sexta-feira, abril 29

A história do dia amarelo que se tornou uma bela noite azul

Oh Campeão, tu estás no meu coração, sigo-te até à morte, TU ÉS A MINHA PAIXÃO!!!!

Não haverá outra maneira de começar. São estes jogos, são estas exibições, são estas reviravoltas que explicam o porquê do futebol ser o fenómeno que é. Primeiro toma-se partido - apoiado às vezes em sabe-se lá o quê - depois abraça-se a escolha que nos faz ir ao estádio ou ficar colados à TV praticamente em transe, seguindo a bola ou os movimentos das equipas com um pescoço que parece uma mola. Depois, dependendo de cada um, se gesticula, se grita, se berra, se assobia, se canta. Maneiras de apoiar, portanto.


Cantar não é propriamente a que mais escolho. Mas se há dia que sabe bem acordar com alguma música na cabeça, esse dia é hoje. Hoje há cantoria, muita cantoria e muito sorriso rasgado sempre que ecoar, seja por que meio for, o nome do nosso orgulho. E que orgulho é nunca desistir para poder berrar 30 vezes 'TOMA' como no minuto 89 de Manchester. Para não conter as lágrimas como no prolongamento de Sevilha. Ou para poder ficar com o sorriso reguila de garoto enquanto se esmaga a Lazio por 4-1. Ontem foi mais uma dessas noites.

Mas felizmente estava preparado, porque foi dia de recordar. Não sei bem porquê a vontade de reviver a era dourada de 2004 tomou conta de mim, e a 'análise' a um Porto-Manchester de há 7 anos preparou-me para as eventualidades de mais um jogo épico no Dragão. Revivi e lembrei como foi, e no meio do prazer que é 'voltar lá' percebi novamente como era um Dragão apoiado na fé.

Quem também estava preparada era a equipa. A desvantagem, essa malandra que aparece sempre para colocar suspense aos grandes duelos, esteve presente novamente. Mas onde ela está, tem que estar a preserverança e a confiança para alterar cenários. Esse é o grande trunfo do futebol (e da vida) e é também o grande trunfo deste Porto. Sabe o que quer, sabe como chegar lá e as agruras que possam surgir não são mais que testes. É desta 'massa' que são feitos os campeões.

Por isso se tornaram peanuts as diabruras de Nilmar e o futebol de 'truque de FIFA' que o submarino trouxe ao Dragão. A parte amarela do jogo viveu de 8 jogadores do Villareal defendendo a zona da sua grande área para depois, muitas das vezes a um toque, lançar as correrias da bicicleta (e que bicicleta, ufa). O Porto não se adaptava ao minimalismo e cada perda de bola ia evidenciando, cada vez mais, a presença da malvada desvantagem que chegou bem perto do cair da noite.

Mas com escuridão os sumarinos alimentados a energia solar não funcionam. O golo foi mau conselheiro para Juan Garrido e para a sua equipa. Abdicou-se do tal truque e não se contou com um Dragão espicaçado pela sua competência ainda não ter aparecido, e tornou-se o 'momento bom' do Porto infinitamente superior ao 'momento' do Villareal. A equipa que era vista como o mais sério adversário do Porto esta época, a que provocava dúvidas, caiu também (com estrondo) aos pés do Dragão que se proclama, com enorme diferença, a melhor equipa da competição.

Mas de nada vale ostentar esse estatuto sem a Taça na mão. E como estas peculiares competições são muitas das vezes ganhas por momentos e não por regularidades, até vitórias épicas podem ser mortais. Para as tornar eternas, convém esquecê-las em detrimento das próximas duas (2.ª mão e final) para depois lembrá-las as vezes que forem precisas.

P.S. André Villas-Boas esteve bem ao não reconhecer um pior período do Porto no jogo de ontem. Convém não esquecer que se o Porto chegar à final, ela será portuguesa e qualquer sinal de fraqueza será aproveitado. Convém sim, lembrar que o momento que correu melhor ao Villareal foi castigado com 5 golos. Essa é a mensagem que tem de passar.

2 comentários:

Joao disse...

Resta dizer que o Porto é claramente a melhor equipa portuguesa...

jamsilva disse...

Que grandes!!