segunda-feira, março 3

Nico Gaitán and the Bad Seeds


Numa altura em que se enchem as redes sociais, e a blogosfera, de discussões à Lei do fora-de-jogo, parece mais pertinente referir que o líder Benfica tem boas e más 'sementes'. Se as boas serão sempre as da continuidade (a aposta em Jorge Jesus e no núcleo de jogadores da época passada têm dado garantia de regularidade), as más assentarão numa excessiva tentativa de controle de jogo sem bola. Contra o Belenenses foi notória a qualidade encarnada na gestão da 'posse' (algo que JJ finalmente conseguiu incutir nesta época), mas também uma tentação evidente em querer gerir o jogo sem o esférico. Com o 0-1 conseguido bem cedo (em mais um lance saído do génio de Gaitán), o Benfica foi alternando entre a 'posse' e a marcação zonal até se decidir, já na segunda-parte, por entregar a bola a um Belenenses que chegou a acreditar mas que acabaria por ser traído por Fredy.
 

Mas para se explicar a dualidade bola/sem bola do Benfica 13/14, terá que se regressar até a um início de época bem atribulado para os encarnados. Jesus queria incluir as contratações 'sérvias' no 'onze' e, com elas, uma gestão do jogo menos vertiginosa e mais criteriosa. O tempo, resultados e exibições traíram o técnico que teve de, em Alvalade, se decidir pela lógica da continuidade. Uma ideia que deu tempo a Jorge Jesus para ir lançando Markovic na equipa-tipo que chegou à final da Europa League em 2013 e fazer dele a pedra basilar que é hoje o prodígio sérvio na equipa. Mas para a história chegar até esta 21.ª jornada, e ao Belenenses-Benfica deste domingo, a mesma terá que contar o período atribulado que a defesa benfiquista passou até chegar a um número bem interessante sem sofrer golos. No início do 'frio invernal' chegou a parecer que qualquer equipa podia marcar de 'qualquer maneira' ao Benfica, mas desde que regressaram os treinos das 'cabeças partidas' (e desde que Jan Oblak agarrou a titularidade) o Benfica parece ter criado outra imagem de marca: a de saber defender, com excelência, sem bola.

E essa faceta até será bem importante, mas não tanto assim para a Liga doméstica. Contra o Belenenses, o Benfica não pode passar tanto tempo a ver jogar como passou desde que Nico Gaitán marcou - aos 7' com um belo chapéu, depois de uma excelente jogada individual. Quando controlou em 'posse', a equipa de JJ mostrou saber fazê-lo sem perder o domínio e o cérebro, daí que seja difícil de perceber o que aconteceu na segunda metade. De facto o Belenenses não assustava, mas a magra vantagem seria até fraca para se aguentar qualquer tipo de susto. Esse, acabaria por acontecer aos 71' quando o árbitro anulou um golo a Caeiro por alegado fora-de-jogo. Um lance que teve o condão de despertar uns azuis do Restelo que até aí tinham respeitado demais o Benfica. Fredy (que entrou aos 46') ia dando mostras de ser o mais inconformado (e perigoso) mas acabou por 'trair' a reacção da sua equipa quando não soube controlar as emoções, acabando por ser expulso depois de ver dois amarelos por protestos relativos à mesma jogada. Uma ingenuidade do extremo, que acabou por cessar um Belenenses que até esse lance dava mostras de poder intranquilizar uma defesa que tem sido de betão desde há várias jornadas a esta parte. Resta saber se a passividade dos adversários terá muito a ver com isso...

Belenenses-Benfica, 0-1 (Gaitán 7')


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3 comentários:

Anónimo disse...

É uma pena que o jogo tenha ficado marcado por uma má decisão do árbitro e até isso rtira algum brilho ao golaço do argentino. Infelizmente é mesmo assim.

Quanto ao jogo, foi muito fraco. Tecnicamente houve alguma dificuldade com o relvado que não estava claramente (um expediente pobre mas pronto) cortado.

Não gostei do marasmo e não gostei da inoperância de Jesus perante a subida do Belenenses.

Controlar um jogo sem bola faz-me confusão, especialmente quando a equipa joga contra um fraco oponente.

Ao contrário dos últimos jogos, onde as exibições foram também apagadas, ontem o Benfica não conseguiu manter o perigo controlado precisamente porque não tinha a bola.

Houve muitas más decisões e pouco esclarecimento ofensivo.

Com Sálvio as coisas melhoraram um pouco.

Estou para ver o que vai acontecer ao meio-campo do Benfica nos próximos tempos.

Enzo muito marcado mas também pouco inspirado, apesar de um ou duas arrancadas.

Jorge Borges disse...

Concordo com tudo o que escreves no post.

Ontem tivemos o Gaitán, na Liga Europa também. A questão é saber se o vamos ter no próximo jogo. É um jogador capaz do fantástico, mas não sabemos se podemos contar com ele. Uma pena...

O erro do árbitro (auxiliar) é escabroso, e fez com que ele se colocasse ao nível do jogo: fraco, muito fraco.

Ace-XXI disse...

O que me irritou (como Sportinguista) no golo do Gaitan é que até parecia que os defesas do belém não o conheciam, eu mal o vi embalar disse logo faz falta! O defesa do belém não fez e o argentino fez uma chapéu de enorme qualidade.

Em relação ao golo anulado já esta tudo dito, sinceramente custa-me perceber que os que escrevem que o golo é bem anulado o digam de forma séria.