segunda-feira, setembro 13

A ideia como diferença

Quase todos não dormem quando perdem, acordam e deitam-se a pensar no futebol e a sua principal linha de pensamento é o jogo. Tudo lá vai dar... sem excepção. O que torna então alguns mais especiais que outros?

Toda a gente pensa, toda a gente opina e no entanto, como não podia deixar de ser, há sempre alguns que estão mais perto da razão que outros e o que define isso é a lógica e validade dos seus pensamentos. Contrariamente a outros, André Villas Boas não deixa que a sua equipa esteja dependente do que as outras possam fazer. Donos e senhores da bola, os seus jogadores - ainda que ainda haja alguns que precisem de um puxão de orelhas nesse aspecto - não abdicam dela e quando a perdem lutam e correm que nem cães de caça para a ganharem novamente. Aceleram e desaceleram conforme o jogo mais precisa e mesmo demonstrando a cada jogo algumas falhas, dão já muita forma à ideia. E essa ideia é o ponto mais forte deste Porto 2010/2011.

No Sábado, o FC Porto de Villas Boas deu mais uma prova da sua competência ao virar o jogo, por duas vezes, frente ao vice-campeão e equipa de Champions, Braga. E o segredo para acertar mais vezes que os outros está claramente na lógica do modelo de pensamento. Se assim não fosse Villas Boas não tinha ganho, até agora, todos os jogos oficiais que disputou mas, também muito importante, não diria isto: "Quando se sofre e se perde o controlo é grave e entra-se num jogo de transições que não é o nosso. Com a nossa calma e força, acabámos por conseguir resolver".

São todos estes testes que vão provando que o André tem tudo na cabeça. Tudo imaginado e tudo pensado. Paulo Sérgio também terá, Jesus idem, mas o modelo, a linha e o paradigma são diferentes e estarão mais perto da sucesso. Para além disso a identificação com o clube é óbvia - o discurso, actos, vivacidade no banco e nos festejos são prova disso - e, com tudo tão Porto, começa a nascer aquela aura especial, aquela que vira jogos, aquela que ganha títulos.

Demasiado cedo dirão alguns, mas quando a identificação é tão óbvia e as linhas de pensamento tão parecidas estamos sempre dispostos a defender quem também as defende. Será ou não assim?

Benfica: 5 pecados mortais

Claramente prejudicado em Guimarães, o SL Benfica pode queixar-se, com muita razão, da arbitragem de Olegário. Seriam mais 3 pontos e provavelmente ninguém questionaria nada. Mas o Benfica está diferente. Preso, sem confiança, bloqueado. O andamento, ajudado pelo número de derrotas na nova época, não é o mesmo e há três nomes que podem explicar isso: Roberto, Ramires e Di Maria.

O primeiro conseguiu tirar a tranquilidade à defesa de betão da época passada e a falta dos seguintes explica a incapacidade de acelerar os ritmos do jogo. Di Maria arriscava em demasia mas empurrava a equipa para cima do adversário e mesmo perdendo muitas bolas formatava o jogo para sequências de transições onde o Benfica, com um queniano incansável, era fortíssimo. Organização defensiva, atacante, transições e bolas paradas.Com a falta de dois nomes e a inclusão de um o Benfica ficou mais fraco em todas elas. Depois com tudo - sim até a arbitragem de Sexta - a ajudar, o efeito bola de neve é assustador.

No Sporting é, também, assustador outro efeito. O efeito deja vu. Vendo o Sporting de Paulo Sérgio dá ou não a ideia que poderíamos estar a ver um jogo da era Paulo Bento, ou mesmo da era Carvalhal? Da serena prestação frente à Naval nada restou e jogo onde o Sporting pode aproveitar o deslize alheio, pura e simplesmente, não ganha. Já o disse várias vezes e torno-o a dizer: Academia! só lá estará a solução. Entregue-se o futebol a quem dele percebe.

15 comentários:

J. disse...

Não vi o jogo do Porto, só os golos.
E este Braga continua a surpreender apesar de ter perdido.

