segunda-feira, agosto 27

A exibição que veio de 'Fora'

Desta vez foi de goleada. O FC Porto recebeu, e venceu como já vem sendo hábito, o Vitória de Guimarães, mas no passado sábado os dragões resolveram agravar a conta de uns 'conquistadores' que primeiro terão que conquistar as próprias dúvidas até se resolverem a si próprios. A imprensa, e a blogosfera, fazem eco de uma exibição convincente que não pôde ser testemunhada, na totalidade, por mim. Ainda assim, dos minutos a que assisti da partida, e do rescaldo, fica-me a tal ideia de 'um jogo em cem'. Isto, por já ter acontecido anteriormente e não ter tido sucessão regular e pelas próprias saudades dos adeptos, o que só confirma a escassez já aqui debatida.

Procuro a TSF, encontro e oiço o João Ricardo Pateiro dizer que "passados 5 minutos da segunda metade o Porto vence o Guimarães por uma bola a zero". Depois, obviamente, procuro ajuda visual e encontro pelas imagens da SportTV um Dragão com boa atmosfera que ainda foi a tempo de assistir a mais três golos da equipa da casa.

Guimarães remetido ao seu meio-campo, com pouco interesse pela bola e como consequência inconsciente pelo resultado, e FC Porto com atitude elevada, subido no terreno, e à procura de mais. E como quem procura, como deve ser, sempre encontra, Hulk aumentou a contagem numa daquela jogadas que lembra a todos a sua capacidade individual. Depois, outro craque do FC Porto e da Liga, Lucho González, marca pela segunda vez no jogo para nos lembrar a todos da sua temível chegada à área que lhe confere uma notável aptidão pelo golo.

Três golos de diferença no marcador e uma diferença de jogo também abismal. O Guimarães continuava com 'g' minúsculo, remetido ao seu meio-campo, e acabou por ver João Moutinho - noutra chegada à área de um médio - sofrer penálti. Hulk, o habitual marcador quis deixar uma última imagem com um golo mais 'à Hulk' e relegou para Jackson a boa possibilidade de se encontrar com o golo perante os seus novos adeptos. O '9' portista não falhou conferindo, até, nota artística ao tento, marcado 'à Panenka'.

A decisão é boa, tanto a do colombiano, como a do brasileiro em lhe entregar a responsabilidade e oportunidade e as explicações ao sucedido foram também boas, mas só para mim.

Raras são as vezes em que posso pegar em provas vivas daquilo que aqui tenho exposto ao longo de um reinado que, como sabem, não me deixa satisfeito. E, desta feita, assistindo à conferência de imprensa pós-jogo, de Vítor Pereira, a pergunta pela decisão do penálti deixa mais um pouco de luz à minha teoria de que para o treinador do Porto a ordem é conferida pelos jogadores e não pelo timoneiro. Em algumas antevisões e na entrevista concedida a 'O JOGO', já me tinha apercebido da ideia humilde do técnico espinhense em dar liberdade total aos seus jogadores. A ideia, a princípio parece não ser má (há uma certa empatia geral com a humildade). Os jogadores são bons e têm experiência logo podem resolver no campo... os problemas que o treinador não tem capacidade para resolver no treino.

É aqui que surge o problema. Até porque Vítor Pereira, homem de reconhecida fé, procura o Reino fora dele quando o seu Messias disse claramente que 'Ele está à mão' e 'dentro de Nós'. Ora, procurar o Reino na decisão de Lucho, de Hulk ou de Moutinho, não me parece apropriado para jogadores que não têm de arcar com a responsabilidade de fazer trabalho de treinador. Trabalho de treinador é da responsabilidade do, imagine-se, treinador e Vítor Pereira já revelou publicamente que nasceu para o ser. O tal 'inner calling' que lhe disse que era por ali. Mas isso não quer dizer que já esteja inteiramente certo nas decisões para o ser só porque ocupa esse cargo. A meu ver, pela sua prestação, este é o seu maior erro e como tal terá de voltar para dentro e deixar de procurar regras fora, sob pena de ver a sua prestação como líder condicionada na totalidade pelos seus jogadores.

5 comentários:

Jorge Borges disse...

Vou falar do que vi:
três grandes golos, daqueles de levantar um estádio de futebol. Lucho (o 1º) Hulk e Martinez.

Marco Morais disse...

Olá caro Jorge!!! O Lucho é fantástico, não é? :D

Abraço!!!

Gonçalo disse...

Marco, partilhamos a mesma preocupação... a dita continuidade. Será que conseguimos ver 3 jogos seguidos com a mesma consistência exibicionista? e já agora daquele tipo de consistência que nos faz pensar que ninguém nos pára? pois não sabemos, mas também podemos ficar contentes quando conseguimos isso num jogo e goleamos... vá, anima-te!

Gonçalo disse...

exibicional... não precisa ser exibicionista :)

Marco Morais disse...

Hey Gonçalo!!! :D

Eu estou animado! Achas que o futebol me desanima?

Sei que o discurso tem sido chato e até, muitas vezes, injusto mas não posso fugir ao que penso.

Se me enganar não tem problema. Eu espero mais da equipa e do treinador, mas estou longe de estar desanimado. =)