terça-feira, maio 18

Violência nos estádios: que soluções?

Depois de terminadas as competições oficiais em Portugal, e já com relativa distância dos acontecimentos mais violentos vividos recentemente em Portugal, é chegada a altura, penso eu, de se falar deste fenómeno que se vai alastrando no nosso país.
E devemos falar dele, despindo completamente as nossas cores enquanto adeptos.
O assunto é sério. Muito sério!
Ants de se iniciarem as competições referentes à nova temporada, tomando como exemplo tudo o que se passou para trás, é altura de se tomarem medidas para fazer reverter a escalada de violência que se vive em redor de um jogo de futebol. Há momentos, felizmente não muitos mas os suficientes, que se vivem situações de verdadeiro pânico.
Não interessa, agora, saber quem começou, quem fez isto ou aquilo, quem é que bateu mais em quem.
Importante é apontar o dedo ao problema e pensar em soluções para o resolver.
O tempo das famílias nos estádios de futebol acabou e é preciso fazê-lo voltar.
O futebol deve ser uma festa e não motivo para batalhas campais onde grupos de bárbaros tristemente se degladiam.
Antes de começar a nova época é preciso definir regras e aplicá-las cegamente, seja contra quem for, doa a quem doer. Sem qualquer benevolência pelos prevaricadores.
Assim, se eu mandasse, faria aplicar medidas que poderiam começar com a irradiação de adeptos que viessem a ser identificados por qualquer meio (inclusive a câmaras de tv) por períodos mais ou menos prolongados com a obrigação de comparecer em posto policial durante os jogos que o seu clube disputasse.
A seguir para os clubes multas bem pesadas e não as bagatelas que se aplicam actualmente. Não faz sentido um clube movimentar milhões e depois pagar multas de tostões. Há um princípio do direito - o da proporcionalidade - que pode e deve ser aqui aplicado: É lógico que um clube como o Benfica, Porto ou Sporting tem uma capacidade financeira diferente de uma Naval, ou de um Rio Ave. Nestes termos, os montantes de multas a aplicar deveriam ser proporcionais aos orçamentos.
Proporia também um tipo de "registo criminal" para os clubes, onde seriam registados os episódios em que estivessem envolvidos, para que as sanções a aplicar em caso de reincidência fossem cada vez mais gravosas. A seguir à multa poderia surgir como pena a realização de jogos à porta fechada e por último cumulativamente com jogos à porta fechada a perda de pontos.
Isto para não se avaçarem com situações mais radicais como por exemplo a descida de divisão.
É claro que tudo isto implica celeridade da justiça desportiva, que é tão lenta como a justiça civil. Penas destas só fazem sentido se forem rapidamente aplicadas.
Quando me refiro a violência não falo apenas em violência física, pois todo sabemos como tudo começa - com insultos e provocações. O problema tem que se atacado pela raiz. Há que começar a implementar uma cultura de respeito pelo adversário.
Urge tomar medidas sob pena da violência avançar para níveis dos verificados por exemplo no Reino Unido. Lá eles souberam como tratar do problema e de certa forma estancá-lo. Aprendamos.
Devemos agir antes que a situação se torne incontrolável, ou antes que a UEFA entre por aqui dentro e nos aplique sanções do tipo: proibição dos clubes portugueses entrarem nas competições europeias. Não seria uma decisão inédita.
Já provámos, nomeadamente no Euro 2004 que, havendo vontade, se conseguem organizar as coisas de forma a que tudo funcione bem.
Se as instâncias desportivas e, nomeadamente, os clubes não quiserem assumir esse papel, o Estado deve fazê-lo.

8 comentários:

LMGM disse...

Excelente post Jotge.

Ando com esta questão na cabeça também.

Ao contrário de ti acho que o Estado tem de intervir urgentemente. As imagens de violência gratuita por ruas portuguesas este ano ligadas ao fenómeno desportivo são extremamente graves.

Já passou o tempo de acreditar que os clubes se vão auto-inflingir de multas ou castigos.

As forças da autoridade deram uma imagem deprimente de falta de controlo, amadorismo e laxismo perante situações de extrema gravidade.

Só por um feliz acaso não contabilizamos este ano mais vitimas. Tenho muita dificuldade em entender a demissão do estado deste assunto, deixando à mercê de criminosos violentos a população que tem a obrigação defender.

Estou muito pessimista para o próximo ano, o agravar da situação social do país vai provocar a multiplicação de casos extremos.

Acção precisa-se e depressa, não podemos estar dependentes da protecção da milicia da nossa cor, ela também se vira contra nós.

FlashGordo disse...

Balelas...

Falar do que não se sabe ou não se sente dá nisto....

Primeiro que tudo é preciso definir o que é que cai dentro da "Violência" no futebol. Estamos a falar de confrontos no estádio? 100 metros À volta do estádio? na mesma semana? Estamos a falar de insultos? De entrevistas a jornais?

Se mandasse, saberia que as medidas que aí expõe já estão previstas desde a famosa lei 16/2004 ( http://www.idesporto.pt/DATA/DOCS/LEGISLACAO/doc05_001.pdf ).

Quer uma solução fácil para grande parte das situações de que refere?

Ora então e começando bem no alto:
- Fazer cumprir junto dos dirigentes desportivos as sanções relativas ao incitamento à violência.
- Desmilitarizar os jogos de futebol sempre que possível. Sim à presença da Policia, mas como força de resposta, não de provocação.
- jogos a dias e horas de gente

Poderia entrar pela análise socio cultural, onde é óbvio toda a tensão social e económica que assola o nosso país não pode passar em branco.
Em alturas de crise o ser humano tem tendência a juntar-se em prol de objectivos e/ou referências.
Na procura do escape do dia dia encontram em primeiro lugar nos Clubes e a um nivel mais pessoal nos grupos de adeptos um ponto focal da sua vida. Desta forma qualquer "ataque" feito um desses elementos desplota sentimentos extremados.

