Dos quatro jogos que o Porto fez neste Ano Novo que se inicia, só um realmente interessa. Falo do atípico Porto x Leiria que por pouco não afundava, ainda mais, os dragões na classificação. Da Taça da Liga fica a inépcia de uma equipa pouco entrosada e sem trabalho, que só dá um ar da sua graça quando o puto de 17 anos entra.
Parece muito mas desde a última vez que escrevi no Sector já o Porto jogou quatro vezes. Logo no dia 2, jogou-se o jogo em atraso da ronda: o Oliveirense x Porto. Depois da pausa, Jesualdo não mexeu muito no onze e mesmo assim o jogo interessou somente pelo primeiro golo que o meio-campo portista facturou, esta época. Este dado diz muito do que tem sido a equipa de Jesualdo, que, desde que começou a temporada, anda sem ideias definidas no que diz respeito às posições intermédias. É um problema que já aqui tenho dado conta, pois é para mim incompreensível que Belluschi ou Valeri ainda não se tenham imposto no onze.
É assunto mais que batido mas que pode custar um campeonato. Esta indefinição que não permite a regularidade e entrosamento do sector nevrálgico da equipa traduz-se em muitos jogos insípidos e sem dose de criatividade para alterar o rumo das coisas. Se repararmos no nosso principal adversário, o Benfica, as conexões surgem e tem havido, sempre, quem resolva, ou atenue, as coisas a seu favor. Primeiro foi Aimar e Saviola, depois Coentrão e Cardozo, o próprio Di Maria já fez jogo, David Luíz está um senhor jogador e no jejum de Cardozo aparece agora um conejo que não pára de marcar e jogar. E a mim, senhores, isto não me preocupa. Eu gosto que haja um Benfica forte, o que não gosto é deste bizarro world onde o Benfica é forte e o Porto não o é.
Mas nem foi o caso contra o Leiria. A equipa do Lis foi três vezes à área portista conseguindo dois golos e um penalty. A primeira foi oferecida por uma má decisão de Elmano Santos (acontece eu sei que acontece). Não costumo trazer para aqui as más decisões dos árbitros mas esta acontece depois de Bruno Alves ter feito duas faltas na mesma zona do terreno e de igual maneira. A que não era falta foi marcada como tal e claro, num jogo de twilight zone, teve que dar golo. A história seguinte já a conhecem: o Porto foi para cima marcou, a União foi lá outra vez... marcou, o Porto carregou marcando de novo, pelo meio nova má decisão do árbitro (expulsando mal o guarda-redes leiriense) e a União forçou no fim e Fernando ajudou. Momento do jogo, está claro, o penalty defendido por Hélton e o alívio de Meireles para o Dolce Vita que não é mais que a metáfora disto. Não fico de modo algum preocupado com o jogo da equipa, fico sim pela posição frágil que inúmeros maus jogos a colocaram. A tal ponto que um deslize (a tal excepção à regra) pode deitar a perder o objectivo da época.
Menção ainda para a Taça da Liga - que já aqui disse que poderia ser uma competição interessante, mas que as aventesmas do nosso futebol em tudo o que tocam estragam - que eu só vejo para ver em acção Sérgio Oliveira. Para já, este ano, só teve hipótese de se mostrar poucos minutos (Jesualdo e o seu estúpido desinteresse por criativos. Deve ter levado uns açoites do 10 de serviço, na escola) mas só esses chegam para ver que há ali craque. À atenção de quem gosta de futebol. Quem não gosta, que siga o amontoado de jogadores que o professor para ali coloca: "Guarín com a bola... perde. Recupera de novo... entrega mal." "Tomás Costa, cá esta o polivalente argentino, tentando o passe longo... bola fora. Ai está o 20 do Porto de novo, entrega mal de novo..." Poupem-me!
Das goleadas ao golinho e a recuperação psicológica do Sporting
Aquando do super-momento benfiquista, em que a equipa de JJ goleava massacrando os adversários, ficava a dúvida se estaria ali mais uma equipa de ouro do futebol português. Até onde poderia chegar este Benfica era a pergunta e para os benfiquistas o céu era (ainda é) o limite. As comparações com equipas de ouro portuguesas foram utilizadas e, a meu ver, bem, pois o Benfica é das equipas actuais a que mais se assemelha aos Portos do Mourinho e Artur Jorge e (talvez. porque não o conheci) ao Benfica de Eusébio. As semelhanças são óbvias: espírito de campeão, jogadores chave super-decisivos nos momentos-chave, bom futebol e, mais importante que isso, não perde quando joga mal. O pior momento futebolístico do Benfica até pode ser agora, mas igual número de pontos faz do que quando goleava e isto é indicador de peso. No entanto, são vários os resultados pela diferença de um golo. O Porto de Mourinho também os teve, mas aposto que no fim o Benfica de Jesus vai ter mais. Não interessará para as contas porque são três (importantes) pontos. Andarão é (muito) mais perto do empate e isso pode pesar.
