sexta-feira, janeiro 25

As únicas lágrimas

A minha existência benfiquista já me proporcionou, infelizmente, momentos de tristeza, amargura, irritação, raiva e, até, vergonha. No entanto, nenhum motivou a infelicidade daquele terrível dia 25 de Janeiro de 2004. Foi a única vez que o Benfica me fez chorar. Recordo, como hoje, a reacção da minha filha mais velha, então com 3 anos, que só me perguntava "O que foi, pai? O que tens?". Aquele dia e os seguintes foram terríveis. Não fui ao estádio onde estava o corpo, nem ao funeral. Não consegui. Não faria sentido, dirão alguns, pois nem sequer conhecia o rapaz. Não percebiam que tinha morrido um dos nossos. Ainda por cima, com a camisola vestida. O jogo seguinte na Luz, diante da Académica, foi arrepiante. Já lá vão quatro anos, a vida prosseguiu, continuando nós, por vezes, a preocupar-nos com situações insignificantes, mas há coisas que nunca se esquecem.
Quis o destino que o V. Guimarães-Benfica desta época se realizasse um dia depois do aniversário da morte de Miklos Fehér. É pouco crível que isso mexa muito com a equipa. O treinador é o mesmo, mas já poucos colegas restam. Possivelmente, só dois - Nuno Gomes e Petit - serão titulares. Gostaria que o Benfica reforçasse o segundo lugar, mas receio que saia de lá em terceiro. De qualquer forma, espero que, ao longo do jogo, os adeptos e os intervenientes directos do jogo se lembrem do que realmente é importante. Ao menos, desta vez.

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