Sempre causou alguma preocupação o facto da organização brasileira para
o Mundial'2014 não ser, digamos, atempada. Mas agora que a conversa é
(mesmo) futebol, nós portugueses deparamo-nos com uma selecção tão em
obras que até tem o habitual 'tapa-vistas' para espantar os curiosos.
Assim, o 'onze' que provavelmente Paulo Bento apresentará frente à
Alemanha, dia 16, não disputou nem dez
segundos completo numa preparação que serviu para dar minutos à
especulação. Com a contingência, e os críticos, a clamarem por
Cristiano, por Ronaldo, por CR7 e pelo 'Melhor do Mundo', quase tudo se
esqueceu que não foi possível a Paulo Bento testar um modelo que, a
doer, já caiu frente a duas das melhores selecções do Mundo (Alemanha e
Espanha).
É por isso enorme o sentimento de 'tiro no escuro'
que esta Selecção desperta, restando aos portugueses sonhar que por
detrás do 'tapa-vistas' Paulo Bento esteja a preparar um sistema tão bom
como foi a gestão física dos seus 'habituais'. É que agora que Ronaldo
já descansou Portugal e, sabe-se lá, o Universo, urge reparar-se nos
acréscimos que um plano que ainda não se provou de classe mundial
poderá levar neste Mundial. William Carvalho será um deles, naquela que
provavelmente será a única alteração no plano habitual do
seleccionador. Uma inclusão que requererá maior estofo por parte de um
trinco que tem um potencial imenso, mas que terá que subir níveis de
concentração e de intensidade para não ser surpreendido. Assim, antes
que se fale no 'bis' de Hugo Almeida e de Fábio Coentrão, ou no golo de
Vieirinha, esquecendo as fragilidades de uma Irlanda inacreditavelmente
paupérrima, porque não lembrar a capacidade de circulação que a inclusão
de Rúben Amorim e de Hélder Postiga criam, ou a vantagem que Rafa
(incompreensivelmente pouco utilizado) daria em situações de desvantagem
no marcador? O criativo do Braga é o único que desmancha o habitual
sistema para algo melhor, lembrando a habitual deslocação de Nani (ele
que também parece estar com fome de bola) para o 'miolo' em situações
adversas.
De resto, Neto dará garantias na saída-de-bola que
Bruno Alves nunca dará, obrigando aos poucos portugueses interessados
perguntar: como jogará a Selecção? É que essa foi sempre a pergunta que
interessou, a pergunta à qual a resposta pode fazer a diferença neste
Mundial. Se bem nos lembramos, com Bento, a equipa das quinas só assumiu
o jogo quando foi atingida na baliza de Patrício, demonstrando depois
uma invulgar e excelente capacidade para o fazer. Seria sempre esse o
'forcing' em que os 'críticos' deveriam apostar, mas também esses vivem
no previsível entre a destruição e o endeusamento. E para pouco mais dá,
visto que o 'tapa-vistas' de Bento só sairá do nosso campo de visão na
próxima segunda-feira às 17 horas. Até lá, aposte-se ou... reze-se.
6 comentários:
Com Bento a equipa assumiu o jogo com a Dinamarca, Holanda e República Checa no Euro 2012 e assim chegou às meias-finais.
Contra os alemães há aquela coisa parecida com a do Benfica sempre que vai ao Dragão. Mesmo assim, mereciamos ter empatado esse jogo.
Contra a Espanha foi difícil mas apenas e só porque Espanha é melhor.
A Irlanda sempre foi um bocado aquilo. Só que no antigamente nunca conseguiríamos dar-lhes meia dúzia, nem em sonhos (o golo do Nani conta :P).
Estás muito pessimista mas acho que não estás a ter em conta a especificidade de uma prova como um Mundial.
Não estou pessimista. Só não sei =)
O que pretendo é provocar a discussão sobre o tal 'assumir o jogo' que a Selecção sempre fez excelentemente desde que estivesse a perder.
Não acho que isso tenha acontecido contra a República Checa e que contra a Alemanha poderia ter acontecido de início evitando a derrota - contra a Holanda estivemos a perder desde os 11'. Mas esta nossa discussão já tem dois anos.
Abraço!
Tens razão no jogo com a Holanda. De qualquer maneira fomos superiores a partir dos 11'... Mesmo a empatar e quando já estavamos a vencer.
Tu achas que ainda "não sabes". Eu penso que nunca vais saber porque não queres "ver" que a selecção actual é igual a muitas outras :D O que lhe permite sonhar com uma boa classificação final.
Se bem me lembro contra a República Checa, dominámos o jogo de princípio a fim, desperdiçando inúmeras oportunidades.
O Neto pode dar mais garantias que o Bruno Alves na saída de bola, mas o Bruno tem tido sempre alto rendimento na selecção e forma uma excelente dupla com o Pepe
Continuo a dizer que não estou pessimista, até porque estou em crer que pelo menos chegamos aos quartos. E não acho a selecção igual a tantas outras, acho que pode assumir o jogo como só outras duas o podem fazer. O facto de querer mais impede-me de ficar contente com menos.
Hugo, a sensação que tenho é de que a selecção foi calculista em demasia inclusive nesse jogo. Já Bruno Alves tem alguma competência em certos aspectos, mas não no jogo que eu auguro. Porém, falei de Neto no campo das alternativas. A sua titularidade não me assustaria, assim como a de Rúben Amorim. Apoiaria até, mas aí cada um fará um 'onze' diferente.
Abraços!
Fácil:
Patricio
André Almeida - Pepe - Neto - Coentrao
William
Amorim - Moutinho
Nani - Postiga - Nani
Únicas alterações do 11
Pereira por Almeida
Éden por Postiga
Amorim e Nani pela direita. Ronaldo mais interior com flanco para Coentrao e compensação de moutinho
Enviar um comentário