sexta-feira, fevereiro 18

A Estrela de Sevilha e a soberba benfiquista

Um Benfica que se acha soberbo, e que o é mas na concepção negativa da palavra, apanhou um valente susto na 1.ª mão dos 16-avos da Liga Europa. O discurso, que não se usa, do seu técnico continua a condicionar uma equipa que, tirando o encontro do Vélodrome da... época passada, ainda não auferiu estatuto europeu para tal arrogância. Já o Porto continua com um problema de identidade sério. Ontem foi fiel ao seu princípio durante... 15 minutos. Acabou por conquistar uma vitória bastante importante mas demonstrou estar ainda 'verdinho' para controlar um Sevilha bastante vertical.

A discussão é intensa sobre qual é a melhor equipa portuguesa. Mas se a classificação não o demonstra, como o demonstrava o ano passado, é porque o líder é outro. Recorde-se a série de vitórias azul e branca na passada época como algo que não beliscou o estatuto encarnado, pelos anteriores falhanços da equipa de Jesualdo. Saíram Lucho e Lisandro e não fosse o Braga (sim Luís) e o Benfica também seria campeão em Fevereiro. De que valeu a boa série? valeu o mesmo que vale agora: moral para tentar desculpar o indesculpável.

Mas depois vejo um Arsenal-Barcelona e penso: mas o que é que importa quem é a melhor equipa portuguesa? Guerra de estilos, nada parecidos ao contrário do que dizem, e uma luta incrível por mantê-los no jogo que nos proporcionou o melhor espectáculo do ano até agora. Quando uma equipa portuguesa criar um paradigma e conseguir vencer no campo dos outros grandes mantendo-o, essa é a melhor equipa portuguesa.

Por falar em estilo...

O que AVB preconiza para o seu Porto durou em Sevilha apenas 15 minutos. Equipa bem subida, aguerrida e a controlar bem a bola. Interroguei-me quanto tempo duraria aquela pressão intensa que os dragões faziam e questionei-me se quando as pilhas acabassem a equipa conseguiria gerir a posse, como o seu técnico tanto ambiciona. Como é óbvio foi sol de pouca dura, porque este dragão ainda não consegue, em ambiente adverso, manter com segurança aquilo que idealiza. Também não é fácil, mas ter essa intenção agrada-me imenso.

Quando a primeira 'barreira' de pressão foi ultrapassada pela equipa andaluz, o seu jogo directo causou imensos problemas à linha defensiva portista que se via remetida à sua área. Nada de estranho no Sanchez Pizjuán, o problema foi a má relação portista com a bola que teimava em não deixar os dragões aproveitarem os erros da equipa de Manzano.

Até que Rolando (o melhor do Porto a par de Helton) fez, em posição irregular, o primeiro golo, oferecendo uma prenda a uma equipa que até lá só a merecia pelo seu esforço. Minutos depois o castigo, também irregular, dado por Kanouté trouxe alguma justiça ao jogo. AVB mexeu e tentou afinar a transição pois o resultado, e os nervos sevilhistas, faziam antever que se uma ou duas transições 'entrassem' o resultado poderia ser-lhe favorável. E assim foi. Uma vitória esforçada e muito importante mas que poderia, facilmente, não o ser.

soberba costuma dar castigo

Na Luz, Jesus continua a pressionar a sua equipa para níveis onde a própria não se sente confortável. As palavras do treinador encarnado faziam antever que o Benfica iria receber o penúltimo classificado da Liga Portuguesa e na sua equação não entrou a diferença que é jogar na Bundesliga.

Assim, em mais um festival da soberba dado pelo seu técnico, a equipa mostrou-se primeiro desleixada e depois presa e nervosa. Depois, o golo forasteiro piorou e de que maneira as coisas. A vitória acaba por ser justa pela maior qualidade benfiquista (que todos devem reconhecer), mas deixa claro que o discurso do técnico deverá ser outro ou a pena com selo de desilusão poderá ter sequela...


Dos jogos de Braga e Sporting apenas posso comentar os resultados. O empate em Glasgow é excelente para os leões por ter sido conquistado num dos terrenos mais difíceis da Europa e por abrir boas perspectivas para Alvalade. Já o Braga continua em queda livre, mas ainda assim não ficou de fora da competição. A fasquia da temporada passada já lá vai mas o que tem sido feito pelos guerreiros tem de ter sempre o rótulo de excelente!

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo.
Apenas acrescento que o Braga com menos de metado do Braga de Jesus não é a mesma coisa.