domingo, maio 23

Revista da semana

Depois de algum tempo sem escrever os acontecimentos sucedem-se. O Porto levantou a desvalorizada Taça num festival do irrelevante, causado pelo desânimo dos próprios adeptos e pela desvalorização futebolística de outros. A selecção treina (aqui) na Covilhã e o que deveriam ser três semanas para treinar um modelo capaz ficou reduzido a uma, muito por culpa dos desnecessários treinos à porta aberta e da chegada dos jogadores a conta-gotas. Assim o estágio covilhanense, assume somente a importância de festa do povo. Por último (mas só por ordem cronológica), Mourinho. Il Speciale levantou novamente a Champions, numa prova cabal de competência. Ganhou uma equipa em Stamford Bridge e, levando o Inter à glória depois de 55 anos, provou ser mesmo o melhor treinador do Mundo.

Reduzida a cinzas, não só pela comunicação social mas também pelos próprios adeptos, a Taça de Portugal ganha pelo FC Porto roçou a banalidade. Desde logo, pelo grau de dificuldade que o adversário impunha. A equipa de Tulipa está a anos-luz de poder ombrear, seja em que jogo for, com algum grande do futebol português. A II Liga tem um futebol paupérrimo, e só a displicência de alguns jogadores do Porto poderia equilibrar o embate. As falhas de Hélton, Hulk e Bruno Alves deram essa sensação, mas seria (e aí sim já se faria eco do que aconteceu no Jamor) uma catástrofe o Porto não levantar a Taça.

Villas Boas segue na linha da frente para substituir Jesualdo Ferreira. Ainda que com muitas reservas, André, é bem capaz de ser o nome que mais ilusão trará aos adeptos do Porto. Sabe-se bem porquê, ainda para mais nestas alturas. Não que chegue, mas não vejo outro técnico português mais capaz para, neste momento, treinar o Porto.

A selecção fez da Covilhã o seu quartel general para a preparação do Mundial 2010 e, para mim, a montanha pariu um rato. Num jornal da região, fiz "apelo" para que Queiroz criasse, na cidade neve, um modelo de jogo que nos permitisse ombrear com as grandes selecções que seguem, indubitavelmente, na linha da frente para vencer o Mundial. Mas, infelizmente, o estágio está quase no fim e, para além de chegadas de helicóptero e máquinas de café oferecidas em pleno treino, nada de especial (como se isto o fosse) aconteceu.

As tais três semanas que Queiroz reclamou para construir uma equipa, estão a ser gastas em amenas cavaqueiras e leviandades desnecessárias. Os treinos abertos - para a selecção se mostrar ao povo - têm a sua importância, mas são uma brincadeira de crianças que servem para as gentes e não para a selecção. Foram seis e capitalizaram importância para o que se passará quando o general decide fechar as portas. Alguém acredita que o professor esteja a fazer o que a selecção realmente precisa?

Por mim, agradeço a oportunidade de ver Deco jogar. É um sonho de jogador e quem gostar de futebol terá que gostar do Mágico.

Por falar em gostar de futebol, Mourinho venceu a sua segunda Champions e entra (cada vez mais) na história do futebol. Depois de conquistar Inglaterra, conquistou também Portugal (sim, só conquistou Portugal depois de conquistar Inglaterra) e agora conquista a inenarrável Itália, que tudo fez (tal como Portugal) para que o técnico se fosse embora.

Ganhou uma equipa em Stamford Bridge, no único jogo capaz que vi o Inter, até então, fazer. Foi aí que foram conseguidos os níveis de confiança para bater, sem apelo nem agravo, o campeão europeu em S. Siro e aguentar a vantagem em Camp Nou. Ontem, contra (mais um) romântico Van Gaal a vitória foi construída pelo objectividade e verticalidade do Inter e, à parte da desnecessária conversa do futebol defensivo vs futebol atacante, é inteiramente justa. O Bayern cometeu o erro do Barcelona e só jogou nos seus avançados como último recurso. Com medo das temíveis transições italianas, os bávaros tentavam contornar o muro tornando confortável, e fácil, o jogo de um Inter que, com bola, contou com uns fabulosos Sneijder e Milito.

Grande José Mourinho, que só não tem do seu lado quem continua hipócrita o suficiente para manter as opiniões infundadas que prevaleceram desde 2002 a 2004. Ainda assim, é, também, um fenómeno interessante, Mourinho ter passado de convencido e arrogante (para não dizer nojento) a melhor do Mundo assim que saiu do FCP. Aconteceu com mais, mas já estamos habituados.

Outra grande chapada de luva branca da final do Bernabéu foi direitinha para o política desportiva do Real Madrid. A final foi no seu estádio e nem o facto de o Barcelona não a jogar lhe retirou a humilhação que tal política merece. Robben e Sneijder, os dois melhores jogadores das duas equipas, foram dispensados do clube merengue em mais uma prova cabal da incompetência blanca. E depois de tantos erros é fácil escolher bem, mas veremos se até o melhor treinador do Mundo consegue endireitar uma casa que é o verdadeiro cemitério de treinadores.

5 comentários:

LMGM disse...

Marco o que é que achas que falta ao Domingos para treinar um grande?

Marco Morais disse...

LMGM,

Modelo de jogo, essencialmente. Considero que Domingos seria um retrocesso em relação a Jesualdo, essencialmente pelo modelo de jogo pouco capaz para essas equipas.

Se este Benfica não existisse, Domingos até poderia ter sucesso no Porto mas dependeria muito do que este Benfica possa fazer.

Villas Boas é a minha opção portuguesa porque considero que o modelo de jogo que ele defende se adaptaria (muito) bem ao FCP.

jamsilva disse...

Pelas noticias parece que é mesmo o André.

Só tenho medo que saia dali um tentativa frustrada de imitar o mestre Mourinho.

A académica não esteve mal este ano. mas tb nao esteve fabulosa. Teve um período muito bom logo após a chegada do Vilas Boas mas depois caiu um bocado.

Já o Domingos fez uma grande época com a mesa académica e uma grandíssima época com o Braga.

Acho que o Domingos sem criar expectativas fez um grandíssimo trabalho em duas equipes diferentes. E o Vilas fez uma meia época interessante.

Talvez por isso talvez caia mais para o domingos. Acho que vai ser uma excelente época de qq forma.

o lado do futebol disse...

Boas, o blogue O LADO DO FUTEBOL QUE NUNCA VIRAM está de volta. Depois de um tempo de paragem devido à falta de tempo dos seus administradores.
Mas agora regressamos com uma nova edição: Especial Mundial e Época 2010/11.
Para isso precisamos de alguns colaboradores.
Se estiver interessado vá ao blogue e tem lá os contactos necessários para falar connosco.
Aquilo que precisamos neste momento é pessoas que coloquem notícias sobre um determinado grupo do Mundial, por isso se estiver interessado passe pelo blogue.

http://oladodofutebolquenuncaviram.blogspot.com/

Abraço.

Quetzal Guzman disse...

Um bom post com uma farpa escusada. É que o inverso disto "Mourinho ter passado de convencido e arrogante (para não dizer nojento) a melhor do Mundo assim que saiu do FCP" também é válido para muito boa gente.

Pessoalmente acho Mourinho arrogante (e manipulador) desde os tempos do Benfica e já o considerava um dos melhores (nunca consegui usar o singular porque vejo outros no mesmo nível que ele) do Mundo na fase final da sua passagem pela Invicta.