Sempre critiquei aqui Paulo Bento. Critiquei-o pela falta de qualidade futebolística que o seu Sporting demonstrava e pelo momento psicológico em que colocou diversos jogadores do Sporting. O seu tempo (como o próprio reconheceu) esticou-se para além do razoável provocando danos pesados na equipa. Elogiei a contratação de Carvalhal por ser um treinador com vincada intenção futebolística. Seja ela, boa ou má tem-a e isso é chave e algo raro na I Liga. Sei que o Sporting não tem o melhor plantel, mas sabia também que não era tão mau como o pintavam e que uma série de vitórias elevaria os leões psicologicamente. Tudo verdades à Lá Palisse e nada interessantes. Agora o Sporting tem vitória e está por cima psicológicamente, tem um novo esquema (do qual eu particularmente não gosto) e nova intenção de jogo. Terá Carvalhal cabedal para uma boa série de vitórias ou a faceta do empata vai aparecer de novo?
10 comentários:
Parabéns pelo post muito bem conseguido.
Consegues fazer uma analise aos 3 grandes muito correta e acertada, penso que faltou foi falares do Braga a meu ver.
Ehhh lá, um atirar a toalhao ao chão!??
já dás o titulo ao Benfica!?
J.
Não se trata de atirar toalha alguma ao chão. Mas penso que será lógico que se o estado de coisas continuar, o campeão será o Benfica.
Ora para não ser, o Porto terá que jogar bem mais do que o que tem feito (coisa que me agradará) ou então o Benfica terá que começar a perder jogos. Ganhar pelo demérito dos outros não me interessa por aí além.
Leo,
Obrigado e sim faltou-me falar do Braga, que penso estar a jogar bastante bem. O meu esquecimento tem que ver com a opinião de que o Braga mais cedo ou mais tarde baqueará. Ainda assim, tem neste momento mais identidade futebolística e suscita menos dúvidas que o FCP.
Pois também tinha a mesma ideia que tu do Braga e pelo jogo que vi sexta feira passada fiquei com duvidas que isso irá acontecer.
Perdeu para a taça da liga mas dá me ideia que vão é postar tudo no campeonato.
Tudo, para o Braga, dependerá do nível dos grandes. A 2ª volta tem o condão de ser diferente da 1ª pelas decisões que implica.
De qualquer modo não me desagradaria ver o Braga lutar pelo título até ao fim.
é uma boa anàlise ao que foi feito até aqui pelos 3 grandes. Faltou-te reconhecer apenas que o porto podia ter perfeitamente empatado o ultimo jogo se o àrbitro se lembrasse em que casos um penalty deve ser repetido...
Já faltava, claro.
Uns e outros, há uma frase que retive do bom post do Marco: "...tem havido, sempre, quem resolva...". Pois tem!
Mais, tal é o nosso estado de espírito que nenhum de nós ainda vos fodeu a cabeça com um lance que vos deu um campeonato.
Os lampiões acusam o Sporting disto, daquilo e de mais alguma coisa, mas foi um presidente do Sporting que deu os nomes aos bois, gozado á grande na altura pelo Sr. Vieira, e sem isso não estariam agora agarrados ás habituais bocas dos sportinguistas calados.
Entretenham-se, divirtam-se, fodam-se uns aos outros, e quando as regras forem iguais para todos, chamem-nos.
Vão-se foder mais á vossa verdade desportiva. Uns e outros.
Os tripeiros continuam a não saber o que fazia um árbitro em casa do PC, e os lampiões continuam a não saber explicar o que é o resolver as coisas pelo outro lado.
Como disse num comentário anterior, tudo farinha do mesmo saco.
Extremamente difícil de ganhar a Liga Portuguesa. Ainda estou para saber como é que alguém a ganhou sem ser Porto ou Benfica...
Ia-te sugerir uma redoma de isenção, mas depois dizem logo que é por isto ou por aquilo.
Seja lá o que for, carrega.
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