha é, para já, imbatível e nisto dos vencidos, não há grande vantagem em termos vendido mais ou menos cara a derrota.

O futebol são onze contra onze e, às vezes, o adversário da Espanha também joga.

Marco Morais disse...

Gary Luís Lineker =)

Hugo disse...

Posso dizer que tantos dias depois ainda nao consegui digerir a derrota nos penalties.

Virgílio disse...

Custou ainda mais perder nos penalties após assistir à final... Esta Itália estava perfeitamente ao nosso alcance. A bola na barra de Alves para fora e a de fabregas no poste para dentro... Foi neste detalhe que os Deuses resolveram premiar mais uma vez os nossos vizinhos espanhóis. Merecidamente? Talvez, mas a mim custou-me (e custa-me sp mt) perder com eles. Não contra a excelente selecção espanhola, mas contra os sobranceria e soberba espanhola... Principalmente no que diz respeitos a Portugal e aos portugueses.

Enfim, esperemos pela fase final no Brasil e esperar que esta seleção cresça e se fortaleça até lá...