quinta-feira, junho 17

Argentina e Brasil na linha da frente

Ainda sem grandes definições o Mundial 2010 prova a tendência da mais peculiar prova de futebol. Para a ganhar é preciso ganhar uma equipa e isso não há fases de qualificação ou previsões que ditem. Para já é quem ganhou que segue em melhor posição e quem perdeu (pontos) terá, certamente, vida mais difícil, ainda que tudo seja, obviamente, corrigível.

Concluída que está a primeira jornada do Mundial saltam à vista os jogos equilibrados e a tendência para não arriscar. À partida para esta competição eram apontados, com enorme garantia, três favoritos: Brasil, Espanha e Inglaterra. Pois bem, destes três só o Brasil confirmou as expectativas, que também não eram as melhores, mas que envolviam a vitória. A canarinha ganhou mas não convenceu. Nada demais pois o importante era isso mesmo, a vitória.

Dos outros favoritos, duas histórias parecidas. Dos britânicos esperava-se que Capello lhes conferisse o que sempre faltou: equilíbrio táctico e emocional. Mas o frango de Green estragou tudo. Confesso que me desiludiu bastante a Inglaterra. Para além de não lhe interessar a bola nem acelerar e dominar o jogo - como é apanágio das equipas de Fábio Capello - a Inglaterra não tem extremos de qualidade, conta com um segundo avançado em idade de reforma e tem, ainda, o habitual problema do guarda-redes. Não me admiraria que a Inglaterra chegue, por exemplo, às meias-finais - esta competição é de facto peculiar - mas duvido imenso que se sagre campeã mundial. Para mim encontra-se ao nível de Portugal.

Espanha perdeu e confirmou também as peculiaridades desta competição. Fase de qualificação irrepreensível - sem derrotas -, futebol de sonho e equilíbrio de qualidade em todas as posições. Com tudo isto quem pensaria na derrota frente à Suíça? Como já todos estão fartos de saber, o futebol é isto mesmo e para se ganhar um Mundial terá que se ganhar uma equipa mas no decorrer da competição e não antes. Daí os saltos e exaltações de Diego Armando Maradona, pois ele sabe a importância de se ganhar o primeiro jogo, de ganhar logo ali, no princípio, a galvanização e espírito de grupo que só uma vitória pode dar.

Contem-se as histórias que se contarem, façam-se as previsões que se fizerem tenha-se sempre em conta esta primeira jornada. Quem pensaria que a Argentina de Maradona - que deve treinar à noite e sem luz - se pudesse infiltrar nas contas do favoritismo? Seria épico - mas perfeitamente recorrente - se uma equipa tacticamente banal, conseguisse ganhar um modelo de jogo através do querer, da vontade e da união de grupo.

Outra selecção que entre pezinhos de lã passou despercebida no lote foi a Alemanha. Ganharam confortavelmente à Austrália e com um futebol que impressionou... quem pensar que a Austrália é adversária para se auferir alguma coisa. A ver vamos nesta segunda jornada. Outra grande crónica candidata à eliminação precoce - antes do Mundial - é a Holanda. Bom futebol, bons jogadores mas parece que falta sempre algo à Laranja Mecânica e não é a vitória por 2-0 frente à Dinamarca que muda isso.

E, claro, Portugal. Surgem agora, mais, desculpas - que realmente não passam disso - invocando que muitos favoritos perderam pontos e que ainda está tudo em aberto. Obviamente tudo isso é verdade, mas para que conta? A verdade é que empatámos por culpa própria e deixámos à vista inúmeras carências que poderão ser fatais para quem quer ir longe nesta competição. Estamos, já à segunda jornada, a jogar a eliminar. Talvez seja mesmo o portuguesismo do "deixar tudo para a última", para não falar nas já referidas desculpas. Ainda não há equipa, ainda não há modelo, ainda não há vitória. Não há ainda nada, portanto.

12 comentários:

Peyroteo disse...

O problema é que não jogamos sozinhos e a Costa do Marfim é bastante superior a qualquer dos adversários que os potenciais candidatos ao título defrontaram. O resultado não foi assim tão mau e a exibição, longe de ter sido boa, foi ao nível das outras selecções, tirando a Alemanha.