Sobre o Benfica, não me pronuncio porque já acharam o porquê deste mau inicio de campeonato.

Sobre o Sporting, acho que não há nenhum sportinguista optimista para estes próximos dois jogos.

Anónimo disse...

Identificas bem os problemas do Benfica, mas é realmente difícil não relacionar as arbitragens. Por um motivo muito simples: as vitórias trazem confiança e tranquilidade. Se recuarmos ao ano apssado, o Benfica começou mal com o Marítimo e venceu em Guimarães sem ter sido realmente superior. O futebol apresentado ainda estava longe de ser aceitável, mas 4 pontos já lá cantavam.
Com uma equipa psicologicamente de rastos, um treinador tem muito maior dificuldade em corrigir os problemas de uma equipa. E basta recordar o Sporting da época passada (independentemente da qualidade do plantel)

NT

LMGM disse...

Marco, concordo contigo quanto à solução para os problemas do Sporting, a sua Academia em todas as valências em que pode ser explorada, conhecimento técnico do jogo, atletas com formação "superior", observação de atletas que resolvam as limitações da equipa.

Sobre o "jogo da moda", vi mais mérito individual na sua resolução do que colectivo. O Braga marca primeiro numa bola parada a uns bons metros da baliza, e depois noutro pontapé do meio da rua (e ainda assusta noutro de Hugo Viana). O Porto ganha na superioridade do duelo Giovanildo versus o pobre do defesa esquerdo que teve de levar com ele.

O jogo teve muito poucas oportunidades, foi muito intenso, muita garra, muita disponibilidade física para a luta, mas jogar criar sucessivas oportunidades de finalização em cada baliza ... foram poucas, p.ex. o Benfica criou mais oportunidades em Guimarães na segunda parte que o Porto (ou principalmente o Braga) no jogo inteiro.

Mas ando a gostar do "Endeusamento" de Villas-Boas, vamos ver a resposta da equipa quando as coisas correrem mal. Por mim tudo bem, o Domingos já recusou tanta vez o Sporting que já perdi a esperança de o ver em Alvalade, não esperava era esta desatenção do Porto, por um treinador que para mim é muito superior a AVB.

J. disse...

"Por mim tudo bem, o Domingos já recusou tanta vez o Sporting que já perdi a esperança de o ver em Alvalade"

????

LMGM disse...

João, lembraste quando uma viagem de Domingos de Málaga para Lisboa que foi desviada para o Porto? Por aquilo que se falou desde a saida de PB, Domingos foi sondado mas, elegantemente, disse que não queria deixar o projecto do Braga a meio.

Ele nunca disse frontalmente, como fez Jorge Costa, que recusaria representar outro grande (é mais politico). Seja como for se continuar com uma boa prestação na Champions vai viajar por essa europa fora, não será nem para Porto, nem para Sporting.

J. disse...

Mas já queres enterrar o Paulo Sérgio?
Há-que esperar um pouco mais antes já de ditar sentença.
Domingos vejo-o demasiado azul e branco ainda, para ser treinador do Sporting.

Marco Morais disse...

Também não acho que o jogo "da moda" mereça o louvor e destaque que lhe deram nos dias seguintes. Como o LMGM diz não houve grandes oportunidades e foi decidido a nível individual.

André Villas Boas ainda vai ter de passar por muito. Já passou por uma fase difícil e ainda vai passar por mais. Neste momento aquilo que me encanta é a ideia e não especialmente o futebol, para já, jogado. Mas há, e isso ninguém pode negar, ideia e intenção. O post foi dirigido a isso.

O problema mais grave do Benfica é o que identifiquei somado à falta de confiança que os maus resultados trazem. A arbitragem foi culpado neste último jogo mas que por essa lógica também terá sido, por exemplo, nesse Guimarães x Benfica de que o anónimo fala. Não é por esse indicador que me guio. Se bem, e admito, foi das piores arbitragens que me lembro de ver e é bem provável que o Benfica tenha perdido por culpa dela. Mas isso não explica Tottenham, Porto, Académica, Nacional... Roberto, Ramires, Di Maria e os 5 momentos explicam bem mais. JJ deve saber, já que para ele só falta dizer que inventou os 5 momentos...

