It was a million to one shot

É sem dúvida a notícia do 'defeso'. André Villas-Boas ruma a Londres e vai orientar o Chelsea de Roman Abramovich, liderando um projecto que terá, certamente, condições para fazer o clube inglês ombrear com as outras três potências europeias: Barcelona, Real Madrid e Manchester United. De facto só em sonhos uma proposta destas seria irrecusável. É uma em vários milhões!

Primeiro o que mais interessa. A nação e causa portistas ficam, à primeira vista, orfãs. AVB tinha devolvido esse sentimento e 'espremeu-o' até à última gota na época de maior sucesso azul e branco. Os adeptos agradeceram e elevaram-no ao mesmo estatuto que já haviam elevado, por exemplo, José Mourinho. Mas para André, pela forma 'demasiado portista' com que nos guiou, ficou reservado um trono azul e branco que nem o Special One conseguiu, nem quis, augurar.

Parecia certa a continuidade de AVB na sua, já mais que referida, cadeira de sonho e no contexto actual só um sonho maior e bem improvável o faria partir. As razões compreendem-se e a minha explicação surgirá adiante, mas por agora congratulo-me com as reacções, mais mediáticas, dos adeptos portistas. A maioria agradeceu o trabalho feito, as alegrias dadas, e virou-se imediatamente para o futuro. 'O clube é mais que um homem e continuará, certamente, a ganhar', foi a frase que mais ecoou pelos meios de informação. E é essa a nossa 'escola', que construiu brilhante ciclo de vitórias. E sendo essa é a que tem de ser abraçada por todos, por maior que seja o choque.

Novo treinador, vida nova, mas com a mesma ambição, é o que se deseja. São poucos os nomes disponíveis, mas também eram poucos os nomes que nos poderiam levar André. O perfil continua, para mim, a ser o mesmo. Devolver aos adeptos a ilusão e confiança é o maior desafio e para isso só nomes imaculados. Quem já jogou certamente já perdeu e só quem ainda não jogou ainda não perdeu. E é por aí que se tem de ir, por quem ainda não perdeu, por quem ainda não jogou mas está sedento de ganhar. Qualquer outro nome levantará, de imediato, ondas de suspeição pelos resultados, ou falta deles, conseguidos. Alguém a quem se anteveja um futuro brilhante é o meu primeiro requesito.

Mais (requesitos) haverão certamente, ou não fosse o adepto portista viciado em futebol protagonista e extrovertido em qualquer campo. Hoje por hoje, são dois nomes que me interessam: Rui Faria e Vítor Pereira.

Por último a decisão de André Villas Boas, que é para mim de fácil compreensão. Por vezes temos de ter cuidado com o que desejamos e, por isso mesmo, o seu discurso e percurso foram bater exactamente à única porta que o demoveria de continuar a encantar o Dragão. Só o Chelsea teria os 15 milhões disponíveis, só o Chelsea arriscaria semelhante decisão - cá está, o percurso e ligação - e só o Chelsea tem condições para Villas Boas ombrear com Guardiola, Mourinho e Ferguson. Pedir mais o quê? Era uma num milhão, André. Era uma num milhão...