Sim, algo tem de mudar, mas a repressão cega não é, nem nunca será a solução.

Cumprimentos

FlashGordo disse...

LMGM,

Concordo com grande parte do que escreveste. Sou Benfiquista membro de longa data de um dos grupos de adeptos do SLB. Mas sou o primeiro a achar que as leis são para se cumprir.

E nem estou a falar das leis que cobrem os eventos desportivo. Se alguém é criminoso (seja por tráfico de droga, posse de armas, agressão) tem de ser preso ou pagar pelos seus crimes. O facto de pertencer ao grupo A, B ou C , ou ser do Clube X ou Y são apenas pormenores.

Como alguém que tem contacto semanal com as forças da autoridade posso dizer que já vi de tudo, mas que infelizmente foram mais as vezes que senti amadorismo, desorganização e má fé do que as que senti um trabalho bem feito e eficaz.
Já fui a muitos jogos com Benfica no Porto, mas a operação montada este ano foi exemplar na protecção dos adeptos do Benfica que viajavam organizados. Claro que com isto tudo esqueceram-se de um certo e determinado autocarro que já na véspera tinha sido apedrejado, teria de fazer mais uma viagem...mas cá está um óptimo exemplo das nossas forças policiais.

Quanto lei 16/2004 que acima mencionei, ela só tem um destino, que é desaparecer e ser substituida por uma que seja aplicável e não discriminatória.


obg

Anónimo disse...

Haja quem tenha tomates para resolver o problema.

Benfica – Porto a 7 de Agosto para a Supertaça Cândido de Oliveira.

É que já estou a imaginar o cenário :S

Jorge Borges disse...

É claro que o amadorismo da PSP não ajuda nada.
Mas não devemos virar as atenções para aí. O problema não está nas forças policiais.
Eu também defendo a forte presença da Polícia nos jogos.
Mas eu falo de prevenção e não de reacção.
Se a prevenção for eficaz nem se justificam tão fortes contingentes policiais.

FlashGordo:
"Falar do que não se sabe ou não se sente dá nisto...." Admito que não saiba do que falo. Apenas dou a minha opinião. Agora do que nãos e sente? eu já vivi momentos de enorme tensão dentro de estádios de futebol. Nas décadas de 80 e 90 não tinha dinheiro para ir ver o Benfica a Lisboa, pelo me contentatava em ver os jogos nas Antas.

Quanto à lei 16/2004, não a li antes de escrever o post. Não sei o que diz, mas uma coisa eu sei: ou a Lei não é aplicada ou não é eficaz. Por isso há que mudar alguma coisa.

Para mim viol~encia no futebol é quando ela existe por causa dele. Não falo de uma zaragata num café, mas sim do que se vive em redor do jogo e que faz com que as pessoas temam pela sua integridade física.

A questão socio-cultural não explica tudo. Os lideres dos grupos organizados têm que passar a responder pelos membros que fazem parte dos mesmos e que sob a égide do grupo provicam desacatos. Mas isso levava-nos a outra questão (legalização das claques) que não a é a que interessa debater no momento...

LMGM:
O estado tem que fazer um ultimato às instâncias do futebol. Se estas não agirem, então sim. Eu também acho que já devia ter tomado conta do assunto, mas pode e deve aproveitar este defeso para dar uma última chance. A partir daí...

Pedro disse...

Bom post.

Começo por dizer que acho os jogos à porta fechada uma das maiores aberrações do futebol actual (a par do amarelo por festejar um golo com os adeptos). Não resolve absolutamente nada, prejudica o clube e, principalmente, os adeptos inocentes. Nunca pode ser solução para nada e assusta saber q a UEFA/FIFA ainda pense q sim.
As sanções que falas já existem. Punir ainda mais os clubes não me parece a medida mais correcta pois não impede os problemas e o clube não tem formas de controlar e impedir confusões.

A grande questão passa pela impunidade que existe quer nas declarações e comportamentos incendiários quer para os problemas propriamente ditos. As autoridades são do pior que existe no futebol português. Tirando um ou outro a maioria está lá simplesmente para picar até que alguem responda torto e abra motivos para uma carga policial. É evidente que quem actua assim é incapaz de actuar decentemente qd o problema é sério.

E muito se fala dos grupos organizados...o calduço ao fiscal de linha ou o isqueiro atirado ao Jesus foram feitos por adeptos normais. Dentro dos estádios os grupos de apoio estão controlados e raramente o problema parte por aí. Legalização das claques? Há claques legalizadas e os problemas como no Algarve ou no Dragão aconteceram na mesma. A questão da legalização das claques simplesmente é algo q existe para enganar, desculpem q o diga, o adepto dito normal q não gosta das mesma. Mais uma vez o problema está nas autoridades e na sua forma de actuar...

Mais do que repressão e prevenção tem que haver mão dura para quem cria um clima hostil e violento no futebol nacional. É por aí q tudo começa.

Qd se anuncia q se comprou milhares de bolas de golfe, qd são atiradas bolas de golfe para o relvado com um jogo a decorrer e NINGUEM actua, ninguem procura responsabilidades, ninguem procura culpados pouco há a fazer e a discutir.

@oel@ disse...

http://www.youtube.com/watch?v=DHRNzNDRNQg&feature=player_embedded

Aqui fica o que o SLB quer fazer.

João Simões disse...

http://www.youtube.com/watch?v=vJM7kdVAvy4

MUITOS PARABÉNS!!!