Não partilho a mesma fé destes ilustres companheiros. Sendo mais claro, não acredito que a resolução do problema das "más arbitragens" esteja na profissionalização.
Passo a explicar.
1) Veja-se as caixas de comentários abaixo para se perceber que, mesmo depois de sucessivas repetições televisivas, muitos de nós consideram que o Luisão fez penalty e muitos outros consideram que não fez penalty. Ou seja, independentemente dele ser profissional ou não, a divergência de opiniões, a insulta, o desrespeito continuariam a existir.
2) O que nos leva a acreditar que um árbitro vai premeditadamente prejudicar um clube? Receber dinheiro? Receber melhores avaliações no fim da época para subir de divisão ou a internacional? Em caso afirmativo, expliquem-me em que medida a profissionalização iria acabar com esta situação? A menos que a profissionalização significasse progressão automática na carreira, diminuindo permeabilidade a pressões externas para subir mais depressa ou para evitar descer de categoria. Mas será que isso, a prazo, não seria mais nefasto em termos de qualidade do que a situação actual.
3) O que significa exactamente a profissionalização? Os árbitros recebem acções de formação, treinam a parte física várias vezes por semana e recebem já ajudas de custo significativas. Pelo menos na 1ª Liga. Será mesmo necessário ir além disto?
4) Vamos dar um passo atrás e olhar para o que se passa noutros países. As arbitragens são melhores do que as que vemos por cá?
Posto isto, o meu ponto é que a "má arbitragem" depende sobretudo das nossas lentes clubísticas. A tolerância ao erro do árbitro não existe por questões e mitos) que estão entranhados em todos nós: a corrupção portista, o centralismo de Lisboa, o clube do regime, etc.
Mais, colocando a mão toda na ferida, a questão da arbitragem em Portugal está profundamente enraízada na cultura futebolística nacional devido a anos de tráfico de influências, conversas entre amigos ao almoço e ao jantar, pressões para nomeações deste ou daquele e, obviamente, vários casos de corrupção. Tudo casos que vieram a público e foram debatidos. Infelzimente, e é o meu ponto, nada disto se resolve com profissionalização.
My 2 cents: começar a desmontar o sistema, para haver maior transparência. Isto implica sorteio puro dos árbitros e haver uma nova forma de avaliação do trabalho em cada jogo.
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