quinta-feira, dezembro 12

Com pé-frio em colchão de barras...

...imagine-se a noite do FC Porto em Madrid. Quatro bolas nos ferros da baliza do Atlético Madrid e um penálti falhado é o saldo da visita portista ao líder do Grupo G. Uma deslocação que com outro acerto poderia ter aberto a porta dos oitavos-de-final à equipa de Paulo Fonseca, visto que o Áustria Viena acabou por vencer o adversário directo dos azuis e brancos (Zenit) por... 4-1. Assim, soube a pouco a improvável prenda austríaca que acabou por não contar para nada fruto da atracção do dragão pelos ferros da baliza de Aranzubia, do regresso aos penáltis falhados e de uma inconsistência defensiva que nunca segurou Diego Costa.

De facto este Atlético não é produto da imaginação dos optimistas. Os colchoneros acabam a fase-de-grupos com 16 pontos (apenas um empate, na Rússia) e foram de longe a equipa mais competitiva e realista do grupo dos dragões. E quem vê o seu jogo sabe o porquê. Duas 'linhas de quatro' extremamente rigorosas a defender (principalmente a do meio-campo) e um jogo extremamente fácil a atacar que, na procura bem directa por Diego Costa, deixa as coisas extremamente difíceis para equipas como o FC Porto - que apresentam uma linha defensiva bem subida.

Mas os dois golos sofridos em Madrid até seriam um mal menor se os finalizadores portistas estivessem em 'noite sim'. Mal sabiam os azuis e brancos que, afinal, a bola enviada à barra por Jackson Martinez, aos 8', não era um sinal positivo mas sim um (bem) negativo. Isto porque, em fase tão madrugadora do jogo, ninguém poderia adivinhar que este Atlético-Porto iria parecer, para os dragões, um daqueles jogos de Pro Evolution Soccer contra a CPU em que o sistema, pura e simplesmente, não deixa a bola entrar. Assim, no intervalo de mais um golo estranho para se sofrer na Liga dos Campeões (Raúl García na área, quase sem ângulo bate Helton) e da 'diana' que fez o resultado final (a escapadela habitual de Diego Costa), o FC Porto viu Varela acertar novamente no poste e Josué falhar o primeiro penálti da sua carreira profissional.

Para quem tinha de, obrigatoriamente, ganhar, toda esta queda pelas barras era já de mais. E imagine-se quando Jackson, ainda antes do intervalo, viu a intercepção do seu remate ir embater, caprichosamente, no poste direito da baliza colchonera. Um tremendo pé-frio que tanto fazia os dragões acreditarem que era possível como os fazia desanimar, mais um pouco, a cada bola que os ferros negavam. No entanto, a boa produção ofensiva portista conheceu o seu fim com o apito do árbitro para o descanso, porque depois do intervalo o Atlético recolheu-se e agradeceu as mudanças do FC Porto. Primeiro para o 4-3-3 puro (Licá abriu a ala e a falta de Josué tornou o jogo portista mais previsível) e depois para o 4-4-2 clássico (Ghilas substituiu Lucho e alargou o número de avançados). Mas essas tentativas de Paulo Fonseca só retiraram do relvado as opções para jogar interiormente, e, por fora - com o recurso aos habituais cruzamentos -, o Atlético estava já por demais avisado. De facto, se com três médios a bola já mal chegava a Jackson, imagine-se com dois...

E para se provar que o caminho, para (pelo menos) continuar a criar perigo no Calderón, era o jogo interior, basta recorrer-se à única jogada de (real) perigo dos dragões na segunda-metade. Diagonal de Licá até à área, passe interior de Danilo e... bola no poste (69'). Um 'poker' aos ferros já bem normal por essa altura. Com uma alteração ainda por fazer Paulo Fonseca decidiu-se pela troca directa de médios (Herrera entrou por Defour) mas talvez devesse ter apostado em reforçar o miolo (saindo Varela) e entregar o ataque a três avançados puros como são Jackson, Licá e Ghilas. Talvez aí o jogo interior valesse para mais umas bolas... ao ferro. Essas, e não só, relegam um FC Porto, que não mostrou calibre caseiro, para um nível de dificuldade abaixo. E talvez aí (Europa League) não se note tanto a falta de estofo europeu destes dragões.

Atlético Madrid-FC Porto, 2-0 (Raúl García 14 e Diego Costa 37')

Foto: UEFA


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6 comentários:

Tasqueiro Ultra-Copos disse...

como já tinha previsto desde o 2º jogo liga europa era o destino, e apenas precisamos de metade dos pontos que o benfica fez nesta fase para lá chegarmos, porra somos mesmo bons óh paulo fonseca!

voltamos ao mesmo, ou seja, às derrotas e à p*** da teimosia do nosso treinador em usar o esquema táctico que se calhar um dia lheu deu alegrias quando jogava F.M. mas que no porto não funciona. lucho já não dá mais, josué não corre não é jogador para o clube muito menos a titular, kelvin e carlos eduardo riscado da champions, iturbe dispensado, quintero a aquecer banco, aqueles centrais estão numa aflição e quando saem a jogar não sabem fazer um passe, alex sandro fez o pior jogo desde que chegou, jackson muito só e não consegue dominar uma bola, ghilas sem rotinas, o porto não tem fio de jogo, chega lá a frente e vem para trás, não centra não remata, nada, é frustante. falhar o penalty já é normal bem como as bolas aos postes. de nada vale 60/70% de posse de bola se não há profundidade. eu que não achava bem a saída do vitor pereira apoiei depois dele sair a vinda do fonseca mas neste momento e fora outros factores, para mim, é a principal causa do fracasso, a sua teimosia está a levar a equipa a perder toda a identidade que tinha e isso já começa a meter nojo muito sinceramente...

Marco Morais disse...

E é mesmo isso. Só corrigia a parte do Josué. O problema não é não correr, é não ter 'um-para-um'.

Abraço.

Peyroteo disse...

O Porto este ano sofre de dois males: o treinador e uma gritante falta de opções do meio campo para a frente. Estão completamente dependentes do Jackson, não há qualquer qualidade nos extremos. Diria mesmo que os melhores extremos do Porto são Danilo e Alex Sandro.

Marco Morais disse...

Peyroteo, eu, pessoalmente, não preciso que os extremos vão à linha e cruzem. Que é o que estes são 'obrigados' a fazer. Não digo que o Porto não tenha de investir num de classe mundial (Bernard escapou) e também não digo que é o Quaresma que vai resolver.

Não vejo é qualquer problema em entregar as zonas exteriores a Danilo e ASandro. Licá e Varela desenvolvem-se bem em zonas interiores. Alias, com o VP a treinador não vias grande diferença desta equipa para o ano passado.

Mr. Shankly disse...

" Alias, com o VP a treinador não vias grande diferença desta equipa para o ano passado."

As diferenças são que o Porto perdeu um jogador de classe mundial (Moutinho) e outro que, não o sendo ainda, tem classe para resolver qualquer jogo (James). Em troca tem o Josué e o Licá. Não há milagres. Acresce que o Lucho tem mais um ano. A SAD falhou na planificação do plantel, parece-me óbvio. Falta um extremo de classe mundial, e o Porto tem 3 centrais muito bons e 30 M € empatados em laterais. Não faz sentido.

Tasqueiro Ultra-Copos disse...

mourinho no porto com jogadores banais construiu uma equipa imbatível enquanto lá esteve, não é que esteja a comparar treinadores mas é só para dizer que quando os jogadores são mal aproveitados o resultado é que está a acontecer neste momento