terça-feira, julho 13

Don Andrés Ifiesta

Longe da apatia futebolística que remete os tempos modernos do jogo para um bloco baixo vs. um bloco alto, a final do Mundial recebeu duas verdadeiras equipas positivas. Com a bola como principal instrumento, Espanha e Holanda proporcionaram um duelo bastante interessante, e equilibrado, onde o futebol entre linhas, que procura Iniesta, venceu. Antes, Robben podia ter pintado a taça de laranja.

Antes de se falar no campeão do Mundo nunca se poderá deixar de referir o seu adversário. Contra as previsões, que se apoiavam em fases finais anteriores, a Holanda caminhou até à final apoiada no seu habitual futebol e na qualidade dos seus jogadores. Inicialmente fraca em termos defensivos, encontrou em Sneijder, e posteriormente em Robben, as armas que completavam a boa posse de bola com oportunidades. O jogo com o Brasil marcou a viragem e distanciou a equipa das gerações mais próximas catapultando-a para a quase glória. Não houvesse uma equipa com preceitos parecidos mas mais rotinada e à terceira seria de vez.

Não foi à toa que a festa da laranja mecânica foi estragada. Do outro lado esteve uma equipa que se demarcou de todas as outras selecções por ter como base os jogadores, e ideia futebolística, do... Barça. Não fosse isso vantagem mais que suficiente ainda lhe juntou jogadores da qualidade de Sérgio Ramos, Casillas, Villa (ainda não jogou pelo Barcelona) e Xabi Alonso. Todos eles com extrema apetência para o tiki-taka.

Todas as outras selecções teriam que, num espaço extremamente reduzido de tempo, formar uma equipa capaz. Muitas foram dando o seu melhor e jogo a jogo foram melhorando. Neste campo, Uruguai (muito por culpa do alinhamento favorável), Argentina, Alemanha e claro a Holanda foram muito bem sucedidas. Os germânicos e os holandeses já traziam mais trabalho de casa e isso, claro está, favoreceu-os imenso. Quem não aprendeu com estes países de língua quase impronunciável foram Portugal e Inglaterra, as grandes desilusões a nível futebolístico da fase de grupos em diante.

A vantagem para se vencer, ou chegar longe numa, competição de selecções é esta e só essa e a Espanha era, de longe, a equipa mais bem formada da prova. Ainda assim, poderão dizer, que poderia ter perdido não fossem os falhanços de Robben. E até terá razão quem o diz pois nada garante a vitória a 100%, mas o que é facto é que Don Andrés "meteu-a lá dentro" e Robben não. Linhas do destino a protegerem quem mais competência teria para isso? Nem sempre é assim mas desta vez foi.

Neste Mundial, principalmente na final, ficou a ganhar a ideia mais positiva do futebol. O jogo derradeiro provou ser possível enfrentar posse com pressão alta e mais posse. Foi interessante e fica a lição para alguns professores aprenderem. O resultado foi o mesmo mas a imagem laranja foi muito mais brilhante. Não foi Sô Carlos?

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