Fim da linha

As consequências do 'post' que ontem escrevi, em particular, a reacção do Gonçalo, levam a que esteja a escrever o último 'post' para o Sectorb32. Por entender que não deve ser o Gonçalo - que já cá estava quando comecei a colaborar no 'blog' - a deixar de colaborar devido a algo que escrevi, saio eu. Isto não significa que esteja arrependido do que escrevi ou (já) não me reveja naquelas palavras. Foram escritas a quente, assim que li o comunicado que esteve na sua origem, é verdade. Mas reflectem o que penso da administração da SAD do FC Porto, em particular o seu presidente. Não visei o FC Porto de Carlos Resende, Fernanda Ribeiro ou Paulo Pinto, mas sim de Pinto da Costa, Pedroto, Reinaldo Teles, Adelino Caldeira e outros que tais. Dos quinhentinhos, do café com leite, da fruta, das viagens ao Brasil, da condenação por tentativa de corrupção, do pato, das agressões constantes, etc. No fundo, aquele que tem dominado o clube e a SAD e que, através de plebiscitos sucessivos, os associados portistas apoiam, suponho que por acharem que é assim que continuarão a ganhar. Porque só isso interessa: ganhar. Ou evitar a suprema humilhação de ver o Benfica festejar o título na sua casa. O resto não tem relevância. Depois de uma semana em que foram vandalizadas várias casas do Benfica, foi queimada uma tarja da escola de talentos, foi apedrejado o autocarro do Benfica, foram agredidos os seus adeptos, choveram bolas de golfe, publicar um comunicado daqueles só pode merecer a minha indignação. Significa a apologia da violência. É um completo desrespeito pelas mais elementares regras da prática desportiva. Demonstra que não sabem perder. Assim como nunca souberam ganhar. Não são, por isso, dignos de merecer o meu respeito quando nem sequer são capazes de respeitar os outros. Poderia ter utilizado outras palavras e uma linguagem diferente? Sem dúvida. Fi-lo noutras ocasiões. Agora, escolhi fazê-lo assim.

Há coisas muito mais importantes do que ganhar. Mesmo no desporto. Por isso escrevi num comentário a um 'post' ontem publicado que, embora fique doente quando o Benfica não ganha, há outros momentos que me envergonham mais do que perder 0-5 com o FC Porto, em casa, para a Supertaça, estar em Alvalade nos 7-1 ou assistir à hecatombe de Vigo. Como, por exemplo, hoquistas agredidos, autocarros incendiados, agressões no aeroporto, para não falar no triste episódio do 'very light'. Ou simplesmente ter Vale e Azevedo como presidente. Há ainda episódios tristes, como a conferência de imprensa depois da conquista da Taça da Liga em 2009 ou a reacção oficial do clube depois das pedradas nos juniores, embora aqui também o outro clube envolvido não tenha estado bem.

Compreendo que nenhum portista, por mais bem intencionado que seja, possa gostar do que escrevi. Sabia que isso aconteceria, mas entendi escrever o 'post' e não eceitei o repto do Gonçalo para retirá-lo. No entanto, deixei à vontade os restantes colegas do 'blog' para o fazerem, sublinhando que não levaria a mal se fosse essa a sua posição. Trocámos mensagens em que, de uma forma geral, foi entendido que me excedi. Não foi manifestada vontade na minha saída, mas entendi, pelas razões acima apontadas, dever fazê-lo. Faço-o a custo, pois gosto do 'blog' e das pessoas que o fazem, embora algumas não conheça muito bem. Comecei a colaborar em 2005, pouco depois de o Benfica se sagrar campeão nacional. Escrevi sempre de forma parcial, com a camisola do Benfica vestida. Mas julgo que era isso que de mim pretendiam e sempre sublinhei que os meus escritos se caracterizavam pela (inevitável) subjectividade que caracteriza a opinião de cada um. Não tive problemas em criticar os meus quando entendi que devia fazê-lo. E não estou a falar apenas da qualidade do guarda-redes ou das opções do treinador. Tal como não hesitei em fazer 'posts' a enaltecer adversários que deles entendi merecedores. Procurei sempre ser honesto. Comigo, com os meus colegas de 'blog' e com quem teve a paciência de ler o que escrevi. Fui provocador, por vezes, ter-me-ei excedido. Mais não sou do que um ser humano, com defeitos e, porventura, algumas qualidades. E sou benfiquista. Com muito orgulho. Mesmo quando perde. Não gosto de tudo o que nele acontece, em finais do século passado, o meu fervor clubista sofreu um forte abanão, mas espero que o Benfica nunca me envergonhe de forma a que me afaste.

Desculpem este 'post' tão longo. Um dos mais difíceis de escrever. Continuarei a ser frequentador do 'blog', como seu leitor. E sei que o Benfica ficará bem representado pelo Luís e pelo Jorge. Um grande abraço aos colegas de 'blog' e um agradecimento especial a quem leu o que escrevi ao longo destes anos. Até sempre!