J. disse...

Exacto, vejamos se afinal não foram dois pontos perdidos ou um ponto ganho.
Do outro lado tinhamos só Kolo Traoré,Zokora, Yaya Touré, Eboué, Kalou com o melhor do lado deles a ser Gervinho um jogador a ter em conta.E ainda sairam com um Romaric, Keita e Drogba do banco.

Se não ganharmos contra a Coreia e apresentarmos o mesmo tipo de futebol, vou entender as criticas. Agora simplesmente nao entendo, principalmente quando a maior parte das pessoas anda ai a dizer que somos uma equipa banal.

Pedro disse...

"apresentarmos o mesmo tipo de futebol,"

E há qt tempo não apresentas outro tipo de futebol?

Essa é a questão...

J. disse...

Mas agora é que interessa.
Quero lá saber se jogamos mal no passado.

Pedro disse...

No presente tb estás a jogar mal.

Jorge Borges disse...

Não estamos nem acima nem abaixo da média neste Mundial.

Como bem escreves a 1ª jornada foi dominada pelo equilíbrio. Não seria de esperar muito mais de Portugal.
Ficou um sabor amrgo de boca? Pois claro. Mas isto é como a história do copo - meio cheio ou meio vazio. Se ficou um amargo de boca é porque afinal se reonheceu que Portugal foi melhor que a Costa do Marfim - a melhor selecção africana do momento. Faltou criar mais oportunidades.
É verdade que com o mal dos outros podemos nós muito bem, mas apesar de ter ganho, o Brasil não jogou um chavo contra a Coreia. No caso deles é mais preocupante: há muito mais talento e o adversário é teoricamente bem mais fraco.

Metralha disse...

Tenho um feeling que Portugal ou passa em 1º ou fica-se nos grupos.

Ganhamos 2-0 à Coreia (com uma bomba do Ronaldo), muito sofrimento e um golo de contra-ataque aos 92 minutos do Hugo Almeida ( que entrou para defender as bolas paradas dos gigantes coreanos).
Brasil e C. Marfim empatam e nós na ultima jornada ganhamos ao Brasil 1-0 num jogo igual ao da Alemanha do pontapé de Carlos Manuel.

O que acham?

jvl disse...

Jorge Borges,

O Brasil não jogou um chavo? Ok são pentacampeões, crónicos candidatos ao título, única Selecção presente em TODAS as edições e espera-se sempre mais deles mas não foi assim tão mau.

É verdade que outras Selecções estiveram ainda piores que nós mas isso serve de pouco consolo. Não tenho grandes esperanças por aquilo que vi. Não creio que passemos os 1/8s.

Metralha,

O feeling que tenho, é que andas a fumar umas cenas engraçadas :P

Pedro disse...

Jorge, pode perfeitamente ser um amargo de boca por se ver q não se joga absolutamente nada, por se ver certos mecos com a camisola da selecção que não merecem, por ver um seleccionador q só sabe mesmo colocar pinos nos treinos, etc etc...

Jorge Borges disse...

JVL:
São pontos de vista. Os factos que enumeras a favor do Brasil não dizem nada dentro de campo.
O Brasil sentiu enormes dificuldades frente a uma equipa que só sabe correr.
relembro-te que na 1ª parte o Brasil não fez um remate de perigo à baliza coreana.

Pedro:
Portugal faz parte do grupo das melhores selecções a defender. Concordo que daí para a frente a coisa complica-se. Mas não é tudo mau.
Quanto é escolha dos jogadores, é óbvio que eu também não levaria aqueles 23. Também acho que há ali jogadores que não mereciam lá estar. Mas isso são convicções.
É impossível arranjar um lote de 23consensual.
O Scolari também não era criticado?
O importante é que há ali um grupo de 16/17 jogadores que não gera grande discussão.

jvl disse...

Jorge,

A razão do meu comentário deve-se ao teu "não jogaram um chavo". Nitidamente um exagero.
Porque se o Brasil não jogou um chavo, o que fizemos nós?

jamsilva disse...

epá será que alguém acredita?