Marco Morais disse...

Alguns erros no último parágrafo. Não liguem.. foi a pressa =)

mago disse...

Tottenham? Não gosto de o dizer, mas: "lol".

LMGM disse...

João, ainda não mato o Paulo Sérgio, mas a minha expectativa é baixa e já o era antes dele ser escolhido. O meu eleito nacional era Domingos pelos sucessivos bons trabalhos que assinou. Não sendo ele possível seria sempre um treinador estrangeiro.

Ao Paulo Sérgio, mais do que qualidade como treinador, falta a experiência de viver no ambiente de um grande, gerir egos enormes (de jogadores, dirigentes e adeptos), jogos internacionais, etc.. O Costinha tem isso de sobra e pode facilitar a sua integração, vamos ver no que resulta.

Mas tem qualidade e conhecimento de sobra para ganhar aos Paços e Olhanenses deste campeonato, é essa aliás a sua escola, são esses os balneários e as estratégias que ele domina, e para se ser campeão é nesses jogos que não se pode falhar, e até agora... falhou.

LDP disse...

é de louvar como certos nao-benfiquistas construam um argumento baseado naquilo que o Benfica nao està a jogar. Pois em poucas semanas esqueceram a arbitragem contra a académica que, nao sendo escandalosa como em guimaraes, também nos impediu de chegar aos 3 pontos. Querendo transformar isso na conclusao que afinal o Benfica este ano nao joga nada. Mas jogàmos mais contra o Nacional e em Guimaraes do que o sporting nas quatro jornadas juntas.

Quer queiram quer nao, um, ou dois, ou tres penalties nao marcados, em apenas 4 jogos é muita coisa. O Benfica poderia neste momento ter 9 pontos. O que talvez tivesse obrigado o porto a ter mais cautelas contra o braga por exemplo, e se calhar nao marcaria tres golos (mesmo ganhando), mas este ultimo argumento admito que é entrar jà no campo das suposiçoes que nao sao mais do que "ses" incògnitos.

Concluindo, seria perfeitamente natural termos 9 pontos hoje, ou até talvez 10. Assim sendo o campeonato estaria ao rubro là na frente com campeao em titulo ombro a ombro com o porto, o maior candidato deste ano.

Em vez, temos "calimeros para aqui" e "churrascaria Roberto" para ali.

Mas quando os sportinguistas começarem a sentir na pele que o polvo também decidiu afastà-los dos objectivos da época jà irao levar mais a sério as arbitragens. Este filme jà o vi 3 ou 4 vezes desde a década de 90 até hoje.

J. disse...

Sr.Puke, eu até acho que o Benfica deveria ter 12 pontos.
Lá no jogo da Madeira houve la uns lançes duvidosos, logo com um árbitro á séria seria vitória séria do Benfica.

LDP disse...

J,
Ainda que denotando ironia nesse comentàrio, podemos comparar o teatro do Belushi (os detractores do Aimar esta nao viram), na segunda jornada que dà um livre ao porto e que lhes permite chegar ao 2-0 com o duplo atropelamento ao Coentrao a 10 centimetros da linha de àrea...nao marcado.

E se no ano passado tantos antis por esse paìs fora apontavam o dedo aos golos que o Benfica marcava de bola parada, na maioria dos casos indevidamente, poderiam agora continuar a mesma linha de pensamento e admitir que se calhar esse livre podia dar-nos vantagem no marcador. Mas muda o vento e mudam as maneiras de ver futebol. Sao as normais "gralhas" que às vezes por aì se ouvem...

J. disse...

No ano passado o Benfica ganhou porque foi indiscutivelmente melhor.
Este ano, pelo menos até agora, não o tem sido.

LDP disse...

No computo geral nao temos sido. Mas especificamente fomos melhores que a académica e que o guimaraes, mesmo sem ter apresentado o rolo compressor. Seis pontos a menos em apenas 4 jogos é muita fruta, admites isto ou nao?