sábado, março 6

O de sempre que por Jesus (e arcebispos) não funcionou

Porto fora da luta pelo título depois de uns expressivos 3-0 em Alvalade. O jogo contra os leões pôs a nu todas as carências de um Porto que se preparou, mais uma vez, pensando que os adversários dariam a mesma luta de sempre. Fica o aviso para as próximas épocas pois a descaracterização do plantel em troca dos milhões que fazem as delicias dos comissionistas pode custar títulos e milhões europeus. Ainda assim a tragédia grega que se augura quando o Porto não ganha o campeonato vai estar longe de acontecer.

E foi de uma semana de papo-cheio para outra na miséria. Assim se viu o Porto em oito dias. Não há surpresa para quem pouco impressionado ficou com a vitória frente ao Arsenal e para quem viu, como se deve ver, o jogo contra o Braga. Andar na corda bamba tem destas coisas, é sempre mais seguro um passeio.

Quem encurtou o passeio - por onde costumávamos andar - foi, com toda a certeza, o poderoso futebol do Benfica. Este ano não ficaram a dormir e não deram tiros no escuro. Contrataram o homem da Liga - e porventura do ano - e jogaram futebol de campeão. Juntando isso às (habituais) vendas do Porto, à má substituição dos jogadores e opções de Jesualdo temos um Porto descaracterizado a oito pontos do.. 2ª lugar.

Vender Lucho e Lisandro até nem me assustou por aí além. Previ que iríamos ter muitas dificuldades na Champions sem el comandante mas na Liga já se havia provado que sem Lucho se poderiam ganhar jogos regularmente e em grande estilo. Era outra tranquilidade. Ir na frente, olhando para o paupérrimo futebol dos adversários dava para ganhar com Mariano a 10, e isto diz tudo. Não se acreditou na Bíblia de Jesus - eu também não acreditei - e esperou-se que as (habituais) falhas encarnadas e verdes nos abrissem (de novo) caminho até ao título.

Assim, ao invés de culparem outros pela sua fome de títulos os benfiquistas devem culpar a falta de futebol de categoria para aqueles lados. Fica aqui provado que jogar bem é o primeiro principio da vitória.

Regressando ao Porto, enquanto não se afinou novo sistema nem se escolheu os intérpretes certos foram-se perdendo pontos. Apostou-se primeiro em quem se devia apostar, mas Jesualdo tinha outras ideias e quis fazer de Guarín um Lucho. Nem Lucho, nem nada pois Guarín é perfeitamente dispensável. Belluschi continuava sem convencer o professor e no jogo que psicologicamente definiu a corrida para o título, houve erros de palmatória. E se definia psicologicamente, assim ficou definido até agora e vai definir até ao fim. Guarín no onze (medo) e pancadaria no túnel (sinal de inferioridade) montaram calçada bonita no passeio do Benfica.

Outro facto houve: um super-Braga. Quem contaria com isto? O Braga rouba o lugar de Champions ao FCP e abre os olhos a uma SAD que contagia os adeptos com a sua letargia. Parte-se do principio que se pode fazer o que se quiser em troca dos milhões que os títulos aparecem. Não apareceram do nada, e no ano em que fez 25 anos que o Mestre morreu - e que se lhe prometeu o título arrogantemente - ele ficaria envergonhado. Tão pouco já é o hábito de não se contar com os outros...

De facto traçámos - eu incluído - o funeral antecipado do Benfica. Já era tanta a mesma cantiga - dos jogadores fabulosos, aos resultados de sonho e devaneios europeus - que Jesus não assustou ninguém. Estava-se só à espera daquele deslize que acontece todas as épocas mas não o houve nem haverá. Fizemos-lhes o mesmo funeral que agora nos fazem a nós. Ano em que o Porto não ganhe, a crise instala-se. E eu, como já aqui o disse, que pensava que crise era ganhar um (ou - até custa a escrever - dois) campeonato(s) em dez anos e não seis.

8 comentários:

J. disse...

Creio que é chegado o fim do ciclo Jesualdo.
O resultado de ontem só reforça o estranho campeonato deste Porto, capaz do melhor e do pior.
Domingos, Jorge Costa, Villas Boas?

LDP disse...

Domingos, pois claro.

Marco Morais disse...

Villas Boas terá que ser o senhor que se segue.

LC disse...

Marco, qual o motivo?

RA disse...

Why so aziated?

Marco Morais disse...

O modelo de jogo de Villas Boas é de clube grande.

Este é o defeito do modelo de Jesualdo e Domingos. Jorge Costa é mau defensivamente, Jesus é do Benfica e Paulo Sérgio não tem arcaboiço nem estofo mental para um grande. Tirando estes (portugueses), não me lembro de mais ninguém.

Um estrangeiro seria uma surpresa para mim e provavelmente não teria sucesso, visto que o Benfica está fortíssimo.

LC disse...

"Paulo Sérgio não tem arcaboiço nem estofo mental para um grande."

A falta de arcaboiço e estofo mental pode colocar-se ao Villas Boas, é uma subjectividade muito grande... isso era o que eu pensava de Jorge Jesus antes e quando chegou ao Benfica.

Marco Morais disse...

Pode não ter mas disfarça melhor que um gajo que queria ir para a cara do emplastro à frente das câmaras.

Agora a sério, Villas Boas tem mais perfil mas, como dizes e bem, não há factos que o comprovem. Há feeling, como esse, errado, que tinhas do Jesus.

Em relação ao modelo de jogo, parece-me que tens de concordar que é dos únicos com perfil.