quarta-feira, dezembro 23

O conto da raposa borrada e do borrego suicida

O Benfica ganhou ao Porto porque no seu melhor período roçou o óptimo. Já o auto-amordaçado Porto "protegeu a ilusão" não nos deixando saber como seria jogar com melhor onze - que daria melhor modelo - ficando-se por no seu melhor período nem a bom chegar.

Convém, antes de mais, pedir desculpa do espaço que agora roubo aos sportinguistas para a (importante) discussão da contratação de João Pereira. Sobre o assunto devo dizer que, se os laterais fazem falta ao Sporting então fizeram bem em comprar um bom lateral. Claro que é mauzão e benfiquista, mas não se pode ter tudo e o Inter não quer vender o Maicon.

Sobre o que me trouxe aqui, digo que já não julgava ser possível alguém ser tão burro. O eu acreditar que Jesualdo não inventaria, faz-me sentir um asno de todo o tamanho. Mas lá fui eu, a uma pastelaria moderna e cheia de gente a assistir ao clássico - visto o meu local de eleição se encontrar fechado - e 5 minutos antes do jogo dou a primeira surpresa aos bem-comportados clientes: "Foda-se Guarin?! epá este gajo não tem emenda, foda-se pá cagarola do c..."

É incrível que uma só alteração me altere assim. É que nem é facto que o Porto ganhasse ou jogasse melhor com Belluschi, mas pelo menos não passava a mensagem de que o seu timoneiro estava borrado de medo. E mesmo que não tivesse borrado, estava pelo menos apreensivo e achou por bem alterar por algo que nunca lhe trouxe coisa nenhuma de bom. Incrível a mensagem que passou ao adversário e aparte de tácticas e pseudo mind-games na conferência de imprensa, para mim foi aqui que o Benfica começou a ganhar o jogo.

Mas pronto lá fiquei, na tal pastelaria (má para ver os jogos, muito má, ainda para mais estes) a assistir a um Porto que se foi encolhendo, que foi deixando jogar o Benfica entre as suas linhas e ao inevitável golo que havia de aparecer depois desse óptimo período encarnado. Benfica por cima, para depois começar a segunda parte encolhido oferecendo ao Porto o seu melhor período. Auto-encostando-se às cordas, do género: "mostrem lá o que sabem fazer", o Benfica foi defendendo bem sem dar chance ao Porto. Um golo portista nesse período daria a falsa sensação de justiça que depois viriam invocar, mas foi deprimente para mim assistir a um Benfica com alma de campeão. Coisa que só estou habituado a assistir vestida de azul e branco.

Falava eu no meu post anterior que seria o Benfica que tinha a garantia da ilusão protegida por não jogar com os habituais titulares e que o Porto já teria gasto essa ilusão. Pois, enganei-me e Jesualdo qual raposa velha traiu-me e mostrou-me que é possível ainda guardar ilusão naquele Porto. Basta guardar o melhor onze para outros encontros. À ida para estes jogos, o nosso timoneiro chega a ser deprimente. Há uns anos, saiu-lhe bem a lesão de Anderson e teve de adaptar Lucho. Ainda andou uma porrada de jogos a desiludir mas no fim a superior qualidade (coisa que Guarin não tem nem há de ter) do argentino deu-lhe razão. Agora, o professor quer o mesmo com um colombiano sem qualidade para organizar (duvido que o homem saiba fazer a cama sequer), mas essa é uma batalha perdida.

A vitória é justa e sem qualquer tipo de desprezo por parte de mim. Este Benfica é, em Portugal, o que mais se aproxima (e de que maneira) a uma equipa com estofo de campeã. As grandes equipas matam borregos (atenção Quercus) e o Benfica (depois de ter falhado em Alvalade e em Braga) já matou o seu e temo que quando virar um jogo ainda cresça mais e já ninguém o agarre. Mas este borrego, como quase todos, foi o bicho que mais impressão me fez ver morrer. É que atirou-se de pescoço à faca e lá ficou sem espernear muito, ao ponto do seu assassino se julgar mais superior daquilo que é e de clamar uma vitória (justa) sem espinhas. Ok, tudo bem, tem lógica.

Um Feliz Natal e um excelente 2010 a todos os sectoristas =)

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